José Reinaldo Carvalho *
Li, reli e esquadrinhei cada parágrafo do "acordo grego" nos poucos idiomas que minha inteligência alcança. Sou, porém, analfabeto no idioma da Hélade e entre as poucas palavras que aprendi nas viagens que fiz, uma das mais sonoras é OXI, gritada e votada a 5 de julho pela maioria esmagadora da população helênica.
Por isso, admito que possa não ter lido corretamente, mas não encontro outra palavra para designar as medidas aprovadas a não ser rendição. Rendição à inominável e abjeta agressão perpetrada pela União Europeia, esta organização imperialista que já fascinou progressistas, esquerdistas e até comunistas (ou neocomunistas renovadores) por aqui.
Não faço, não farei avaliação moral quanto à atitude do governo grego, do Syriza, partido social-democrata de esquerda que detém a eventual maioria parlamentar, e do seu primeiro-ministro, Alexis Tsipras. Mas não cabe dúvida de que foi uma capitulação. Podem-se arguir as condições objetivas, a correlação de forças, a ausência de fatores externos favoráveis, mas Tsipras não foi eleito em janeiro deste ano e venceu o referendo de 5 de julho para assinar o indigno terceiro memorando. Para isto, a oligarquia grega e os potentados eurocratas sob a batuta da senhora Angela Merkel dispunham da Nova Democracia e do Pasok.
Quem é de esquerda neste mundo dominado por uma direita cada vez mais voraz nutre simpatia por um jovem líder político que vem a público prometer seguir na luta pela soberania do seu país. Não obstante, será difícil que tal promessa não seja defraudada, como já foi o compromisso de respeitar a vontade soberana do povo expressa no referendo de 5 de julho. Não é uma questão de vontade ou sinceridade, mas de estofo, consciência, preparo político, ideológico e organizativo e perspectiva estratégica, linha política para enfrentar a brutalidade da ditadura monopolista-financeira dos eurocratas e do sistema imperialista em geral. E mais, de capacidade para apontar a perspectiva. O capital financeiro, como dizia Lênin, é um fator tão poderoso que submete mesmo os países mais independentes. A vida vai mostrando que submete também até mesmo as forças que se denominam de "esquerda radical".
A União Europeia e o sistema imperialista se desnudaram no caso grego. Revelaram, com sua face nua e crua, seu caráter retrógrado e parasitário. A União Europeia mostrou a sua natureza de agrupamento a serviço do capital, de coletivo de potências espoliadoras, em detrimento dos interesses, aspirações e direitos dos povos. Na falta da Alca e do Acordo Multilateral de Investimentos, que não vingaram pela luta dos povos, no caso da Alca uma luta libertadora conduzida por líderes da envergadura de Fidel Castro e Hugo Chávez, a União Europeia é o protótipo da “integração” imperialista, que denega e atropela a soberania nacional, num simulacro de democracia e solidariedade.
A União Europeia revelou, com o caso grego ser o que sempre foi.
Se capitularem a seus ditames, os trabalhadores e os povos estarão definitivamente derrotados. Iludidos, também perderão. Aliás era esta a advertência dos partidos comunistas quando do advento da União Europeia e posteriormente da zona do euro. Os partidos consequentes previram cientificamente que a Grécia de hoje seria o corolário da União Europeia e da zona do euro de sempre.
Há momentos em que se impõem as soluções profundas, ou ao menos a preparação destas. O caso grego provou que nos marcos da União Europeia e da zona do euro, a perspectiva dos trabalhadores é a espoliação e a da soberania nacional dos países vulneráveis que integram tal mecanismo é o desaparecimento.
Sem fazer no abstrato formulações maximalistas, não se pode deixar de assinalar que o mundo clama pela existência de uma esquerda consequente que perceba os nexos entre os movimentos táticos e o objetivo estratégico. Isto requer ciência e arte, modéstia e serenidade, transparência e entendimento entre os combatentes de vanguarda que não têm outro projeto senão revolucionar o mundo e construir uma nova sociedade.
A luta continua!
* * Jornalista, Diretor do Cebrapaz, membro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade e editor do Vermelho.
Por isso, admito que possa não ter lido corretamente, mas não encontro outra palavra para designar as medidas aprovadas a não ser rendição. Rendição à inominável e abjeta agressão perpetrada pela União Europeia, esta organização imperialista que já fascinou progressistas, esquerdistas e até comunistas (ou neocomunistas renovadores) por aqui.
Não faço, não farei avaliação moral quanto à atitude do governo grego, do Syriza, partido social-democrata de esquerda que detém a eventual maioria parlamentar, e do seu primeiro-ministro, Alexis Tsipras. Mas não cabe dúvida de que foi uma capitulação. Podem-se arguir as condições objetivas, a correlação de forças, a ausência de fatores externos favoráveis, mas Tsipras não foi eleito em janeiro deste ano e venceu o referendo de 5 de julho para assinar o indigno terceiro memorando. Para isto, a oligarquia grega e os potentados eurocratas sob a batuta da senhora Angela Merkel dispunham da Nova Democracia e do Pasok.
Quem é de esquerda neste mundo dominado por uma direita cada vez mais voraz nutre simpatia por um jovem líder político que vem a público prometer seguir na luta pela soberania do seu país. Não obstante, será difícil que tal promessa não seja defraudada, como já foi o compromisso de respeitar a vontade soberana do povo expressa no referendo de 5 de julho. Não é uma questão de vontade ou sinceridade, mas de estofo, consciência, preparo político, ideológico e organizativo e perspectiva estratégica, linha política para enfrentar a brutalidade da ditadura monopolista-financeira dos eurocratas e do sistema imperialista em geral. E mais, de capacidade para apontar a perspectiva. O capital financeiro, como dizia Lênin, é um fator tão poderoso que submete mesmo os países mais independentes. A vida vai mostrando que submete também até mesmo as forças que se denominam de "esquerda radical".
A União Europeia e o sistema imperialista se desnudaram no caso grego. Revelaram, com sua face nua e crua, seu caráter retrógrado e parasitário. A União Europeia mostrou a sua natureza de agrupamento a serviço do capital, de coletivo de potências espoliadoras, em detrimento dos interesses, aspirações e direitos dos povos. Na falta da Alca e do Acordo Multilateral de Investimentos, que não vingaram pela luta dos povos, no caso da Alca uma luta libertadora conduzida por líderes da envergadura de Fidel Castro e Hugo Chávez, a União Europeia é o protótipo da “integração” imperialista, que denega e atropela a soberania nacional, num simulacro de democracia e solidariedade.
A União Europeia revelou, com o caso grego ser o que sempre foi.
Se capitularem a seus ditames, os trabalhadores e os povos estarão definitivamente derrotados. Iludidos, também perderão. Aliás era esta a advertência dos partidos comunistas quando do advento da União Europeia e posteriormente da zona do euro. Os partidos consequentes previram cientificamente que a Grécia de hoje seria o corolário da União Europeia e da zona do euro de sempre.
Há momentos em que se impõem as soluções profundas, ou ao menos a preparação destas. O caso grego provou que nos marcos da União Europeia e da zona do euro, a perspectiva dos trabalhadores é a espoliação e a da soberania nacional dos países vulneráveis que integram tal mecanismo é o desaparecimento.
Sem fazer no abstrato formulações maximalistas, não se pode deixar de assinalar que o mundo clama pela existência de uma esquerda consequente que perceba os nexos entre os movimentos táticos e o objetivo estratégico. Isto requer ciência e arte, modéstia e serenidade, transparência e entendimento entre os combatentes de vanguarda que não têm outro projeto senão revolucionar o mundo e construir uma nova sociedade.
A luta continua!
* * Jornalista, Diretor do Cebrapaz, membro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade e editor do Vermelho.
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