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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Reflexões à luz do tiroteio - Paulo Vinícius Silva

Os acontecimentos recentes expõem a cruenta luta de classes em curso no Brasil.

Sob a superfície do funcionamento normal das instituições democráticas, a direita joga sujo para tentar reverter a sucessão de derrotas nacionais e locais e a desidratação de seus partidos mais relevantes (DEM, PSDB). É cada vez mais evidente a interferência no processo político por outros meios disponíveis à burguesia para a disputa do Estado e da opinião pública.

Por um novo pacto em favor do desenvolvimento
Esses movimentos subterrâneos se intensificam, na medida em que a Presidenta Dilma se afirma e dá passos decididos no sentido de reverter a subserviência da Nação ao esquema macroeconômico do Plano Real, que cobra altíssimo custo aos brasileiros e privilegia a especulação em detrimento da produção e do desenvolvimento (vide gráfico).

Surge no horizonte um novo e possível pacto político para substituir o anterior, que trocou hiperinflação por juros altíssimos. Pode ser um pacto pelo desenvolvimento, pela produção e pela valorização do trabalho. A combinação é poderosa: mudança na macroeconomia e afirmação do Brasil em um mundo de mudanças, o que pode abrir caminhos para uma nova era para o nosso país. Isso eles não podem admitir.


Experimentos sociais da direita visam a juventude
As forças progressistas, afinal, chegaram ao governo central, mas o poder em si tem instâncias mais efetivas que ultrapassam a representação política. E a perda de relevância do consórcio demo-tucano tem aberto espaço para experimentos que visam ao ressurgimento de uma extrema direita liberal no discurso, elitista na sua visão de democracia, conservadora moralmente, racista inconfessa ou descarada, cheia de complexo de vira-latas, cínica e debochada, anti-popular, e, infelizmente, com apelo junto a jovens de classe média.

A direita não desconhece a relevância da juventude. A imprensa golpista visa a constituir o "seu" movimento social. Daí advém seu ódio à UNE e aos partidos de esquerda, assim como a suas organizações juvenis. Com isto, ela precisa, em verdade, blindar seu experimento de influências externas. Precisa atacar as representações legítimas dos estudantes e da juventude para preservar sua legitimidade conservadora.

A corrupção e a esquerda: nem omissão, nem oportunismo, mas ousadia democrática.
Ao contrário do esperado pelo PIG, a esquerda não se pôs em retirada ante a disputa política enunciada desde antes da posse da Presidenta Dilma. Quando atacada, reagiu e travou a luta campal da opinião pública, ainda em curso. Todavia, ao combater os comunistas e a esquerda abertamente, a fúria da imprensa conservadora alertou e unificou o campo da mudança e deu visibilidade aos comunistas. Desconhecendo sua própria impopularidade, a imprensa golpista mostrou quem lhe incomoda, e granjeou-lhes involuntária simpatia, pela coragem com que os encarnados lhe deram combate. Daí que a luta continua, e não se espera outra coisa que não novos embates.

A principal armadilha do PIG é manter o domínio do debate político, a partir dos pressupostos da direita, que se concentram na sua cantilena hipócrita da corrupção. Essa é uma tática histórica, já usada contra Getúlio, Juscelino e Jango, e que malogrou em 2005 graças à mobilização popular e da juventude.

Algumas características saltam aos olhos no discurso ético histérico e rancoroso:
- tem apenas um viés. A análise é claramente dirigida, há dois pesos e duas medidas;
- tornou-se uma armadilha com as concessões que permitiram a incorporação da "ultra-esquerda", que passa a ser instrumentalizada para legitimar o PIG;
- considera a luta contra a corrupção um cenário preto e branco, ignora ser a corrupção um problema estrutural no capitalismo, firmemente assentada no sistema político, e não só aqui;
- só mira um lado, demoniza atores e organizações, desconhece a natureza processual e democrática, única forma séria de se combater a corrupção;
- inverte o ônus da prova; institui o linchamento político para paralisar o governo; silencia sobre o financiamento privado; noveliza a política.

Essa grita serve a propósitos antidemocráticos. Visa à limitação da democracia, à demonização de partidos, entidades sociais representativas, ONGs e centrais sindicais. Nesse contexto, aspiram à adoção de medidas restritivas, como o voto facultativo, com indisfarçável desejo de diminuir a participação popular e fortalecer a elitização das eleições, como nos Estados Unidos.

O verdadeiro combate à corrupção não serve a propósitos desestabilizadores
A luta contra os desvios éticos é permanente, parte do avanço de nossa democracia em criar mecanismos de controle social e fiscalização que permitam o aprimoramento do investimento público, combater o desperdício e melhorar o impacto das políticas públicas. Ninguém está interessado mais nisso que o governo e a esquerda, que nos últimos 9 anos mais trabalharam para estruturar as instituições públicas desmontadas pelo neoliberalismo.

A radicalização do raciocínio ético unidirecionalmente dirigido contra o governo é uma trama, uma trampa, um alçapão.  Por isso a direita não tem propostas, só tem calúnias. É em torno dessa armadilha que o PIG pretende galvanizar movimento próprio que, no futuro, sirva de lastro social a seus intentos golpistas.

Por isso mesmo, longe de acuada, a esquerda deve incorporar às bandeiras de luta de massas o debate acerca da corrupção, mas com viés distinto do que pretende a imprensa golpista. Em vez do moralismo hipócrita, o controle através da participação popular. Em vez da personalização rasteira, a denúncia das causas estruturais que lastreiam esse mal, e que constrangem o sistema político. Em vez da criminalização da relação das entidades sociais e ONGs com o Estado, a normatização republicana da participação como parte do arcabouço jurídico brasileiro e o aprofundamento do protagonismo popular para alterar os dogmas das elites, incrustadas no Estado. Faz falta uma ampla plataforma unitária, como foi o Fórum Nacional de Lutas, para servir de contraponto e alternativa unificadora da luta por reformas democráticas no Brasil.

É luta política, pura e brutal
Trata-se de luta política pelo poder. Não nos iludamos com os arroubos éticos dos filhotes das oligarquias. Não acreditemos na indignação fingida de canastrões a posar de jornalistas para legitimar os propósitos golpistas de veículos que se legitimaram e firmaram na concupiscência lambe botas dos torturadores da Ditadura. O povo ensina: não lhes dá crédito.

O anseio supremo da direita nessa batalha, longe de mobilizar a população, é arregimentar uma suposta elite e desmoralizar a militância de esquerda, confundindo-a; equiparar esquerda e direita à luz de uma distorção bizarra do debate da corrupção; equiparar a sua falta de projeto ao programa de governo eleito pelo povo, que é de desenvolvimento com valorização do trabalho e afirmação do Brasil.

Não combinaram com o Zé
Todavia, o ardil da oposição não saiu como esperava. Seu apetite desesperado induziu a erros. O povo vê as manobras que querem impedir o governo Dilma de funcionar. É cada vez mais claro que a oposição torce contra oportunidades estratégicas para o país. Ficou marcada na população a conspiração que atingiu o governo para ocultar uma participação fenomenal  nos Jogos Panamericanos e a serviço de entidades estrangeiras interessadas em enfraquecer o país nas negociações acerca da Copa de 2014. Ficou evidente o jogo baixo, a inversão do ônus da prova, o cerco midiático e a preparação da crise para obrigar a saída de Orlando Silva.

Mais explícita ainda ficou a celebração zombeteira e maldosa dos "vitoriosos", alheia a qualquer prurido ético, movida por despeito e inclinação partidária explícita. Desmascararam-se. E ainda assim, deram-se mal, porque terão que engolir ninguém menos que Aldo Rebelo.

Contra as vilezas, a força da unidade
Mas o pior ainda viria. Com a descoberta de um câncer na laringe de Lula, das profundezas mais abjetas da direita, emergiu qual purulenta secreção um gozo sinistro e deformado, exposto enfim ao escárnio público. O Brasil teve calafrios ao ver que os mesmo veículos e articulistas que clamam por ética foram incapazes de esconder sua lúgubre satisfação ante a doença de Lula. E isso doeu no Brasil, porque o Brasil não é essa vileza, essa maldade, esse ódio.

A direita e o PIG foram longe demais. Mas falta ao campo progressista convicção para desmontar os alçapões no caminho do desenvolvimento brasileiro, que não poderão ser vencidos sem participação popular, democratização da mídia e o despir-se da camisa-de-força em que os banqueiros e rentistas colocaram o Brasil.

Tantos foram os ataques e a violência, que a unidade se fortalece no campo democrático, solidário, humanista, da diversidade e da tolerância. Unidade e luta, de mãos dadas, impulsionarão a mudança, como onda vermelha a purgar todo fascismo, tanta vileza, toda a arrogância dos golpistas, que podem ter ódio, mas não tem povo, não tem moral, nem tem um futuro a oferecer ao Brasil.

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