Fortalecimento do mercado interno é a melhor resposta à crise
O agravamento da crise nos EUA e na Europa sangra o Bovespa e é usado pela direita neoliberal, capitaneada pelos tucanos, para exigir maior arrocho fiscal e outras medidas de caráter recessivo. Mas a presidente Dilma acena noutra direção ao sugerir nesta terça, 9, que o melhor antídoto é o fortalecimento do mercado interno.
“O grande enfrentamento da crise”, ressaltou, “é a afirmação do nosso mercado interno, afirmação das oportunidades que nós mesmos somos capazes de criar aqui dentro do Brasil e, obviamente, visando a exportação".
Só querem salvar os bancos
O ex-presidente Lula vai no mesmo diapasão e exortou as potências capitalistas a fazer o mesmo. “O fato é que tem uma crise, causada pelos países ricos, ela esta forte nos países ricos. O consumo deve ser reativado nesses países. Até agora eu só estou vendo eles discutirem como salvar os bancos, e do consumo, que é o que vai girar a economia, estão falando muito pouco”.
A posição de Lula e Dilma difere das receitas tradicionais e da chamada “lição de casa” ditada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que está conduzindo países europeus como Grécia, Irlanda e Portugal ao pântano da recessão.
Produção e consumo
A experiência histórica parece dar razão aos dois líderes brasileiros. Na crise que aportou por aqui no segundo semestre de 2008, Lula também pediu ao povo que continuasse consumindo e o que de fato amorteceu os impactos da crise na economia nacional foi o fortalecimento do mercado interno, decorrente da política de valorização do salário mínimo, expansão do mercado de trabalho, redução do superávit primário e outras medidas adotadas pelo governo para estimular a economia, incluindo renúncias fiscais para alguns ramos da indústria.
O que se vê na Europa e nos próprios EUA é bem diferente. Governos e bancos centrais despejaram trilhões de dólares e euros na economia, mas a forte intervenção do Estado foi realizada exclusivamente para resgatar o sistema financeiro, ou seja, o dinheiro foi colocado à disposição de banqueiros e grandes capitalistas. A classe trabalhadora ficou a ver navios, sufocada pelo desemprego massivo e despejos.
Juros e superávit fiscal
O resultado é o que se vê hoje, crise fiscal, cortes de gastos públicos, desemprego elevado e estagnação econômica. O arrocho fiscal faz o consumo encolher, deprimindo o comércio e a indústria, e acentua o descompasso entre produção e consumo que caracteriza as crises do capitalismo.
Ao apostar no fortalecimento do mercado interno o governo Lula se saiu melhor. No frigir dos ovos, o impacto da crise não foi muito além de uma “marolinha”, conforme previu o ex-presidente. A situação já não é a mesma, mas estimular o consumo parece ser um caminho mais eficaz, inteligente e socialmente justo para combater a crise.
Resta ver o que de fato será feito neste sentido. Cabe indagar, por exemplo, se juros e superávit primário serão reduzidos de forma a permitir uma ampliação dos gastos e investimentos públicos e se as demandas da classe trabalhadora, por melhores salários e redução da jornada, entre outras que fortalecem o mercado interno, serão apoiadas, em vez de criticadas, pela equipe econômica.
Da Redação
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