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Editorial* da Princípios 81, de 2005
Esta edição de Princípios procura dissecar um tema que de tempos em tempos irrompe-se no Brasil: as crises políticas — que não são senão a luta pelo poder.
Toda vez que um governo e um bloco de forças políticas e sociais unem-se em torno de um projeto de construção de um país soberano, democrático, desenvolvido, as forças conservadoras entram em ação com todo o seu poder de fogo para, primeiro, cooptarem-no, e, não sendo possível, passam a impedir o governo de governar ou pô-lo abaixo através de mecanismos golpistas de feição variada.
De onde vem tanta força? Nos dias de hoje, a oposição se constitui num sistema que abarca desde amplos setores do poder econômico, financeiro, até o complexo de empresas de comunicação. Este sistema põe em ação todo o seu poderio visando levar à falência o governo das forças progressistas e, dessa maneira, criar condições para reconquistar o governo da República.
Aliás, o engajamento, quase que total, dos veículos de comunicação na ofensiva da direita contra o governo Lula e a esquerda brasileira eleva a importância do tema mídia & poder. Nos últimos meses, a mídia tem sido uma espécie de garganta eletrônica do PSDB e do PFL. Descaradamente, ela manipula e despreza os fatos, adultera a verdade e promove linchamento da reputação de partidos e personalidades. Não publica análises, proclama veredictos. Julga-se um poder supremo. Ai de quem criticá-la!
Esta luta acirrada pelo poder trouxe à tona outro fato tão recorrente quanto as investidas da direita: o esquerdismo atuando como linha auxiliar da reação nas ofensivas que aquela empreende contra as forças avançadas.
No longevo histórico desse confronto, a eleição do deputado federal do PCdoB Aldo Rebelo à presidência da Câmara teve repercussões de potencialidades múltiplas: coesionou, novamente, PT, PCdoB e PSB e iniciou a reaglutinação dos demais partidos e segmentos políticos da base aliada. E isso tudo somado resulta numa determinada contenção à agressiva investida da direita contra o governo. A crise, obviamente, está longe de se findar, mas daqui por diante ela passa por uma inflexão que favorece ao governo.
Mas, logo após a posse de Aldo —numa espécie de revide —, a oposição conservadora desencadeou, no bojo do debate sobre a reforma política, uma campanha contra a pluralidade partidária. Ao agir desse modo, a hipocrisia da mídia e da oposição se desnuda: ao se voltarem contra a reforma política demonstram que no fundo o que mais desejam é a continuidade do atual sistema partidário e eleitoral eivado de mazelas e falhas — que mais incentiva do que coíbe a corrupção. A todo custo querem perpetuar o sistema de campanhas eleitorais financiadas e cevadas pelo poder econômico e financeiro. Modelo forjado pelas classes dominantes, pelas elites conservadoras, para terem o controle quase absoluto dos processos eleitorais.
Ao mesmo tempo, PSDB e PFL e a mídia assumiram a postura de restringir a democracia, de golpear as conquistas democráticas da Constituição de 1988 que assegurou a livre organização partidária. O fim da ditadura militar e a conquista da liberdade, como decorrentes da luta de uma ampla frente democrática, fizeram prevalecer logo após a redemocratização, em 1985, a concepção de que a nascente democracia brasileira iria se consolidar com base na pluralidade partidária e no fortalecimento dos partidos.
O PSDB e o PFL estão à frente de uma campanha virulenta contra os pequenos e médios partidos. Aferram-se à defesa da cláusula de barreira de 5%, que é excludente e exagerada. Visam barrar a liberdade de escolha do eleitor. É um artifício importado de outras realidades para mutilar um cenário partidário ainda em formação.
A oposição demonstra, desde agora, o que pretende fazer caso retorne ao governo da República. Quer um Brasil de liberdade restrita, regido por uma democracia mutilada. Quer governar sem os pequenos e médios partidos, sobretudo, sem os partidos históricos da esquerda brasileira, porque isso lhe facilitaria concretizar os planos de dar seguimento, por exemplo, à venda do que resta do patrimônio brasileiro.
Cabe às forças avançadas darem continuidade à resistência, recuperarem a iniciativa para que a esquerda, o governo Lula e seus aliados do campo democrático possam dar continuidade à luta pelas mudanças e impeçam o retorno da direita em 2006.
EDIÇÃO 81, OUT/NOV, 2005, PÁGINAS 3
Toda vez que um governo e um bloco de forças políticas e sociais unem-se em torno de um projeto de construção de um país soberano, democrático, desenvolvido, as forças conservadoras entram em ação com todo o seu poder de fogo para, primeiro, cooptarem-no, e, não sendo possível, passam a impedir o governo de governar ou pô-lo abaixo através de mecanismos golpistas de feição variada.
De onde vem tanta força? Nos dias de hoje, a oposição se constitui num sistema que abarca desde amplos setores do poder econômico, financeiro, até o complexo de empresas de comunicação. Este sistema põe em ação todo o seu poderio visando levar à falência o governo das forças progressistas e, dessa maneira, criar condições para reconquistar o governo da República.
Aliás, o engajamento, quase que total, dos veículos de comunicação na ofensiva da direita contra o governo Lula e a esquerda brasileira eleva a importância do tema mídia & poder. Nos últimos meses, a mídia tem sido uma espécie de garganta eletrônica do PSDB e do PFL. Descaradamente, ela manipula e despreza os fatos, adultera a verdade e promove linchamento da reputação de partidos e personalidades. Não publica análises, proclama veredictos. Julga-se um poder supremo. Ai de quem criticá-la!
Esta luta acirrada pelo poder trouxe à tona outro fato tão recorrente quanto as investidas da direita: o esquerdismo atuando como linha auxiliar da reação nas ofensivas que aquela empreende contra as forças avançadas.
No longevo histórico desse confronto, a eleição do deputado federal do PCdoB Aldo Rebelo à presidência da Câmara teve repercussões de potencialidades múltiplas: coesionou, novamente, PT, PCdoB e PSB e iniciou a reaglutinação dos demais partidos e segmentos políticos da base aliada. E isso tudo somado resulta numa determinada contenção à agressiva investida da direita contra o governo. A crise, obviamente, está longe de se findar, mas daqui por diante ela passa por uma inflexão que favorece ao governo.
Mas, logo após a posse de Aldo —numa espécie de revide —, a oposição conservadora desencadeou, no bojo do debate sobre a reforma política, uma campanha contra a pluralidade partidária. Ao agir desse modo, a hipocrisia da mídia e da oposição se desnuda: ao se voltarem contra a reforma política demonstram que no fundo o que mais desejam é a continuidade do atual sistema partidário e eleitoral eivado de mazelas e falhas — que mais incentiva do que coíbe a corrupção. A todo custo querem perpetuar o sistema de campanhas eleitorais financiadas e cevadas pelo poder econômico e financeiro. Modelo forjado pelas classes dominantes, pelas elites conservadoras, para terem o controle quase absoluto dos processos eleitorais.
Ao mesmo tempo, PSDB e PFL e a mídia assumiram a postura de restringir a democracia, de golpear as conquistas democráticas da Constituição de 1988 que assegurou a livre organização partidária. O fim da ditadura militar e a conquista da liberdade, como decorrentes da luta de uma ampla frente democrática, fizeram prevalecer logo após a redemocratização, em 1985, a concepção de que a nascente democracia brasileira iria se consolidar com base na pluralidade partidária e no fortalecimento dos partidos.
O PSDB e o PFL estão à frente de uma campanha virulenta contra os pequenos e médios partidos. Aferram-se à defesa da cláusula de barreira de 5%, que é excludente e exagerada. Visam barrar a liberdade de escolha do eleitor. É um artifício importado de outras realidades para mutilar um cenário partidário ainda em formação.
A oposição demonstra, desde agora, o que pretende fazer caso retorne ao governo da República. Quer um Brasil de liberdade restrita, regido por uma democracia mutilada. Quer governar sem os pequenos e médios partidos, sobretudo, sem os partidos históricos da esquerda brasileira, porque isso lhe facilitaria concretizar os planos de dar seguimento, por exemplo, à venda do que resta do patrimônio brasileiro.
Cabe às forças avançadas darem continuidade à resistência, recuperarem a iniciativa para que a esquerda, o governo Lula e seus aliados do campo democrático possam dar continuidade à luta pelas mudanças e impeçam o retorno da direita em 2006.
EDIÇÃO 81, OUT/NOV, 2005, PÁGINAS 3
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