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sábado, 6 de agosto de 2011

A segunda fase aguda da crise atual do sistema capitalista- Renato Rabelo, Presidente do PCdoB



O mundo vive a grande crise capitalista iniciada em finais de 2007/2008. Essa crise sistêmica, global, se desenrola em múltiplos desdobramentos. Os ideólogos capitalistas repetem análises superadas, que são incapazes de explicar os impasses sucessivos do curso econômico advindo da crise e encontrar os caminhos de saída. Muitos concluíam que a crise já ia se dissipando, demonstrando os limites da sua teoria econômica.

Por Renato Rabelo*

A primeira fase aguda de agravamento geral da crise sistêmica, surgida em 2008, gerou uma monumental crise econômica e financeira vivida nesses dois últimos anos. A crise não se dissipou não se encontrou a “saída” para sua superação. Mas ao contrário, ela se desdobrou, se disseminou, desde o núcleo da estrutura do sistema. Agora, podemos constatar que em meados deste ano de 2011, surge uma segunda fase aguda de agravamento geral da crise, determinada pelo nível do montante das dívidas dos Estados Unidos e da União Europeia, que está provocando: o risco de uma onda sucessiva de defaults; o derretimento da moeda padrão, o dólar; o conflito generalizado entre moedas (guerra cambial); o acirramento do protecionismo comercial. Tudo isso causando o efeito do “salve-se quem puder”, conseqüências que podem levar à estagnação do crescimento global. As bolsas que funcionam como uma espécie de termômetro -- que medem nesses momentos a intensidade da febre da crise - desabam em todo mundo. Este quadro de intensa desordem econômica e financeira aprofunda um período de grande instabilidade, transbordando no plano político em incertezas, conflitos, ameaças e grandes perigos, num mundo em que prevalece a ordem capitalista-imperialista. 

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mais uma vez numa hora decisiva, cede às forças ultraconservadoras. Como já prevíamos, o sistema encarnado por estas forças prevalece. Diante do aprofundamento da crise capitalista, na sua fase aguda, os círculos dominantes conservadores imperialistas se tornam mais agressivos e buscam desesperadamente saídas mais antidemocráticas, é a “reação em toda linha”. Obama -- ao aceitar pesados cortes orçamentários, que atingem programas sociais importantes, sem aumento de impostos para os mais ricos -- abre mão de compromissos fundamentais de sua campanha. A sua perda de prestigio é crescente entre a população que almejava as mudanças da situação reinante. E favorece as forças conservadoras e de direita que lutam por barrar seu caminho para a reeleição. Prevalece a lógica qu e aprofunda e alastra o desastre desta grande crise capitalista, porquanto predominam os cortes e a austeridade, que jogam todo ônus da crise nos ombros dos trabalhadores, para salvar os grandes banqueiros e monopólios. Essa tem sido a “saída” que leva a jogar mais combustível no incêndio. 

É no contexto de mais um período de agravamento da grande crise -- onde o desastre se irradia, onde a desordem expressa à ação agressiva da defesa desesperada das grandes potencias capitalistas, dos seus grandes banqueiros e monopólios -- que mais exige audácia e independência das nações da chamada periferia do sistema, como é o caso do Brasil. Assim agiu Getúlio Vagas na grande crise de 1929/1930. Assim agiu Luiz Inácio Lula da Silva na fase aguda, em 2008, da grande crise atual, quando se dirigiu a nação para anunciar ao povo que era imprescindível continuar comprando, era preciso sustentar a ampliação do crédito, era preciso avançar no investimento, e não estancá-lo. Esta mobilização visava defender a nossa economia do contágio da recessão que se alastrava. 

Agora, da mesma forma, diante de mais um episódio de agravamento geral do curso da grande crise atual, como afirmou a presidente Dilma Rosseff, requer de nossa parte ousadia, e citando Celso Furtado, declarou: “É preciso que sejamos senhores do nosso próprio destino”.

É com esse olhar que avaliamos as novas medidas de política industrial agrupadas no Plano Brasil Maior, recém lançado. Vinha crescendo o clamor em defesa da indústria nacional contra a concorrência estrangeira, entre os empresários e os trabalhadores. O desequilíbrio cambial internacional, expresso na tendência de desvalorização do dólar, somado às deficiências do setor produtivo em relação à inovação, vêm afetando a competitividade da nossa indústria. Portanto, já se exigia a iniciativa que o governo tomou esta semana. 

O Plano demonstra esforços através de várias medidas fiscais, creditícias e regulatórias. Entretanto, elas se inserem apenas no aumento de benefícios anteriores. Em face do agravamento agora da crise, medidas ousadas, como afirmou a presidenta Dilma, se impõem. Em conseqüência, temos que ir além das medidas microeconômicas. Torna-se uma exigência impostergável, para defesa da economia e da indústria nacional, medidas soberanas mais efetivas no terreno macroeconômico, que impeçam os fluxos descontrolados do dólar em nosso país, redução e não aumento das taxas de juros, num momento de nova expansão recessiva pela agudização da crise. A grande mobilização conjunta das Centrais Sindicais -- no dia 3 deste mês em São Paulo, reunindo 80 mil trabalhadores no Estádio do Pacaembu, em defesa das suas bandeiras e no esforç o de avançar no projeto nacional de desenvolvimento -- teve esse sentido. 

O governo da presidenta Dilma conta com o apoio e simpatia da grande maioria da população. Conta com ampla base de sustentação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Cresce a autoridade da presidenta perante a nação. Portanto, reúne as condições políticas necessárias para aplicação de medidas soberanas, que o momento exige, na construção de uma alternativa que desbrave o caminho para construção de uma grande nação, soberana, justa e solidária. 


* Renato Rabelo é presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil

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