Estudantes chilenos e mais de 70 organizações sociais, além da Central Única de Trabalhadores (CUT), vão marchar, nesta quarta-feira (19), pelas ruas de Santiago para exigir uma educação pública, gratuita e de qualidade. A manifestação ocorre um dia após a jornada que deixou 60 presos e fez ressurgir a ameaça do governo de aplicar a Lei de Segurança de Estado para reprimir os protestos sociais. Os protestos no país já duram cinco meses e a negociação entre governo e estudantes está emperrada.
Efe
Confrontos no início da mobilização de 48 horas dos estudantes chilenos
A Lei de Segurança de Estado pune quem cometer delitos contra instalações ou meios utilizados para a operação dos serviços públicos. Também obriga os tribunais a aplicarem as sanções mais duras para as infrações. Neste caso, os eventuais responsáveis podem receber penas entre cinco e dez anos de prisão. Esta será a primeira vez que o governo de Sebastián Piñera invoca tal legislação contra as manifestações estudantis. Em janeiro, porém, a norma foi utilizada contra manifestantes que protestavam contra o aumento no preço do gás natural. Eles bloquearam, por uma semana, estradas na região de Magalhães, na região antártica chilena.
"Estou seguro de que a grande maioria dos chilenos não queria chegar a este ponto e nosso governo também não. Mas, a violência e a ferocidade destes fatos colocam o governo na obrigação de invocar a lei vigente, que deve se fazer cumprir", como declarou Hinzpeter à Telesur.
Piñera vai à guerra
Em seu último editorial, publicado no dia 14, a revista chilena Punto Final ressalta o caráter intransigente da administração Piñera, baseado no terror e cuja intenção é “paralisar os protestos sociais no país”. De acordo com a publicação, o presidente deixa de fingir simpatia e compreensão pela marcha estudantil, que ele mesmo elogiou durante a Assembleia Geral da ONU, para seguir o caminho da repressão, “impulsionado possivelmente pelas correntes fascistoides se refugiam tanto na Renovação Nacional como na UDI [forças de direita do país]”.
Dessa forma, o “governo tenta derrotar o protesto social para sustentar artificialmente um modelo de dominação profundamente rachado e que a imensa maioria da população rechaça. Tudo isso em meio a uma crise capitalista mundial que confirma a agonia do neoliberalismo e cujas repressões podem ser sentidas no Chile. A farsa do ‘governo dos melhores’ prometido por Piñera em sua campanha eleitoral, chega ao fim. A tradição repressiva da direita surge outra vez”, afirma o texto.
O texto observa, no entanto, que as manifestações estudantis têm produzido uma mudança de mentalidade muito profunda nos chilenos, que tampouco se deixarão amedrontar ela repressão: “A unidade das organizações sociais, o entendimento em torno de objetivos que vão além da educação e que apontam para uma nova Constituição e a uma reforma tributária, que permita redistribuir a riqueza, assim como a preparação de novas mobilizações – que prosseguirão enquanto não forem produzidas mudanças profundas – demonstram o vigor do protesto social e da mudança revolucionária que está provocando na consciência da nação”.
Da redação do Vermelho,
Vanessa Silva
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