Em entrevista ao Portal Vermelho
após encontro com a presidenta no Palácio do Planalto, nesta
terça-feira (15), a presidenta nacional do PCdoB e deputada federal
Luciana Santos (PE) deu o tom da disposição de luta do partido na defesa
da democracia e do mandato legítimo de Dilma.
Por Dayane Santos
Agência Brasil
A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, durante encontro com Dilma, nesta terça (15), no Palácio do Planalto
A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, durante encontro com Dilma, nesta terça (15), no Palácio do Planalto
“Não vamos aceitar golpe. Esse país vai entrar num processo de
conflagração e nós estaremos na trincheira, defendendo o legado de um
projeto para o país que inclui as pessoas, que democratizou na prática e
garantiu avanços significativos na vida das pessoas”, garantiu Luciana
que, juntamente com líderes da base aliada, entregou manifesto em apoio a
Dilma.
Sobre o encontro, Luciana frisou que as lideranças e os partidos foram
levar à presidenta Dilma o apoio na perspectiva de enfrentar qualquer
tipo de golpe contra o seu mandato.
“É preciso respeitar a democracia. Respeitar uma presidenta que fez a
disputa eleitoral em outubro do ano passado, foi eleita com 54 milhões
de votos para um mandato de quatro anos”, disse. “Nós, comunistas,
sabemos o que é a ausência de democracia no Brasil e não vamos permitir
qualquer retrocesso”, advertiu.
Para a dirigente comunista, o país assiste ao que há de “pior na
oposição”, que tenta, “sem nenhuma justificativa ou base jurídica”,
interromper o governo legitimamente eleito. Luciana frisou que o
impeachment tem previsão constitucional, mas desde que tenha elementos.
“Não pode ser a conjuntura econômica adversa ou baixa adesão popular a
justificar que se rasgue a Constituição e viole a democracia
brasileira”, asseverou.
Recompor a base de apoio no Congresso
Luciana destacou a resolução da Comissão Política Nacional do PCdoB,
divulgada nesta segunda-feira (14), que apontou as tarefas para
organizar a contraofensiva, diante da tentativa de golpe em curso. De
acordo com ela, é necessário consolidar a base política ampla que dá
sustentação ao governo de coalizão e, assim, aprovar o conjunto de
medidas para a retomada do desenvolvimento.
“Acreditamos que o PMDB tem papel fundamental nesse esforço de
aprovação. Isso num debate democrático, construído com muitas mãos, pois
só assim é possível construir uma agenda para o Brasil que concilie as
necessidades de ajuste, estabilidade econômica e política, tirando o
país da recessão”, declarou.
A presidenta do PCdoB alertou para a conjuntura política grave, que tem
como consequência a situação econômica de singularidades brasileiras,
mas com origem na crise do mundial, que explodiu no berço do capitalismo
com consequências para todo o mundo.
“Desde 2008, do governo Lula ao governo Dilma, o Brasil tem tomado
medidas no sentindo de manter o crescimento e o emprego através de
medidas anticíclicas. Houve todo um redirecionamento no sentido de
aquecer o mercado interno, mantendo a política de reajuste do salário
mínimo e a desoneração de vários setores econômicos para manter a
atividade produtiva”, lembrou a parlamentar, ressaltando que o momento
atual exige uma readequação.
“O ajuste não é para ficar, é temporário. São medidas necessárias para
criar novas condições para a retomada do crescimento e ampliação das
conquistas dos programas sociais, que têm sido tão importantes para o
processo de inclusão do povo brasileiro”, disse.
Ajuste no andar de cima, não contra o povo
Luciana reafirma que o PCdoB tem uma posição clara de defesa do mandato,
no entanto, salientou que essa defesa vem acompanhada de um conjunto de
propostas que possa dar resposta aos anseios da população e retomar o
desenvolvimento econômico do país.
“Acreditamos que é preciso dar perspectivas ao povo brasileiro. Sair da
pauta apenas do ajuste, ou melhor, qualificar esse ajuste. Levar o
ajuste para o andar de cima. Para o rentismo e o mercado financeiro”,
explicou a líder comunista, citando, como exemplo, a taxação das grandes
fortunas e a repatriação de renda que foi colocada no exterior, fazendo
com que seja devolvida ao país, com multa.
“Um conjunto de medidas que significam arrecadar sem penalizar o
trabalhador e o povo brasileiro, que já têm sofrido com os efeitos dessa
crise”, defendeu Luciana Santos.
Segundo ela, a atual “política monetária já deu o que tinha que dar” e
está levando o país “a um contracionismo muito grande” que tem levado os
ajustes a um paradoxo. “Faz o ajuste, mas a sensação é de enxugar gelo:
de um lado bota e de outro se tira. É preciso ter foco no
desenvolvimento”, acrescenta.
Papel da militância
Ela conclui conclamando a militância do partido a fortalecer o “debate
de ideias à altura das necessidades do momento”. De acordo com Luciana, é
preciso explorar as contradições e resgatar, por meio de comparações,
como era o Brasil antes de 2002.
“Quando se fala em risco Brasil, por exemplo, de 1994 a 2002, ou seja,
incluindo os oito anos do governo Fernando Henrique, o risco Brasil era
muito pior do que é na atualidade. E foi Lula, em 2008, que tirou esse
risco Brasil”, lembrou.
E finaliza: “A nossa militância deve atuar nas redes sociais, fortalecer
o papel das frentes de luta que participa e fazer um grande esforço
pela amplitude. Temos no seio dos movimentos sociais e no âmbito das
forças políticas, muitas divergências, muitas contradições. Agora, o que
está em jogo é a democracia brasileira, caso contrário veremos
interrompido – a exemplo do que aconteceu em outros momentos da
história, como nos governos de João Goulart e Getúlio Vargas –, um
projeto para o pais, um projeto que inclui as pessoas, que democratizou
na prática e garantiu avanços significativos na vida das pessoas”.
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Do Portal Vermelho
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