A cidade de El Aiun, capital do Saara Ocidental ocupado, continua sob estado de sítio após o desmantelamento do acampamento de Gdeim Izik pelas forças militares marroquinas. Há mais de 4,5 mil feridos, mais de 2 mil presos, um número ainda incalculável de mortos.
Exército, Forças Auxiliares e polícia continuam a invadir as residências de cidadãos saarauís, apossando-se de tudo o que encontram, espancando famílias inteiras, sequestrando jovens, em particular nos bairros de Skeikima, Bucraa e Mattalla, enquanto que nos bairros a este da cidade, como Raha, Duerat e outros, até ontem de manhã produziam-se buscas em residências pelos diferentes corpos de repressão, que obrigavam os cidadãos a gritar “Viva o Rei”, “Saara marroquino” e frases do estilo.O exército tem roubado veículos de saarauís queimando-os em plena rua, detendo os seus ocupantes, assim como dezenas de jovens onde quer que se encontrem.
Os cidadãos saarauís detidos de que não há notícia até ao momento ultrapassam os dois mil, embora alguns tenham sido libertados depois de serem brutalmente torturados e num estado muito crítico, procuram refúgio em suas casas ou noutros lugares. Os centros de detenção que se encontram localizados são:
Quartel da polícia
Quartel das Forças Auxiliares
Prisão Negra de El Aiun
Três quartéis do exército
A escola secundária Alal Ben Abdala
Dois espaços dentro do campo de Futebol
Quartel da praia de El Aiun
O número de feridos supera os quatro mil e quinhentos (4500). Devido ao estado de sítio e terror que se vive nestes momentos na cidade de El Aaiun, muitos dos feridos encontram-se escondidos nas suas casas sem que se possa conhecer a evolução do seu estado.
A família do jovem Ali Salem Lanzari, que apresentava fratura de pescoço, decidiu arriscar-se e empreendeu viagem até Agadir, no sul de Marrocos, para que o seu filho fosse atendido no hospital. Ao chegarem ao hospital o jovem faleceu.
Esta situação está a ocorrer com muitos dos feridos graves que não podem receber tratamento hospitalar.
Testemunhas oculares relataram a existência de dezenas de mortos dispersos em redor do acampamento de Gdeim Izik e na zona este da cidad de El Aiun.
O número de desaparecidos é incalculável, mas contam-se por muitas dezenas sem se saber se estão mortos, feridos em qualquer lugar, ou se foram presos.
A dificuldade para realizar a contagem dos cidadãos saarauís em diferentes situações é enorme, uma vez que não há segurança para a população e todos se encontram em situações críticas.
Na cidade ocupada de Smara, tiveram lugar manifestações no dia de ontem, organizadas por jovens estudantes dos liceus, em solidariedade com os cidadãos saarauís de El Aiun. A polícia dispersou-os violentamente e para evitar uma maior sublevação foi decretado o estado de sítio na cidade, tendo sido encerradas as aulas até ao próximo dia 19 de novembro.
Resumo de um comunicado do Ministério dos Territórios Ocupados da República Árabe Saaraui Democrática (RASD). Divulgado pela Associação de Amizade Portugal – Saara Ocidental
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