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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

#FuerzaChavez! Nicolás Maduro: Estado de salud del presidente Chávez continúa siendo delicado


 
30.DIC.2012 / 09:50 PM

Prensa PSUV.- El vicepresidente de la República, Nicolas Maduro, se dirigió al país la noche de este domingo, desde La Habana, para informar sobre la evolución clínica del presidente Hugo Chávez tras la intervención quirúrgica practicada en la capital cubana el pasado 11 de diciembre.

En cadena nacional de radio y televisión, Maduro leyó un comunicado oficial en compañía de Rosa Virginia Chávez, hija del Presidente; Jorge Arreaza, ministro de Ciencia, Tecnología e Innovación; y Cilia Flores, procuradora general de la República.

Maduro indicó que “a diecinueve días de la compleja cirugía, el estado de salud del presidente Chávez continúa siendo delicado, presentando complicaciones que están siendo atendidas, en un proceso no exento de riesgos”.

El Vicepresidente expresó que las nuevas complicaciones son consecuencia de la infección respiratoria que se le manifestó hace unos días al Presidente; sin embargo, el Comandante enfrenta esta difícil situación con fortaleza física y espiritual.

Nicolás Maduro aclaró que el Presidente dio instrucciones precisas para que se informara al pueblo sobre su condición de salud.

Maduro también dijo que, permanecerá en La Habana las próximas horas para seguir de cerca la evolución del estado de salud del Mandatario Nacional.´

Por otra parte, el comandante Chávez sigue muy pendiente del pueblo venezolano y envió un saludo de fin de año a todas las familias que se encuentran reunidas durante estos días a lo largo y ancho de toda la Patria, para que reciban con amor el año 2013; y “muy especialmente le envió un cálido abrazo a los niños y niñas de Venezuela, recordando que siempre los lleva en su corazón”.

A continuación el comunicado completo:

REPÚBLICA BOLIVARIANA DE VENEZUELA

El Gobierno de la República Bolivariana de Venezuela cumple con el deber de informar al pueblo venezolano sobre la evolución clínica del Presidente Hugo Chávez tras la intervención quirúrgica practicada en La Habana, Cuba, el pasado 11 de diciembre.

Como es sabido, el día 28 de diciembre viajamos a La Habana por instrucciones del Comandante Presidente, por lo cual voy a proceder a realizar el siguiente reporte:

Al llegar a La Habana nos dirigimos de inmediato al Hospital para actualizarnos personalmente sobre la situación de salud del Comandante Presidente.

Fuimos informados sobre nuevas complicaciones surgidas como consecuencia de la infección respiratoria ya conocida.

El día de ayer nos mantuvimos pendientes de la evolución de su situación y la respuesta a los tratamientos. Nos reunimos varias veces con su equipo médico y con sus familiares más allegados.

Hace unos minutos estuvimos con el Presidente Chávez, nos saludamos y él mismo se refirió a estas complicaciones.

Tuvimos la oportunidad de darle parte sobre la situación nacional, las exitosas jornadas de tomas de posesión de los veinte gobernadores y gobernadoras bolivarianos, y la satisfactoria acogida de su mensaje de salutación de fin de año a la Fuerza Armada Nacional Bolivariana.

De manera especial, el Comandante Chávez quiso que transmitiéramos su saludo de fin de año a todas las familias venezolanas, que se encuentran reunidas durante estos días a lo largo y ancho de toda la Patria; muy especialmente le envió un cálido abrazo a los niños y niñas de Venezuela, recordando que siempre los lleva en su corazón. Abrazo que hace extensivo a todo nuestro pueblo, para que reciban con amor el 2013, año que debe ser de mayor felicidad para nuestra Patria, de consolidación definitiva de nuestra independencia y unión nacional.

El Presidente nos dio instrucciones precisas para que, al salir de la visita, le informásemos al Pueblo sobre su condición actual de salud.

A diecinueve días de la compleja cirugía, el estado de salud del Presidente Chávez continúa siendo delicado, presentando complicaciones que están siendo atendidas, en un proceso no exento de riesgos. Gracias a su fortaleza física y espiritual, el Comandante Chávez está enfrentando esta difícil situación.

Igualmente, informamos que hemos decidido permanecer las próximas horas en La Habana, acompañando al Comandante y a su familia, muy atentos al proceso de evolución de su situación actual.

Confiamos en que la avalancha mundial de amor y solidaridad hacia el Comandante Chávez, junto a su inmensa voluntad de vida y el cuidado de los mejores médicos especialistas, ayudarán a nuestro Presidente a librar con éxito esta nueva batalla.

¡Que Viva Chávez!

La Habana, 30 de diciembre de 2012

Leitores(as) do Coletivizando: Por um 2013 de saúde, vitórias e paz!

Queridos(as) seguidores(as), agradeço a todos(as) vocês que tem acompanhado essa minha leitura coletiva das questões do Brasil e do mundo que tanto impacto tem nas nossas vidas. É de fato importante poder contar com vocês para olhar um mundo tão assombroso, juntos, e quem sabe, na mesma luta. Assim, depois de um 2012 tão intenso e marcado por bons e maus momentos, desejo a todos e a todas um 2013 de paz para cada um e para humanidade como um todo, saúde para todos nós e alegrias e realizações que melhorem a vida de todos e todas! E, é claro, muita luta, sempre! Feliz 2013!


Paulo Vinícius

domingo, 30 de dezembro de 2012

As notícias mais censuradas pelos EUA - Portal Vermelho

As notícias mais censuradas pelos EUA - Portal Vermelho


Ocupe Wall Street
Occupy, na mira da lei e da censura nos EUA

As notícias mais censuradas pelos EUA

Monopólios da comunicação não divulgam informações ameaçadoras e que contrariam os seus interesses. Se os defensores das liberdades civis no Brasil acham que temos problemas graves de tentativas de censura e de informações deturpadas de acordo com os interesses dos grandes grupos de comunicação, nos EUA a situação não é muito diferente.

As 25 notícias mais censuradas pela grande imprensa corporativa dos Estados Unidos, durante o último ano acadêmico 2011/2012, investigadas há quase quatro décadas por professores e estudantes de sociologia da Universidade Sonoma State da Califórnia, acabam de aparecer no livro Censored 2013, publicado em Nova York, pelo editorial Seven Stores. O texto foi apresentado em dezembro, em Santa Rosa, Califórnia.



O ataque crescente à liberdade e a conversão dos Estados Unidos em um estado policial, os decretos “legais” mas em contradição com a Constituição do Ministério de Segurança Pátria, as novas leis que criminalizam a manifestação Occupy, o fomento do novo negócio de “incitação e delação” que, patrocinado pelo FBI, representa lucros de até 100 mil dólares por cada caso pré-fabricado por 15 mil espias internos “autorizados”, a escravidão que existe hoje nas prisões-fábricas estadunidenses com salários de 23 centavos de dólar por hora de trabalho, a situação insustentável da vida dos oceanos, os crimes de guerra da OTAN na Líbia, os resquícios radioativos de Fukushima, que ainda matam habitantes no território dos Estados Unidos, uma pesquisa de Zuyrich que mostra que 147 corporações transnacionais estadunidenses e europeias controlam a economia mundial, os bilhetes impressos pela Reserva Federal de 16 trilhões de dólares doados aos maiores bancos que provocaram a crise e um chamado da ONU para converter os trabalhadores em empresários de cooperativas, são os temas das primeiras 10 notícias top mais ocultadas pelo Censurado 2013.

1. Estados Unidos: Estado Policial
Desde a Lei Patriot Act 2001, Estados Unidos tem cada vez mais vigilância política interna e se militariza às custas das liberdades civis. A aprovação, em 2012, da lei Nacional Defense Authorization Act (NDAA) permite que os militares prendam indefinidamente, sem julgamento, qualquer cidadão dos Estados Unidos, que o governo considere “terrorista” ou “acessório do terrorismo”.

O presidente Barack Obama emitiu o decreto “National Defense Resources Preparedness Executive Order”, que autoriza o mais amplo controle federal e militar da economia nacional e de seus recursos sob “condições de emergência e de não-emergência”. Desde 2010, a campanha do departamento de Segurança Pátria “Se você ver algo, diga algo” chama o público a informar às autoridades locais sobre qualquer atividade suspeita, mas o que a Segurança Pátria identifica como “suspeito” costuma ser críticas ao governo ou protestos não violentas, que são direitos garantidos pela Constituição.

2. Oceanos em perigo
O mar não é infinito nem inesgotável. A subida total da temperatura do oceano levou ao maior movimento de espécies marinhas em dois e três milhões de anos. Um estudo de fevereiro de 2012 de 14 ecossistemas protegidos e 18 desprotegidos no Mediterrâneo demonstrou que esta acabando rapidamente seus recursos. Um estudo científico de três anos mostrou que áreas marinhas que formam a reserva de população de peixes tem cinco a dez vezes mais vida marinha que os lugares desprotegidos.

3. Fukushima mata até nos Estados Unidos
As consequências do desastre nuclear 2011 de Fukushima são maiores que as reconhecidas, ao ponto que científicos estimam em 14 mil as mortes nos Estados Unidos provocadas pela radiação que veio do Japão, de acordo com relatório de dezembro de 2011, do Diário Internacional de Serviços Médicos. A rede detentora de radiação da Agência de Proteção Ambiental (RadNet) tem falhas de mantenimento e equipamentos frequentemente mal calibrados.

4. O FBI é responsável pela mair conspiração terrorista nos Estados Unidos
O Escritório Federal de Investigação (FBI) implementou um método pouco usual para prevenir futuros atentados terroristas ao desenvolver uma rede de quase 15 mil espiões para infiltrar em diversas comunidades na busca de esquemas terroristas. No entanto, eles realmente estão nos ajudando e animando a gente a cometer crimes para depois denunciá-los e cobrar recompensas de até 10 mil dólares por caso.

5. Reserva Federal imprimiu 16 trilhões de dólares para salvar grandes bancos

Uma auditoria da Primeira Reserva Federal revela que ofereceu ajuda urgente e em segredo de 16 trilhões de dólares aos maiores bancos estadunidenses e europeus em pleno apogeu da crise financeira mundial, entre 2007 e 2010. Desses 16 trilhões de dólares, Morgan Stanley recebeu 107,3 bilhões , Citigroup 99,5 milhões e Bank of America 91,4 bilhões, de acordo com dados obtidos por reivindicando a Lei de Liberdade de Informação (Freedom of Information Act), meses de litígio nos tribunais e uma lei aprovada pelo Congresso.

6. 147 corporações controlam a economia do mundo ocidental

Um estudo da Universidade de Zurich revelou que um pequeno grupo de 147 grandes corporações transnacionais, principalmente financeiras e mineiro-extrativistas, controlam na prática a economia mundial. O estudo foi o primeiro a analisar 43.060 corporações transnacionais e a relação de propriedade entre elas, identificando 147 companhias que formam uma “super entidade”, que controla 40% da riqueza total da economia global. O pequeno grupo, interconectado através das juntas diretivas corporativas, constituem uma rede de poder global vulnerável aos colapsos e propensa ao “risco sistêmico”…, mas dirige o mundo.

7. 2012: ano internacional das cooperativas

As Nações Unidas declararam 2012 como o ano internacional das cooperativas, que manteriam ativas no mundo quase 1 bilhão de pessoas como membros ou donos cooperativos. De acordo com a ONU, a cooperativa será o modelo de empresa de mais rápido crescimento do planeta em 2025 e garante que as cooperativas de trabalhadores-proprietários preveem uma distribuição equitativa da riqueza e uma conexão autêntica no lugar do trabalho, componentes essenciais de uma economia sustentável.

8. Crimes de guerra da OTAN na Líbia

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) justificou sua intervenção na Líbia sob “princípios humanitários”, mas agora são conhecidas suas ações catastróficas para os seres humanos, como a destruição por bombardeiro, em julho de 2011, da principal instalação de abastecimento de água potável neste país, que abastecia, aproximadamente, 70% da população nacional. E, na tentativa falida de parecer imparcial e objetiva, a BBC revelou, quase um ano depois dessa informação ter sido difundida pelos meios independentes, que as Forças Especiais Britânicas desempenharam um papel chave para supervisionar e conduzir à vitória os chamados “combatentes da liberdade” da Líbia.

9. Escravidão em prisões dos Estados Unidos
Estados Unidos têm pelo menos 5% da população do mundo, mas suas prisões mantêm mais de 25% de toda a população presa do mundo. Muitos desses presos trabalham por 23 centavos de dólar por hora, ou valores similares, em prisões privadas contratadas pela oficina de prisões UNICOR, uma corporação quase-pública, sem fins lucrativos, classificada como a 38º entre os grandes contratistas do governo dos Estados Unidos. Apenas escapam desse trabalho os milhares de presos em solitária, frequentemente presos por castigos disciplinários ou faltas de baixa importância.

10. Lei HR 347 criminaliza os protestos do Occupy

O Presidente Obama assinou em março de 2012 a lei HR 347, que considera “ofensa criminal” participar de manifestações em áreas definidas como “restringidas”, tais como proximidades de edifícios federais e certos parques. Os legisladores violentaram os direitos da Primeira Emenda para criminalizar os protestos do Occupy, que caracterizam como um perigo mundial para a superclasse do 1%, que controla a economia dos Estados Unidos e do mundo, uma vez que fizeram com o serviço secreto utilize mais ou empregue mal as leis atuais para prender manifestantes sob o pretexto falso de atividade criminal.

Com informações da Rede Democrática

sábado, 29 de dezembro de 2012

Maduro vai a Cuba visitar Chávez - Portal Vermelho

Maduro vai a Cuba visitar Chávez - Portal Vermelho

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, viajou, nesta sexta-feira (28) a Cuba para visitar o presidente Hugo Chávez, que foi operado na ilha no último dia 11 de dezembro pela reincidência do câncer que padece.


O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarcou na madrugada deste sábado (29) em Cuba para visitar o presidente Hugo Chávez
O venezuelano dirigiu-se diretamente ao hospital onde Chávez está sendo tratado. Maduro afirmou, durante a posse do governador do estado Nueva Esparta, Carlos Mata, que em sua ausência o ministro da Energia Elétrica, Héctor Navarro, assumirá seu cargo.

Leia também:
Maduro critica oposição por rumores sobre saúde de Chávez

O também chanceler do país afirmou que viaja "junto com uma equipe do Governo bolivariano" e que, além de visitar Chávez, levará "solidariedade a suas filhas, seu filho, seus netos, netas e todos seus familiares", que o acompanham na ilha.

Ao informar o retorno do câncer e a necessidade de submeter-se a uma quarta intervenção cirúrgica em 18 meses, Chávez nomeou Maduro como seu sucessor no caso de sua condição impedir-lhe de assumir o novo mandato de seis anos que conquistou nas eleições de outubro.

Com informações da Efe

A guerra das usinas midiáticas do setor financeiro contra Dilma - Portal Vermelho

A guerra das usinas midiáticas do setor financeiro contra Dilma - Portal Vermelho

financial times contra Dilma
Falta de educação: FT diz "Roussolph (Rousseff), a rena do nariz vermelho"

A guerra das usinas midiáticas do setor financeiro contra Dilma

Primeiro foiThe Economist; agora, foi a vez do Financial Times: Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Para ele , Dilma cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Não que o cenário econômico na casa destas publicações ande melhor. Justamente o contrário.

Por Marcelo Justo, de Londres

A economia britânica acaba de sair da segunda recessão em três anos graças ao pequeno estímulo dos jogos olímpicos, mas a maioria dos analistas acredita que no próximo trimestre ela voltará a se contrair. A Eurozona salvou-se raspando neste ano de 2012, mas ninguém se atreve a apostar no que pode acontecer no próximo ano, apesar de o diretor do Banco Central da Europa, Mario Draghi, assegurar desde julho que fará tudo o que está ao seu alcance para salvar o euro. Por último, os Estados Unidos estão fazendo o impossível para evitar o abismo fiscal, um incremento de impostos e um corte de gastos públicos que entraria em vigor automaticamente no dia 1º de janeiro se não houver um acordo político.

Apesar deste cenário do primeiro mundo, as críticas a Dilma não surpreendem. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, a presidenta cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Quando esta crítica à presidenta brasileira vem do primeiro mundo aparece como uma variante do famoso “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Desde o estouro financeiro de 2008, Estados Unidos, Reino Unido e Banco Central Europeu se dedicaram à emissão de dinheiro eletrônico, um mecanismo conhecido em inglês como quantitative easing, e a baixar as taxas de juros a mínimos históricos para estimular o consumo. “A ideia é que mantendo essas taxas de juros o setor privado terminará investindo, algo que não está fazendo porque a demanda está estagnada. Em resumo, o problema mais grave é que esta política monetarista não está funcionando”, disse Ismail Erturk, catedrático sênior de finanças da Universidade de Negócios de Manchester.

Este monetarismo foi debatido no chamado mundo desenvolvido, mas sem a estridência desqualificadora reservada ao governo de Dilma Rousseff. No caso do Reino Unido e da Eurozona a comparação se torna mais absurda se tomamos como parâmetro a crise provocada pelos programas de austeridade vigentes na Europa. No Reino Unido, a coalizão conservadora-liberal democrata que assumiu em maio de 2010 encabeçada pelo primeiro-ministro David Cameron herdou um forte déficit fiscal produto do estouro financeiro de 2008-2009 e uma incipiente recuperação de 1,7% pela mão do estímulo fiscal do governo trabalhista de Gordon Brown.

A coalizão prometeu equilibrar as contas fiscais ao final de seu período de governo, em 2015, e projetou um crescimento de 2,1% para 2011 e 2,5% para 2012. A chave-mestra para esse passe de mágica era um programa de austeridade com cortes de 80 bilhões de libras (cerca de 140 bilhões de dólares) com uma perda de mais de meio milhão de empregos públicos. O resultado desse apequenamento logo ficou evidente. Em 2011, o crescimento real foi de 0,8%, enquanto que, em 2012, foi negativo (menos 0,4%). Quanto ao equilíbrio fiscal, o próprio governo admitiu em dezembro que para atingi-lo terá que ampliar a política de austeridade até...2018.

As coisas não andam melhor pela eurozona. Com a bandeira da austeridade, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (a Troika) conseguiram converter a debacle fiscal de um país que representava pouco mais de 2% do PIB da eurozona em uma crise que pode colocar em perigo todo o projeto pan-europeu. Desde o começo da crise grega em 2010, quatro nações terminaram regatadas pela Troika (Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre), a banca espanhola foi salva com uma injeção de 100 bilhões de euros do Banco Central Europeu e a Grécia recebeu um novo pacote de ajuda em dezembro, no valor de 34 bilhões euros, que todos sabem que não será o último.

Em 2012, a eurozona teve um crescimento negativo de 0,5% que esconde em seu interior extraordinárias disparidades (a queda da Grécia superou 7%, enquanto que a Alemanha cresceu 0,8%). Segundo um informe da ONU, divulgado em 20 de dezembro, com estas políticas de austeridade as coisas vão piorar. O cálculo é que a região crescerá um magro 0,5% em 2013.

O governo de Barack Obama não apostou na austeridade e conseguiu evitar uma queda como a do Reino Unido ou da eurozona, mas sua recuperação é menor do que a esperada e está ameaçada por uma obra prima do terror econômico: o abismo fiscal. Em agosto, o Congresso estabeleceu o 1º de janeiro como prazo para chegar a um acordo sobre o gasto público e as reduções tributárias aprovadas durante a presidência de George Bush que finalizam nesta data.

Se não houver acordo e as medidas entrarem em vigor, o resultado será uma recessão nos Estados Unidos e um forte impacto em uma economia mundial que, nas atuais projeções, crescerá 2,4%, muito menos do que é necessário para recuperar o terreno perdido desde o estouro do Lehman Brothers. A responsabilidade fiscal das reduções de impostos de George Bush foi discutida em seu momento, mas nenhuma usina midiática econômica teve a ideia de colocar um nariz vermelho no artífice da invasão ao Iraque. Assim são as coisas.

Fonte: Carta Maior

Salim Lamrani: "La Dolce Vita" de Yoani Sánchez em Cuba - Portal Vermelho

Salim Lamrani: "La Dolce Vita" de Yoani Sánchez em Cuba - Portal Vermelho

Ao ler o blog da dissidente cubana Yoani Sánchez, é inevitável sentir empatia por esta jovem mulher, que expressa abertamente sua oposição ao governo de Havana. Descreve cenas cotidianas de privações e de penúrias de todo tipo. “Uma dessas cenas recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, escreve em seu blog Generación Y. [1]

Por Salim Lamrani*, no Opera Mundi


Ao contrário do que afirma, dissidente possui padrão de vida inacessível para a imensa maioria dos cubanos
De fato, a imagem que Yoani Sánchez apresenta dela mesma – uma mulher com aspecto frágil que luta contra o poder estatal e contra as dificuldades de ordem material – está muito longe da realidade. Com efeito, a dissidente cubana dispõe de um padrão de vida que quase nenhum outro cubano da ilha pode se permitir ter.

Mais de seis mil dólares de renda mensal.

A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação [2] por Cuba. Sánchez, que como de costume, é tão expressiva em seu blog, manteve um silêncio hermético sobre seu novo cargo. Há uma razão para isso: sua remuneração. A oposicionista cubana dispõe agora de um salário de seis mil dólares mensais, livres de impostos. Trata-se de uma renda bastante alta, habitualmente reservada aos quadros superiores das nações mais ricas. Essa importância é ainda maior considerando que Yoani Sánchez reside em um país de Terceiro Mundo em que o Estado de bem-estar social está presente e onde a maioria dos preços dos produtos de necessidade básica está fortemente subsidiada.

Em Cuba, existe uma dupla circulação monetária: o CUC e o CUP. O CUC representa aproximadamente US$ 0,80 ou 25 CUP. Assim, com seu salário da SIP, Yoani Sánchez dispõe de uma renda equivalente a 4.800 CUC ou a 120.000 CUP.

O poder aquisitivo de Yoani Sánchez

Avaliemos agora o poder aquisitivo da dissidente cubana. Assim, com um salário semelhante, Sánchez poderia pagar, a escolher:

- 300.000 passagens de ônibus;
- 6.000 viagens de táxi por toda Havana [3]
- 60.000 entradas para o cinema;
- 24.000 entradas para o teatro;
- 6.000 livros novos;
- 24.000 meses de aluguel de um apartamento de dois quartos em Havana [4];
- 120.000 copos de garapa (suco de cana);
- 12.000 hambúrgueres;
- 12.000 pizzas;
- 9.600 cervejas;
- 17.142 pacotes de cigarro;
- 12.000 quilos de arroz;
- 8.000 pacotes de macarrão;
- 10.000 quilos de açúcar;
- 24.000 sorvetes de cinco bolas;
- 40.000 litros de iogurte;
- 5.000 quilos de feijão;
- 120.000 litros de leite (caso tenha um filho de menos de 7 anos);
- 120.000 cafés;
- 80.000 ovos;
- 60.000 quilos de carne de frango;
- 60.000 quilos de carne de porco;
- 24.000 quilos de bananas;
- 12.000 quilos de laranja;
- 12.000 quilos de cebola;
- 20.000 quilos de tomate;
- 24.000 tubos de pasta de dente;
- 24.000 unidades de sabão em pedra;
- 1.333.333 quilowatts-hora de energia [5];
- 342.857 metros cúbicos de água potável [6];
- 4.800 litros de gasolina;
- um número ilimitado de visitas ao médico, dentista, oftalmologista ou qualquer outro especialista da área de saúde, já que tais serviços são gratuitos;
- um número ilimitado de inscrições a um curso de esporte, teatro, música ou outro (também gratuitos).

Essas cifras ilustram o verdadeiro padrão de vida de Yoani Sánchez em Cuba e dão uma ideia sobre a credibilidade da opositora cubana. Ao salário de seis mil dólares pagos pela SIP, convém agregar a renda que cobra a cada mês do diário espanhol El País, do qual é correspondente em Cuba, assim como as somas coletadas desde 2007.

Com efeito, no período de alguns anos, Sánchez recebeu múltiplas distinções, todas financeiramente remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma retribuição de 250.000 euros, ou seja, 312.500 CUC ou 7.812.500 CUP, quer dizer, uma importância equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial.

A dissidente, que primeiro emigrou à Suíça depois de optar por voltar a Cuba, é bastante sagaz para compreender que o fato de adotar um discurso a favor de uma mudança de regime agradaria aos poderosos interesses contrários ao governo e ao sistema cubanos. E eles, por sua vez, saberiam se mostrar generosos com ela e permitiriam gozar da dolce vita em Cuba.

*Salim Lamrani é Doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista das relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro é intitulado Etat de siège: les sanctions economiques des Etats-Unis contre Cuba, París, Edições Estrella, 2001, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Contato: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr ; Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel

Referências bibliográficas:
[1] Yoani Sánchez, “Atacado vs varejo”, Generación Y, 5 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site consultado em 26 de julho de 2012).
[2] El Nuevo Herald, “Yoani nomeada na Comissão da SIP”, 9 de novembro de 2012.
[3] De Havana Velha até o bairro Playa.
[4] 85% dos cubanos são proprietários de suas casas. Essa tarifa é reservada exclusivamente para os cidadãos cubanos da ilha.
[5] Até 100 quilowatt-hora, o preço é de 0,09 CUP a cada quilowatt-hora.
[6] 0,35 CUP por m³.



Dívida líquida do setor público cai para 35% do PIB - Portal Vermelho

Dívida líquida do setor público cai para 35% do PIB - Portal Vermelho

A dívida líquida do setor público (DLSP) somou R$ 1,535 trilhão no final de novembro, o que corresponde a 35% do Produto Interno Bruto (PIB), calculado em R$ 4,381 trilhões, de acordo com Relatório de Política Fiscal apresentado nesta sexta-feira (28) pelo chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Túlio Maciel.



Túlio Maciel, do Banco Central 

Em termos nominais, a dívida líquida soma R$ 27 bilhões a mais do que no final do ano passado, mas naquela época ela equivalia a 36,4% do PIB. Este percentual foi caindo ao longo de 2012 como reflexo, principalmente, da redução da taxa básica de juros (Selic), disse Maciel.

Em relação a outubro, quando a dívida líquida era R$ 1,541 trilhão (35,4% do PIB), ele disse que a desvalorização cambial ocorrida em novembro contribuiu para reduzir a dívida em R$ 25,2 bilhões, equivalentes a 0,6 ponto percentual do PIB.

De acordo com Túlio Maciel, a queda de 1,4 ponto percentual na relação dívida/PIB no ano é resultado também da desvalorização cambial de 12,4% de janeiro a novembro, da valorização do PIB corrente, do superávit primário de R$ 82,7 bilhões (economia para pagamento dos juros da dívida) e do ajuste da paridade da cesta de moedas que compõem a dívida externa líquida.

Os fatores mencionados pelo economista do BC somaram 5,8 pontos percentuais em favor da redução da dívida líquida, mais que suficientes para cobrir os 4,4 pontos percentuais a mais para pagamento de juros nominais no ano, no valor de R$ 194,8 bilhões.

Em sentido contrário, a dívida bruta do governo geral, que inclui o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e governos regionais, aumentou de R$ 2,243 trilhões (54,2% do PIB) no final de 2011 para R$ 2,615 trilhões (59,7% do PIB) em novembro de 2012. Em relação a outubro, houve acréscimo de R$ 25,3 bilhões, provocado pelo aumento da incorporação de juros nominais e pela desvalorização cambial no mês.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Réveillon 2012 em Brasília

Nota à Imprensa - Réveillon 2012 

A JRD Art Prod Ltda, empresa responsável pela contratação de Dominguinhos para a apresentação do dia 31.12.12, na esplanada dos Ministérios em Brasília, informa que “o artista nao poderá fazer o show, por motivo de saúde. O Dominguinhos está internado no Recife”. Dessa forma a apresentação do artista prevista para o Reveillón do Distrito Federal está cancelada.

Haverá a maior queima de fogos já realizada no Reveillón do Distrito Federal. Serão mais de dez toneladas espalhadas entre a prainha e a Esplanada dos Ministérios.

A montagem das estruturas de palco na esplanada e na prainha já foi iniciada.

Mais de 250 banheiros estarão espalhados pela prainha e pela esplanada.

O custo total da programação cultural, das estruturas e da queima de fogos para as comemorações de final de ano (Natal, Réveillon na esplanada, Reveillón na prainha, Folia de Reis, cantatas de natal itinerantes nas RA’s, cantatas de natal na torre de TV, Abraço de Luz etc) é de aproximadamente R$ 8 milhões.

Nos intervalos entre as apresentações da esplanada haverá intervenção do Forró de Vitrola com Cacai Nunes, artista de Brasília, em homenagem a Luiz Gonzaga.

Confira a programação do Réveillon

* Esplanada dos Ministérios
19h às 19h30: Na Lata
19h35 às 20h15: Ellen Oléria
20h15 às 20h35: Forró de Vitrola
20h35 às 21h35: Plebe Rude
21h35 às 21h55: Forró de Vitrola
21h55 às 23h35: Paula Fernandes
23h35 às 23h55: Forró de Vitrola
23h55 à 0h00: Contagem Regressiva
0h00 à 0h25: Bateria da Virada (queima de fogos)
0h30 às 2h00: Nas Curvas do Samba
2h00 às 2h20: Forró de Vitrola
2h20 às 4h00: Fernando e Sorocaba

 
* Prainha
17h: Os Crioulos
18h: Oya Bagan
19h: Xaxará de Prata
20h: Asé Dudu
21h à 1h: Cortejos + Toque para Orixás + Umbanda e Candomblé
1h: Orkestra Rumpilezz
2h: Obará
3h: Pé de Cerrado
4h: Requebrarte
Publicado em Notícias

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Fortaleza: Administração que não deixará saudades - Messias Pontes - Portal Vermelho

Administração que não deixará saudades - Portal Vermelho
Messias Pontes *

Ninguém é tão bom que não tenha um defeito e nem tão ruim que não tenha uma virtude. Assim como as pessoas, são as administrações. Por pior que seja, nenhuma administração é 100% mal; até no desgoverno do Coisa Ruim (FHC), se procurar sem preconceito, se encontra coisas positivas.
Na próxima segunda-feira 31 chega ao fim os oito anos de administração da prefeita Luizianne Lins (PT). Ela buscou priorizar o social como nenhum outro antecessor, acabou com as filas para matricula nas escolas da rede municipal de ensino, tornou gratuita a carteira de estudante para alunos da rede pública e forneceu gratuitamente farda, tênis, material escolar e mochila, e deu qualidade à merenda escolar evitando escândalo neste setor.

Luizianne proporcionou substancial avanço na área cultural com destaque para o Mercado dos Piões, o pré-carnaval e à festa de passagem de ano, tornando o Réveillon de Fortaleza o segundo maior e melhor do País – o do ano passado contou com 1,5 milhão de pessoas. Também merece destaque a Defesa Civil que hoje é referência, não se registrando nenhum óbito nas áreas de risco nos últimos oito anos.

Contudo todos esses avanços foram suplantados sobretudo pela falta de planejamento e principalmente pelas deletérias práticas de direita que nem no tempo dos Coronéis eram verificadas. Muito recurso federal foi devolvido por absoluta falta de projetos, com destaque para as 80 creches que o governo da presidenta Dilma Rousseff destinou a Fortaleza e ela devolveu alegando não ter terreno para a construção. Isto sem falar nas inúmeras obras inacabadas e muitas que foram prometidas e não foram sequer iniciadas.

Nenhuma administração municipal foi tão hermeticamente fachada quanto a atual, sendo que até mesmo vereadores e até secretários municipais tinham dificuldades de acesso ao gabinete da Prefeita. O propalado Conselho Político, formado por lideranças e dirigentes dos partidos da base aliada, nunca se reuniu. A reeleição em 2008 com uma diferença de 0,16% se deu por exclusiva falta de opção, já que Patrícia Saboya (PDT), embora fosse uma boa candidata, estava muito ligada ao ex-governador Tasso Jereissati que é muito estigmatizado em Fortaleza, e Moroni Torgan representava a direita mais conservadora.

A vergonhosa prática direitista de indicação política para a direção de postos de saúde, hospitais e escolas do Município, por si só já anula todo avanço conquistado. Como prática deletéria também merece destaque a troca de apoio na Câmara Municipal por centenas de terceirizados para cada vereador da base de apoio. Nos corredores da Câmara fala-se que tem vereador com até mil terceirizados. Isto sim é um verdadeiro mensalão já que a mesada era mensal. A estimativa é que o número de terceirizados ultrapasse os 30 mil, embora representantes governistas da Comissão de Transição falem em pouco mais de 12 mil.

A ausência da Prefeita nos mais importantes acontecimentos em nossa Capital foi uma marca da sua administração, chegando a Prefeita ser chamada de Lombardi, numa alusão a um personagem do programa televisivo Sílvio Santos que todos sabiam existir mas ninguém via. Durante esses oito anos foram realizados em Fortaleza dois congressos de jornalistas e dois encontros nacionais de blogueiros progressistas, mas ela não compareceu a nenhum, não mandou representante e sequer mandou uma mensagem aos congressistas seus colegas jornalistas.

Também enlameou a sua administração o retorno da censura a programa de rádio, uma nódoa que ela e seu coordenador de Comunicação, Demétrio Andrade, levarão consigo para o resto da vida e terão de explicar aos seus alunos – ambos são professores de jornalismo - o saudosismo da ditadura militar. A Constituição Cidadã de 1988 erradicou a censura, mas Luizianne e Demétrio não tomaram conhecimento.

Para coroar o fracasso da administração, a pequenez da não aceitação da derrota eleitoral do seu candidato Elmano de Freitas, se vingando do povo de Fortaleza e do candidato eleito Roberto Cláudio (PSB,) anunciando a menos de um mês do fim do ano a não realização do já tradicional Réveillon e tentar inviabilizar o pré-carnaval de 2013.

Porém a tentativa de desmonte administrativo foi o fato que mais chamou a atenção, tendo inclusive o Ministério Público agido de ofício para impedir mais de 60 licitações após as eleições de outubro, portanto a menos de dois meses para o fim da administração. Uma pergunta precisa ser respondida sem subterfúgio: quem está por trás das empresas que fornecem mão de obra terceirizada para a Prefeitura? Se o futuro prefeito Roberto Cláudio decidir abrir a caixa-preta, Luizianne Lins ficará em maus lençóis.

Esta administração não deixará saudades. No geral foi um desastre!

Renato Rabelo: em 2013 a luta continua e o PCdoB está preparado - Portal Vermelho

Renato Rabelo: em 2013 a luta continua e o PCdoB está preparado - Portal Vermelho

“Chegamos ao final de 2012 com um Partido ainda mais forte política, estrutural e ideologicamente. E neste último programa saúdo cada comunista que fez do PCdoB esse Partido de luta, de programa, que tem como ideal uma sociedade justa e soberana.” Essas foram algumas das palavras externadas por Renato Rabelo, presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), durante gravação da última edição do “Palavra do Presidente”.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo


Para Renato, “o ano de 2012 foi um ano de significativas celebrações, mas também de muitas lutas e de grandes vitórias. Neste ano, o nosso Partido se empenhou para atingir seus objetivos, para garantir que as nossas lutas atingissem o sucesso, lutas essas que nunca perderam de vista o programa do PCdoB”.

Ele frisa que foi um ano que começou já com as celebrações dos 90 anos, momento que mobilizou todo o país na reafirmação desta data. 

“Todos os estados da federação comemoraram esta data, o país inteiro sentiu a expressão desta festividade, não só porque o PCdoB é o Partido mais antigo, mas porque tem tradição e mostrou seu valor ao longo da história do país”, reafirmou o dirigente nacional.

Segundo Renato, mesmo o PCdoB sendo um Partido nonagenário, é um Partido jovem, pois se ampara em ideias de vanguarda, está amparado em ideais avançados que buscam a construção de uma sociedade moderna, sobretudo a construção de uma sociedade que supere o capitalismo.

Durante o programa Renato Rabelo voltou a falar do documento aprovado, neste ano, pelo Comitê Central do Partido. “Esse documento, que foi intitulado ‘90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo’, visa contar a história política do PCdoB inserida na própria história do Brasil, destaca as gerações comunistas que fizeram do PCdoB o que ele é hoje, como também procura tirar lições desse extenso caminho percorrido pelo Partido.”

Eleições 2012

Para o dirigente o Partido vive neste momento um ciclo de crescimento gradativo, “sai destas eleições com uma posição mais afirmativa e com mais respeito na seara política. Isso ocorre por que para nós o que importa é o interesse do povo, dos trabalhadores que diariamente movem esse país”.

Renato explicou que além do avanço quantitativo do Partido, o PCdoB também avançou qualitativamente. “É importante destacar qual a qualidade destes números conquistados. E nesse caso, nestas eleições, o PCdoB é o 6° no grupo chamado G85. Ou seja, o nosso Partido é o sexto partido com mais conquistas em prefeituras de municípios com mais de 200 mil habitantes.”

Partido de programa e militância

O dirigente nacional lembrou que o PCdoB não é um Partido de carreirismo e que não vai para nenhuma campanha sem projeto. “É importante lembrar que essa foi a maior campanha do PCdoB, mas o Partido não entrou nesta corrida sem definição, cada militante que ocupou as ruas sabia dos nossos desafios e tinha como referencial um projeto definido claro e consentâneo com o nosso programa. Desse modo, nossa militância, que é aguerrida e sabe porque luta, fez uma grande diferença na hora da disputa.”

De acordo com Renato, nesta campanha o Partido lutou por cidades mais humanas, mais modernas, apresentou propostas que levam em conta a governança com o povo. “Nossa campanha foi feita a partir de um debate de ideias e programa, esse é a nossa postura e o nosso mote. Alcançamos êxito, mas isso só foi possível graças ao nosso exército, que com suas bandeiras empunhadas, fizeram do PCdoB um Partido ainda mais forte, tornaram o Brasil ainda mais Vermelho. E nosso olhos agora se voltam para 2014”, orientou o dirigente. 

A direita e a mídia golpista

Durante o programa, Rabelo reforçou o coro sobre a luta pela democratização da mídia. “Diante do que foi assistido ao longo de 2012, os ataques da mídia e sua luta para deslegitimar o que foi iniciado por Luiz Inácio Lula da Silva e é continuado pela presidenta Dilma, o PCdoB reforçará a luta pela democratização da mídia no Brasil. Porque a mídia, a chamada grande mídia no Brasil, é um monopólio comandado por algumas famílias e em função disso a notícia é homogênea e serve a um segmento da sociedade.”

Segundo ele, “o que se observa no Brasil hoje é uma excrecência, não é uma mídia democrática, mas sim uma mídia antidemocrática e não podemos mais admitir isso em nosso país. Democratizar a mídia é uma luta fundamental, e está entre as tarefas mais importantes na agenda do PCdoB. É preciso garantir o direito de voz a toda a sociedade. É chegada a hora de pôr fim a esse grupelho que domina os meios de comunicação no Brasil”, disparou o presidente do PCdoB.

Reformas estruturais

Para o presidente do PCdoB o resultado colhido em 2012 é amplamente favorável para os partidos que compõem a base da presidenta Dilma Rousseff. “Os partidos de oposição perderam 30 milhões de eleitores nestas eleições, e isso não e qualquer coisa”, pontua. 

Desse modo, Renato reforça: “Nosso projeto não pode parar, temos ainda problemas graves para resolver e é esta base, que é progressista e que inaugurou um novo ciclo no país, que pode contribuir para as soluções. Ainda precisamos realizar reformas estruturais importantes, que são os grandes desafios de nossa nação. E o PCdoB está pronto para começar essa jornada”.

Projeto de desenvolvimento
Ao longo do “Palavra do Presidente”, Renato frisou a postura guerreira adotada por Dilma e explicou como a estratégia traçada pela presidenta para lograr êxito para a nação pode transformar a vida dos brasileiros.



“A postura assumida por Dilma, especialmente sua estratégia para construir um projeto de desenvolvimento econômico. Desde o final de 2011, Dilma está se empenhando em realizar uma espécie de transição, que visa colocar o país em um novo patamar, que tem como foco o desenvolvimento com inclusão, especialmente com o migração dos que ainda se encontram na linha da pobreza”, explicou.

Segundo ele, essa transição visa também superar toda aquela política econômica que estava baseada nos princípios neoliberais. E ele lembra, “isso só será possível a partir da luta política, a partir da firmação de um novo pacto social no país, este que leve em grande conta as forças do trabalho e da produção e do desenvolvimento nacional. E para que isso ocorra é preciso fazer alguns enfrentamentos, e a presidenta Dilma comprou alguns, cito as lutas que o governo tem travado com o chamado capital rentista”. 



E acrescentou: “Sabendo que os trabalhadores compõem de uma maneira geral a maioria da população deste país, não dá para pensar em projetos de desenvolvimento sem levar em consideração as demandas dos trabalhadores. Desse modo, desenvolver com inclusão e distribuição de renda, significa não perder de vista o papel dos trabalhadores e o PCdoB estará preparado defender esta demanda em 2013”, sinalizou Renato.

Perspectivas para 2013


Para 2013, Renato Rabelo diz que o PCdoB travará sua luta em duas grandes frentes: a política e a econômica. “Após ampla discussão, nossa estratégia será travar a luta tanto no plano político, com vistas a fortalecer nossa democracia, para tanto endurecemos nossa luta pela reforma política, como no plano econômico, engrossando o coro para a construção de um projeto brasileiro de desenvolvimento, que enterre de uma vez os fantasmas desta grande crise que assola diversos países do globo.”

Além disso, Renato sinalizou uma nova frente de luta, a democratização do poder judiciário. “É uma nova trincheira de luta que surge a partir dos últimos acontecimentos e o PCdoB, pelo Partido que é, não pode se furtar de enfrentar. Pensamos que já é chegada a hora de acabar com esse sistema de indicações para o Judiciário, o povo deve participar desse processo. O PCdoB quer a exigência de mandatos eletivos para os ministros dos Tribunais Superiores, chega de indicações e cargos vitalícios.” 

Ouça a íntegra do “Palavra do Presidente”:

Programa Palavra do Presidente Retro 2012


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Luiz Carlos Azenha: Amaury Júnior promete revelar complô para derrubar Lula e Dilma - Portal Vermelho

Azenha: Amaury promete revelar complô para derrubar Lula e Dilma - Portal Vermelho

Na semana seguinte às eleições municipais em que Fernando Haddad derrotou José Serra em São Paulo, episódios estranhos começaram a acontecer em torno do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr., autor do livro A Privataria Tucana, o best-seller que vendeu 150 mil cópias.

Por Luiz Carlos Azenha*

Primeiro, ele foi procurado por telefone por um homem de Guarulhos que prometeu documentos relativos à Operação Parasita, da polícia paulista, que investigou empresas que cometiam fraudes na área da saúde. Foi marcada uma reunião, mas a fonte se negou a entrar no local de trabalho de Amaury. Quando se encontraram pessoalmente, do lado de fora, a história mudou: o homem ofereceu a Amaury a venda de material secreto que teria como origem o despachante Dirceu Garcia.

No inquérito da Polícia Federal que apura a quebra de sigilo de dirigentes do PSDB, aberto durante a campanha eleitoral de 2010, Dirceu é a única testemunha que acusa Amaury de ter participado da violação. “Novamente, estão querendo armar contra mim”, diz Amaury. “Mas desta vez a trama foi toda gravada por câmera de segurança”.

Em seguida, outra situação nebulosa, desta vez supostamente para atingir a Editora Geração Editorial, que publicou o A Privataria Tucana. Um “ganso” da polícia paulista marcou encontro com o diretor de comunicação, William Novaes, com o objetivo de entregar um dossiê que incriminaria vários políticos tucanos, entre eles o ex-senador Tasso Jereissati.

O encontro, do qual Amaury também participou, foi gravado por câmeras ocultas. Amaury acredita que o objetivo era entregar à editora material falso que pudesse ser usado para desqualificar seu livro. Diante da recusa, a mesma suposta “fonte”, que responde a vários processos por estelionato, ligou para a editora dias depois dizendo que Amaury corria risco de vida.

“Acredito que eles pretendiam me acusar de obstruir o processo em andamento, o que poderia até resultar em minha prisão”, avalia o repórter.

Na mesma semana, narra Amaury, o ex-subprocurador da República, hoje advogado José Roberto Santoro, que segundo a revista Veja tem ligações com o tucano José Serra, procurou a direção do jornal O Tempo, de Minas Gerais, para intermediar um encontro com a direção do jornal Hoje em Dia, onde Amaury mantém coluna semanal.

O objetivo, segundo o repórter, seria reclamar de uma nota publicada na coluna de Amaury relativa a uma mineradora de Minas e ao ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung. Mas, de acordo com Amaury, no encontro Santoro não reclamou objetivamente do conteúdo da coluna. “Ele ficou falando mal de mim, tentando levar à minha demissão e quando foi advertido pelos diretores do jornal aumentou ainda mais o tom de voz, como se estivesse numa crise histérica”, diz o repórter. A coluna continua a ser publicada.

Qual seria a explicação para esta sequência de eventos?

Amaury sustenta: “Está ocorrendo um verdadeiro complô, articulado provavelmente por tucanos, com apoio de setores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. O objetivo é derrubar primeiro o Lula e depois atingir a presidenta Dilma”.

Aqui, é importante lembrar que, na campanha de 2010, Amaury foi acusado pela mídia de integrar um grupo de inteligência a serviço da campanha de Dilma Rousseff, aquele que teria violado o sigilo fiscal de tucanos. O repórter nega: “Estão querendo requentar um assunto velho, que sumiu das páginas dos jornais logo depois das eleições de 2010. Pelo jeito vai voltar já pensando em 2014. Talvez estejam pensando em me usar para chegar na Dilma”.

Amaury estranha que o processo sobre a violação do sigilo de tucanos tenha voltado a andar uma semana depois das eleições de 2012, quando foram chamados para depor o jornalista Luiz Lanzetta e o secretário particular do diretor de redação do Correio Braziliense e do O Estado de Minas, Josemar Gimenez.

Lanzetta trabalhou na campanha de Dilma e foi acusado de ser o chefe do suposto núcleo de inteligência. Quanto a Josemar, Amaury trabalhou em O Estado de Minas, onde deu sequência à apuração dos fatos que resultaram no livro A Privataria Tucana. O repórter enfatiza sempre que baseou o livro em documentos públicos obtidos em juntas comerciais e cartórios, na CPI do Banestado e no exterior.

Aqui, pausa para uma bomba: segundo Amaury, o presidente do PSDB, Sergio Guerra, entrou na Justiça de Brasília com uma ação em que pede a retirada de circulação do livro, alegando que o A Privataria Tucanacausa danos morais a caciques do partido. O pedido foi feito durante a campanha de 2012 mas até hoje a Justiça não se pronunciou.

“Com certeza, o livro provocou muitos estragos nas eleições. Com certeza continuará provocando. O curioso é que eles nunca respondem especificamente às acusações ou documentos mostrados no livro”, diz Amaury.

Ele também estranha que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que recebeu dezenas de livros pelos Correios, de leitores indignados com o conteúdo, não tenha aberto um procedimento para apurar as denúncias. Amaury entregou parte dos documentos utilizados no Privataria à Polícia Federal, que até hoje não abriu inquérito.

Além disso, apesar de o deputado federal e ex-delegado da PF Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) ter conseguido o número de assinaturas necessárias à abertura da CPI da Privataria, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), parece ter sentado sobre o assunto.

Novo livro

Desde o lançamento do A Privataria Tucana, Amaury fala em escrever a sequência. O livro já tem nome:Privataria 2, o Grande Complô.

Viomundo: Amaury, do que tratará o livro?
Amaury: Vou mostrar como funciona o núcleo de inteligência do PSDB, que domina até hoje setores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Eles se movimentam para desarticular o ex-presidente Lula e futuramente a presidenta Dilma. Quero mostrar porque o PT não reage. No caso da CPI do Cachoeira, tinha a faca e o queijo na mão para investigar melhor a relação entre o bicheiro e a revista Veja.

Viomundo: Você tem explicação para o recuo do relator Odair Cunha (PT-MG)?
Amaury: O PT parece abafar todos os casos. Suspeito que é por um motivo simples. Herdou e deu continuidade a esquemas dos tucanos. No caso do Odair Cunha, devemos lembrar que o ex-sócio dele, que é da região de Boa Esperança, em Minas Gerais, se tornou diretor de Furnas e controla verbas e cargos. Será que tem o rabo preso e os tucanos descobriram?

Viomundo: E a CPI da Privataria, agora sai?
Amaury: Acho que não sai. Tudo indica que o PT tenha herdado o esquema promíscuo que os tucanos tinham com as empresas de telecomunicações. Diante da nova denúncia do Marcos Valério, que diz que a Brasil Telecom teria doado R$ 7 milhões ao PT, o partido vai ficar totalmente desmoralizado se a CPI não for aberta. Se não for aberta, vai ficar bem claro que eles temem que as investigações atinjam o próprio PT.

Viomundo: O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, chegou a convidar o ex-presidente FHC para falar sobre a lista de Furnas. Mas foi desautorizado pelo líder do PT no Senado, Walter Pinheiro. Afinal, essa lista de Furnas é falsa, como afirmam os tucanos?Amaury: O laudo da perícia da Polícia Federal diz que é verdadeira. A lista mostra doações de campanha feitas por um esquema montado em Furnas para vários caciques do PSDB, dentre os quais Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. O caso foi denunciado na Justiça Federal do Rio de Janeiro pela procuradora Andrea Bayão Ferreira, que em seu relatório diz não ter dúvidas da existência do esquema, que era abastecido por empresas fornecedoras de Furnas. Mas a Justiça Federal transferiu o caso para a Justiça Estadual do Rio de Janeiro, apesar de Furnas ser uma estatal federal. É outro caso no qual o procurador Gurgel não tomou qualquer providência. Será que ele faria o mesmo se fosse um esquema petista?

Viomundo: E essa história do mensalão tucano, anda?

Amaury: Mais uma vez houve tratamento diferenciado ao PSDB. No caso do mensalão tucano, houve desmembramento das investigações, encaminhadas à Justiça de Minas. No STF só serão julgados os reús com foro privilegiado. Vai ficar mais difícil montar o quebra-cabeças que facilitaria a condenação, como foi o caso do mensalão petista. As teorias do Gurgel não teriam vingado se tivesse havido desmembramento também no mensalão petista. No caso dos tucanos, houve.

Viomundo: Lula nunca falou sobre a Operação Porto Seguro, aquela que desvendou um esquema de tráfico de influência nas agências reguladoras e que teria a participação de Rosemary Nogueira. A mídia explorou o que define como “relações íntimas” entre o ex-presidente Lula e Rosemary. O que te pareceu o caso?Amaury: São denúncias sérias, que devem ser apuradas. Mas outra vez a imprensa, a Polícia Federal e o Ministério Público dão tratamento desigual a petistas e tucanos. Devemos lembrar que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acreditava ter tido um filho com uma jornalista da Globo e a imprensa não só calou a respeito durante quase duas décadas como ajudou a abafar o caso. Uma concessionária pública, a Globo, transferiu a mãe do menino para a Espanha. Conheço bem essa história. Nunca toquei no assunto por se tratar da vida pessoal. Mas diante do cinismo da imprensa estou pensando em incluir no livro algumas revelações sobre como era o esquema para sustentar mãe e filho na Europa. É jornalistacamente relevante por se tratar de dinheiro de caixa dois, de financiamento de campanha. Tenho uma testemunha que sabe de tudo.

Viomundo: Você não poupa nem a PF, que vem trabalhando como nunca?
Amaury: O governo é petista, mas há um núcleo tucano na PF, tanto que a presidenta da República só ficou sabendo da Operação Porto Seguro depois que ela foi deflagrada. O ministro da Justiça apareceu na TV com aquela cara de bobo, ficou vendido. Vale lembrar que o início das investigações se deu pelas mãos do serviço de inteligência do PSDB, que cooptou testemunhas para levar o caso adiante. Meu livro vai contar os detalhes de como isso aconteceu. Vai também desnudar as relações promíscuas entre integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal com o alto tucanato. Como vou sustentar, é mesmo um grande complô.

Viomundo: Mas se a Rosemary foi exonerada no dia seguinte à operação da PF, Dilma não sabia de nada antecipadamente? Há especulação de que ela deixou andar justamente para eliminar um núcleo de corrupção que herdou do governo Lula…Amaury: Essa é a grande pergunta, até hoje não foi respondida. Pretendo responder no livro.

Viomundo: Já que estamos no campo das especulações, e a boataria sobre a saída de Dilma do PT para o PDT?
Amaury: Seria um suicídio político. No PDT há uma briga de vida e morte entre a família Brizola e o ex-ministro Carlos Lupi. Só faria sentido ela sair do PT se o Lula fosse candidato em 2014, o que o atual quadro político não indica.

Viomundo: E essas gravações que você fez, do pessoal que tentou armar contra você, vão entrar no livro?
Amaury: Com certeza, mas antes vou entregar todo o material à Polícia Federal e à Justiça. Quero deixar claríssimo que eles escolhem os casos para investigar e punir. Como eles até agora não tomaram providências, pretendo entrar com representações na PF e no Ministério Público pedindo a apuração das denúncias contidas no A Privataria Tucana. Quero ver eles sentarem em cima do assunto. Pelo jeito só vai me restar fazer denúncias fora do Brasil por meio da ICIJ, International Consortium of Investigative Journalists, entidade que tem sede nos Estados Unidos e representação em dezenas de paises. Fui o primeiro repórter brasileiro a integrar a entidade e estou pensando em acioná-la se as autoridades brasileiras não tomarem providências.

*José Carlos Azenha é jornalista e blogueiro.

Fonte: Portal Viomundo

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Blog do Luiz Aparecido: Ditadura torturou, matou, roubou e desaparecem com os corpos das vítimas!


Blog do Luiz Aparecido: Ditadura torturou, matou, roubou e desaparecem com os corpos das vítimas!

Silvio Tendler responde aos militares da reserva que o processam -
do Portal Vermelho

A CARTA AQUI PUBLICADA FOI ESCRITA PELO CINEASTA SÍLVIO TENDLER AO DELEGADO DE POLÍCIA RESPONSÁVEL PELO INQUÉRITO INSTAURADO PELO PRESIDENTE DO CLUBE MILITAR, DEVIDO À MANIFESTAÇÃO DE BRASILEIROS INDIGNADOS COM A REUNIÃO, NO DIA 29 DE ABRIL, QUE PRETENDIA COMEMORAR O GOLPE DE ESTADO 1964.

POR SÍLVIO TENDLER

Carta Aberta a um Delegado de Polícia ou Respondendo à Intimidação por parte do clube militar
Delegado,

Dois policiais vieram ontem à minha residência entregar intimação para prestar declarações a fim de apurar atos de "Constrangimento ilegal qualificado – Tentativa – Autor", informa o ofício recebido. Meu advogado apurou tratar-se de denúncia ou queixa ou sei lá o quê, por parte do "presidente do clube militar" (em letra minúscula mesmo, de propósito).

Informo que na data da manifestação, 29 de março de 2012, estava recém-operado, infelizmente impedido de participar de ato público contra uma reunião de sediciosos, os quais, contrariando à determinação da Exma. Sra. Presidenta da República, comemoravam o aniversário da tenebrosa ditadura, que torturou, matou, roubou e desapareceu com opositores do regime.

Entre os presentes estava o matador do Grande Herói da Pátria, Capitão Carlos Lamarca, e seu companheiro Zequinha – doentes, esquálidos, sem força, encostados numa árvore. Zéquinha e Lamarca foram fuzilados sem dó, nem piedade, quando a lei e a honra determinam colocá-los numa maca e levá-los para um hospital para prestar os primeiros socorros. Essa gente estava lá, não eu. Eles é que devem ser investigados. Eu farei um filme enaltecendo o Capitão Lamarca e seu bravo companheiro Zequinha.

Tenha certeza, Delegado, de que, enquanto eu tiver forças, me manifestarei contra o arbítrio e a violência das ditaduras e, já que o Sr. está conduzindo o inquérito, procure apurar se o canalha que prendeu, torturou e humilhou minha mãe nas dependências do Doi-Codi participou do "festim diabólico". Isso sim é Constrangimento Ilegal.

E já que se trata de assunto de polícia, aproveite para pedir ao "constrangedor ilegal" que ficou com o relógio da minha mãe – ela entrou com o relógio no Doi-Codi e saiu sem ele – que o devolva. Processe-o por "apropriação indébita, seguida de roubo qualificado (foi à mão bem armada)”.

É fácil encontrar o meliante. Comece pelo Comandante do quartel da Barão de Mesquita em janeiro de 1971. Já que eles reabriram o assunto, o senhor pode desenterrar o processo. É, Delegado, o que eles fizeram durante a ditadura é mais assunto de polícia do que de política!

Pergunte ao queixoso presidente do clube militar se ele tem alguma pista do paradeiro do Deputado Rubens Paiva. Terá sido crime cometido por algum participante da festa macabra, onde, comenta-se, havia vampiros fantasiados de pijama?

Tudo o que fiz foi um chamamento pelo you tube convidando as pessoas a se manifestarem contra as comemorações do golpe de 64. Se este general entendesse ou respeitasse a lei, não teria promovido a festa e, tendo algo contra mim, deveria tentar me enquadrar por "delito de opinião" mas aí, na fotografia, ele ficaria mais feio do que é, não é mesmo?

Por fim, quero manifestar minha solidariedade aos que protestaram contra o "festim diabólico" e foram tratados de forma truculenta, à base de gás de efeito moral, spray de pimenta e choque elétrico – como nos velhos tempos.

Bastaria umas poucas grades para separar os manifestantes do povo, que estavam na rua, aos sediciosos que ingressavam no clube. Há muitos poderia causar a impressão de estar visitando um zoológico e assistindo a um desfile de símios.

Não perca tempo comigo e com a ranhetice de um bando de aposentados cri-cri, aporrinhando a paciência de quem tem mais o que fazer. Pura nostalgia da ditadura, eles se portam como se ainda estivessem em posição de mando.

Atenciosamente,

Silvio Tendler

Alessando de Leon no Senado e o debate sobre o Estatuto da Juventude


PL 98/11 que dispõe sobre direitos dos jovens é destaque da apresentação de Alessandro de Leon

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Osvaldo Bertolino: A história da Chacina da Lapa  - Portal Vermelho

Osvaldo Bertolino: A história da Chacina da Lapa  - Portal Vermelho

Uma manhã de terror e execuções sem perdão. Até troar de bombas de canhão foi ouvido
1976.

Por Osvaldo Bertolino*


Como sempre fazia, Margarida Rodrigues levantara-se por volta das seis e meia da manhã. Na casa ao lado, Rita da Glória ainda dormia sem saber que às seis e trinta e cinco seria despertada por uma cena de terror. 

Trabalhavam como empregadas domésticas em frente ao número 767 da Rua Pio XI, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo. Sebastião Dias Chaves, mestre de obras, nesse mesmo horário estava trancafiado com seis trabalhadores em um quartinho de despejo da construção no terreno que fazia fundos com a casa 767, enquanto outros, deitados no chão sob a mira de armas de grosso calibre, também eram feitos reféns.

A rua estava deserta. O silêncio foi quebrado por rajadas de metralhadoras. O picotar das balas era entremeado por um barulho seco, duro. Bombas de canhão, na definição do mestre de obras, que troaram na casa que fazia fundos com a construção, despejadas por uma poderosa carabina calibre doze milímetros. Rita da Glória acordou sobressaltada e correu até a porta que dá para a rua. Viu várias pessoas atirando, umas fardadas, outras não. Os atiradores fizeram sinais com as mãos para ela entrar; ordem de pronto obedecida diante do arsenal que vira cuspindo fogo.

Na casa ao lado, Margarida Rodrigues teve a sensação de que latas caíam de algum lugar. Os estampidos da carabina fizeram-na correr para a janela e viu, apavorada, uma fuzilaria sem trégua. Na sua visão turvada pelo impacto da cena, divisou seis homens protegendo-se no muro e operando metralhadoras dispostas uma ao lado da outra. Alvejavam a porta da casa 767. Apesar da barulheira, Margarida Rodrigues pôde observar que não houve revide. Ela, Rita da Glória e Sebastião Dias Chaves, trêmulos, descreveram, em várias entrevistas, o que viram naquela manhã dantesca. Era o começo do dia 16 de dezembro de 1976.


***

Alertado, o pessoal dos noticiários correu para o local do crime e foi recebido com hostilidade. O repórter Nelson Veiga, da TV Bandeirantes, viu, sem nada poder fazer, a destruição de filmes e o confisco de equipamentos. Um de seus técnicos levou um safanão e ambos foram encaminhados à delegacia, de onde saíram por intervenção do secretário de Segurança Pública, Erasmo Dias, que, bem relacionado com a mídia, pediu desculpas à emissora pelo ocorrido.

Um morador da vizinhança, não identificado, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que foram vinte minutos de verdadeiro pânico no quarteirão. Outro disse que eram duas vozes de comando e se ouvia o “cantar” dos pneus das viaturas disfarçadas. Um terceiro descreveu a sonoplastia do arsenal em minúcias — os estrondos de uma poderosa carabina doze milímetros, as ininterruptas rajadas de metralhadoras, os estampidos secos das eficientes luggers nove milímetros. A orquestra macabra afastava as pessoas e assustava as crianças, detalhou. Um quarto informou que foram retirados da residência, após o fogo cerrado, papéis diversos, livros, roupas e até uma velha espingarda Winchester, toda enferrujada. Um cinegrafista disse à Folha de S. Paulo que nunca vira tanta papelada na vida. Até o começo da tarde, veículos do serviço de segurança foram carregados com livros, roupas, jornais, manuscritos e objetos diversos.

Pouco antes das onze horas, chegou ao local Harry Shibata, diretor da Divisão de Perícias Médicas. Entrou pela porta lateral da casa, transformada em peneira nas primeiras horas da manhã, e saiu pela da frente. Os fotógrafos do Instituto de Polícia Técnica registraram as adulterações da cena do crime. Uma perua Kombi com placas de São Bernardo do Campo, estacionada na lateral, evitava que curiosos lançassem olhares para o interior da casa.


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Quinze minutos depois da saída de Harry Shibata, dois corpos acondicionados em gavetões de zinco foram retirados do local. Dispostos em outra Kombi, sem placas, os mortos, conduzidos em alta velocidade, sumiram da vista dos curiosos e do mapa. Ninguém sabia para onde estavam sendo levados e que fim teriam. Eram os corpos de Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, que levaram para o túmulo uma história singular, odiada pelo regime implantado no país com o golpe de 1964. O crime foi executado com requintes de crueldade por homens ensandecidos e envenenados pela ideologia da violência.

O primeiro fogo da artilharia estilhaçou vidros das janelas, varou a madeira das portas e abriu caminho para a concentração de tiros no interior da casa a partir do jardim de entrada. Pedro Pomar foi atingido na cabeça, depois em todo o corpo, por balas dum-dum, iguais a bolas de gude. Calçava sandálias e vestia camisa de mangas curtas. Ao perceber a movimentação dos agentes, voltava da cozinha para a sala a fim de providenciar a queima de documentos. Ângelo Arroyo, saindo do banheiro em direção à cozinha, foi alvejado nas costas. A violência das balas o fez voar, batendo a cabeça no teto do corredor. Uma mancha de sangue ficou no local como testemunha da força com que fora atingido.

Oficiais do II Exército, noticiou o jornal O Globo, receberam “numerosos” telefonemas de pessoas ligadas a todas as atividades sociais do estado de São Paulo cumprimentando-os pelo êxito da operação, efetuada sem pôr em risco a integridade física dos moradores da vizinhança. Do Quartel General onde estavam, no arborizado bairro do Ibirapuera, eles divulgavam falsas informações, diligentemente reproduzidas pela mídia. As fotos da cena adulterada mostravam Pedro Pomar deitado ao lado de um revólver e os óculos caídos sobre o rosto; Ângelo Arroyo estava acompanhado de um fuzil e uma espingarda.

Nelson Veiga, o repórter da TV Bandeirantes, não vira o revólver e o fuzil quando chegou, por volta das oito horas e quinze minutos. A requisição do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) para o exame da casa foi entregue ao Instituto de Criminalística às oito horas e trinta e cinco minutos, mas os técnicos só chegaram ao local pouco antes das onze horas. Durante esse tempo, agentes vasculharam a cena do crime. Não se sabe se os tiros dados “de dentro para fora”, como consta do laudo assinado pelo perito Alceu Almeida Proença, foram inventados ou disparados pelos próprios agentes com a finalidade de incriminar as vítimas.

O documento afirma que os “ocupantes da moradia” dispararam com revólver calibre trinta e oito e carabina Winchester calibre quarenta e quatro, modelo 1892. No entanto, conforme diz a perita Eliana Menezes Sansoni no laudo específico das armas, a pesquisa de resíduos de combustão de pólvora mostrou que os tiros eram de revólveres das marcas Taurus e OH (Orbea Hermanos). Outro dado de Eliana Menezes Sansoni que contradiz a versão de Proença é o exame em um revólver INA calibre trinta e dois, em um rifle Castelo calibre vinte e dois e em três facas — todos arrolados no auto de apreensão e ignorados pelo perito. Nas sessenta e nove fotos que ilustram a descrição da cena, apenas o Taurus e a Winchester aparecem.

Outro indício flagrante da fraude é a data requerida pelo DOPS para a perícia, 21 de dezembro, quase uma semana depois do ocorrido. No laudo do perito, não constam detalhes prosaicos, como a distância entre a posição dos corpos e as armas. Os mortos não foram examinados para constatar a presença de resíduos de pólvora nas mãos e o laudo dos legistas que fizeram a autópsia tampouco comenta a existência de vestígios de explosivo.

Os comandantes da operação não desconheciam o que havia dentro da casa. Foram para o local com ordens deliberadas para a encenação. A preparação do massacre, segundo a versão da ditadura, durara três meses e os idealizadores da ação sabiam minúcias daquela casa frágil, com uma sala, dois quartos de nove metros quadrados cada, banheiro e cozinha. Nos fundos, havia uma área envidraçada; na frente, um alpendre em forma de arco descrito pelo perito como “área coberta”. O pequeno jardim e o quintal amplo fazendo divisa com o terreno onde havia a construção completavam a aparência de uma residência comum, como tantas outras que existiam na Rua Pio XI.
Erasmo Dias, o então secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, reconheceu, em entrevista concedida a este autor em seu gabinete de vereador na Câmara Municipal de São Paulo em 2001, que as únicas armas portadas pelos dirigentes do PCdoB assassinados eram canetas. Segundo ele, a matança não teve justificativa nenhuma e a explicação para a chacina, que corria à boca pequena, era a de que a reunião fora organizada pelo PCdoB, que havia dado cinco anos de trabalho à repressão com a Guerrilha nas selvas do Araguaia.

Duas figuras centrais da trama estavam no comando da operação: o tenente-coronel Rufino Ferreira Neves e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, que participou da fuzilaria. Eles sabiam, é claro, o que representavam os que estavam na casa. Havia uma determinação de não tolerar qualquer ação de dirigentes das organizações “subversivas” e uma reunião como aquela, nas barbas da repressão, era uma atitude inaceitável. A preparação do massacre envolveu uma engenhosa teia de comunicações e foi montada de forma a evitar qualquer falha.

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O aparelho repressivo no estado de São Paulo carregava nas costas uma galeria de crimes repugnantes e o presidente da República, o ditador Ernesto Geisel, prometeu discipliná-lo. Mas enfrentaria resistências e usaria a força para tentar rompê-las. Na rígida hierarquia militar, desobedecer a um superior constitui indisciplina gravíssima. Condutas indóceis à autoridade devem ser castigadas de modo severo, assim determina a lei da caserna.
O II Exército fora louvado nos tempos do presidente Emílio Garrastazu Médici, quando montou a Operação Bandeirantes (Oban) e serviu de exemplo para os demais Comandos na criação dos Destacamentos de Operações de Informações (DOI) e Centros de Operações de Defesa Interna (Codi). Mas estava na hora de mudar. A Oban unificou as ações de todos os órgãos da repressão e foi oficializada como modelo nacional pela “Diretriz Presidencial de Segurança Interna”, assinada por Médici em setembro de 1970. Era a certidão de nascimento do terrorismo oficial de Estado.
O comandante do II Exército, general José Canavarro Pereira, nomeou para a direção da Oban o major Carlos Alberto Brilhante Ustra, que seria personagem de atos bárbaros na prática de torturas e assassinatos. A linha dura, que ganhou plenos poderes com Médici, não aceitou as promessas de abrandamento de Geisel.

Em 1974, quando Geisel assumiu a Presidência da República, o II Exército já era comandando pelo general Ednardo D’Ávila, da chamada linha dura. Seus abusos foram relatados em carta do ministro da Justiça, Armando Falcão, ao presidente, enviada dia 19 de março de 1975. Nela Falcão disse que o ministro do Exército, Silvio Frota, havia manifestado “preocupações com as observações que recebeu do comandante do II Exército” sobre o “ambiente que se está criando em São Paulo, no meio militar, devido à sistemática campanha de jornais”. Desaparecimento de “subversivos” e “prisões de elementos ligados à subversão”, além de “supostos maus tratos (torturas) que seriam infligidos a eles”, estariam sendo explorados “tendencialmente”.

A resistência às palavras de Geisel chegaria às vias de fato quando Ustra, já radicado em Brasília como instrutor da Escola Nacional de Informações e servindo no gabinete do ministro do Exército, Silvio Frota, usou a força para tentar levar os comandantes de Exércitos ao Ministério e anunciar um golpe de Estado. Ele e os demais integrantes do grupo de Frota imaginavam que conquistariam ampla adesão, mas o general Hugo Abreu, chefe do Gabinete Militar, antecipou-se e foi para o aeroporto, conseguindo levar todos à presença de Geisel para prestar solidariedade ao presidente. Ustra, agressivo no cumprimento da determinação de Frota, apelou para a força física contra o general Dilermando Monteiro, que havia assumido o II Exército.

A troca de comando em São Paulo revelava a profundidade da fenda que se abriu no regime. Geisel tentava demonstrar um anticomunismo menos rombudo, diferenciando-se do modelo selvagem que vinha desde o combate à insurreição de 1935. Em entrevista a Maria Celina d’Aquino e Celso Castro, da Fundação Getúlio Vargas, ele descreveu um diálogo com Frota sobre o combate à “subversão”. O ministro do Exército disse que desde o levante na Praia Vermelha o comunismo estava cada vez mais ativo, mais forte e perigoso. Então, o método de luta adotado — de matar, esfolar, brigar — não servia, replicou o presidente. Estudasse outra maneira de enfrentar o adversário. No fundo, não era um problema militar, mas social e político, avaliou Geisel.

Suas manifestações nessa entrevista, contudo, não passaram de jogo retórico para tentar se diferenciar do seu antecessor, o general Emílio Garrastazu Médici — Geisel também era um ditador comprometido com os crimes do regime. Foi dele a orientação para matar e desaparecer com os membros do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB). As ações criminosas no Araguaia, onde ocorreu a Guerrilha dirigida pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), já no seu governo, foram firmemente apoiadas por ele. Geisel também deu aval à chacina da Lapa. O que o ditador apresentava como abrandamento da repressão era na verdade ações para pôr os porões repletos de criminosos sob as suas rédeas.

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A chamada linha dura reagiu e bateu de frente com o presidente. Frota foi demitido e tentou o golpe. No seu manifesto golpista, falou de infiltração de comunistas “nos órgãos do governo”, levantando ainda mais as labaredas da cizânia. Geisel reagiu dizendo que lutava contra os comunistas e contra os que combatiam o comunismo. Um acontecimento inaudito, porém, apanhou a contenda no meio do caminho. Quando Geisel dava por realizada a tarefa de combater a “subversão”, em outubro de 1975 o jornalista Wladimir Herzog morreu sob torturas nas dependências do DOI-Codi paulista.
Preso no dia 25 por volta das oito horas da manhã, no final da tarde estava morto. A versão oficial dizia que ele havia se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Herzog recebera uma intimação para que se apresentasse e esclarecesse o envolvimento com o PCB. O pretexto foi uma produção da BBC de Londres levada ao ar no telejornal do meio dia da TV Cultura, da qual ele era diretor de jornalismo, sobre a vida do líder comunista vietnamita Ho Chi Min. Fosse ao DOI-Codi explicar o caso, como fizeram outros jornalistas da emissora que também foram recepcionado com torturas. Saiu de lá morto.

Geisel atribuiu a morte de Herzog ao Estado Maior do II Exército. Ednardo D’Ávila descentralizou o comando e deixou o pessoal subordinado agir, enquanto se dedicava às relações sociais. Nos fins de semana, saía da cidade para desfrutar da vida campestre oferecida por amigos. Aí os “elementos radicais” agiam. Na tramitação do inquérito, o presidente notou resistência de Ednardo D’Ávila em apurar o caso. Mas contemporizou.

O episódio comoveu o país e representou um divisor de águas — catalisou ações vigorosas para iniciar o processo de redemocratização. A pedido da família e do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, um culto ecumênico na Catedral da Sé, co-celebrado pelo cardeal dom Paulo Evaristo Arns, pelo reverendo Jaime Wrigth e pelo rabino Henry Sobel, homenageou Herzog.

Mais de oito mil pessoas ouviram o rabino dizer que “Wladimir Herzog era um homem de visão, de percepção e dedicação”. O reverendo Wrigth afirmou: “Quando cai a noite, o pastor não vai para casa e jamais abandona suas ovelhas. Quando a noite vem, o perigo é maior. É durante a noite que elas precisam mais deles.” E o cardeal Arns disse que “ninguém mata um homem e fica impune”. Mas os mesmos que mataram o jornalista logo matariam outro homem. Foi no dia 17 de janeiro de 1976, um sábado.
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Manoel Fiel Filho trabalhava havia dezenove anos na fábrica Metal Arte, no bairro paulistano da Mooca. Na sexta-feira, não mostrou nenhuma preocupação quando dois homens lhe disseram que ele precisava ir ao DOPS “para fazer um reconhecimento”. No dia seguinte, sábado, um táxi parou em frente è residência número 155 da Rua Coronel Rodrigues, no bairro de Sapopemba. Um homem desceu, jogou no quintal um saco de lixo e um envelope, e berrou: O seu Manoel tentou o suicídio! No saco azul de vinte litros, com o emblema da Lixeira Ideal, estavam a calça e a camisa de brim, o cinto e um par de sapatos. No envelope, com o timbre do Exército, os documentos de Manoel. O corpo apresentava sinais evidentes de torturas, em especial hematomas generalizados, principalmente na região da testa, pulsos e pescoço.

Ao receber a notícia, Geisel tomou a decisão de demitir Ednardo D’Ávila. A demissão desagradou profundamente os generais da linha dura. O ditador relata ter falado grosso com Frota, determinando que demitisse também o chefe do Centro de Informações do Exército (CIE), general-de-brigada Confúcio Danton de Paula Avelino. Deveria saber o que estava acontecendo em São Paulo. Informasse o ministro do Exército, que informasse Geisel. Como não fez, fosse substituído. Ednardo D’Ávila estava fora irremediavelmente — sua atração pelo society, seduzido pelos magnatas para doces week-end nas fazendas, sítios e chácaras, deixava o Exército, segundo o ditador, “à matroca” (ao acaso, à toa) nos finais de semana e a linha dura de mãos livres. Sobrou até para o ministro Frota, também demitido.

Geisel passou a caminhar na corda bamba. De um lado, a oposição ganhava impulso e exigia velocidade na abertura. De outro, a linha dura lutava para sobreviver — o gesto tresloucado de Frota, no episódio da tentativa de golpe, foi um típico ato de sobrevivência. Hábil, o ditador recompôs o seu poder e saiu fortalecido. Quando a operação da chacina da Lapa começou a ser montada, ele demonstrou que a abertura estava rigorosamente limitada aos seus ditames.

Geisel apoiou o plano do general Dilermando Gomes Monteiro, que assumira o II Exército no lugar de Ednardo D’Ávila, em conluio com o I Exército, do Rio de Janeiro. A “grande reunião dos chefes comunistas”, disse o presidente, não representava mais a força de antes mas poderia ser o inaceitável “recrudescimento do comunismo”. No comando do trabalho do II Exército, estava o chefe do DOI-Codi paulista, o tenente-coronel Rufino Ferreira Neves.

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O outro braço da repressão em São Paulo era liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, diretor da Divisão de Ordem Social do DOPS, famoso por suas ações bandoleiras. Conhecido como Esquadrão da Morte, o grupo desse delegado apresentava uma extensa folha corrida. Não foram poucas as vezes em que Fleury se viu na condição de réu, mesmo sendo fiel serviçal do regime e submetido às leis frouxas para quem era do mundo da repressão. A partir de 1974, ganhou mais um protetor, vindo das hostes militares — o coronel Erasmo Dias, que assumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

A indicação decorria de um acordo do governo federal com o governador do estado, Laudo Natel. A operação envolveu autoridades militares e até o então ministro do Exército, general Dale Coutinho, que antecedeu Silvio Frota. Havia choques entre as esferas militar e civil; a presença de Erasmo Dias na Secretaria de Segurança seria uma tentativa de encontrar um ponto de equilíbrio. Foi bem na função. Tanto que se manteve no cargo quando Paulo Egydio Martins substituiu Laudo Natel.
Comprometido com o regime até a medula, quando comentava assuntos daquele período Erasmo Dias se exaltava, fazia caretas, gritava, exasperava e oscilava bruscamente o tom de voz. Discordava da linha dura, apesar de ter participado de ações terroristas em nome do Estado, mas nutria admiração confessa pelas atrocidades cometidas pelo bando de Fleury. As farsas montadas para divulgar as mortes no DOI-Codi também precisavam de autorizadas mãos civis — como demonstraria o desdobramento do massacre da Lapa. Os inquéritos derivados da Lei de Segurança Nacional eram atribuição do DOPS.

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A operação que resultaria no fuzilamento de Pedro Pomar e Ângelo Arroyo foi montada com a técnica desse arranjo repressivo de São Paulo. Quando os caminhos da ação já estavam traçados, com todos os detalhes mapeados, o chefe do Estado Maior do II Exército, general-de-brigada Carlos Xavier de Miranda, enviou um ofício para Erasmo Dias informando “que o comandante do II Exército tomou conhecimento de que estaria havendo reuniões clandestinas na área com o comparecimento de elementos ligados à subversão”. A operação de informação “em curso das investigações” levantou “atividades subversivas de elementos sobejamente conhecidos por suas ações junto ao PCdoB”, entre eles citou Pedro Pomar.

No mesmo dia, o delegado Fleury baixou uma portaria instaurando “autos de investigação policial, de caráter confidencial, para o devido acompanhamento das diligências que estão em andamento, uma vez que o ofício foi despachado para esta Divisão”. Carlos Xavier de Miranda, o general-de-brigada que chefiava o Estado Maior do II Exército, voltou a falar com Erasmo Dias, quatro dias depois. Dilermando Monteiro pediu-lhe que comunicasse detalhes da operação que seria realizada em 16 de dezembro na casa 767. Faltavam dois dias.

O ofício pedia ao secretário da Segurança Pública que a partir das seis horas da manhã fosse montado um esquema, “com a finalidade de tranquilizar os moradores vizinhos da citada residência e os transeuntes, bem como seja o trânsito desviado das proximidades do local onde será realizada a operação”. Erasmo Dias despachou o ofício ao DOPS, “para as providências”, e Fleury providenciou, no mesmo dia, sua incorporação à portaria por ele instaurada quatro dias antes.

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Enquanto os papéis transitavam de mão em mão, Dilermando Monteiro discursava para oficiais que chefiavam as principais unidades do II Exército em uma confraternização de Natal. Ele se preparava para as férias, que começariam dia 27. O Jornal do Brasil reproduziu, em 15 de dezembro, trechos do discurso. “Qualquer um de nós, que praticamos a doutrina cristã, também saberá vibrar o chicote contra aqueles que são os vendilhões da pátria e expulsá-los do templo cívico de nossa nação”, ameaçou.

O general estava com o espírito bélico aflorado. “Não se deve confundir, portanto, amizade, camaradagem e boa vontade com fraqueza ou medo de agir. É preciso não confundir, como muitos fazem, a serenidade com medo, o bom humor com falta de agressividade, a alegria com tibieza, porque o próprio Jesus nos deu um exemplo quando expulsou dos templos aqueles que perturbavam o ambiente com ideias malsãs, de fundo materialista (...). Ainda permanece válido o se vis pacem para bellum (se queres a paz, prepara a guerra)”, disse.

O tom profético era entremeado por recados que denotavam advertência aos vacilantes e cumplicidade dos altos escalões do governo com a chacina que se avizinhava. “Ainda temos de estar preparados para enfrentar os ambiciosos, os desejosos de poder que querem infiltração para dominar e subjugar. Enquanto isso permanecer, temos de estar prontos para a luta, para empunhar o chicote. Por isso, estamos unidos em torno de nossos chefes, porque eles sabem o terreno em que estão pisando, conhecem o modo de enfrentar os obstáculos e de vencê-los. Sabem nos levar ao melhor destino”, discursou.

Aos sessenta e três anos, a hora de Pedro Pomar estava chegando. Sua voz seria silenciada para sempre e sua história impedida de começar a ser contada até que os primeiros raios de luz fulminassem as trevas da noite de terror que se abateu sobre o país entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Caiu, literalmente, quando fazia sua última defesa do Partido Comunista do Brasil, caminhando em direção aos papéis que registravam opiniões de dirigentes comunistas em debates intensos sobre rumos para conduzir o Brasil à democracia e à justiça social. A pátria perdia um de seus filhos que jamais fugira à luta. Faltavam nove dias para o Natal.
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Prólogo da biografia "Pedro Pomar — a história de um revolucionário do Partido Comunista do Brasil"

*Osvaldo Bertolino é editor do Portal da Fundação Maurício Grabois.

Fonte: Fundação Maurício Grabois