Para o economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, a tentativa de barrar as investigações da Operação Lava Jato - explicitada no áudio do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá - é uma das causas por trás do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A principal, contudo, seria reduzir direitos sociais e dos trabalhadores, avaliou.
De acordo com ele, a meta fundamental dos apoiadores do impeachment, o corte de direitos, ocorrerá a partir de quatro reformas constitucionais anunciadas pelo governo: "desvinculação das despesas com educação e saúde da receita e teto para elas; autorização para que os acordos sindicais prevaleçam sobre a legislação trabalhista; desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo; e definição da idade mínima para a previdência", enumerou.
"O objetivo é beneficiar os capitalistas rentistas e financistas - os grandes vitoriosos do momento - para que paguem menos impostos. É reduzir os salários diretos e indiretos", disse Bresser. De acordo com ele, a justificativa do governo Temer para isso é uma "crise fiscal estrutural".
"É a tese que a Constituição de 1988 não cabe no PIB. Ora, isto é falso. Entre 1999 e 2012 as metas fiscais foram atingidas. Agora estamos em uma crise fiscal que, de fato, exige ajuste. Mas exige medidas pontuais", opinou. Para ele, quanto às reformas constitucionais, é realmente necessário fazer alguma coisa, mas não da forma violenta que está sendo proposto.
Embora acredite que há um problema fiscal na Previdência e que seria necessário estabelecer uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos - mas com um amplo prazo de carência -, Bresser defendeu que fazer "prevalecer acordos sobre a legislação trabalhista é péssimo para a grande maioria dos trabalhadores, que não têm sindicatos fortes a defendê-los", por exemplo.
De acordo com ele, a economia brasileira está semiestagnada desde 1990 - ano da abertura comercial -, "porque a partir de então a doença holandesa deixou de ser neutralizada e as empresas brasileiras passaram a ter uma desvantagem competitiva muito grande".
Isso teria ocorrido porque a taxa de juros "é muito alta desde a abertura financeira de 1992. Porque essa taxa de juros muito alta implica um custo fiscal de juros para o Estado absurdo - em torno de 6% do PIB, no último ano, 8,7% do PIB. E porque a poupança pública é muito pequena, insuficiente para financiar os necessários investimentos públicos", encerrou.
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Do Portal Vermelho, com Facebook do autor
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