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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sindicato dos Bancários de Conquista e Região Entrevista Secretário nacional de Juventude da CTB, Paulo Vinícius Silva

Sindicato dos Bancários de Conquista e Região Entrevista Secretário nacional de Juventude da CTB, Paulo Vinícius Silva
“Lá, os EUA não mandam mais”
Publicado em 02/02/2012 09:04:36

Entrevistado

Paulo Vinícius Silva

Relatório da OIT de 2009, a respeito do emprego para a juventude, já apontava uma taxa de 19,9% de desemprego para a Europa. Nesse atual momento, a juventude européia vivencia duras conseqüências advindas da crise econômica. Sobre esse assunto e os efeitos da crise no Brasil, entrevistamos Paulo Vinícius Silva, Secretário Nacional de Juventude da CTB.



Como você analisa o atual momento vivido pela Europa e pelos Estados Unidos?
São acontecimentos dramáticos que expressam a destruição do que sobrava do Estado de Bem Estar Social Europeu, aniquilando o mito de que o capitalismo poderia ser consertado e ter uma face humana.
Em Barcelona, agora há cota de papel higiênico para as crianças nas escolas. Na França, os mendigos são escorraçados para não mancharem a paisagem. Na Grécia, ao povo foi negado o direito de decidir em plebiscito sobre uma agenda imposta por França e Alemanha. Lá, os pais estão sendo levados a entregar seus filhos para adoção pela miséria que enfrentam, como relatou o jornalista Altamiro Borges em seu blog. Nesse cenário de retração econômica, corte de políticas sociais e desalento, a juventude não pode encontrar trabalho e ainda enfrenta cortes na educação. Há relato inclusive de ser crescente o número de universitárias britânicas que apelam à prostituição para pagar seus estudos. E o número de mortos no Leste Europeu em plena onda de frio é de moradores de rua, gente empurrada para a miséria pelo capitalismo.

Nos Estados Unidos, o fosso da desigualdade é cada vez maior, assim como o caráter policial do Estado dominado pelos interesses da oligarquia financeira, petroleira, militar e da mídia. Expulsaram milhões de pessoas de suas casa, gente enganada pelos especuladores e bancos... Essas são as causas das imensas manifestações na Europa e até nos EUA, que não cessarão, haja vista ter sido o sistema político sequestrado pelos banqueiros para depositar nas costas dos trabalhadores e do povo o custo da crise dos banqueiros, que seguem amparados pelo Estado e lucrando, enquanto a população passa privações de toda sorte.

No Brasil, apesar de não haver impacto imediato da crise, é preciso ressaltar que a manutenção de juros elevados no primeiro semestre sob a propaganda de uma inflação inflada pela imprensa golpista cobra alto preço no crescimento do PIB de 2011. A Presidenta Dilma acera ao manter a redução da taxa de juros, mas esse ritmo poderia ser ainda mais rápido.

Para que se entenda a gravidade de tal situação, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, no orçamento de 2012 já se compromete mais de 47% com juros e amortizações da dívida. Isso é feito através da política monetária, da taxa SELIC do Banco Central, do câmbio flutuante (em plena guerra cambial com emissão descontrolada de moeda pelos EUA e Europa) e do regime de metas de inflação, que é uma desculpa ideológica para justificar o aumento dos juros que vampiriza o seu, o meu, o nosso bolso e o do Estado. Além disso, há o superávit primário, a "economia" tão elogiada pela imprensa e os banqueiros no orçamento da União, que serve apenas para engordar os cofres dos especuladores.

Esses quatro fatores são um entrave ao desenvolvimento, e se o Brasil cresce e distribui renda é apesar deles, e não por sua causa. É graças ao Bolsa Família, à previdência e à política de valorização do salário mínimo e aos bancos públicos que o Brasil hoje enfrenta a crise, e o povo precisa entender o lado da imprensa nesse jogo.

Ela é sócia do capital financeiro, mente de modo sistemático, e tudo que ela diz ser austeridade, equilíbrio, na verdade é pouca vergonha e direcionamento dos recursos públicos para os especuladores responsáveis pela crise. A ela interessa desestabilizar o governo permanentemente com a desculpa do combate à corrupção, e assim impor sua agenda econômica. Os grandes e reais problemas do país jamais sairão na imprensa golpista.

Por exemplo, essa política econômica impede uma maior expansão das escolas técnicas federais e universidades, é o principal obstáculo para que o Estado destine os 10% do PIB para a educação que a juventude exige, assim como os 50% do fundo social do Pré Sal para a educação. Veja, mais de um milhão de brasileiros com direito ficaram fora do bolsa família para se "economizar" para os banqueiros.

Por isso não podemos só aplaudir o governo, pressionado pela mídia e pelos banqueiros, é papel da juventude e do movimento sindical disputar a agenda política e econômica do país, que precisa de grandes obras estruturantes, maciços investimentos sociais e na educação, fortalecimento da Defesa do país que possui a Amazônia e o Pré Sal e que precisa fortalecer seu mercado interno, através da valorização do trabalho e dos salários e da reforma agrária com recursos para que o campo se desenvolva junto com as cidades.

Essa é a agenda que interessa ao Brasil, e ela não entra em vigor porque esse jogo bruto e mascarado sangra o nosso país. Por isso a CTB tem cumprido importantíssimo papel, denunciando essa situação ao mesmo tempo que dialoga com o governo e as demais centrais sindicais, em busca da unidade das classe trabalhadora e de um novo pacto pela produção e o emprego que proteja o Brasil da crise e garanta à juventude um lugar ao sol, o que só se faz com escola e trabalho digno. Se isso for garantido, em vez de traficantes, veremos surgirem Pelés, cientistas como César Lattes, atletas como os que tivemos no PAN e no PARAPAN, e poderemos derrotar a miséria através do trabalho e do fortalecimento do Brasil.

Causou-me excelente impressão a queda dos juros, o discurso de Dilma no Fórum Social Temático e a sua visita a Cuba. Todos esses fatos são expressões de autonomia frente a Europa e os EUA, fundamental para que construamos o nosso projeto nacional de desenvolvimento.


Como estão se comportando os demais pólos geopolíticos?
Veja o exemplo da China. Lá, quem manda no câmbio, no preço da moeda chinesa, é o país, e não os investidores estrangeiros. Esse câmbio flutuante nosso permite que especuladores joguem com o preço de nossa moeda e assim abram caminho aos seus produtos no nosso mercado interno, destruindo as nossas indústrias.O Brasil que queremos não pode ser um mero exportador de soja e ferro gusa, isso é absurdo!

Outra coisa que eles fazem é o maciço investimento em pesquisa e educação, que lhes permite ter uma defesa invejável e até astronautas no espaço, veja só. Com essa estratégia, disputam a Ásia, investiram pesadamente na África, dotando-a de uma infraestrutura que jamais existiu.

Na Europa e na América do Norte predominam a reação em toda a linha. Cortes de direitos, retração econômica, crescimento da direita radical, promoção de guerras de rapina e saque como as contra Iraque, Afeganistão, Líbia e agora Síria e Irã. A xenofobia e o racismo lá também se propagam, porque se impõe o caminho errado para enfrentar a crise, o poder nas mãos dos banqueiros contra o povo.

Devemos observar com preocupação esse cenário, e apostar no diálogo e na relação com outros polos a fim de resistir à agressividade do imperialismo. O Brasil não deve admitir intervenções contra a soberania dos países com supostos argumentos democráticos, mera desculpa para destruir e saquear países que se opõe ao poder imperial de Estados Unidos e Europa. Eles deixam a democracia do saque e dos cemitérios, isso sim. Se concordamos com isso hoje, o que faremos quando eles montarem uma farsa midiática para se apropriarem do Pré Sal?

E o que fazem esses gringos opinando sobre a nossa Amazônia, sobre o nosso Código Florestal? Isso tem nome: infiltração ecoimperialista. Querem nos dividir para nos conquistar. Não acreditemos nas boas intenções de quem nega ao Brasil e à América Latina o direito de se desenvolver, isso é uma armadilha do imperialismo. Primeiro a propaganda, o estímulo à guerra civil, depois as sanções, e por fim o massacre. Nós conhecemos esse roteiro e temos de evitá-lo, pois, comparada aos países já atacados, a nossa riqueza é muito maior, e só se nos desenvolvermos valorizando os trabalhadores poderemos proteger nosso meio ambiente e soberania.


Os governos da América Latina estão conduzindo bem o processo de enfrentamento à crise?
Estão, porque na América Latina se avança na integração econômica, política e social. Por que a imprensa golpista ataca tanto o Chávez, o Rafael Correa e o Evo Morales, vocês já refletiram sobre isso? Porque são de esquerda e dividem conosco a Amazônia. Lá os EUA não mandam mais, essa é a razão, e não o tema da democracia, por exemplo. A imprensa golpista jamais se preocupou com isso, afinal foi o principal apoio civil ao regime militar.

Na verdade o que eles querem é dividir os governos progressistas da América Latina, que através de iniciativas como a ALBA, o MERCOSUL e a CELAC podem garantir uma região livre da tradicional dominação europeia e estadunidense. Nos nosso países, a opção tem sido políticas sociais para os mais pobres, fortalecer o mercado interno e a soberania nacional. Se estamos juntos, podemos nos defender dessa crise e ao mesmo tempo preparar-nos para defender nossa região contra as maquinações do imperialismo estadunidense para roubar nossas imensas riquezas.



Como defender a soberania do Brasil em meio a esse contexto?
É preciso povo na rua unido pelas bandeiras da Agenda Nacional da Classe Trabalhadora, pelos 10% do PIB e os 50% do fundo social do pré-sal para a educação. Sobretudo é necessário aprofundar a mudança na política monetária para que o país não siga a pagar tanto para o capital financeiro e possa assim investir em seu povo. É uma luta complexa, prolongada, e tem avançado. Quanto mais clareza tivermos, melhor poderemos enfrentar a luta política, e isso também torna inescapável enfrentar o problema do monopólio da mídia que envenena e confunde, graças a uma concentração imensa e antidemocrática e desestabilizadora. A comunicação é um direito humano, e é preciso ter alternativas para que o povo possa também falar e disputar a agenda nacional.

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