Paulo Vinícius da Silva
Como parte da minha celebração pessoal do 94º aniversário da Revolução de 1917, espantei-me ao observar o domínio praticamente inconteste do conluio entre imprensa burguesa e o trotskismo no balanço histórico da Revolução Russa. A bem da verdade, e para questionar esse raro mas ilustrativo consenso histórico proclamado pela aliança da imprensa monopolista, acadêmicos e trotskistas, cumpre-nos divulgar, em especial para os jovens revolucionários, o excelente texto Trotskismo ou Leninismo?, de Iosif Stálin, que lança importantes luzes sobre a matéria do papel das individualidades na revolução de Outubro, com base em fontes do CC do Partido Bolchevique de então, com acurada análise política.
O texto é um bom antídoto para não cair em mais essa armadilha ideológica que o capitalismo urdiu para atacar o movimento comunista e seus mais importantes líderes. Como é sabido, a burguesia gosta é de revolucionário derrotado e morto. Se escapou e venceu, é forte candidato a posar do lado do Hitler - até mesmo quem o venceu.
Troskismo ou Leninismo mostra por dentro a revolução, seu imenso trabalho político e organizativo coletivo, sob a liderança de Lênin, desmontando a farsa trotskista que ainda hoje perdura, nessa época marcada pela reação. A farsa do "vice" Trotski, que seria o braço direito de Lênin. Vejamos sem preconceitos a cristalina análise no texto que avalia em profundidade as mentiras de Trotski, sua habilidade discursiva e os dados reais da Revolução de 1917,
Trotskismo ou Leninismo? Joseph Stalin
Para os que desejarem fontes mais "isentas", sugiro a leitura do livro O Jovem Stalin, de Simon Sebag Montefiori (Companhia das Letras), que de isento não tem nada, pois não pode haver isenção em temas de tal magnitude.
É, em verdade, um intento malogrado de detratar o insigne revolucionário georgiano, que esbarra inelutavelmente nas fontes históricas. Ao ter de percorrer a origem humilde, a obstinação e a perseverança, a combatividade e o destemor do líder georgiano, o autor, sem querer, teve de assumir inúmeros méritos silentes sobre a trajetória e o papel fulcral de Stálin na construção do partido Bolchevique, no apoio à liderança de Lênin e na Revolução Russa.
No fim das contas, Montefiore até zomba da mitificação autoproclamada de Trotski em face de seu suposto gênio, que segundo somente ele - o Partido não aceitou nunca - deveria fazer de si o sucedâneo de Lênin. Leiamos à página 400:
"Os historiadores costumam seguir versão de Trotski (totalmente preconceituosa, mas soberbamente escrita) dos eventos e afirmam que Stálin "perdeu a revolução", porém isso não se sustenta diante do menor escrutínio. Ele não foi o astro do dia, mas perdeu uma atribuição militar porque estava ocupadíssimo com os jornais empastelados, e não porque fosse politicamente insignificante [ Kerenski empastelara os jornais da imprensa bolchevique às vésperas da revolução e Stálin teve de entrar em ação para sanar o problema urgente. Nota do PV]. Longe disso: Trotski admite que "o contato com Lênin era feito rincipalmente através de Stálin", papel dificilmente sem importância (embora ele não consiga resistir a acrescentar, "porque ele era a pessoa de menos interesse para a polícia"). Essa "perda da Revolução" de Stálin não durou mais do que algumas horas diurnas do dia 24, ao passo que o golpe [ vejam o sinal de classe claro na obra do autor. Nota do PV] se estendeu, na verdade, por dois dias. Ele esteve nos jornais durante toda a manhã. Depois, foi chamado por Lênin (...)"
E o autor segue a narrar os inúmeros papéis de Stálin, seja enquanto ponte entre um Lênin em clandestinidade e com a vida em risco e suas relações com o Comitê Militar Revolucionário e o Partido; seja como um dos principais porta-vozes do Partido no Congresso dos Sovietes reunido no Smolni, em que deu garantias da mobilização militar, do domínio dos correios e da imprensa, por exemplo.
Mais adiante, o autor tratará do papel que Stálin cumpriu na própria garantia de vida de Lênin e na sua chegada ao Smolni para a deflagração da Revolução de Outubro. de fato, o que faltou a Stálin não foram tarefas decisivas, mas sim a insaciável predileção aos holofotes de Trotski. Afinal, Stalin foi o que ficou na Rússia para dirigir e construiu o Partido que liderou a Revolução. Não estava em Hollywood, fazendo figuração de filmes como Trotski, mas em sucessivas prisões e ações de toda sorte, enfrentando a luta clandestina pelo socialismo desde tenra juventude.
Por fim, sugiro leitura de obra corajosa, brilhante e fundada em sólida e vasta literatura: Stálin, história crítica de uma lenda negra, do filósofo italiano Domenico Losurdo, imperdível para quem não se contenta com a profundidade e isenção historiográficas tão uníssonas quanto críveis como são The History Channel e a infindável fileira de agrupamentos trostkistas. Nada estranho, pois, quanto a esses, salvo raras exceções, sua ausência de importância histórica e de liderança de massas jamais lhes diminuiu a hostilidade contra a unidade do povo, o anticomunismo visceral e a boa vontade com que se postam como quinta coluna a serviço do capitalismo, por trás, é óbvio, de sua fraseologia revolucionária temerária.
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