O presidente francês Nicolas Sarkozy, o mesmo que deu a ordem para iniciar o ataque a Líbia em nome da « defesa da democracia », ficou bastante contrariado com a decisão do governo grego de convocar um referendo sobre o acordo de ajuste firmado com a União Europeia.
Papandreou, Sarkozy e Merkel
Comportando-se como ditador, o pequeno líder da França disse que não há nada a negociar, que os gregos não terão um só centavo enquanto não adotarem o plano de arrocho exigido pelo FMI. O presidente francês também se arvorou a decidir sobre o que deve ser perguntado aos gregos no referendo. A única questão que vale, diz o chefe do Palácio dos Campos Elíseos, é se os gregos querem ou não permanecer na Zona do Euro. Este foi o recado que o presidente francês transmitiu a um humilhado primeiro-ministro grego, George Papandreu, convocado às pressas a Cannes para ouvir um pito na véspera da inauguração da cúpula do G20.
Antes, Sarkozy unificou a posição com a chanceler alemã Angela Merkel, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, e os representantes das instituições europeias (Conselho Europeu, Comissão Européia, Eurogrupo, Banco Central Europeu).
Em mais uma demonstração de que a soberania nacional é algo ultrapassado para os dirigentes europeus, eles têm manifestado a opinião de que ao invés de um referendo, o melhor é convocar eleições antecipadas e tomar medidas que consideram « duras ». Na verdade, trata-se de tentar formar um governo « forte » para tomar medidas de arrocho econômico, lesivas aos direitos dos trabalhadores, da maioria da população e que sepultam definitivamente a autonomia do país em face dos organismos supranacionais da União Europeia.
O primero-ministro grego está sendo instado a dizer se a Grécia pretende permanecer na Zona do Euro. Os líderes europeus consideram que a saída da Grécia seria a consequência inevitável da rejeição pelo povo grego ao plano de arrocho no referendo. O jornal Le Monde informa que um negociador francês declarou que não se está mais na situação de uma Europa incapaz de resolver as dificuldades de um de seus membros, mas na de um país que rejeita uma solução. « Não se pode impedir que os gregos se suicidem, é melhor que sejam eles a fazerem isso do que Angela Merkel », diz um responsável francês, cujo nome o jornal não revelou.
Da redação, com informações do Le Monde
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