Paulo Vinícius Silva
Dilma previu que o ódio e a calúnia - turbinas da campanha de José Serra – não ganhariam o Brasil. Venceu Dilma, venceu o Brasil, mas ilude-se quem crê que as palavras doces e pouco sinceras da Veja extraordinária posterior à vitória serão o diapasão a afinar a sintonia da oposição ante o mandato da nossa primeira presidenta.
Ilustrativo disso é o mais recente capítulo: a imbecilidade dessa juventude de direita, elitista, preconceituosa e – para espanto geral da nacionalidade – anti-nordestina, que, partidária de Serra, vocifera contra o Nordeste, atribuindo-lhe a responsabilidade pela eleição de Dilma. Esgrimem calúnias, ao atribuir à maioria acachapante em favor de Dilma outra motivação que não a consciência cidadã. Confundem riqueza com consciência, o que bem ilustra sua mendicância intelectual e a sensação de cerco ante a ampliação da classe média. Seu melhor – e divertido - retrato foi feito pelos estudantes da UnB, no YouYube. Se você não viu, não perca: http://www.youtube.com/watch?v=LA0JL7yVcSM
Reivindico sim, para o Nordeste a eleição de Dilma.
Mas em uma coisa eles não erraram. E já que fomos tão ofendidos, permitam-me essa reflexão sem demérito para os(as) compatriotas que – votando ou não na Dilma – jamais conciliariam com esse tipo de preconceito contra o Nordeste. Afinal, independente de região, o povo brasileiro se quer muito bem. Confiando nessa tolerância, vou “puxar a sardinha” sim; acho que a realidade dá algum direito de o fazer. De fato, nós, nordestinos(as) somos muito responsáveis pela eleição de Dilma.
É verdade, e eu adoro que essa direitazinha machista, racista, homofóbica, lambe-botas, gringa, descambe para um “juris sperneandi” desesperado. Faturam o repúdio nacional e processos do Ministério Público, assim como a ação impetrada pela OAB-PE contra o símbolo dessa vilania, Mayara Petruso. Em minha opinião, há que dar o devido combate a essa parcela juvenil, bem minoritária ainda naquela classe média que até já posou de progressista e democrática e, de repente se viu cercada pela TFP, Opus Dei, a extrema direita e, é claro, essa minoria anti-nordestina. Que companhias, hein, PSDB, DEM e PPS!? Digo mais: a direita necessariamente investirá mais e mais na juventude e não devemos subestimá-la.
Argumenta-se que a tese dos filhotes de Mr. Burns é falsa porque - excluindo-se o Nordeste do mapa eleitoral – mais de 1 milhão e trezentos mil eleitores(as) manteriam a vantagem de Dilma, assims e esconjuraria a tese do perigo nordestino. A conta está pela metade, no entanto. Sou pelo papel decisivo do Nordeste brasileiro para a eleição de Dilma, protagonismo que segue inúmeros movimentos revolucionários, progressistas e democráticos da História do Brasil. O berço das revoluções brasileiras não precisa se defender de seguir sua tradição e eleger Dilma. Contem os votos havidos nos Estados que compõem a região, mas também contem os nordestinos que votaram por todo o país. O Nordeste, cimento da unidade nacional, entranhado no Brasil, foi decisivo na eleição de Dilma.
Nordestino sim, Nordestinado não (Patativa do Assaré)
Afinal, nós somos os paus-de-arara, não é mesmo? Como diz a canção de Zé Geraldo:“Tá vendo aquele edifício alto, moço?” Pois é, foi o nordestino que ajudou a levantar. Se formos cada um atrás das histórias, na casa da gente, encontraremos sagas em nossas famílias, entrelaçadas com esse Brasil do futuro que se levanta. Meu pai e meu avô ajudaram a construir Brasília. Por isso, em vez de ir aos números, peço que se contabilize nessa vitória tudo o que erguemos de progresso pelo país e que nos trouxe até aqui.
O Brasil começou no litoral. Recordemo-nos da ocupação do Norte brasileiro e do protagonismo cearense no desenho do mapa nacional a partir da conquista do Acre. Para que não seja em vão, invoquemos o martírio e a morte de incontáveis tangidos pela seca, que malgrado tamanha opressão, espremidos entre a natureza e a injustiça dos homens, ergueram as belezas e os arranha-céus desta pátria tropical e industrializada, fato raríssimo feito em imensa medida com trabalho, sangue, suor e lágrimas nordestinos.
Berço de Revoluções
Invoquemos Canudos de Conselheiro, nascido no Quixeramobim-CE, e ao Beato José Lourenço no Caldeirão do Juazeiro do Norte. Recordem-se também as revoluções de 1817 e 1824, Frei Caneca e Padre Mororó, Pernambuco e Ceará de mãos dadas. Abreu e Lima, general de Bolívar e prócer latino-americano. A primeira presa política do Brasil, Bárbara de Alencar, avó de José de Alencar, criador do romance brasileiro e um dos grandes intérpretes do Brasil. O Dois de Julho, os Malês e Castro Alves, poeta dos escravos e da juventude.
Ressuscitemos dos desvãos da memória a greve dos jangadeiros contra a escravidão sob a liderança de Dragão do Mar, em 1881, a preparar caminho para que, em Redenção, o Ceará abolisse a escravidão ainda em 1884. Mencionemos a expulsão dos holandeses e franceses do solo pátrio. E Zumbi, comandante guerreiro, no Vaza Barris das Alagoas de Graciliano Ramos. Até no extremo Sul, Antônio Pinto da Silva ensinar a técnica das charqueadas, a indústria saladeril, desenvolvida pelos indígenas no Piauí, no Rio Grande do Norte e no Ceará ainda para alimentar a produção açucareira pernambucana.
Somos nordestinos em qualquer parte do país, sempre saudosos de nossa terra, sempre desejosos de voltar, sem que isso nos tire a alegria de viver e de lutar, construindo a grandeza do Brasil onde quer que estejamos, fazendo rir e dançar, enchendo de alegria e poesia a vida do nosso povo. E nossos filhos e netos, embora nascidos em qualquer Estado, tem inúmeras razões para orgulhar-se dessa origem tão bonita e importante para o Brasil.
“Não, eu não sou do lugar dos esquecidos/
Não sou da nação dos condenados/
Não sou do lugar dos esquecidos./
Você sabe bem: conheço o meu lugar.” Belchior
O Nordeste prospera, vejam e surpreendam-se, chega de estereótipos. O Brasil está mudando. Mas se há algo perene é que é impossível separar o Nordeste do Brasil, ou o Brasil do Nordeste. Nós fomos, somos e seremos imprescindíveis à construção do Brasil. E, com esse histórico, vivendo no Nordeste ou pelo Brasil, é até óbvio que sejamos parte destacada das forças da mudança.
Lula é nordestino, saiu menino de Pernambuco, e passará a faixa à mineira Dilma, que refez sua vida no Sul. Os nordestinos e nordestinas achamos isso tão bonito! Amamos tanto nosso país que entendemos que o caminho do tucanato é a desagregação nacional e não a admitimos, por isso fomos Lula e somos Dilma. Lutamos pelo Brasil com sangue e trabalho, com muita esperança que dê certo, para entregar isso na mão dos vende-pátria. Sacrificamos tanto para que o Brasil chegasse aqui, que eu não posso deixar de me orgulhar do nosso papel nessa quadra histórica, e o reivindico: é verdade sim, o Nordeste das Revoluções foi imprescindível para eleger a primeira mulher presidente do Brasil.
Essa minoria elitista - que vocifera impropérios ao ponto de chegar ao crime - merece desprezo e cadeia. Eles não representam o Sul ou o Sudeste. Não. Essas toupeiras malparidas pela doentia campanha de José Serra e sua aliança representam apenas mais uma das mil cabeças dessa medusa anti-Brasil. E há que lhes dar combate! Sua utilidade, no entanto, é inegável. Eviscera-se o valhacouto de podridões que por alguns dias iludiu milhões de brasileiros e brasileiras. Não nos faremos pedra ao olhar de frente essa ignomínia. É preciso entender a dimensão da batalha para jamais subestimar esses confessos inimigos do Brasil, afinal, quem mais senão os inimigos da nacionalidade estimularia conflitos regionais e religiosos num país como o nosso? O Brasil é terra de querer bem, de união. Esses filhinho de papai são a turma de Miami. Não nos definimos apenas pelos amigos, mas pelos adversários também, e o Nordeste estará sempre a favor do Brasil.
Puta que pariu, Paulo!!! Estou aqui de cabelos em pé!!! Teu ceclado deve ter derretido com o fogo de teus dedos!!! Que teu gesto seja sempre o de um amigo, pois sei que, se um dia fores meu inimigo, farei questão que me derrotes!!! Ficarei orgulhoso de sucumbir ao fio da espada de um inimigo tão capaz!!!
ResponderExcluirCarta de um “negro revoltoso”, Henrique Dias, ao corsário Maurício de Nassau
ResponderExcluirSenhores holandeses: Saibam vossas mercês, tenho poucas letras e muita espada. Respondo sempre, e minhas respostas são sempre dadas. Vossas mercês podem senti-las no cheiro de pólvora do meu bacamarte.
Meu camarada Camarão não está aqui, porém, eu respondo por ele. Saibam, vossas mercês, que Pernambuco é pátria dele e minha, e já não podemos suportar a ausência dela. Aqui haveremos de perder as vidas ou haveremos de deitar vossas mercês fora dela; e ainda que o governador-geral, e sua majestade mesmo, nos mandem retirar, primeiro que o façamos, lhe haveremos de responder e dar as razões que temos para não desistir desta guerra.
O lamento de um “príncipe” vencido
- Perdemos a guerra. A vitória coube aos pernambucanos. Terão uma pátria. Um negro analfabeto e um bugre já conhecem o significado deste nome. Eu, um príncipe de sangue, careço desse conforto. Fiz de mim um corsário. Um soldado de armas e brasão vendidos ao uma companhia de comerciantes incumbida de saquear e sugar até a exaustão uma terra defendida por quem luta pelo direito de nela deitar suas raízes.
Foi essa ancestral e arraigada idéia de pátria, insuperavelmente bela, que arruinou meus projetos de uma Cidade Maurícia livre e universal. Uma nova Amsterdam!
- Venceu o modo antigo, Até, ou sobretudo, dentro de mim mesmo. A semente dos Albuquerque frutificou. Eles perderam sua terra e suas fazendas, mas criaram uma pátria para seus descendentes mamelucos.
(Maurício de Nassau / 1654)
Felipe Camarão
O reconhecimento de Tiradentes como um herói nacional é facilitado e até estimulado pelo fato de existir uma data nacional dedicada a ele.
Há, também nos calendários, inúmeras referências a guerrilhas e batalhas nas quais o Brasil esteve envolvido, porém com menos destaque para os seus personagens. A história fica parecendo algo distante e meramente didático.
http://opiniaoenoticia.com.br/opiniao/biografias/felipe-camarao/
Henrique Dias
Foi um Guerrilheiro, nasceu (??) em Recife, onde veio a falecer em 08/06/1662, na sua cidade de nascimento.
Negro liberto, mestre-de-campo, Henrique Dias participou com bravura dos 24 anos de guerra contra a invasão holandesa no século 17, sendo ferido oito vezes em combate. É venerado pelos militares brasileiros como um dos fundadores da Forças Armadas, por sua atuação nas duas batalhas de Guararapes.
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_295.html
O eterno racistas MONTEIRO LOBATO e MÁRIO de ANDRADE.
ResponderExcluirCARTA CAPITAL: O espírito que não descansa
Marco Cabral dos Santos
10 de setembro de 2010
As comemorações da Revolução de 1932 revelam o quanto São Paulo ainda se acha diferente do resto do Brasil
Entre julho e outubro de 1932, a Região Sudeste foi palco do maior conflito armado da história republicana brasileira. De maneira geral, os livros didáticos reservam poucas linhas para aquele episódio, mas, em 1997, o governo do estado de São Paulo decidiu dedicar-lhe um feriado: o “Dia da Revolução Constitucionalista”. Mas teria sido mesmo o anseio por uma Constituição o fator que levou tantos homens a darem suas vidas nas trincheiras paulistas? E a vitória de São Paulo, que consequencias traria?
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/o-espirito-que-nao-descansa