Paulo Vinícius
Uma geração formada na luta contra o fascismo e que nucleou uma corrente marxista desde a Conferência da Mantiqueira: Amazonas, Grabois, Prestes, Pomar, Diógenes Arruda, Marighela estavam juntos no maior partido da esquerda Brasileira de então. Com cerca de 10% dos votos, Prestes Senador e 15 deputados comunistas Uma galera engenhosa. Amazonas foi propor o apoio a JK. Cerca de 200 mil votos o elegeram, talvez os mesmos duzentos mil que o próprio JK cria que teriam os comunistas numa eleição nacional. João Amazonas foi um destacado líder entre os comunistas e deixou sucessores.
O PCdoB é a continuidade desse caminhar do movimento comunista no Brasil. Com a deserção do PCB no princípio dos anos 90, sob comando de Roberto Freire, o PCdoB já era uma força decisiva da juventude brasileira, destinada, portanto, a ter futuro, e sem perder os vínculos com o passado. Surgiu com uma Carta de 100 contra a mudança de nome e pela realização de um Congresso do Partido, que foi firmada na verdade por 99 assinaturas, já que um, pressionado, fugiu. O PCdoB são aqueles que não aceitam o revisionismo soviético. Muita ousadia desses brasileiros não admitirem essa sorte de tutelagem externa e terem independência de trilhar um caminho próprio.
Tempos de Mao, Fidel, Che, Tito, Ho Chi Min, Enver Hoxha, Kruschev, Brejnev, de Samora Machel, de Arafat e Nelson Mandela.
Àquela época alertava-se sobre Kruschev e o risco para os comunistas a adesão àquele golpe de Estado e às teses assumidas, a desarmar o povo enquanto se gestava a Ditadura de 1964. Estavam ali as razões da crise de 1991. Profunda crise. O equívoco de Prestes em seu seguidismo cego à URSS cobrou caro à sigla, de que saiu, isolado, ainda em 1980. Filiou-se ao PDT de Brizola, herdeiro político de Vargas. O PC Brasileiro foi de concessão em concessão, até por fim, como muitos partidos pelo mundo, decidiu por maioria abandonar símbolo, nome, mudando o caráter. Hoje, o PPS é força auxiliar do bloco de oposição, com democratas e tucanos.
Em paralelo houve uma outra uma geração de mártires na luta contra a Ditadura: Carlos Nicolau Danielli, Lincoln Oest, Bicalho Roque, Osvaldão, Bergson Gurjão Farias, Helenira Rezende, Jânia Moroni Barroso, Custódio Saraiva, Ângelo Arroyo, o deputado e jornalista, o organizador Maurício Grabois e seu próprio filho André Grabois, Rui Frazão e tantos outros a cair pelas cidades e na Guerrilha do Araguaia.
O PCdoB de hoje é das raras organizações que participaram da luta armada contra a Ditadura Militar a manterem obstinada continuidade histórica. O PCdoB, quando atacado no Araguaia, onde prestava inequívoco apoio à comunidade de ribeirinhos do Pará, enfrentou e por duas campanhas, repeliu a agressão, apesar de claríssima inferioridade, pelo conhecimento da religião e a solidariedade. Viveram como o povo, eram gente querida. Souberam ler as reivindicações do povo e escreveram a carta da União pela Liberdade e Direitos do Povo, com uma pauta que até hoje faz sentido, encarnando bandeiras até hoje ainda válidas para os povos da floresta. E depois incorporaram a Ação Popular, incorporando a permanente ligação com a juventude estudantil até hoje.
Paulo Fonteles, a Família Canuto, o Zezinho, sobrevivente do Araguaia.
E depois a resistência ao neoliberalismo nos anos 90. Em meio à crise dos 90, o Partido sustentou a sua identidade, símbolos e organização próprios, sem se abalar ou dividir, ao contrário do terremoto que atingiu os Partidos Comunistas de todo o mundo. O PCdoB não se abala e lança, em meio à crise, a insígnia do 8º Congresso: O Tempo não para. O Socialismo Vive!
E somos parte destacada das mais importantes organizações de luta do povo e participamos da vitória do povo com Lula.
Acompanhem conosco a galeria de parte dessa fecunda trajetória do Partido Comunista do Brasil.
Imagens da saga do Partido Comunista do Brasil 1962-1977
http://grabois.org.br/portal/cdm/galeria.php?id_sessao=36&id_galeria=11
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