Renato Rabelo: Acordo PT-PMDB não pode excluir demais partidos da base
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, reuniu-se nesta quinta-feira (6), em São Paulo, com o candidato do PT à presidência da Câmara, deputado Marco Maia (RS). Durante café da manhã com o petista, o dirigente comunista ouviu de Maia promessas de maior diálogo com os líderes da base do governo no legislativo. Logo depois de ter sido escolhido pelo PT como candidato a continuar presidindo a Câmara, Maia procurou primeiro os partidos da oposição. E os acertos sobre a composição da mesa diretora da Câmara estavam concentrados em caciques do PT e do PMDB.
A sinalização de que os demais partidos da base estavam sendo menosprezados provocou reações negativas e Maia agora está procurando as lideranças de todos os partidos para conversar.
O diálogo com o PCdoB é particularmente importante. Além de ser aliado histórico do PT, um dos nomes que a imprensa tem ventilado como eventual "candidato alternativo" à presidência da Câmara é o do deputado Aldo Rebelo, do PCdoB-SP, que já comandou a Casa entre setembro de 2005 e janeiro de 2007 e tem ótimo trânsito com lideranças de todas as bancadas.
O presidente do PCdoB, no entanto, afirma que Aldo não se colocou como candidato, mas reconhece que há um movimento visível no legislativo de insatisfação com os sinais de hegemonismo que cerca o acordo PT-PMDB.
Aldo não lançou candidatura
"O Aldo não disse em nenhum momento que é candidato à presidência da Câmara. São pessoas de outros partidos que o tem procurado levantando esta possibilidade de uma candidatura alternativa", disse Rabelo.
Segundo ele, esse movimento acontece porque há um descontentamento, inclusive em setores do PT e do PMDB, com a forma como a composição da nova mesa diretora está sendo encaminhada.
"Você tem uma base que é ampla e heterogênea e ela precisa ter uma forma de participar deste processo", defendeu Rabelo.
Os partidos aliados temem que petistas e peemedebistas acabem inteferindo na escolha não apenas do candidato à Presidência da Câmara, mas também nos nomes que irão ocupar os demais postos do legislativo, incluindo comissões e relatorias.
Maia tem dito que o espaço dos partidos nas estruturas do legislativo será assegurado conforme o tamanho de cada bancada. Foi com esta promessa que ele angariou a sinalização de apoio da oposição.
Segundo Rabelo, foi dito a Maia, na reunião de ontem, que o PCdoB não será empecilho à sua candidatura. Mas reafirmou-se a legitimidade de haver mais de um candidato da base na disputa pelo comando do legislativo. Esta eventual candidatura alternativa, se acontecer, poderia angariar o apoio não só dos comunistas, mas também de legendas como PSB, PDT, PRB e até de deputados petistas, peemedebistas e da oposição.
Participação nos ministérios da Cultura e da Ciência e Tecnologia
Rabelo disse ainda que esteve reunido nesta semana com a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e com o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante.
Na conversa com os novos ministros, Rabelo reafirmou a disposição dos comunistas de continuar contribuindo com o trabalho destas duas pastas. Nos dois mandatos do presidente Lula, alguns postos chaves e secretarias destes dois ministérios eram ocupados por militantes do PCdoB, que ajudaram a implementar projetos de grande fôlego como os Pontos de Cultura, por exemplo.
Segundo Renato, tanto Mercadante quanto Ana de Hollanda concordaram que a participação dos comunistas é importante e deve continuar. Não foram discutidos nomes nem cargos.
Da redação,
Cláudio Gonzalez
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