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domingo, 30 de abril de 2017

Joan Oliveira: Belchior, um canto torto corta a nossa alma - Portal Vermelho

Joan Oliveira: Belchior, um canto torto corta a nossa alma - Portal Vermelho:





 Belchior entre Gilberto Gil e Veveu Arruda, ex-prefeito de Sobral, sua cidade natal e onde gostava de ir sempre Belchior entre Gilberto Gil e Veveu Arruda, ex-prefeito de Sobral, sua cidade natal e onde gostava de ir sempre
Mas não é de silêncio que se trata. Não quando se vai um poeta de tal envergadura. Não há como silenciar quando parte um compositor da estatura de um Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, um poeta grande como seu quase interminável nome, um cantor do povo, um lírico, épico, maldito, um bigodudo de incomparável talento.

Custamos a crer, todos nós. Os amigos com os quais falo desde a metade da manhã se recusam a acreditar. “Será que não vem um desmentido por aí?” – indaga um deles, com esperança de órfão.

Depois do silêncio veio a sensação de desamparo. Porque Belchior fará muita falta. Porque parece que bate de novo à nossa porta um tempo difícil, um tempo em que a força se apresenta disposta a fazer todo o mal que a força sempre faz. Foi num tempo assim que a voz do poeta cantou desafiadora. Mesmo que o medo morasse no peito de muitos, o poeta desafiou a força e cantou, um canto de denúncia, um canto de lirismo e guerra.

O canto de Belchior foi isso, um canto de lirismo e guerra, um canto de amor e de desafio ao arbítrio, um canto de desenfreada paixão e de incontida rebeldia. E agora, quando mais precisamos dele novamente, o poeta nos deixa para sempre.

Exilado de si mesmo há algum tempo, Belchior agora volta para casa, volta para Sobral. É justo que venha para cá, para o seu repouso final. É justo. Um dia ele cantou que não precisava que lhe dissessem de que lado nascia o sol, pois lá batia o seu coração. O poeta agora volta para onde sempre bateu o seu coração.

E nós, que faremos? Agora que um canto torto corta a nossa alma, que faremos? Agora que o arbítrio invade a nossa casa, que o autoritarismo explode violentamente sobre nós, que faremos? Ou silenciamos, e deixamos que o medo tome conta de nós, ou faremos como o rapaz latino-americano que se foi um dia, e cantaremos alto e forte, um canto torto que feito faca corte a carne do arbítrio e da intolerância.

No seu retorno para casa, Belchior não será recebido com o silêncio. Belchior será recebido com a voz do povo a entoar as suas canções, e a fazer delas arma e combate pela justiça e pela felicidade.




*Joan Edesson de Oliveira é educador, Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará.

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