O encontro realizado no dia 13 de agosto em Caxias do Sul reuniu mais de 100 jovens metalúrgicos, agricultores, comerciários, sapateiros, serviços, funcionários públicos, dentre outras profissões, trazendo ânimo e a necessidade de reflexão. A segunda edição do Encontro da Juventude da CTB gaucha mais do que dobrou seu número de participantes em relação a primeira edição, revelando o aumento da capacidade organizativa e de mobilização dos jovens no mundo do trabalho. No entanto, muito ainda precisa ser feito para envolver um número ainda maior de jovens na luta da classe trabalhadora. Os debates realizados no Sindicato dos Metalúrgicos permitem algumas reflexões sobre os rumos da CTB para mobilizar cada vez mais jovens na luta por conquista de direitos trabalhistas. A tarefa que se apresenta para o Coletivo de Juventude da CTB gaucha não é nada banal: construir o formato de uma entidade capaz de dialogar e mobilizar massivamente a juventude trabalhadora. Alguns caminhos possíveis Os participantes do Encontro dão uma pista dos caminhos que a juventude da CTB deve seguir. Uma parcela significativa, em torno de 10% dos presentes, apesar de trabalhar, não era filiado ao sindicato de seu ramo de trabalho. Grande parte desses trabalhadores foi mobilizado para o Encontro por ter desenvolvido algum tipo de militância em outras organizações de juventude, como o movimento estudantil ou o movimento hip hop. Esta é uma potencialidade que ainda não foi suficientemente explorada: conduzir essa significativa parcela de egressos do movimento estudantil para a militância sindical. O que acaba acontecendo é que a maior parte dos ex-militantes estudantis, se não segue o caminho partidário-institucional, acaba “tocando a vida”, o que significa não exercer nenhum tipo de militância relacionada ao seu trabalho. Uma tarefa que se apresenta a juventude da CTB é reencantar esses “ex-militantes”, reforçando a ideia de que a necessidade de lutar não termina quando o trabalho começa. Muito pelo contrário. Aí é que a luta começa de maneira mais intensa e decisiva para a transformação efetiva da sociedade. No entanto, para ser capaz de dialogar com esses jovens, a juventude da CTB precisa ter uma linguagem e um formato diferente dos sindicatos. Muito embora precise atuar em sintonia política com os sindicatos que compõem a CTB, a juventude da CTB não pode ser simplesmente uma instância desses sindicatos. Precisa necessariamente ter uma identidade, atuação e dinâmica próprios. Conquistar direitos para desenvolver o Rio Grande do Sul A Conferência de Juventude é um mote que a Juventude da CTB elegeu para mobilizar os jovens trabalhadores. Em função disso, a juventude da CTB aprovou em seu Encontro um documento com propostas concretas para apresentar ao governo por meio da Conferência. As pautas dialogam com a realidade da juventude trabalhadora, para a qual, em sua maioria, trabalho e educação são interesses que andam de mãos dadas. Para ler o documento na íntegra, clique aqui. Como bem observou o deputado federal e sindicalista Assis Melo na abertura do Encontro, “as bandeiras dos jovens são as mesmas de toda a classe trabalhadora, mas precisamos trabalhar propostas específicas visando mais educação, formação e qualificação profissional”. Os jovens precisam cada vez mais de um sistema de ensino que prepare para o mercado de trabalho e que contribua de fato para o desenvolvimento integral de suas potencialidades. O ensino precisa mudar na sua estrutura curricular, na sua democracia de acesso e gestão, e essa é uma bandeira que mobiliza jovens por todo o RS. Precisamos mobilizar os jovens trabalhadores para defender nas conferência municipais propostas que apontem essa necessidade de educação, formação e qualificação profissional. Isso se traduz em mudança curricular nas escolas, aumento do número de escolas técnicas e de programas como o PROJOVEM trabalhador, ampliação de vagas no ensino superior público, construção do PROUNI RS, etc. A bandeira da educação também é uma necessidade para o jovem do meio rural, mas não é a única. Crédito e assistência técnica são condições indispensáveis para a permanência do jovem agricultor no campo. A tarefa imediata do coletivo da juventude cetebista gaucha é agendar nas conferências municipais, em especial nos municípios onde tem mais forte atuação, essas necessidades. Para isso, precisa dialogar com os jovens trabalhadores, sindicalizados ou não, chamando-os para lutar por esses direitos participando de debates, atos públicos, e outras formas de atividades. O Coletivo Jovem da CTB deve ser capaz de agitar muitos jovens nas etapas municipais da Conferência, criando nesse movimento ao mesmo tempo possibilidade de conquistas concretas e o surgimento de novas lideranças capazes de fortalecer a luta da classe trabalhadora. É uma tarefa audaciosa, mas a julgar pela composição do Coletivo consolidado no Encontro, o mesmo está a altura do desafio. É hora de se apropriar de tudo que foi construído pela militância metalúrgica, comerciária, agricultora, e somá-la a todo o caldo contestador dos movimentos estudantil e cultural e produzir algo inovador e revolucionário, capaz de ajudar a classe trabalhadora em sua batalha pela construção de um projeto de nação com valorização daqueles que produzem a riqueza deste país mas ainda são alijados de seus benefícios. |
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segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Os caminhos possíveis da Juventude Trabalhadora da CTB - Por Igor Corrêa Pereira*
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