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terça-feira, 19 de julho de 2011

A UNE se agiganta para a disputa dos rumos do Brasil - Paulo Vinícius



O maior Congresso
A União Nacional dos Estudantes em seus 74 anos de vida dá importantes lições ao movimentos sociais brasileiros, em especial àqueles que viram seu 52º Congresso, recém finalizado em Goiânia, no último domingo (17/07). Não se trata de ufanismo, mas da constatação simples de quem avalia uma entidade capaz de realizar tantas edições de seu principal fórum, por tanto tempo, com tamanha democracia e unidade, quesitos em que sobra maturidade aos estudantes brasileiros.

Quatro dias de intensíssimo debate antecederam a Plenária Final, exclusivamente dedicada à eleição da diretoria da UNE. E se a grande parte dos escribas a soldo do PIG – Partido da Imprensa Golpista – teve a pachorra de caracterizar o congresso como “chapa branca”, atribua-se o fato não apenas à má-fé esperada, mas também à preguiça de quem não se deu ao trabalho de fazer o dever de casa jornalístico, de quem não pisou sequer no 52º Congresso da UNE. Tivessem ido, teriam observado o debate tremendo do evento, marcado por uma abrangência em termos de representação política que só tem paralelo no movimento social com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. A UNE conta com mais de 30 correntes organizadas e partícipes de sua direção – seja na eleição, seja na composição – e correntes que promoveram uma verdadeira festa democrática, com um duríssimo debate acerca dos destinos do país. Não faltaram críticas ao governo, não faltou polêmica, não faltaram nomes qualificados de todos os matizes a debater com os estudantes.

Acadêmicos, artistas, ex-lideranças estudantis que vem desde a Cadeia da Legalidade – como Roberto Amaral (PSB) -, professores universitários, sindicalistas, as entidades mais importantes do movimento social brasileiro, deputados e ministros, inclusive o Lula, todos estiveram lá em um reconhecimento justo à importância da UNE para a juventude brasileira. E a tolerância ao debate de ideias é espantosa, inclusive com a incorporação à agenda estudantil de uma série de fóruns de natureza não deliberativa, mas de debate, para fazer avançar a consciência e estabelecer pontes entre as correntes. Ademais, a UNE tem eleição com proporcionalidade qualificada, ou seja, todas as correntes com votos tem o direito de ser representadas na direção da entidade. E ao mesmo tempo irreverência, festa, espontaneidade, namoro, tudo de bom!

O caleidoscópio ideológico do congresso é inebriante, e inclusive marcado por choques, palavras muito duras da parte de correntes ultra-esquerdistas, cuja sofisticação discursiva e raiva escruciantes só se equiparam à sua baixa representatividade. A dimensão do Congresso é o melhor antídoto para essa sorte de fanfarrões. Com 97% das instituições de ensino superior presentes, o 52º Congresso da UNE não foi uma panelinha, mas representou a verdadeira face do movimento estudantil brasileiros pela base, com a presença de quase 10 mil participantes. Estudantes do PROUNI e do REUNI, de universidade públicas e privadas com o seu respectivo peso, estudantes de todas as regiões do país, todos estavam imersos nesse caldeirão formador que é o Congresso. As correntes políticas passam assim por um controle muito efetivo de sua base social, que exige conquistas e sabe reconhecer a estreiteza, o sectarismo, assim como o arrivismo.

E a sagacidade da UJS é exatamente dialogar sem preconceitos com os estudantes reais, sem abrir mão de suas posições políticas, mas entendendo que as mediações são imprescindíveis para falar à maioria. Isso vem de muito trabalho, muito esforço de uma militância abnegada, que enfrenta até pai e mãe pela liberdade de militar e fazer política, gente que deixa namorada(o) e até perde semestre, trabalha num ritmo frenético por meses a fio, sem dinheiro, mas com uma grande paixão e com uma arte política que chama atenção. Assim, sob um único comando em todo o país, obtém maioria no movimento estudantil brasileiro, e é capaz de agregar apoios tais que logra ter cerca de 75% dos delegados eleitos para a sua chapa. É esse tipo de gente que acaba mudando constituição, fazendo impeachment de presidente, e que está recuperando a educação brasileira, desmontada nos anos FHC/Paulo Renato.

Um Congresso de Unidade para por estudantes nas ruas
A unidade dos estudantes corporificada na direção mesma da UNE, ultrapassa-a pelas bandeiras unitárias que marcam o movimento estudantil hoje, concentradas numa disputa de peso: a UNE, a UBES e a ANPG estão unidas para ampliar os recursos para a educação brasileira. Querem 10% do PIB e 50% do fundo social do Pré-Sal para a Educação, o que levaria a uma verdadeira Reforma Democrática no setor. Se você acha muito, olhe o gráfico abaixo e reflita:


Essa bandeira confronta diretamente a ótica atual, e desafia o governo. Hoje, a agenda da Classe Trabalhadora e a unidade do movimento educacional em torno dessas bandeiras de ampliação dos recursos são as mais frutíferas iniciativas unitárias de disputa efetiva dos rumos do governo Dilma. São bandeiras de luta que significam muito para o povo e estão diretamente vinculadas à disputa por um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. E exatamente por isso desafiam a lógica dominante que é essa farra dos banqueiros que submete o nosso país e o nosso governo. Estudantes, trabalhadores e a esquerda são a esperança, pois são o sinônimo de povo nas ruas par denunciar a farra dos banqueiros. Povo nas ruas para disputar as mudanças, para resgatar o Brasil das chantagens da banca financeira e de seus apaniguados. Esperança desses sonhos que podemos transformar em realidade: não haver analfabetos no Brasil, elevar a escolaridade em todos os níveis, assegurar aos trabalhadores o direito de estudar, assegurar a redução da jornada de trabalho para quarenta horas, a fim de que os trabalhadores tenham mais tempo para sua família, para o estudo, para a qualidade de vida.

Daí a importância que a CTB atribuiu ao 52º Congresso da UNE. Como a unidade entre estudantes e trabalhadores é importante para impulsionar as mudanças no Brasil!

A unidade dos estudantes repousa, enfim numa leitura que decidiu o congresso: é preciso com habilidade e povo na rua disputar os recursos da União em favor do Brasil, e não dos banqueiros. Não é à toa que a UNE e a UBES, habilmente e em manifestações de rua, tem obtido sucessivas vitórias a favor dos estudantes, por saber disputar as pautas dos estudantes no governo e na sociedade. Podemos esperar grandes jornadas de lutas para o mês de agosto em todo o país. Nada mais avesso à medíocre cobertura jornalista que considera essa tática uma postura chapa branca.

Daniel Iliescu, o presidente recém eleito, não deixou dúvidas na defesa de sua chapa na eleição de diretoria. Fez suas as palavras de Gonçalves Dias, quem tiver ouvidos ouça:

“A vida é luta renhida
Viver é lutar
A vida é combate
Que aos fracos abate
Aos fortes, aos bravos
Só pode exaltar”


A UNE se agiganta. E a SENJUV se apequenará?
Para fechar, só uma nota ácida. O 52º Congresso da UNE explicitou ainda mais o erro da Presidência do Conselho Nacional de Juventude e da Secretaria Nacional de Juventude em terem feito o lançamento da 2ª Conferência de Juventude há um par de meses sem convidar para compor a mesa nenhuma entidade da sociedade civil, sem chamar a sequer a UNE para compor a mesa de abertura, num sinal evidente de nanismo político. Apequenaram a abertura. Resta saber se essa visão pequena pautará essa importante Conferência, num momento de dramático esvaziamento da SENJUV, conforme elucidativo artigo de Theo, no Blog Fatos Sociais.

Com essa sorte de postura, fica cada vez mais evidente a necessidade de as organizações de massas na juventude brasileira cumprirem seu papel de vanguarda na luta pelo aprofundamento das mudanças, sem se deterem por arranjos institucionais que visam apenas a enrolar as expectativas de mudanças na juventude. Há quem se mate pelo aparelho, mas o papel dos estudantes, dos trabalhadores e trabalhadoras e das juventudes de esquerda não pode ser esse, submetido ao governo. É preciso tomar as ruas e dar a linha para aqueles que, em vez de nos representar, perdem seus laços e sua representatividade diante das parcelas mais organizadas da juventude brasileira. E é preciso interferir concretamente no que interessa a juventude, olho no olho com o governo. PRONATEC, Rondon, Orçamento, expansão das universidades públicas, redução da jornada de trabalho, fim do fator previdenciário. O povo quer resultados concretos, quer mudar o Brasil. E essa unidade das forças avançadas do povo pode sim fazer desse semestre um marco de vitórias para a juventude brasileira.

4 comentários:

  1. Aí Paulo Vinícius, postei tua matéria nos grupos do gmail e do facebook, ficou muito bem redigida na forma e no conteúdo...

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  2. Valeu CTB, pode apostar e posar sempre! Eu acredito é na pirataria!!! Um abraço grande

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  3. Infelizmente a síndrome do ctrl+c seguida do ctrl+v chega a uma boa parcela da Impresa Brasileira. Haja vista que seus comentários à cerca de movimentos como o da UNE ainda serem os mesmos do fim dos anos 90, início do novo século. Mais fácil assim do que (REconhecer o movimento com sua nova face e nova diretrize. Que se enganem que estas NOVAS não existam e permaneçam copiando seus velhos discursos.

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  4. Primeiro que sou da década de 90, e não posso ser acusado de ser coetâneo dos meus colegas de militância, já que reivindico tal fato sem precisa copiar de ninguém, eu vivi. Espero sua análise de mérito, essa sim decerto interessante. A ver.

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