Em reunião nesta segunda-feira (7), na sede da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), as seis centrais sindicais concluíram que a decisão do governo acerca do salário mínimo será uma “opção política entre o pagamento de juros e a distribuição de renda” e discutiram ações no sentido de reforçar a mobilização pelo mínimo de R$ 580 e transformação da política de valorização em lei, inclusive com manifestações de rua previstas para abril.
Centrais esperam nova reunião com governo e acreditam que decisão sobre salário mínimo é eminentemente política
"Eles é que foram oportunistas"
"Lula está com a memória curta. Não somos oportunistas. Ajudamos quando ele estava no governo e ajudamos a eleger a candidata dele à presidência. Ele perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Não devemos desviar o foco da questão central, que é o dilema entre pagamento de juros, que consome mais de um terço do orçamento público, e distribuição de renda", arremematou Gomes.
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Já o presidente da CUT, Artur Henrique, cobrou isonomia no tratamento que o governo confere a capitalistas e trabalhadores. "Só queremos ser tratados da mesma forma que os empresários e o setor financeiro foram tratados durante a crise. Da mesma forma que a crise exigiu medidas excepcionais, especialmente para os bancos privados, queremos que os trabalhadores sejam tratados da mesma forma".
Intensificar mobilização
Após duas reuniões frustradas com Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da República, presidentes e representantes das seis centrais sindicais e técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) se reuniram para debater e traçar as estratégias de mobilização em defesa do salário mínimo de R$ 580, reajuste da tabela do Imposto de Renda de 6,46% e aumento das aposentadorias de 10%.
Diante das dificuldades de diálogo com o governo federal, a estratégia das centrais agora é intensificar a mobilização na tentativa de abrir as negociações acerca dos valores.
Além da CTB, participaram da reunião os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Força Sindical, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST).
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, disse que a primeira conclusão da reunião entre os presidentes das seis centrais sindicais foi a de que “o que está em jogo não é o acordo do governo com as centrais, mas uma opção política entre o pagamento de juros e a distribuição de renda através do salário mínimo. É isso que a presidente Dilma terá que resolver: ou favorece a especulação financeira ou investe na distribuição de renda, para a qual o salário mínimo tem se demonstrado um instrumento importante”.
Na opinião da CTB, o que não faz nenhum sentido é logo no primeiro ano de governo da presidenta Dilma não ter aumento real, interrompendo uma série de seis anos seguidos de recuperação do salário mínimo. O aumento do mínimo estimula o crescimento de todos os outros salários. É a garantia da continuidade do crescimento econômico e, portanto, de mais empregos.
Seguir com as negociações
Wagner ressaltou que a intenção das centrais é continuar negociando com o governo para garantir um aumento real do salário mínimo – as centrais pautam o valor de R$ 580 para 2011 –, assim como a transformação da política de valorização do salário mínimo, acordada entre as centrais e o governo federal, em política de Estado, por meio de uma lei que estabeleça os critérios. A correção da tabela do Imposto de Renda e garantia de aumento das aposentadorias também figuram na pauta.
Entretanto, as centrais não ficarão apenas aguardando a boa vontade do governo. Já solicitaram audiências com os presidentes da Câmara Federal e do Senado, respectivamente. Afinal, “se não houver acordo com o governo, iremos para o Congresso, para que lá se aprove a nossa pauta”, disparou Wagner.
Centrais prometem mobilização por mudanças na política econômica |
Aumentar a pressão
Além das reuniões com os presidentes das Casas Legislativas, as centrais já agendaram uma manifestação unificada, para a segunda quinzena de abril, em São Paulo. “O objetivo desta marcha em abril é iniciar a mobilização para as atividades do 1º de Maio, assim como para relembrar a pauta da Agenda da Classe Trabalhadora, aprovada na Conclat, em junho de 2010”, explica Wagner Gomes.
A principal preocupação é que a presidenta Dilma Rousseff coloque um freio na atual política econômica, que vai na contramão do desenvolvimento. O presidente da CTB disse ainda que as centrais esperam que o governo se pronuncie sobre a próxima reunião de negociação do valor do salário mínimo ainda nesta semana.
Da redação, Luana Bonone, com informações da CTB
Atualizado às 20h12
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