Renato Rabelo: Fascismo, rito sumário e democracia representativa - PCdoB. O Partido do socialismo.
“Grande imprensa” e “formadores de opinião”, além de eventuais “acadêmicos de aluguel” assacam contra a democracia de forma uníssona e se apoiam no conceito de “democracia representativa” para legitimar a ação golpista no Paraguai.Este movimento é de maior alcance e se encontra diretamente com os interesses do imperialismo na região, notadamente na utilização deste episódio para desgastar tanto as experiências progressistas como as da Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina, como a política externa do governo brasileiro.
Merval Pereira, colunista de O Globo, sintetiza esta estratégia em artigo publicado em seu jornal sob o título “Governo brasileiro está a reboque de Chávez”. Em suma, o pensamento que ele apresenta nada mais é do que a reafirmação de sua posição ideológica contra as experiências avançadas de democracia na América Latina, em que presidentes foram eleitos pelo povo de seus respectivos países.
A democracia representativa deve mesmo ser alvo de defesa, conforme subliminarmente atesta o jornalista. Mas o papel desta democracia, com todos os limites possíveis, está essencialmente na salvaguarda dos elementares direitos de defesa de qualquer cidadão. Este é o ponto, pois em menos de dez horas iniciou-se e encerrou-se um processo contra um presidente legitimamente eleito, sem o menor direito de defesa. E o direito de defesa é um direito humano básico.
Fazer uma defesa conservadora da democracia representativa só é possível com a completa abstração de elementos essenciais à análise da realidade. É desta forma que procede esse verdadeiro monopólio da comunicação num país como o Brasil. Existe toda uma dinâmica das classes sociais no Paraguai expressa no fim deste processo.
Existem interesses anexos que vão desde o imenso monopólio da terra exercido por 2% da população, o monopólio da informação e os próprios interesses estratégicos do imperialismo, que não são poucos. Exemplo disto está numa ideia central difundida pelos golpistas da necessidade de "dolarizar" a economia paraguaia, o que, em outras palavras, significa "recolonizar" o país, fazendo-o retroceder 200 anos em sua história.
Tudo isso forma um caldo de caráter fascista e antinacional nada desprezível e com uma força política capaz de dobrar mais de 90% de um parlamento, em uma democracia frágil e onde a capacidade de organização popular ainda dá seus primeiros passos.
Para nós não existe espaço para defensiva no debate de ideias que deve se prolongar por conta deste triste episódio. O governo brasileiro vai tomando suas medidas e outros países membros do Mercosul também colocam-se em alerta máximo para que esta iniciativa golpista não se imponha contra os tratados assinados nesta importante instância de articulação política, comercial e econômica do Cone Sul. O momento é de claro enfrentamento político.
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sexta-feira, 29 de junho de 2012
Lugo: “Oxalá este momento seja o melhor da esquerda paraguaia” - Portal Vermelho
Lugo: “Oxalá este momento seja o melhor da esquerda paraguaia” - Portal Vermelho
Há menos de uma semana , Fernando Lugo sofreu um golpe de Estado no Paraguai. O episódio ocorreu na sexta-feira (22) e até agora se discute o que vai acontecer com o novo governo. Lugo, no entanto, segue fazendo política de um gabinete alternativo, como prefere chamar o escritório que montou, de onde são decididos os próximos passos na resistência e na luta pelo retorno à democracia.
É deste espaço que ele fala em entrevista exclusiva ao Vermelho e à Rádio Brasil Atual.
Na breve entrevista que aceitou conceder às duas jornalistas brasileiras que esperavam do lado de fora da sede do Partido País Solidário, Lugo reafirmou que toda a região perdeu com o que aconteceu no Paraguai. Segundo o ex-bispo, o golpe parlamentar “mancha a imagem de toda a América do Sul, do Paraguai”. Sobre o processo eleitoral que, se tudo transcorrer como manda a Constituição paraguaia, deverá ocorrer em abril, Lugo mostra qual poderá ser sua indicação: Mario Ferrero (jornalista) e Esperanza Martines “poderiam fazer uma dupla maravilhosa”, diz gargalhando. Esperanza foi ministra da Saúde durante seu governo. E Ferrero tem liderado as pesquisas de intenção de voto.
Sentimentos no pós-golpe
Em primeiro lugar, diz Lugo, são sentimentos desencontrados. Muitos sentimentos. Primeiro é uma lástima pela cidadania, pelo Paraguai, que não tem uma tradição democrática como têm Uruguai, Chile e outros países. Nós temos nos esforçado em construir um processo democrático que seja duradouro. Creio que com isso [com o golpe] perdemos todos os paraguaios e também a região. Quem pensava que isso poderia ocorrer no Paraguai? Nós, tanto na Unasul, como no Mercosul, nos sentíamos felizes quando todos os presidentes nos reuníamos e éramos todos presidentes eleitos democraticamente. Infelizmente isso vem manchar a imagem da região, a imagem da América do Sul e a do Paraguai.
Mobilizações
Muitas mobilizações estão acontecendo no país, sobretudo no interior em repúdio ao governo golpista de Federico Franco. Longe de se isentar de participar deste processo, Lugo enfatizou que “a cidadania tem que saber o que aconteceu aqui. Os meios de comunicação não refletem toda a verdade. Então quero sair a conversar com as pessoas, um diálogo grande com a cidadania. Queremos impulsionar de novo [novos protestos], na próxima semana e nos colocar em contato com os camponeses, trabalhadores, estudantes e em suas praças, casas, escutar, conversar e desenhar juntos o caminho político que o país merece e é possível”.
Cobertura da mídia
A imprensa paraguaia trabalha com a ideia de que o país está tranquilo, apesar dos protestos. De acordo com Lugo, essas mobilizações estão sendo feitas respeitando “as leis e de maneira pacífica. Só que isso não é notícia porque não há sangue, nem violência ou mortes. Observar que houve manifestações não ocupa as primeiras páginas dos jornais do Paraguai”, comenta o presidente. E frisa: “Há sim a expressão de indignação e grande descontentamento nacional, o que pode ser percebido em todo o país”.
Eleições de 2013
Sobre como poderá participar nas próximas eleições, Lugo é reticente: “Vamos ver... As coisas sucedem muito rapidamente, muito aceleradamente. Eu pensava que terminaria o mandato em 15 de agosto de 2013 e me converteria em Senador vitalício. Com o golpe, eu recobro meus direitos cidadãos e tenho a possibilidade de poder encabeçar, ou participar, de uma lista para o Senado do Paraguai. Mas vamos analisar isso, avaliar junto aos companheiros dos grupos sociais, dos partidos políticos progressistas... Em algumas semanas teremos novidades neste sentido.
Futuro presidente
São seis os pré-candidatos à presidência pela Frente Ampla: Mario Ferreiro, Esperanza Martines, Sixto Pereira, Lopez Perito, Fernando Camacho e Luis Bareiro Spaini. Dos seis, quatro parecem estar mais bem avaliados pelo ex-presidente: “Estou em um processo de conhecer as propostas. (...) Eu disse, em mais de uma oportunidade, quando questionado sobre isso, que apoio quem tiver mais respaldo cidadão. Esse candidato será o candidato que Fernando Lugo vai apoiar junto com a cidadania para poder ser, oxalá, oxalá, oxalá, o novo presidente do Paraguai”.
Após certa insistência por nomes, ele admite que Mario Ferreiro e Esperanza Martines “poderiam fazer uma dupla maravilhosa”. Mas, ressalta que “Lopez Perito e Sixto Pereira são pessoas interessantes, com uma longa trajetória nos movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos”. Otimista, ele observa que “oxalá este momento político seja o melhor momento da esquerda paraguaia”.
Sanção internacional
Sobre possíveis sanções econômicas aplicadas pelo Mercosul e pela Unasul ao país, por ter violado a cláusula democrática que permite que os Estados façam parte desses organismos internacionais, ele observa que “não é o recomendável [que façam isso]”, e pondera: “Não quero que os Estados se sintam pressionados por minha opinião. Sei que os produtores de banana e mandioca que estão na fronteira se sentirão prejudicados com uma sanção na região”.
Integração latino-americana
“Com este golpe, não foi só o Paraguai que perdeu, mas a América Latina. E nisso coincidimos os presidentes da região porque hoje teria que ter sido realizada uma reunião normal em Mendoza dos chefes de Estado. Amanhã sem dúvida, uma cadeira estará vazia. A cadeira do Paraguai, um membro fundador do Mercosul. Então este é um golpe à região, um golpe à democracia do Paraguai e à democracia de toda a região”.
Mensagem ao Brasil
“Eu acredito que o sonho de uma pátria para todos, o sonho de uma pátria grande, de uma sociedade mais equitativa, sem discriminação, eu creio que esse sonho temos que ir alimentando dia a dia. Esses sonhos libertários de segunda independência, de uma sociedade muito mais justa com a questão social mais igualitária, isso temos que levar no sangue, no coração para podermos seguir lutando pela pátria que merecemos”.
*Colaborou Marilu Cabañas, jornalista da Rede Brasil Atual
Há menos de uma semana , Fernando Lugo sofreu um golpe de Estado no Paraguai. O episódio ocorreu na sexta-feira (22) e até agora se discute o que vai acontecer com o novo governo. Lugo, no entanto, segue fazendo política de um gabinete alternativo, como prefere chamar o escritório que montou, de onde são decididos os próximos passos na resistência e na luta pelo retorno à democracia.
Por Vanessa Silva, enviada especial do Vermelho a Assunção
É deste espaço que ele fala em entrevista exclusiva ao Vermelho e à Rádio Brasil Atual.
Na breve entrevista que aceitou conceder às duas jornalistas brasileiras que esperavam do lado de fora da sede do Partido País Solidário, Lugo reafirmou que toda a região perdeu com o que aconteceu no Paraguai. Segundo o ex-bispo, o golpe parlamentar “mancha a imagem de toda a América do Sul, do Paraguai”. Sobre o processo eleitoral que, se tudo transcorrer como manda a Constituição paraguaia, deverá ocorrer em abril, Lugo mostra qual poderá ser sua indicação: Mario Ferrero (jornalista) e Esperanza Martines “poderiam fazer uma dupla maravilhosa”, diz gargalhando. Esperanza foi ministra da Saúde durante seu governo. E Ferrero tem liderado as pesquisas de intenção de voto.
Sentimentos no pós-golpe
Em primeiro lugar, diz Lugo, são sentimentos desencontrados. Muitos sentimentos. Primeiro é uma lástima pela cidadania, pelo Paraguai, que não tem uma tradição democrática como têm Uruguai, Chile e outros países. Nós temos nos esforçado em construir um processo democrático que seja duradouro. Creio que com isso [com o golpe] perdemos todos os paraguaios e também a região. Quem pensava que isso poderia ocorrer no Paraguai? Nós, tanto na Unasul, como no Mercosul, nos sentíamos felizes quando todos os presidentes nos reuníamos e éramos todos presidentes eleitos democraticamente. Infelizmente isso vem manchar a imagem da região, a imagem da América do Sul e a do Paraguai.
Mobilizações
Muitas mobilizações estão acontecendo no país, sobretudo no interior em repúdio ao governo golpista de Federico Franco. Longe de se isentar de participar deste processo, Lugo enfatizou que “a cidadania tem que saber o que aconteceu aqui. Os meios de comunicação não refletem toda a verdade. Então quero sair a conversar com as pessoas, um diálogo grande com a cidadania. Queremos impulsionar de novo [novos protestos], na próxima semana e nos colocar em contato com os camponeses, trabalhadores, estudantes e em suas praças, casas, escutar, conversar e desenhar juntos o caminho político que o país merece e é possível”.
Cobertura da mídia
A imprensa paraguaia trabalha com a ideia de que o país está tranquilo, apesar dos protestos. De acordo com Lugo, essas mobilizações estão sendo feitas respeitando “as leis e de maneira pacífica. Só que isso não é notícia porque não há sangue, nem violência ou mortes. Observar que houve manifestações não ocupa as primeiras páginas dos jornais do Paraguai”, comenta o presidente. E frisa: “Há sim a expressão de indignação e grande descontentamento nacional, o que pode ser percebido em todo o país”.
Eleições de 2013
Sobre como poderá participar nas próximas eleições, Lugo é reticente: “Vamos ver... As coisas sucedem muito rapidamente, muito aceleradamente. Eu pensava que terminaria o mandato em 15 de agosto de 2013 e me converteria em Senador vitalício. Com o golpe, eu recobro meus direitos cidadãos e tenho a possibilidade de poder encabeçar, ou participar, de uma lista para o Senado do Paraguai. Mas vamos analisar isso, avaliar junto aos companheiros dos grupos sociais, dos partidos políticos progressistas... Em algumas semanas teremos novidades neste sentido.
Futuro presidente
São seis os pré-candidatos à presidência pela Frente Ampla: Mario Ferreiro, Esperanza Martines, Sixto Pereira, Lopez Perito, Fernando Camacho e Luis Bareiro Spaini. Dos seis, quatro parecem estar mais bem avaliados pelo ex-presidente: “Estou em um processo de conhecer as propostas. (...) Eu disse, em mais de uma oportunidade, quando questionado sobre isso, que apoio quem tiver mais respaldo cidadão. Esse candidato será o candidato que Fernando Lugo vai apoiar junto com a cidadania para poder ser, oxalá, oxalá, oxalá, o novo presidente do Paraguai”.
Após certa insistência por nomes, ele admite que Mario Ferreiro e Esperanza Martines “poderiam fazer uma dupla maravilhosa”. Mas, ressalta que “Lopez Perito e Sixto Pereira são pessoas interessantes, com uma longa trajetória nos movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos”. Otimista, ele observa que “oxalá este momento político seja o melhor momento da esquerda paraguaia”.
Sanção internacional
Sobre possíveis sanções econômicas aplicadas pelo Mercosul e pela Unasul ao país, por ter violado a cláusula democrática que permite que os Estados façam parte desses organismos internacionais, ele observa que “não é o recomendável [que façam isso]”, e pondera: “Não quero que os Estados se sintam pressionados por minha opinião. Sei que os produtores de banana e mandioca que estão na fronteira se sentirão prejudicados com uma sanção na região”.
Integração latino-americana
“Com este golpe, não foi só o Paraguai que perdeu, mas a América Latina. E nisso coincidimos os presidentes da região porque hoje teria que ter sido realizada uma reunião normal em Mendoza dos chefes de Estado. Amanhã sem dúvida, uma cadeira estará vazia. A cadeira do Paraguai, um membro fundador do Mercosul. Então este é um golpe à região, um golpe à democracia do Paraguai e à democracia de toda a região”.
Mensagem ao Brasil
“Eu acredito que o sonho de uma pátria para todos, o sonho de uma pátria grande, de uma sociedade mais equitativa, sem discriminação, eu creio que esse sonho temos que ir alimentando dia a dia. Esses sonhos libertários de segunda independência, de uma sociedade muito mais justa com a questão social mais igualitária, isso temos que levar no sangue, no coração para podermos seguir lutando pela pátria que merecemos”.
*Colaborou Marilu Cabañas, jornalista da Rede Brasil Atual
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Estudantes ocupam a Esplanada e apontam caminho da vitória para a Educação Brasileira
Paulo Vinícius S. Silva
No dia 26 de junho de 2012 os estudantes liderados pela UNE, a UBES e a ANPG, com o apoio do movimento sindical da educação e das forças que a defendem, lograram uma transcendente vitória: aprovaram por unanimidade na Comissão Especial que debate o Plano Nacional de Educação a aplicação crescente de 7% a 10% em uma década para a educação brasileira, um aumento inegável de recursos, atendendo um clamor nacional. O impacto dessa ampliação, que ainda carece de aprovação do Senado e da sanção da Presidenta Dilma, será visto nas nossas vidas e de nossos filhos.
Significará abrir uma nova etapa para a Educação brasileira, que tem sido vítima das políticas de ajuste e das crises que desde os anos 80 retiraram recursos da educação. A vitória de ontem, liderada pela UNE e pela UBES mostra que é possível sim aprovar os 10% do PIB e o projeto de lei do Senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) de 50% do fundo social do Pré-Sal para a educação, o que assegurará um financiamento robusto para alavancar o Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Mais cedo, o prenúncio desse êxito se viu na Marcha dos Estudantes que saiu da Biblioteca Nacional pela Esplanada, que teve grande apoio dos estudantes do Distrito Federal, reunindo 4 mil manifestantes, apesar de a convocação ter sido feita em menos de uma semana. Ao fim da marcha, a UNE e os DCEs das federais, em audiência com o Ministro da Educação, Aluísio Mercadante, tiveram a sinalização de que em 15 dias haverá uma proposta consistente e emergencial para corrigir os problemas decorrentes da ampliação das vagas na universidade pública, ampliação ainda frágil em função da ausência de recursos e também dos problemas de administração das próprias universidades públicas, pois algumas reitorias aproveitaram insuficientemente a oportunidade que é o REUNI. São problemas que lastimam com razão os estudantes, e que se constituem a principal gasolina do ultra-esquerdismo que faz uma cínica aliança com a direita - logo eles, que são contra todas alianças.
A nossa é a triste época em que as forças ultra-esquerdistas - sem política e absolutamente minoritárias entre os estudantes - abraçam o discurso da direita e são contrárias à expansão da universidade pública para o povo... Reforçam o discurso da pequena burguesia enciumada dessa ruma de povo que tem entrado na universidade, e fazem um discurso apocalíptico como se a crise de expansão fosse um sinal de destruição da universidade. Ou seja, na verdade não querem resolver o problema, vivem dele, com base nele se projetam, mas não querem a vitória, pois se vitória houver perdem o discurso. Daí apelam e se somam aos que são contra a expansão da universidade pública e contra o REUNI.
Fez muito bem a UNE em não deixar os estudantes nas mãos de tais posições e de estar propondo um conjunto de medias realistas para melhorar a situação dos seus representados, que é o que pode vir, que se for conquistado, será graças á luta, marchas e articulação política competente com inegável papel da União Nacional dos Estudantes. Afinal, a greve é recente, mas as bandeiras que estão aí nas praças não são outras, senão as bandeiras da UNE, que em seu último congresso reuniu delegados de 97% das universidades brasileiras! Podem conferir nas resoluções do seu 52º Congresso, que elegeu essa direção que tem demonstrado grande unidade, sob a presidência de Daniel Iliescu.
Resta que o governo torne realidade os burburinhos de que avançará para uma proposta que contemple os professores e técnico-administrativos, favorecendo a carreira, abrindo caminhos para que toda uma nova geração de profissionais permaneça na universidade pública, valorizando o serviço público, sem o que a expansão da universidade pública será manca e incompleta.
Se tais vitórias forem alcançadas, 2012 marcará uma virada para o Brasil em termos de educação, criando condições concretas para sua reforma progressista. É uma luta de mais de 20 anos, anterior ao período em que, já universitário, lutava contra o fechamento dos bandejões e das residências universitárias à mingua quando se cortou a rubrica do orçamento que as mantinham, contra toda uma política que visava a apequenar a universidade pública e abrir amplas oportunidades de negócio para o ensino privado. Mais recentemente, lembro-me dos estudantes da UNE e da UBES em pleno dezembro de 2011, sob chuva e sol, no gramado da Esplanada, ocupando o Congresso, semeando a votação de ontem com uma luta contínua que remonta às gestões anteriores da UNE e da UBES, cujas bandeiras eles souberam manter erguidas. Pergunto-me, onde estavam os sectários àquela época? Com certeza nenhum no acampamento (e não por falta de barracas, mas por opção política).
Não é à toa o desespero que grassa entre as forças sectárias, ultra-esquerdistas, porta-vozes do apocalipse, arautos da divisão do povo, a quinta coluna que destila todo seu fel contra a esquerda... Daí a raiva espumante e os discursos neuróticos ante a realidade que segue imperiosa contra todas as pragas e muxoxos dos trotsquistas e dos anarcopowerrangers! Afinal, se tais acontecimentos positivos se confirmarem, perderão o seu discurso do juízo final da educação brasileira, e o povo se beneficiará enormemente, e a unidade das forças reais do movimento estudantil se fortalecerá. E o pior: eles não apenas não saíram na foto, não estavam no Congresso, mas toda a tática teve papel importante da UNE, da UBES e das forças consequientes do movimento sindical na Educação, buscando acumular forças de todos os lados, inclusive na greve, por uma vitória da educação. Mais fortes são os poderes do povo.
E os estudantes da UNE e da UBES mostraram como se faz a política grande: participam da greve buscando os interesses da maioria, reconhecem o movimento de base e buscam apoiá-lo e politizá-lo, dirigem a luta no sentido de atingir vitórias políticas reais, aproveitando todo o espaço democrático e as contradições no governo e no congresso, e seguem determinados a representar não apenas esta força política ou partido, mas o conjunto do movimento, lutam pelo interesse imediato pensando no interesse futuro dos estudantes e do povo brasileiro. A vitória é possível e segue fundamental somar mais forças, todos a favor da educação brasileira!
Estudantes pressionam e conseguem 10% do PIB para educação - Portal Vermelho
Estudantes pressionam e conseguem 10% do PIB para educação - Portal Vermelho
Alice Portugal fez questão de ressaltar "o show de combatividade e civilidade" que os estudantes da UNE e da Ubes deram na sua luta por mais verbas para a educação. Estudantes de todo o país promoveram uma marcha na Esplanada dos Ministérios e participaram da audiência para pressionar o governo por mais verba para a educação.
“Nós soubemos que havia uma tentativa de adiar essa votação para depois das eleições, então nós entendemos que era fundamental ocupar o plenário para constranger e impedir que isso fosse feito”, explicou o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
Há duas semanas, a comissão aprovou, em caráter conclusivo, o texto-base do relatório, marcando para esta terça-feira a análise dos destaques. O relator Angelo Vinhoni (PT-PR) havia aumentado a alíquota proposta pelo governo em apenas meio ponto percentual, passando de 7,5 para 8%.
A bancada do PCdoB apresentou destaque que fixa o percentual de 10% do PIB para os próximos dez anos. Um acordo feito com o governo garantiu o apoio do relator aos 10%. Pelo texto aprovado, o governo se compromete a investir pelo menos 7% do PIB na área nos primeiros cinco anos de vigência do plano e 10% ao final de dez anos. A proposta segue agora para o Senado.
Hoje, União, estados e municípios aplicam juntos cerca de 5% do PIB na área. Na proposta original do Executivo, a previsão era de investimento de 7% do PIB em educação. O índice foi sendo ampliado gradualmente pelo relator, que chegou a sugerir a aplicação de 8% em seu último relatório.
De Brasília,
Com agências
Estudantes pressionam e conseguem 10% do PIB para educação
A Comissão Especial votou na noite desta terça-feira (26) o percentual de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação, em dez anos, com uma proposta intermediária de 7% nos primeiros cinco anos. A pressão de estudantes e professores, que lotaram o plenário durante toda a tarde/noite acompanhando a votação, garantiram o acordo com o relator, deputado Angelo Vinhoni (PT-PR), que propunha 8% do PIB.
Agência Câmara A deputada Alice Portugal destacou a importância da pressão dos estudantes para a conquista dos 10%.
O índice vinha sendo reivindicado por deputados da oposição e parte da base aliada do governo, além de representantes de entidades da sociedade civil. Para a deputada Alice Portugal (BA), "essa meta de 10% do PIB é quase um grito de independência para um país que se deseja soberano", lembrando que o projeto segue para o Senado e que todos aguardam a sanção da presidenta Dilma Rousseff.Alice Portugal fez questão de ressaltar "o show de combatividade e civilidade" que os estudantes da UNE e da Ubes deram na sua luta por mais verbas para a educação. Estudantes de todo o país promoveram uma marcha na Esplanada dos Ministérios e participaram da audiência para pressionar o governo por mais verba para a educação.
“Nós soubemos que havia uma tentativa de adiar essa votação para depois das eleições, então nós entendemos que era fundamental ocupar o plenário para constranger e impedir que isso fosse feito”, explicou o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
Há duas semanas, a comissão aprovou, em caráter conclusivo, o texto-base do relatório, marcando para esta terça-feira a análise dos destaques. O relator Angelo Vinhoni (PT-PR) havia aumentado a alíquota proposta pelo governo em apenas meio ponto percentual, passando de 7,5 para 8%.
A bancada do PCdoB apresentou destaque que fixa o percentual de 10% do PIB para os próximos dez anos. Um acordo feito com o governo garantiu o apoio do relator aos 10%. Pelo texto aprovado, o governo se compromete a investir pelo menos 7% do PIB na área nos primeiros cinco anos de vigência do plano e 10% ao final de dez anos. A proposta segue agora para o Senado.
Hoje, União, estados e municípios aplicam juntos cerca de 5% do PIB na área. Na proposta original do Executivo, a previsão era de investimento de 7% do PIB em educação. O índice foi sendo ampliado gradualmente pelo relator, que chegou a sugerir a aplicação de 8% em seu último relatório.
De Brasília,
Com agências
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Inácio Arruda:"Vamos enfrentar as eleições com raça e destemor" - Portal Vermelho
Inácio Arruda:"Vamos enfrentar as eleições com raça e destemor" - Portal Vermelho
E a falta de planejamento foi o ponto mais destacado por Inácio Arruda. “A primeira tarefa de qualquer gestor é a de planejar. Sem planejamento não tem norte”, disse. Ainda em sua fala, defendeu uma educação de qualidade. “Precisamos que as crianças aprendam a ler e a contar. Precisamos de uma escola nota 10”. O sistema de saúde pública também foi falado pelo do pré-candidato do PCdoB, que destacou na ocasião, o trabalho feito por João Ananias e Arruda Bastos, ambos do PCdoB, a frente da Secretaria de Saúde do Estado.
Por fim Inácio disse que enxerga grandes oportunidades para Fortaleza e que tem consciência de que a cidade precisa de um impulso maior. E convidou a todos para mais esta batalha política, que será vitoriosa, principalmente com o apoio de todas as lideranças que estão no meio do povo. No final, em meio a muitos aplausos, a palavra de ordem: “O povo quer, ninguém segura, é Inácio na prefeitura”.
Entre os presentes, o presidente municipal do Partido Progressista - PP, Jaime Cavalcanti e o vereador do PP, Casimiro Neto. Eles fizeram questão de reconhecer a capacidade de Inácio para administrar Fortaleza e que estão muita à vontade para apoiá-lo, o que deverá ser confirmado na próxima semana. Presentes também a vereadora Eliana Gomes, o deputado estadual Lula Morais, o deputado federal João Ananias, o presidente Regional do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), o presidente municipal do PCdoB, Luis Carlos Paes, e várias outras lideranças políticas, sindicais e populares.
Certeza da candidatura
Nos últimos dias uma onda de boatos tenta dar força à falsa ideia de que a pré-candidatura de Inácio Arruda não teria consistência e que o PCdoB apoiaria outro candidato. Os boatos circulam pela internet e têm apoio em alguns meios de comunicação e de alguns colunistas. Para os que tentam inviabilizar a candidatura de Inácio em favor de outros, nem mesmo um almoço com mais de 300 líderes políticos e sociais de expressão na cidade é capaz de lhes demover da tentativa de boicote. A maioria dos meios de comunicação ignorou o acontecimento e o único jornal que noticiou arrumou um jeito de dizer que Inácio teria admitido a possibilidade de desistir.
Durante o almoço, o senador do PCdoB afirmou que se orgulhava do apoio que estava recebendo e afirmou que “poucos conhecem tanto Fortaleza e o cotidiano de seu povo como os que estão aqui”. Há uma semana Inácio, cuja história se iniciou e continua ligada ao movimento populares e a amplos segmentos presentes ao evento, declarou ao Vermelho que “os comunistas terão candidatura própria em Fortaleza e está descartada a hipótese de apoiarmos outra candidatura” e ontem ele reafirmou mais uma vez essa certeza, frustrando a expectativa de alguns. Para os que alimentam dúvidas o senador foi enfático, “aguardem a nossa convenção no dia 30 de junho, quando oficializaremos nossa candidatura”.
De Fortaleza,
Emília Augusta e Inácio Carvalho
O senador Inácio Arruda reafirmou sua candidatura perante mais de 300 apoiadores que participaram de um almoço em favor de sua pré-candidatura. Nem mesmo uma forte chuva, que causou grandes transtornos em Fortaleza, desmotivou parlamentares, sindicalistas, empresários, líderes comunitários, estudantes, artistas e representantes de vários outros setores da sociedade a participarem do evento.
Mais de 300 apoiadores participaram de um almoço em favor da pré-candidatura do PCdoB
Inácio reafirmou que será candidato a prefeito e que está preparado para assumir o cargo. “Vamos enfrentar as eleições com raça e destemor”, disse. Inácio reconhece que não será uma campanha fácil, não será uma marcha qualquer. Mas garantiu estar preparado, e mais qualificado para o cargo. “Vamos partir de um movimento forte, com uma proposta ousada, com um planejamento aberto e transparente”.E a falta de planejamento foi o ponto mais destacado por Inácio Arruda. “A primeira tarefa de qualquer gestor é a de planejar. Sem planejamento não tem norte”, disse. Ainda em sua fala, defendeu uma educação de qualidade. “Precisamos que as crianças aprendam a ler e a contar. Precisamos de uma escola nota 10”. O sistema de saúde pública também foi falado pelo do pré-candidato do PCdoB, que destacou na ocasião, o trabalho feito por João Ananias e Arruda Bastos, ambos do PCdoB, a frente da Secretaria de Saúde do Estado.
Por fim Inácio disse que enxerga grandes oportunidades para Fortaleza e que tem consciência de que a cidade precisa de um impulso maior. E convidou a todos para mais esta batalha política, que será vitoriosa, principalmente com o apoio de todas as lideranças que estão no meio do povo. No final, em meio a muitos aplausos, a palavra de ordem: “O povo quer, ninguém segura, é Inácio na prefeitura”.
Entre os presentes, o presidente municipal do Partido Progressista - PP, Jaime Cavalcanti e o vereador do PP, Casimiro Neto. Eles fizeram questão de reconhecer a capacidade de Inácio para administrar Fortaleza e que estão muita à vontade para apoiá-lo, o que deverá ser confirmado na próxima semana. Presentes também a vereadora Eliana Gomes, o deputado estadual Lula Morais, o deputado federal João Ananias, o presidente Regional do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), o presidente municipal do PCdoB, Luis Carlos Paes, e várias outras lideranças políticas, sindicais e populares.
Certeza da candidatura
Nos últimos dias uma onda de boatos tenta dar força à falsa ideia de que a pré-candidatura de Inácio Arruda não teria consistência e que o PCdoB apoiaria outro candidato. Os boatos circulam pela internet e têm apoio em alguns meios de comunicação e de alguns colunistas. Para os que tentam inviabilizar a candidatura de Inácio em favor de outros, nem mesmo um almoço com mais de 300 líderes políticos e sociais de expressão na cidade é capaz de lhes demover da tentativa de boicote. A maioria dos meios de comunicação ignorou o acontecimento e o único jornal que noticiou arrumou um jeito de dizer que Inácio teria admitido a possibilidade de desistir.
Durante o almoço, o senador do PCdoB afirmou que se orgulhava do apoio que estava recebendo e afirmou que “poucos conhecem tanto Fortaleza e o cotidiano de seu povo como os que estão aqui”. Há uma semana Inácio, cuja história se iniciou e continua ligada ao movimento populares e a amplos segmentos presentes ao evento, declarou ao Vermelho que “os comunistas terão candidatura própria em Fortaleza e está descartada a hipótese de apoiarmos outra candidatura” e ontem ele reafirmou mais uma vez essa certeza, frustrando a expectativa de alguns. Para os que alimentam dúvidas o senador foi enfático, “aguardem a nossa convenção no dia 30 de junho, quando oficializaremos nossa candidatura”.
De Fortaleza,
Emília Augusta e Inácio Carvalho
sábado, 23 de junho de 2012
Paraguai: Golpistas ameaçam liberdade de expressão e pressionam TV Pública - Portal Vermelho
Golpistas ameaçam liberdade de expressão e pressionam TV Pública - Portal Vermelho
Na noite desta quinta-feira (22), uma pessoa dizendo-se enviada da presidência do Paraguai, invadiu a sede da TV Pública pedindo informações sobre a grade de programação da emissora e sobre seu funcionamento técnico, como conta o ex-diretor da TV, Marcelo Martinessi, em entrevista, por telefone, Portal Vermelho.
Por Vanessa Silva
A ação ocorreu cerca de uma hora depois de o Senado ter aprovado um processo relâmpago de impeachment contra Fernando Lugo, que foi afastado das atribuições da presidência do país. O vice-presidente, Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico, assumiu o poder.
Leia também:
Em golpe da direita, Senado destitui Lugo no Paraguai
Imperialismo quer debilitar revoluções na América do Sul
Até o golpe branco, como está sendo chamado o processo no país vizinho, o jornalista e cineasta, Marcelo Martinessi, dirigia a TV Pública do Paraguai. Com a queda de Lugo, Martinessi renunciou ao cargo: “não quero trabalhar com as pessoas que tomaram o governo porque não sei como vão atuar”. Ele declarou ainda que esse processo está dando medo.
Ele diz temer pelo processo em curso no país e classificou a ação ocorrida na TV como um “um atentado à liberdade de expressão, sobretudo dos meios públicos, que foi construído pela cidadania”.
Sobre a importância da TV para o país, ele comenta que “o canal foi criado como um canal público, então para nós é muito importante cuidar deste veículo”.
Veja o manifesto dos trabalhadores (em espanhol):
Invasão
“O que aconteceu é que horas após o novo governo ter assumido, essa pessoa se apresentou como supostamente representando Federico Franco, pedindo-nos para entregar a programação e perguntando como se dá o funcionamento da TV Pública. Pedimos a ele alguma credencial, algo que provasse que ele era do governo, mas ele não tinha nada”, conta Martinessi.
O ex-diretor conta que o invasor estava muito interessado em saber sobre o programa Microfone Aberto”, um espaço em que as pessoas podem falar sobre o que quiserem. “Ele perguntou pontualmente do programa Microfone Aberto (...). Eu disse que este programa estava dentro da grade normal. Entregamos a grade a ele, porque é uma informação pública, mas não dissemos nada relativo às questões patrimoniais, administrativas porque é uma questão de segurança”, esclareceu.
“Essa pessoa disse ser o secretário de informação. O secretário de informação do governo de Lugo nunca pisou na TV Pública. Este é um canal público, não é um canal do governo. Isso é um sinal que nos dá muito medo”. Ele pontua ainda que a “TV Pública depende da secretaria de informação e comunicação, mas um decreto do presidente Lugo que deu autonomia à emissora”.
Medo
Em conversa por telefone com o Portal Vermelho, a jornalista Fatima Rodriguez, também da TV Pública, disse que todos os meios de comunicação mostram apenas o lado da polícia e que não há ninguém nas ruas, nas praças “também com essas imagens, quem iria?” questiona, referindo-se ao medo de ações violentas em Assunção.
Na noite desta quinta-feira (22), uma pessoa dizendo-se enviada da presidência do Paraguai, invadiu a sede da TV Pública pedindo informações sobre a grade de programação da emissora e sobre seu funcionamento técnico, como conta o ex-diretor da TV, Marcelo Martinessi, em entrevista, por telefone, Portal Vermelho.
Por Vanessa Silva
A ação ocorreu cerca de uma hora depois de o Senado ter aprovado um processo relâmpago de impeachment contra Fernando Lugo, que foi afastado das atribuições da presidência do país. O vice-presidente, Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico, assumiu o poder.
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Até o golpe branco, como está sendo chamado o processo no país vizinho, o jornalista e cineasta, Marcelo Martinessi, dirigia a TV Pública do Paraguai. Com a queda de Lugo, Martinessi renunciou ao cargo: “não quero trabalhar com as pessoas que tomaram o governo porque não sei como vão atuar”. Ele declarou ainda que esse processo está dando medo.
Ele diz temer pelo processo em curso no país e classificou a ação ocorrida na TV como um “um atentado à liberdade de expressão, sobretudo dos meios públicos, que foi construído pela cidadania”.
Sobre a importância da TV para o país, ele comenta que “o canal foi criado como um canal público, então para nós é muito importante cuidar deste veículo”.
Veja o manifesto dos trabalhadores (em espanhol):
Invasão
“O que aconteceu é que horas após o novo governo ter assumido, essa pessoa se apresentou como supostamente representando Federico Franco, pedindo-nos para entregar a programação e perguntando como se dá o funcionamento da TV Pública. Pedimos a ele alguma credencial, algo que provasse que ele era do governo, mas ele não tinha nada”, conta Martinessi.
O ex-diretor conta que o invasor estava muito interessado em saber sobre o programa Microfone Aberto”, um espaço em que as pessoas podem falar sobre o que quiserem. “Ele perguntou pontualmente do programa Microfone Aberto (...). Eu disse que este programa estava dentro da grade normal. Entregamos a grade a ele, porque é uma informação pública, mas não dissemos nada relativo às questões patrimoniais, administrativas porque é uma questão de segurança”, esclareceu.
“Essa pessoa disse ser o secretário de informação. O secretário de informação do governo de Lugo nunca pisou na TV Pública. Este é um canal público, não é um canal do governo. Isso é um sinal que nos dá muito medo”. Ele pontua ainda que a “TV Pública depende da secretaria de informação e comunicação, mas um decreto do presidente Lugo que deu autonomia à emissora”.
Medo
Em conversa por telefone com o Portal Vermelho, a jornalista Fatima Rodriguez, também da TV Pública, disse que todos os meios de comunicação mostram apenas o lado da polícia e que não há ninguém nas ruas, nas praças “também com essas imagens, quem iria?” questiona, referindo-se ao medo de ações violentas em Assunção.
Em convenção, PCdoB oficializa candidatura de Manuela - Portal Vermelho
Em convenção, PCdoB oficializa candidatura de Manuela - Portal Vermelho
Aos gritos de "agora ninguém segura, é Manuela na prefeitura", a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) foi confirmada como candidata a prefeita de Porto Alegre na manhã deste sábado (23), em convenção na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Com o auditório lotado por militantes da coligação partidária (PCdoB, PSB, PSD, PSC e PHS), a parlamentar subiu ao palco ao lado do governador gaúcho, Tarso Genro (PT)
Manuela recebeu também a força da senadora Ana Amélia Lemos (PP), que não esteve presente pessoalmente, mas mandou seu recado através do deputado Mano Changes (PP). Os dois vão contra o apoio do partido à candidatura do atual prefeito, José Fortunati (PDT).
Manuela fez elogios à administração da presidenta Dilma Rousseff e trouxe um discurso sintonizado com o governo federal, focado na modernização, gestão e erradicação da miséria.
"Obrigada pelo belo gesto de estar conosco, Tarso Genro. Tenho orgulho de ter me tornado amiga de uma mulher corajosa que representa o nosso Estado (referindo-se a Ana Amélia). Estamos conectados com as referências mais modernas de gestão do País e do mundo. Pude trabalhar com Dilma e Lula, nosso País mudou muito", afirmou a comunista.
"O Brasil mostrou que é possível governar com competência, elegeu a primeira mulher presidente, vive um grande momento, mas e a nossa cidade?" - indagou Manuela. A deputada ressaltou que seu adversário na campanha não será Fortunati, mas sim os problemas que a cidade enfrenta. "Meu adversário não é o prefeito de Porto Alegre. São os problemas que o povo vive de maneira intensa no cotidiano. São esses os adversários que queremos vencer. Quero ser prefeita para romper um ciclo em que os governos se revezam e os problemas permancecem", disse ela, saudando os "queridos militantes do PT" presentes.
Manuela acrescentou que a administração da cidade “precisa mais do que amizade com o governador e a presidente, porque isso eu também tenho”. “É preciso a sintonia de projetos, ousadia, coragem e pioneirsmo, menos cargos de confiança políticos e mais especialistas conduzindo a cidade", salientou.
"Que orçamento participativo é este que ameaça as pessoas, arrancando o microfone da mão de quem não é amigo do prefeito? Temos que construir ciclovias, e não propaganda de ciclovias. Não permitirei que o debate seja feito entre quem é mais ou menos experiente, e sim entre quem tem melhores projetos. Quem fecha posto de saúde em feriados não tem moral para me cobrar", alfinetou Manuela.
Fazendo referência a três administradores históricos de Porto Alegre - Loureiro da Silva, Leonel Brizola e Olívio Dutra - Manuela argumentou que é preciso retomar o espírito "corajoso, moderno e inovador" da capital gaúcha. "Temos capacidade técnica e gente para resolver nossos problemas. Nossa cidade tem uma alma marcada por três tatuagens: piorenirismo, capacidade de construir mudanças e inconformidade com injustiças. A capital tem que ser a principal do Estado, a cidade que vibra".
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que ficou " impressionado com a força e a vibração da multidão que tomou conta do auditório da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul". "Nosso partido tem muito orgulho de ter em seus quadros uma liderança jovem, competente e ousada como Manuela", agregou.
Presença do PT e Ana Amélia
O governador Tarso Genro fez um discurso durante a convenção referindo-se à candidatura da deputada Manuela como "excelente". "É importantre que a esquerda tenha candidaturas fortes em todo o País. O nível de avanço em reformas políticas que fizemos na América Latina está chegando no limite, Devemos fortalecer uma grande coalizão que não perca o rumo nacional. A eleição municipal deste ano é uma luta que transcende este momento, porque constitui a formação de frentes populares ágeis", afirmou o governador, demonstrando um possível apoio no segundo turno caso o candidato petista não chegue lá.
"Tenho enorme orgulho de ter no meu governo os partidos que formam a minha espinha dorsal. Manuela é uma mulher brilhante e inteligente", elogiou o governador. Na aberturta da convenção foi exbidio um vídeo contando a trajetória de Manuela na política. Nele, a senadora Ana Amaélia Lemos apareceu como destaque.
"Tenho muito orgulho da nossa amizade. Manuela tem uma maneira sincera e honesta de se manifestar", disse a senadora. Mano Changes corroborou o discurso, dizendo que Ana Amélia não pode estar presente na convenção, mas mandou o seguinte recado: "estaremos de mão dada contigo". O PP, partido de Ana Amélia, oficializou o apoio a Fortunati.
Com informações de Maurício Tonetto, de Porto Alegre, para o Terra
Atualizada às 18h15 par acréscimo de informações
Aos gritos de "agora ninguém segura, é Manuela na prefeitura", a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) foi confirmada como candidata a prefeita de Porto Alegre na manhã deste sábado (23), em convenção na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Com o auditório lotado por militantes da coligação partidária (PCdoB, PSB, PSD, PSC e PHS), a parlamentar subiu ao palco ao lado do governador gaúcho, Tarso Genro (PT)
Manuela recebeu também a força da senadora Ana Amélia Lemos (PP), que não esteve presente pessoalmente, mas mandou seu recado através do deputado Mano Changes (PP). Os dois vão contra o apoio do partido à candidatura do atual prefeito, José Fortunati (PDT).
Manuela fez elogios à administração da presidenta Dilma Rousseff e trouxe um discurso sintonizado com o governo federal, focado na modernização, gestão e erradicação da miséria.
"Obrigada pelo belo gesto de estar conosco, Tarso Genro. Tenho orgulho de ter me tornado amiga de uma mulher corajosa que representa o nosso Estado (referindo-se a Ana Amélia). Estamos conectados com as referências mais modernas de gestão do País e do mundo. Pude trabalhar com Dilma e Lula, nosso País mudou muito", afirmou a comunista.
"O Brasil mostrou que é possível governar com competência, elegeu a primeira mulher presidente, vive um grande momento, mas e a nossa cidade?" - indagou Manuela. A deputada ressaltou que seu adversário na campanha não será Fortunati, mas sim os problemas que a cidade enfrenta. "Meu adversário não é o prefeito de Porto Alegre. São os problemas que o povo vive de maneira intensa no cotidiano. São esses os adversários que queremos vencer. Quero ser prefeita para romper um ciclo em que os governos se revezam e os problemas permancecem", disse ela, saudando os "queridos militantes do PT" presentes.
Manuela acrescentou que a administração da cidade “precisa mais do que amizade com o governador e a presidente, porque isso eu também tenho”. “É preciso a sintonia de projetos, ousadia, coragem e pioneirsmo, menos cargos de confiança políticos e mais especialistas conduzindo a cidade", salientou.
"Que orçamento participativo é este que ameaça as pessoas, arrancando o microfone da mão de quem não é amigo do prefeito? Temos que construir ciclovias, e não propaganda de ciclovias. Não permitirei que o debate seja feito entre quem é mais ou menos experiente, e sim entre quem tem melhores projetos. Quem fecha posto de saúde em feriados não tem moral para me cobrar", alfinetou Manuela.
Fazendo referência a três administradores históricos de Porto Alegre - Loureiro da Silva, Leonel Brizola e Olívio Dutra - Manuela argumentou que é preciso retomar o espírito "corajoso, moderno e inovador" da capital gaúcha. "Temos capacidade técnica e gente para resolver nossos problemas. Nossa cidade tem uma alma marcada por três tatuagens: piorenirismo, capacidade de construir mudanças e inconformidade com injustiças. A capital tem que ser a principal do Estado, a cidade que vibra".
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse que ficou " impressionado com a força e a vibração da multidão que tomou conta do auditório da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul". "Nosso partido tem muito orgulho de ter em seus quadros uma liderança jovem, competente e ousada como Manuela", agregou.
Presença do PT e Ana Amélia
O governador Tarso Genro fez um discurso durante a convenção referindo-se à candidatura da deputada Manuela como "excelente". "É importantre que a esquerda tenha candidaturas fortes em todo o País. O nível de avanço em reformas políticas que fizemos na América Latina está chegando no limite, Devemos fortalecer uma grande coalizão que não perca o rumo nacional. A eleição municipal deste ano é uma luta que transcende este momento, porque constitui a formação de frentes populares ágeis", afirmou o governador, demonstrando um possível apoio no segundo turno caso o candidato petista não chegue lá.
"Tenho enorme orgulho de ter no meu governo os partidos que formam a minha espinha dorsal. Manuela é uma mulher brilhante e inteligente", elogiou o governador. Na aberturta da convenção foi exbidio um vídeo contando a trajetória de Manuela na política. Nele, a senadora Ana Amaélia Lemos apareceu como destaque.
"Tenho muito orgulho da nossa amizade. Manuela tem uma maneira sincera e honesta de se manifestar", disse a senadora. Mano Changes corroborou o discurso, dizendo que Ana Amélia não pode estar presente na convenção, mas mandou o seguinte recado: "estaremos de mão dada contigo". O PP, partido de Ana Amélia, oficializou o apoio a Fortunati.
Com informações de Maurício Tonetto, de Porto Alegre, para o Terra
Atualizada às 18h15 par acréscimo de informações
Azenha: O que os EUA podem ganhar com o golpe no Paraguai - Portal Vermelho - Por Luiz Carlos Azenha
Azenha: O que os EUA podem ganhar com o golpe no Paraguai - Portal Vermelho
A reação de Washington ao golpe “democrático” no Paraguai será, como sempre, ambígua. Descartada a hipótese de que os estadunidenses agiram para fomentar o golpe — o que, em se tratando de América Latina, nunca pode ser descartado –, o Departamento de Estado vai nadar com a corrente, esperando com isso obter favores do atual governo de fato.
Por Luiz Carlos Azenha
Não é pouco o que Washington pode obter: um parceiro dentro do Mercosul, o bloco econômico que se fortaleceu com o enterro da ALCA — a Área de Livre Comércio das Américas, de inspiração neoliberal. O Paraguai é o responsável pelo congelamento do ingresso da Venezuela no Mercosul, ingresso que não interessa a Washington e que interessa ao Brasil, especialmente aos estados brasileiros que têm aprofundado o comércio com os venezuelanos, no Norte e no Nordeste.
Hugo Chávez controla as maiores reservas mundiais de petróleo, maiores inclusive que as da Arábia Saudita. O petróleo pesado da faixa do Orinoco, cuja exploração antes era economicamente inviável, passa a valer a pena com o desenvolvimento de novas tecnologias e a crescente escassez de outras fontes. É uma das maiores reservas remanescentes, capaz de dar sobrevida ao mundo tocado a combustíveis fósseis.
Washington também pode obter condições mais favoráveis para a expansão do agronegócio no Chaco, o grande vazio do Paraguai. Uma das preocupações das empresas que atuam no agronegócio — da Monsanto à Cargill, da Bunge à Basf — é a famosa “segurança jurídica”. Ou seja, elas querem a garantia de que seus investimentos não correm risco. É óbvio que Fernando Lugo, a esquerda e os sem terra do Paraguai oferecem risco a essa associação entre o agronegócio e o capital internacional, num momento em que ela se aprofunda.
Não é por acaso que os ruralistas brasileiros, atuando no Congresso, pretendem facilitar a compra de terra por estrangeiros no Brasil. Numa recente visita ao Pará, testemunhei a estreita relação entre uma ONG estadunidense e os latifundiários locais, com o objetivo de eliminar o passivo ambiental dos proprietários de terras e, presumo, facilitar futura associação com o capital externo.
Finalmente — e não menos importante –, o Paraguai tem uma base militar “dormente” em Mariscal Estigarribia, no Chaco. Estive lá fazendo uma reportagem para a CartaCapital, em 2008. É um imenso aeroporto, construído pelo ditador Alfredo Stroessner, que à moda dos militares brasileiros queria ocupar o vazio geográfico do país. O Chaco paraguaio, para quem não sabe, foi conquistado em guerra contra a Bolívia. Há imensas porções de terra no Chaco prontas para serem incorporadas à produção de commodities.
O aeroporto tem uma gigantesca pista de pouso de concreto, bem no coração da América Latina. Com a desmobilização da base estadunidense em Manta, no Equador, o aeroporto cairia como uma luva como base dos Estados Unidos. Não mais no sentido tradicional de base, com a custosa — política e economicamente custosa — presença de soldados e aviões. Mas como ponto de apoio e reabastecimento para o deslocamento das forças especiais, o que faz parte da nova estratégia do Pentágono. O renascimento da Quarta Frota, responsável pelo Atlântico Sul, veio no mesmo pacote estratégico.
É o neocolonialismo, agora faminto pelo controle direto ou indireto das riquezas do século 21: petróleo, terras, água doce, biodiversidade.
Um Paraguai alinhado a Washington, portanto, traz grandes vantagens potenciais a interesses políticos, econômicos, diplomáticos e militares estadunidenses.
Fonte: O que você não vê na mídia
A reação de Washington ao golpe “democrático” no Paraguai será, como sempre, ambígua. Descartada a hipótese de que os estadunidenses agiram para fomentar o golpe — o que, em se tratando de América Latina, nunca pode ser descartado –, o Departamento de Estado vai nadar com a corrente, esperando com isso obter favores do atual governo de fato.
Por Luiz Carlos Azenha
Não é pouco o que Washington pode obter: um parceiro dentro do Mercosul, o bloco econômico que se fortaleceu com o enterro da ALCA — a Área de Livre Comércio das Américas, de inspiração neoliberal. O Paraguai é o responsável pelo congelamento do ingresso da Venezuela no Mercosul, ingresso que não interessa a Washington e que interessa ao Brasil, especialmente aos estados brasileiros que têm aprofundado o comércio com os venezuelanos, no Norte e no Nordeste.
Hugo Chávez controla as maiores reservas mundiais de petróleo, maiores inclusive que as da Arábia Saudita. O petróleo pesado da faixa do Orinoco, cuja exploração antes era economicamente inviável, passa a valer a pena com o desenvolvimento de novas tecnologias e a crescente escassez de outras fontes. É uma das maiores reservas remanescentes, capaz de dar sobrevida ao mundo tocado a combustíveis fósseis.
Washington também pode obter condições mais favoráveis para a expansão do agronegócio no Chaco, o grande vazio do Paraguai. Uma das preocupações das empresas que atuam no agronegócio — da Monsanto à Cargill, da Bunge à Basf — é a famosa “segurança jurídica”. Ou seja, elas querem a garantia de que seus investimentos não correm risco. É óbvio que Fernando Lugo, a esquerda e os sem terra do Paraguai oferecem risco a essa associação entre o agronegócio e o capital internacional, num momento em que ela se aprofunda.
Não é por acaso que os ruralistas brasileiros, atuando no Congresso, pretendem facilitar a compra de terra por estrangeiros no Brasil. Numa recente visita ao Pará, testemunhei a estreita relação entre uma ONG estadunidense e os latifundiários locais, com o objetivo de eliminar o passivo ambiental dos proprietários de terras e, presumo, facilitar futura associação com o capital externo.
Finalmente — e não menos importante –, o Paraguai tem uma base militar “dormente” em Mariscal Estigarribia, no Chaco. Estive lá fazendo uma reportagem para a CartaCapital, em 2008. É um imenso aeroporto, construído pelo ditador Alfredo Stroessner, que à moda dos militares brasileiros queria ocupar o vazio geográfico do país. O Chaco paraguaio, para quem não sabe, foi conquistado em guerra contra a Bolívia. Há imensas porções de terra no Chaco prontas para serem incorporadas à produção de commodities.
O aeroporto tem uma gigantesca pista de pouso de concreto, bem no coração da América Latina. Com a desmobilização da base estadunidense em Manta, no Equador, o aeroporto cairia como uma luva como base dos Estados Unidos. Não mais no sentido tradicional de base, com a custosa — política e economicamente custosa — presença de soldados e aviões. Mas como ponto de apoio e reabastecimento para o deslocamento das forças especiais, o que faz parte da nova estratégia do Pentágono. O renascimento da Quarta Frota, responsável pelo Atlântico Sul, veio no mesmo pacote estratégico.
É o neocolonialismo, agora faminto pelo controle direto ou indireto das riquezas do século 21: petróleo, terras, água doce, biodiversidade.
Um Paraguai alinhado a Washington, portanto, traz grandes vantagens potenciais a interesses políticos, econômicos, diplomáticos e militares estadunidenses.
Fonte: O que você não vê na mídia
Rússia reafirma apoio à Síria para acabar com violência - Portal Vermelho
Rússia reafirma apoio à Síria para acabar com violência - Portal Vermelho
As conversas mantidas entre o ministro de Exterior e Emigrantes da Síria, Walid Al-Moalem, e o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, foram qualificadas, neste sábado (23), de construtivas e satisfatórias, segundo uma fonte oficial.
Os chanceleres dialogaram ontem na cidade russa de São Petersburgo, onde abordaram aspectos das relações bilaterais e da atual situação na Síria, divulgou a agência síria de notícias SANA.
Lavrov e Al-Moalem concordaram em relação à necessidade de apoiar o plano do enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, e continuar a cooperação entre o governo sírio e a missão dos observadores internacionais.
Também destacaram a necessidade de centrar os esforços em deter a violência em todas suas formas e de qualquer parte que seja.
O titular russo reiterou a firmeza da postura de seu país, que propõe uma solução política da crise, decidida pelo povo sírio e sem nenhuma intervenção exterior, e sublinhou que são os sírios os únicos que têm direito de decidir e eleger seu próprio futuro.
Nas conversas foram abordados também os preparativos para a celebração de uma reunião em Genebra com o objetivo de examinar os meios factíveis de apoiar a implementação do Plano Annan.
Os dois ministros decidiram durante esse encontro que as discussões devem centrar-se no compromisso de todas as partes com o Plano de Annan, em particular, na suspensão do financiamento e armamento dos grupos irregulares.
Esse é o caminho, afirmam que deve propiciar um diálogo nacional dirigido pela Síria, para sair da crise atual, de maneira que preserve a soberania e integridade do país e seu território.
Al-Moalem elogiou a cooperação e coordenação entre as duas nações em tudo o que favorece a seus interesses e consiga a segurança e estabilidade na região.
Com informações da Prensa Latina
As conversas mantidas entre o ministro de Exterior e Emigrantes da Síria, Walid Al-Moalem, e o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, foram qualificadas, neste sábado (23), de construtivas e satisfatórias, segundo uma fonte oficial.
Os chanceleres dialogaram ontem na cidade russa de São Petersburgo, onde abordaram aspectos das relações bilaterais e da atual situação na Síria, divulgou a agência síria de notícias SANA.
Lavrov e Al-Moalem concordaram em relação à necessidade de apoiar o plano do enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, e continuar a cooperação entre o governo sírio e a missão dos observadores internacionais.
Também destacaram a necessidade de centrar os esforços em deter a violência em todas suas formas e de qualquer parte que seja.
O titular russo reiterou a firmeza da postura de seu país, que propõe uma solução política da crise, decidida pelo povo sírio e sem nenhuma intervenção exterior, e sublinhou que são os sírios os únicos que têm direito de decidir e eleger seu próprio futuro.
Nas conversas foram abordados também os preparativos para a celebração de uma reunião em Genebra com o objetivo de examinar os meios factíveis de apoiar a implementação do Plano Annan.
Os dois ministros decidiram durante esse encontro que as discussões devem centrar-se no compromisso de todas as partes com o Plano de Annan, em particular, na suspensão do financiamento e armamento dos grupos irregulares.
Esse é o caminho, afirmam que deve propiciar um diálogo nacional dirigido pela Síria, para sair da crise atual, de maneira que preserve a soberania e integridade do país e seu território.
Al-Moalem elogiou a cooperação e coordenação entre as duas nações em tudo o que favorece a seus interesses e consiga a segurança e estabilidade na região.
Com informações da Prensa Latina
Angola: partidos oficializam candidaturas eleitorais - Portal Vermelho
Angola: partidos oficializam candidaturas eleitorais - Portal Vermelho
Um total de 27 partidos políticos e coalizões formalizaram suas candidaturas perante o Tribunal Constitucional para participar das eleições gerais, previstas para o dia 31 de agosto em Angola.
O diretor de gabinete dos Partidos Políticos do Tribunal Constitucional, Marcy Lopes, assinalou que a partir desse processo o Tribunal tem a responsabilidade de examinar os documentos apresentados por esses agrupamentos.
Segundo fontes comiciais, o processo de exame de expedientes deverá concluir no próximo dia 6 de julho, e um dia depois serão publicadas as listas definitivas dos concorrentes nas eleições.
No próximo pleito eleitoral, do partido mais votado sairão o presidente e vice-presidente da República (líderes de lista). Nesse crucial processo também se elegerão os deputados à Assembleia Nacional.
Para as eleições de agosto deste ano inscreveram-se mais de nove milhões de votantes angolanos.
Fonte: Prensa Latina
Um total de 27 partidos políticos e coalizões formalizaram suas candidaturas perante o Tribunal Constitucional para participar das eleições gerais, previstas para o dia 31 de agosto em Angola.
O diretor de gabinete dos Partidos Políticos do Tribunal Constitucional, Marcy Lopes, assinalou que a partir desse processo o Tribunal tem a responsabilidade de examinar os documentos apresentados por esses agrupamentos.
Segundo fontes comiciais, o processo de exame de expedientes deverá concluir no próximo dia 6 de julho, e um dia depois serão publicadas as listas definitivas dos concorrentes nas eleições.
No próximo pleito eleitoral, do partido mais votado sairão o presidente e vice-presidente da República (líderes de lista). Nesse crucial processo também se elegerão os deputados à Assembleia Nacional.
Para as eleições de agosto deste ano inscreveram-se mais de nove milhões de votantes angolanos.
Fonte: Prensa Latina
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Sydney Gobetti: “Vou morrer com a bandeira do Partido na mão” - PCdoB. O Partido do socialismo.
Sydney Gobetti: “Vou morrer com a bandeira do Partido na mão” - PCdoB. O Partido do socialismo.
Faleceu na noite desta quarta-feira (20), o vereador Sydney Gobetti de Souza (PCdoB), da cidade de Marília, em São Paulo. Gobetti foi vítima de um câncer no intestino, doença que lutava contra há dois anos. A Câmara Municipal decretou luto oficial por três dias.O vereador já estava com a doença avançada, em decorrência de metástase no fígado. Na última quinta-feira (14), ele precisou ser internado devido a complicações no sistema renal, fator que complicou ainda mais seu quadro clínico.
Para tratar na doença, ele já tinha se submetido a duas cirurgias, sendo a primeira em 2011 e o último procedimento esse ano. Há dois meses paralisou o tratamento com quimioterapia e radioterapia.
História
Gobetti começou a militar no Partido Comunista do Brasil ainda na universidade, quando cursava medicina e ingressou no movimento estudantil da Universidade Estadual de Londrina.
Após a sua formação, Gobetti foi morar em Marília e a sua militância só se acentuou. Lutou contra a ditadura e mesmo com a repressão dos tempos de chumbo, não deixou de lutar explicitamente por mais direitos para a população da cidade.
Depois de organizar uma mobilização para a construção de uma ponte que ligava os bairros Vila Coimbra e Vila Jardim, Gobetti foi demitido pelo prefeito da cidade, que gerou outra mobilização maior para que ele fosse readmitido como médico na prefeitura.
A consequência dessa luta foi a sua primeira eleição, sendo o vereador mais votado no pleito de 1982, pela legenda MDB (Movimento Democrático Brasileiro) quando o Partido Comunista do Brasil ainda estava na ilegalidade.
Medicina, uma de suas paixões
Mesmo depois de ser eleito vereador, Sydney não deixou de atuar como médico em nenhum momento, até a confirmação do diagnóstico do câncer. Trabalhou durante toda a sua vida em postos públicos e a maior parte dessa trajetória somente em três: o do Bairro Cascata, Vila Altaneira e Costa e Silva.
O posto médico era sua segunda casa. Gobetti, que trabalhava em dois turnos – de manhã e a noite, sentia prazer no exercício da profissão. Recebia todos os pacientes que tinham consultas marcadas, depois atendia aqueles que não tinham agendado. Conversava com todos os seus pacientes, calmamente, como era sua característica e dava mais uma lição: do amor à vida, independente de quem fosse.
Militância, razão da sua existência
Há alguns dias, Sydney disse a um jovem militante do PCdoB da cidade: - “Já que sei que vou morrer, posso optar como morrer. Quero estar com a bandeira do partido na mão”.
Essa frase dita por Gobetti poucos dias antes de se internar, pode sintetizar mais de três décadas de militância comunista.
Militante dedicado, desde o seu ingresso, nunca parou de militar em nenhum momento da sua vida. Sempre concentrado e sereno, ele fazia todos os esforços para que nenhum filiado deixasse as fileiras do partido.
Quem militava ao seu lado já escutou muitas vezes a frase: - “Todas as pessoas têm mais qualidade que defeitos, e já que é assim, pode contribuir muito com a construção do socialismo”.
Para ele, a luta do socialismo era também ter fé no ser humano. Era também condição e amor a essa nobre causa, mas acima de tudo, uma ciência feita pelos trabalhadores contra a sua opressão.
Na Câmara Municipal
Seus sete mandatos tiveram grande ligação com setores do funcionalismo público, movimentos sociais, trabalhadores e juventude.
Durante os mandatos, Gobetti apresentou 148 Projetos de Leis, dos quais 92 foram aprovados e convertidos em Leis Ordinárias.
Nos últimos meses, protagonizou o movimento que culminou na cassação do prefeito Abelardo Camarinha e atualmente era líder do governo do atual prefeito Ticiano Toffoli.
Sem dúvida, o falecimento de Sydney Gobetti é uma perda imensurável, não só para o Partido Comunista do Brasil, mas para todos aqueles que lutam e crêem em um mundo com justiça social, igualdade e soberania para todos os povos.
Como disse Bertold Brecht, “os homens que lutam todos os dias são imprescindíveis”.
Sydney Gobetti você está presente!
de São Paulo, Ana Flávia Marx
Faleceu na noite desta quarta-feira (20), o vereador Sydney Gobetti de Souza (PCdoB), da cidade de Marília, em São Paulo. Gobetti foi vítima de um câncer no intestino, doença que lutava contra há dois anos. A Câmara Municipal decretou luto oficial por três dias.O vereador já estava com a doença avançada, em decorrência de metástase no fígado. Na última quinta-feira (14), ele precisou ser internado devido a complicações no sistema renal, fator que complicou ainda mais seu quadro clínico.
Para tratar na doença, ele já tinha se submetido a duas cirurgias, sendo a primeira em 2011 e o último procedimento esse ano. Há dois meses paralisou o tratamento com quimioterapia e radioterapia.
História
Gobetti começou a militar no Partido Comunista do Brasil ainda na universidade, quando cursava medicina e ingressou no movimento estudantil da Universidade Estadual de Londrina.
Após a sua formação, Gobetti foi morar em Marília e a sua militância só se acentuou. Lutou contra a ditadura e mesmo com a repressão dos tempos de chumbo, não deixou de lutar explicitamente por mais direitos para a população da cidade.
Depois de organizar uma mobilização para a construção de uma ponte que ligava os bairros Vila Coimbra e Vila Jardim, Gobetti foi demitido pelo prefeito da cidade, que gerou outra mobilização maior para que ele fosse readmitido como médico na prefeitura.
A consequência dessa luta foi a sua primeira eleição, sendo o vereador mais votado no pleito de 1982, pela legenda MDB (Movimento Democrático Brasileiro) quando o Partido Comunista do Brasil ainda estava na ilegalidade.
Medicina, uma de suas paixões
Mesmo depois de ser eleito vereador, Sydney não deixou de atuar como médico em nenhum momento, até a confirmação do diagnóstico do câncer. Trabalhou durante toda a sua vida em postos públicos e a maior parte dessa trajetória somente em três: o do Bairro Cascata, Vila Altaneira e Costa e Silva.
O posto médico era sua segunda casa. Gobetti, que trabalhava em dois turnos – de manhã e a noite, sentia prazer no exercício da profissão. Recebia todos os pacientes que tinham consultas marcadas, depois atendia aqueles que não tinham agendado. Conversava com todos os seus pacientes, calmamente, como era sua característica e dava mais uma lição: do amor à vida, independente de quem fosse.
Militância, razão da sua existência
Há alguns dias, Sydney disse a um jovem militante do PCdoB da cidade: - “Já que sei que vou morrer, posso optar como morrer. Quero estar com a bandeira do partido na mão”.
Essa frase dita por Gobetti poucos dias antes de se internar, pode sintetizar mais de três décadas de militância comunista.
Militante dedicado, desde o seu ingresso, nunca parou de militar em nenhum momento da sua vida. Sempre concentrado e sereno, ele fazia todos os esforços para que nenhum filiado deixasse as fileiras do partido.
Quem militava ao seu lado já escutou muitas vezes a frase: - “Todas as pessoas têm mais qualidade que defeitos, e já que é assim, pode contribuir muito com a construção do socialismo”.
Para ele, a luta do socialismo era também ter fé no ser humano. Era também condição e amor a essa nobre causa, mas acima de tudo, uma ciência feita pelos trabalhadores contra a sua opressão.
Na Câmara Municipal
Seus sete mandatos tiveram grande ligação com setores do funcionalismo público, movimentos sociais, trabalhadores e juventude.
Durante os mandatos, Gobetti apresentou 148 Projetos de Leis, dos quais 92 foram aprovados e convertidos em Leis Ordinárias.
Nos últimos meses, protagonizou o movimento que culminou na cassação do prefeito Abelardo Camarinha e atualmente era líder do governo do atual prefeito Ticiano Toffoli.
Sem dúvida, o falecimento de Sydney Gobetti é uma perda imensurável, não só para o Partido Comunista do Brasil, mas para todos aqueles que lutam e crêem em um mundo com justiça social, igualdade e soberania para todos os povos.
Como disse Bertold Brecht, “os homens que lutam todos os dias são imprescindíveis”.
Sydney Gobetti você está presente!
de São Paulo, Ana Flávia Marx
UNE CONVOCA #MARCHADOSESTUDANTES EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DAS FEDERAIS | UNE - União Nacional dos Estudantes
UNE CONVOCA #MARCHADOSESTUDANTES EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DAS FEDERAIS | UNE - União Nacional dos Estudantes
No dia 26/06, em Brasília, haverá uma ato em defesa do PNE com 10% do PIB e 50% do fundo social e dos royalties do pre-sal pra educação; defesa de melhorias paras as universidades federais e regulamentação do ensino privado
Em defesa de uma educação de qualidade para os brasileiros, a União Nacional dos Estudantes convoca um grande ato para 26 de junho, terça-feira da próxima semana, em Brasília. A concentração do ato está marcada para às 9h, em frente à Biblioteca Nacional.
Os estudantes vão às ruas para defender a aprovação de um Plano Nacional de Educação (PNE), com 10% do PIB e 50% do fundo social e dos royalties do Pré-sal para educação, apoiar e levantar suas bandeiras de luta na greve das federais, além da regulamentação do ensino privado e ampliação do acesso as universidades.
O ato fortalece a agenda de luta do movimento estudantil na greve e é um desdobramento do 60º Coneg da UNE, encontro que reuniu durante os dias 15 a 17 de junho, no Rio de Janeiro, lideranças estudantis de todo o país, entre eles 44 DCE´s de universidades federais.
“Apoiamos a pauta dos professores e servidores, reconhecemos e participamos da mobilização dos estudantes, e consideramos que este deve ser um momento de unidade de todos os segmentos que compõem a universidade, para que possamos caminhar juntos rumo a conquistas para todos e a uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, afirmou o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
GREVE DAS FEDERAIS EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
O mês de maio de 2012 pode ser indiscutivelmente considerado histórico para a educação no Brasil, quando emergiu uma grande mobilização nas universidades federais – tanto pela greve iniciada pelos docentes e o indicativo de greve dos servidores técnico-administrativos, quanto pela participação fundamental dos estudantes nesse movimento.
Desde a deflagração da paralisação nacional por tempo indeterminado, anunciada no dia 17, cinquenta e três das cinquenta e nove instituições federais suspenderam suas atividades, enquanto trinta delas declararam greve estudantil.
Nesse cenário, os estudantes reivindicam a triplicação das verbas destinadas à assistência estudantil – atualmente são investidos apenas R$500 milhões por ano, a contratação de mais professores e servidores técnicos administrativos para cada instituição, a implantação de um plano para conclusão das obras de infraestrutura que estão paradas nas universidades, a paridade nas eleições da reitoria, e a exigência de 10% do PIB e 50% dos royalties do Pré-sal a ser investidos em educação.
PNE: MAIS INVESTIMENTOS PARA A EDUCAÇÃO
O Brasil vive dias decisivos para os rumos da educação do país e para definição do tipo de desenvolvimento que será adotado para a próxima década. No bojo das discussões do novo Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no congresso.
A Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovou, no último dia 13/06, em caráter conclusivo, o texto principal do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR). O relator fixou o índice em 8% do PIB, mas os destaques devem ser analisados no dia 26 de junho. O projeto ainda poderá ser analisado pelo Plenário da Câmara, caso haja recurso contra a decisão da comissão.
O debate em torno do PNE traz a possibilidade de dialogar sobre o projeto de universidade que a juventude quer para o país, e o movimento educacional unificado reafirma que este é momento de ampliação de direitos, e que não aceitará investimentos menores do que 10% do PIB e 50% dos royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.
- MENSALIDADE +QUALIDADE: REGULAMENTAÇÃO DAS PRIVADAS
Em um contexto de fusões e crescimento das instituições privadas de ensino, as entidades estudantis recebem diariamente denúncias graves de universitário em todo o território nacional. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e diversos outros estados, já aconteceram dezenas de atos e ocupações de reitoria este ano contra o aumento abusivo das mensalidades e contra o sucateamento dessas instituições
Da Redação
No dia 26/06, em Brasília, haverá uma ato em defesa do PNE com 10% do PIB e 50% do fundo social e dos royalties do pre-sal pra educação; defesa de melhorias paras as universidades federais e regulamentação do ensino privado
Em defesa de uma educação de qualidade para os brasileiros, a União Nacional dos Estudantes convoca um grande ato para 26 de junho, terça-feira da próxima semana, em Brasília. A concentração do ato está marcada para às 9h, em frente à Biblioteca Nacional.
Os estudantes vão às ruas para defender a aprovação de um Plano Nacional de Educação (PNE), com 10% do PIB e 50% do fundo social e dos royalties do Pré-sal para educação, apoiar e levantar suas bandeiras de luta na greve das federais, além da regulamentação do ensino privado e ampliação do acesso as universidades.
O ato fortalece a agenda de luta do movimento estudantil na greve e é um desdobramento do 60º Coneg da UNE, encontro que reuniu durante os dias 15 a 17 de junho, no Rio de Janeiro, lideranças estudantis de todo o país, entre eles 44 DCE´s de universidades federais.
“Apoiamos a pauta dos professores e servidores, reconhecemos e participamos da mobilização dos estudantes, e consideramos que este deve ser um momento de unidade de todos os segmentos que compõem a universidade, para que possamos caminhar juntos rumo a conquistas para todos e a uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, afirmou o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
GREVE DAS FEDERAIS EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
O mês de maio de 2012 pode ser indiscutivelmente considerado histórico para a educação no Brasil, quando emergiu uma grande mobilização nas universidades federais – tanto pela greve iniciada pelos docentes e o indicativo de greve dos servidores técnico-administrativos, quanto pela participação fundamental dos estudantes nesse movimento.
Desde a deflagração da paralisação nacional por tempo indeterminado, anunciada no dia 17, cinquenta e três das cinquenta e nove instituições federais suspenderam suas atividades, enquanto trinta delas declararam greve estudantil.
Nesse cenário, os estudantes reivindicam a triplicação das verbas destinadas à assistência estudantil – atualmente são investidos apenas R$500 milhões por ano, a contratação de mais professores e servidores técnicos administrativos para cada instituição, a implantação de um plano para conclusão das obras de infraestrutura que estão paradas nas universidades, a paridade nas eleições da reitoria, e a exigência de 10% do PIB e 50% dos royalties do Pré-sal a ser investidos em educação.
PNE: MAIS INVESTIMENTOS PARA A EDUCAÇÃO
O Brasil vive dias decisivos para os rumos da educação do país e para definição do tipo de desenvolvimento que será adotado para a próxima década. No bojo das discussões do novo Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no congresso.
A Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovou, no último dia 13/06, em caráter conclusivo, o texto principal do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR). O relator fixou o índice em 8% do PIB, mas os destaques devem ser analisados no dia 26 de junho. O projeto ainda poderá ser analisado pelo Plenário da Câmara, caso haja recurso contra a decisão da comissão.
O debate em torno do PNE traz a possibilidade de dialogar sobre o projeto de universidade que a juventude quer para o país, e o movimento educacional unificado reafirma que este é momento de ampliação de direitos, e que não aceitará investimentos menores do que 10% do PIB e 50% dos royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.
- MENSALIDADE +QUALIDADE: REGULAMENTAÇÃO DAS PRIVADAS
Em um contexto de fusões e crescimento das instituições privadas de ensino, as entidades estudantis recebem diariamente denúncias graves de universitário em todo o território nacional. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e diversos outros estados, já aconteceram dezenas de atos e ocupações de reitoria este ano contra o aumento abusivo das mensalidades e contra o sucateamento dessas instituições
Da Redação
Com Lugo e contra o Golpe de Estado no Paraguai!
La ministra de Salud paraguaya, Esperanza Martínez, acompañó aAl menos dos mil 500 personas amanecieron en la Plaza de Armas frente al Congreso para manifestar en contra del juicio político contra el presidente Lugo, quien ha calificado el proceso judicial como "un golpe de Estado express"
quinta-feira, 21 de junho de 2012
CES promove curso de formação de líderes sindicais em julho
CES promove curso de formação de líderes sindicais em julho
O Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) realizará entre 16 e 20 de julho, no Hotel Santa Mônica, em Guarulhos (SP), o Curso Nacional de Formação de Lideranças Sindicais.
O referido curso destina-se a companheiros e companheiras que desejam aperfeiçoar as noções que já possuem no sindicalismo, quer no que se refere ao contexto em que o movimento sindical está inserido, quer no que se refere a determinados aspectos da gestão sindical. O público alvo são os dirigentes sindicais, assessores, funcionários das entidades e militantes sindicais, com o teto de 50 participantes.
Os temas possuem profundidade política, estratégica e se referem às aulas de:
a) Método Dialético e Análise da Realidade;
b) Conjuntura Política Nacional e Internacional;
c) Movimento Sindical no Brasil: história, estrutura, modelos de organização, custeio das entidades sindicais e princípios classistas;
d) Políticas sobre a questão da Terra, trabalhadores e trabalhadoras rurais;
e) Papel do Estado e os trabalhadores e trabalhadoras do serviço público;
f) A importância do Planejamento Estratégico Situacional;
g) A integração latino-americana.
Para tanto, o curso tem um custo e os companheiros e companheiras interessados podem se inscrever e adquirir maiores informações por meio do contato telefônico do CES: (11) 3101-5120 - com Silvio Silva.
O Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) realizará entre 16 e 20 de julho, no Hotel Santa Mônica, em Guarulhos (SP), o Curso Nacional de Formação de Lideranças Sindicais.
O referido curso destina-se a companheiros e companheiras que desejam aperfeiçoar as noções que já possuem no sindicalismo, quer no que se refere ao contexto em que o movimento sindical está inserido, quer no que se refere a determinados aspectos da gestão sindical. O público alvo são os dirigentes sindicais, assessores, funcionários das entidades e militantes sindicais, com o teto de 50 participantes.
Os temas possuem profundidade política, estratégica e se referem às aulas de:
a) Método Dialético e Análise da Realidade;
b) Conjuntura Política Nacional e Internacional;
c) Movimento Sindical no Brasil: história, estrutura, modelos de organização, custeio das entidades sindicais e princípios classistas;
d) Políticas sobre a questão da Terra, trabalhadores e trabalhadoras rurais;
e) Papel do Estado e os trabalhadores e trabalhadoras do serviço público;
f) A importância do Planejamento Estratégico Situacional;
g) A integração latino-americana.
Para tanto, o curso tem um custo e os companheiros e companheiras interessados podem se inscrever e adquirir maiores informações por meio do contato telefônico do CES: (11) 3101-5120 - com Silvio Silva.
Governo brasileiro considera que impeachment é golpe de Estado - Portal Vermelho
Governo brasileiro considera que impeachment é golpe de Estado - Portal Vermelho
A presidenta Dilma Rousseff informou, por meio de sua assessoria, que acompanha com “apreensão” a situação política no Paraguai. Presidentes dos países da Unasul (formada por Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela) fazem uma reunião de emergência na tarde desta quinta-feira (21) durante a Rio+20 para discutir a situação política no país.
AFP
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, faz pronunciamento nesta quinta-feira (21) no palácio do governo, em Assunção, sobre o processo de impeachment
Até o momento, o governo brasileiro soube da votação de um “impeachment” do presidente Fernando Lugo pela Câmara do país. A votação pelo Senado deve ocorrer nesta quinta-feira (21) à tarde.
Leia também:
Países da Unasul enviam ministros a Assunção para apoiar Lugo
Ampla mobilização no Paraguai para defender permanência de Lugo
Felício: Após massacre, Lugo pode ter mesmo destino de Zelaya
O sentimento dentro do governo brasileiro, embora ainda ninguém do entorno da presidente fale em público, é que o “impeachment” de Lugo teria o efeito de um golpe de Estado – pela rapidez e forma com que está sendo conduzido. O Brasil deverá reagir condenando tal desfecho.
Unasul
O anúncio da reunião da Unasul foi feito pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que também preside o grupo diplomático. Confirmaram presença, além do próprio Santos, os presidentes do Brasil (Dilma Rousseff), da Bolívia (Evo Morales) e do Equador (Rafael Correa).
"Defendemos os princípios democráticos e esta posição para nós é fixa, concreta e inegociável. É a posição que levaremos a qualquer reunião sobre qualquer situação: defenderemos as democracias, as vontades dos povos soberanos", afirmou Santos antes da reunião.
Não renuncio
Lugo afirmou, nesta quinta-feira (21), em cadeia nacional que se submeterá ao julgamento político, mas que a vontade pública está sendo alvo de um ataque “de setores que sempre se opuseram à mudança”.
O policiamento na capital foi reforçado. No centro de Assunção, as lojas foram fechadas e o policiamento reforçado por temor de confrontos entre apoiadores de Lugo e opositores.
O paraguaio teria ligado para presidentes do bloco e confirmado que não tem intenção de renunciar.
O Golpe
A pressão política sobre Lugo cresceu nas últimas horas com a aprovação pela Câmara dos Deputados de um processo de impeachment sob o argumento de responsabilidade no confronto entre policiais e camponeses que deixou 17 mortos na última sexta-feira (15). O confronto provocou a morte de 11 trabalhadores e 6 agentes policiais.
Na semana que vem (dias 28 e 29) está programada uma reunião dos países integrantes do Mercosul em Mendoza, na Argentina. Por causa dessa ameaça de instabilidade institucional no Paraguai, a presidente Dilma cogita a possibilidade de antecipar o encontro.
Da Redação do Vermelho,
Com informações de agências
A presidenta Dilma Rousseff informou, por meio de sua assessoria, que acompanha com “apreensão” a situação política no Paraguai. Presidentes dos países da Unasul (formada por Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela) fazem uma reunião de emergência na tarde desta quinta-feira (21) durante a Rio+20 para discutir a situação política no país.
AFP
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, faz pronunciamento nesta quinta-feira (21) no palácio do governo, em Assunção, sobre o processo de impeachment
Até o momento, o governo brasileiro soube da votação de um “impeachment” do presidente Fernando Lugo pela Câmara do país. A votação pelo Senado deve ocorrer nesta quinta-feira (21) à tarde.
Leia também:
Países da Unasul enviam ministros a Assunção para apoiar Lugo
Ampla mobilização no Paraguai para defender permanência de Lugo
Felício: Após massacre, Lugo pode ter mesmo destino de Zelaya
O sentimento dentro do governo brasileiro, embora ainda ninguém do entorno da presidente fale em público, é que o “impeachment” de Lugo teria o efeito de um golpe de Estado – pela rapidez e forma com que está sendo conduzido. O Brasil deverá reagir condenando tal desfecho.
Unasul
O anúncio da reunião da Unasul foi feito pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que também preside o grupo diplomático. Confirmaram presença, além do próprio Santos, os presidentes do Brasil (Dilma Rousseff), da Bolívia (Evo Morales) e do Equador (Rafael Correa).
"Defendemos os princípios democráticos e esta posição para nós é fixa, concreta e inegociável. É a posição que levaremos a qualquer reunião sobre qualquer situação: defenderemos as democracias, as vontades dos povos soberanos", afirmou Santos antes da reunião.
Não renuncio
Lugo afirmou, nesta quinta-feira (21), em cadeia nacional que se submeterá ao julgamento político, mas que a vontade pública está sendo alvo de um ataque “de setores que sempre se opuseram à mudança”.
O policiamento na capital foi reforçado. No centro de Assunção, as lojas foram fechadas e o policiamento reforçado por temor de confrontos entre apoiadores de Lugo e opositores.
O paraguaio teria ligado para presidentes do bloco e confirmado que não tem intenção de renunciar.
O Golpe
A pressão política sobre Lugo cresceu nas últimas horas com a aprovação pela Câmara dos Deputados de um processo de impeachment sob o argumento de responsabilidade no confronto entre policiais e camponeses que deixou 17 mortos na última sexta-feira (15). O confronto provocou a morte de 11 trabalhadores e 6 agentes policiais.
Na semana que vem (dias 28 e 29) está programada uma reunião dos países integrantes do Mercosul em Mendoza, na Argentina. Por causa dessa ameaça de instabilidade institucional no Paraguai, a presidente Dilma cogita a possibilidade de antecipar o encontro.
Da Redação do Vermelho,
Com informações de agências
Em greve, para disputar seu rumo e valorizar o servidor público - Igor Pereira e Paulo Vinícius Silva
Em greve, para disputar seu rumo e valorizar o servidor público
Vivemos um momento bastante rico e complexo no sindicalismo do serviço público federal, que não pode ser entendido com posições simplistas. Reduzir a greve dos docentes a um “decreto” da direção do ANDES não contribui para a correta interpretação da insatisfação dos docentes e técnicos das Universidades, bem como do conjunto do funcionalismo federal. Não foi o ANDES que inventou o Fórum de Servidores Públicos Federais, composto por mais de 30 entidades do Serviço Público, que protagonizou no dia 05 de junho um ato expressivo que reuniu aproximadamente 15 mil servidores em Brasília lutando por campanha salarial.
A FASUBRA, entidade representativa de 180 mil trabalhadores das universidades brasileiras, está em greve desde 11/06 e o SINASEFE, que representa os trabalhadores federais da educação tecnológica, desde 13/06, somando-se à greve dos professores, em curso desde 17/05. Além disso, a CONDSEF, representativa dos servidores dos Ministérios, tem indicativo de greve para 18 de junho, e a FENAJUFE, dos trabalhadores do Judiciário e Ministério Público, tem indicativo para o dia 21 de junho. De todas essas entidades, somente o SINASEFE é filiado à CSP/CONLUTAS, sendo a FASUBRA não-filiada a nenhuma central, e a CONDSEF e a FENAJUFE filiadas à CUT. Assim, mais que uma teoria da conspiração, precisamos perceber o sentimento dos servidores e entender sua pauta.
Concepções distintas do enfrentamento à crise e razões do funcionalismo
A justeza da campanha salarial dos servidores já foi assinalada pelo presidente da CTB, Wagner Gomes, em artigo publicado no dia 25 de maio. Os técnico-administrativos das Universidades, categoria mais desvalorizada do funcionalismo federal, não tem reajuste há dois anos, e não há nenhuma perspectiva em vista, já que não está garantida a data-base no serviço público. A negociação com o Ministério do Planejamento não avança, pois o governo argumenta não ter dinheiro e viver uma situação ainda mais complicada em função do aumento da crise econômica.
Esse argumento é contestado pelos trabalhadores como uma falácia que encobre uma política econômica conservadora que, segundo avaliação da CTB, elevou a meta de superávit fiscal e cortou dezenas de bilhões em gastos públicos para tanto.
A política salarial do funcionalismo federal foi grandemente distorcida em especial a partir do governo Fernando Henrique, que privilegiou a chamada “elite” do funcionalismo, deixando para trás as carreiras que prestam serviços diretos a população, notadamente na área da educação e da saúde. Essa distorção não foi corrigida pelo governo Lula, apesar de ter promovido uma política de reajustes associada a uma importante reposição de vagas via concurso público.
A decorrência dessa disparidade é que a criação de milhares de novas vagas nas áreas da educação, notadamente nas Universidades com o REUNI, tem sido acompanhada por um índice considerável de rotatividade nos cargos, pois quem ingressa na educação procura muitas vezes cargos mais atraentes no Judiciário e no Legislativo.
Foram realizadas nesse ano oito reuniões na mesa de negociação geral entre governo e o fórum de entidades do serviço público federal, e até agora infelizmente não há por parte do governo disposição para definir uma data base, uma política salarial para o conjunto do funcionalismo, bem como regulamentar a negociação coletiva para os trabalhadores do serviço público.
A reunião do representante do Planejamento Sérgio Mendonça com o Fórum de SPFs realizada no dia primeiro de junho trouxe um elemento novo e preocupante para a mesa de negociação, o agravamento da crise econômica mundial, que ameaça o crescimento dos países emergentes, dentre eles o Brasil. Outro dado apresentado pelo governo foi a aprovação no Senado de mais de 70 mil novas vagas de concurso público em nível federal. Ou seja, o governo deu o seguinte recado: “Em tempos de crise, nossa palavra de ordem é cautela e nós vamos priorizar os concursos públicos em detrimento do aumento salarial”.
Ainda que avaliemos muito positivamente a criação dos referidos cargos, contrapomos-nos à tese que os exclusiviza, negando a possibilidade do aumento e de outras reivindicações. O debate está enviezado, pois atender as reivindicações da greve é também enfrentar a crise econômica, através do fortalecimento do Estado, do investimento em educação e da valorização salarial em tempos de aumento da crise econômica. Foram as medidas de cortes orçamentários, aumento da SELIC e manutenção do câmbio supervalorizado que contribuíram para o cenário de crise se aproximar do Brasil. Já a valorização do salário mínimo, do funcionalismo e da educação abrem caminhos para com o mercado interno enfrentar a crise.
A disputa da greve pelo sindicalismo classista se faz na greve
É evidente que isto deve ser defendido enquanto projeto pelo sindicalismo classista, disputando as opiniões da greve, em que frequentemente posições elitistas e conservadoras se disfarçam sob a retórica ultra-esquerdista. Exemplos disso são expressões como “greve para derrotar governo”, sem reconhecer avanços importantes que o Brasil vive, já que reconhecer os avanços não nos impedem de fazer a justa crítica, e é isso que é autonomia. Outra posição similar é a que rejeita a expansão das universidades e IFETs, demoniza o REUNI e o responsabiliza pela greve dos professores e funcionários. Nada é mais ilustrativo de como o corporativismo e o elitismo se ocultam com uma fala incendiária que só oculta com sua fumaça a resistência de abrir as universidades ao povo.
Em vez disso, nós defendemos a expansão, sua qualidade, e a sustentabilidade de seu financiamento, com os 10% do PIB para a Educação e os 50% do fundo social do Pré-sal para a C&T, projeto do Senador Inácio Arruda.
Nosso papel ante as forças inconsequentes que possuem influência no serviço público federal, em vez de ignorar e negar, deve ser ouvir com atenção a insatisfação legítima das categorias para disputar os rumos do movimento. Não podemos admitir que o aparelhismo oposicionista utilize um movimento legítimo como massa de manobra na sua fúria, nem muito menos ter posição acrítica como sindicalistas, num adesismo governista vergonhoso. É preciso mostrar um caminho conseqüente para o movimento. E isso só se pode fazer na luta.
Cabe ao sindicalismo classista atuar no movimento grevista erguendo bem alto a bandeira da valorização do trabalhador do serviço público. Esta bandeira está em consonância com o projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalhador assinado pelas seis centrais, a Agenda da Classe Trabalhadora. Este projeto une, e pode motivar os servidores públicos, em sua maioria, estão cansados do sindicalismo panfletário que não deseja resolver os problemas da categoria, pois basta-lhe desgastar o governo federal. Este cansaço é um dos principais motivos da baixa adesão às greves.
Só na greve podemos contribuir com legitimidade para a reflexão sobe esse instrumento no serviço público. Como bem assinalou Nivaldo Santana, a greve de quem presta serviços à população tem dificuldade de se legitimar em longos períodos, com a tendência de que o apoio da população caia com o passar do tempo e os prejuízos decorrentes, por exemplo aos estudantes. Ainda assim, a UNE publicou nota de apoio à greve nas Universidades e a insere sua luta pela Reforma Universitária no contexto da greve.
A luta por maiores avanços na educação
A greve associada de docentes e funcionários acompanhada por greves estudantis é um elemento novo, mas extremamente frágil se não se vincula a bandeiras políticas mais amplas. Nossa atuação no movimento pode ser parte de uma luta maior que é impulsionar uma educação de qualidade que seja parte do novo projeto nacional de desenvolvimento. É no cenário da grande política que se abrem possibilidades de vitória para o povo e se evidenciam as limitações políticas do ultra-esquerdismo.
Os comunistas que atuam na FASUBRA, PROIFES e mesmo no ANDES, assim como em outras categorias do serviço público federal devem procurar harmonizar sua intervenção tanto quanto possível, valorizando o diálogo e a construção coletivas. Não há soluções fáceis, mas o desafio legítimo de crescer no sindicalismo do serviço público. Não podemos deixar à mercê da inconsequência esquerdista os jovens que ingressam em massa no serviço público em tempos de expansão das Universidades. A face do serviço público federal se torna mais jovem, o que avança ainda mais com de mais de 70 mil novas vagas no serviço público. Já nas categorias e na adesão à greve essa garra dos mais novos se expressa.
Somar forças
Precisamos somar forças e ampliar nossa influência num espaço importante da luta de idéias como a Universidade, criando sinergia para nossa força no movimento estudantil ampliar seus laços e projetar profissionais no movimento sindical de técnicos e docentes. Nossa omissão só abre espaço valioso para o esquerdismo, cuja ação hegemonista desgasta importantes instrumentos de luta da classe trabalhadora.
Temos atuação real na FASUBRA, no PROIFES e no ANDES, sem contar a UNE e a ANPG. Como interferimos no processo? Negando que ele existe ou procurando disputá-lo? A solução concreta para o impasse não passa pelo simples desejo de que as coisas mudem. Precisamos contribuir para que se reúnam elementos objetivos capazes de promover a mudança. A greve é real, crescente e ampla. Tem elementos novos e interessantes, se comparada ao movimento paredista do ano passado. A palavra de ordem dos classistas deve ser disputar os rumos da greve procurando transformá-la num instrumento efetivo de luta pela valorização do trabalhador do serviço público como resposta a crise econômica. Os trabalhadores não podem pagar pela crise.
Igor Pereira é geógrafo, servidor da URGS e suplente da Direção Nacional da Fasubra.
Paulo Vinícius Silva, Sociólogo e bancário é Secretário Nacional de Juventude da CTB.
A FASUBRA, entidade representativa de 180 mil trabalhadores das universidades brasileiras, está em greve desde 11/06 e o SINASEFE, que representa os trabalhadores federais da educação tecnológica, desde 13/06, somando-se à greve dos professores, em curso desde 17/05. Além disso, a CONDSEF, representativa dos servidores dos Ministérios, tem indicativo de greve para 18 de junho, e a FENAJUFE, dos trabalhadores do Judiciário e Ministério Público, tem indicativo para o dia 21 de junho. De todas essas entidades, somente o SINASEFE é filiado à CSP/CONLUTAS, sendo a FASUBRA não-filiada a nenhuma central, e a CONDSEF e a FENAJUFE filiadas à CUT. Assim, mais que uma teoria da conspiração, precisamos perceber o sentimento dos servidores e entender sua pauta.
Concepções distintas do enfrentamento à crise e razões do funcionalismo
A justeza da campanha salarial dos servidores já foi assinalada pelo presidente da CTB, Wagner Gomes, em artigo publicado no dia 25 de maio. Os técnico-administrativos das Universidades, categoria mais desvalorizada do funcionalismo federal, não tem reajuste há dois anos, e não há nenhuma perspectiva em vista, já que não está garantida a data-base no serviço público. A negociação com o Ministério do Planejamento não avança, pois o governo argumenta não ter dinheiro e viver uma situação ainda mais complicada em função do aumento da crise econômica.
Esse argumento é contestado pelos trabalhadores como uma falácia que encobre uma política econômica conservadora que, segundo avaliação da CTB, elevou a meta de superávit fiscal e cortou dezenas de bilhões em gastos públicos para tanto.
A política salarial do funcionalismo federal foi grandemente distorcida em especial a partir do governo Fernando Henrique, que privilegiou a chamada “elite” do funcionalismo, deixando para trás as carreiras que prestam serviços diretos a população, notadamente na área da educação e da saúde. Essa distorção não foi corrigida pelo governo Lula, apesar de ter promovido uma política de reajustes associada a uma importante reposição de vagas via concurso público.
A decorrência dessa disparidade é que a criação de milhares de novas vagas nas áreas da educação, notadamente nas Universidades com o REUNI, tem sido acompanhada por um índice considerável de rotatividade nos cargos, pois quem ingressa na educação procura muitas vezes cargos mais atraentes no Judiciário e no Legislativo.
Foram realizadas nesse ano oito reuniões na mesa de negociação geral entre governo e o fórum de entidades do serviço público federal, e até agora infelizmente não há por parte do governo disposição para definir uma data base, uma política salarial para o conjunto do funcionalismo, bem como regulamentar a negociação coletiva para os trabalhadores do serviço público.
A reunião do representante do Planejamento Sérgio Mendonça com o Fórum de SPFs realizada no dia primeiro de junho trouxe um elemento novo e preocupante para a mesa de negociação, o agravamento da crise econômica mundial, que ameaça o crescimento dos países emergentes, dentre eles o Brasil. Outro dado apresentado pelo governo foi a aprovação no Senado de mais de 70 mil novas vagas de concurso público em nível federal. Ou seja, o governo deu o seguinte recado: “Em tempos de crise, nossa palavra de ordem é cautela e nós vamos priorizar os concursos públicos em detrimento do aumento salarial”.
Ainda que avaliemos muito positivamente a criação dos referidos cargos, contrapomos-nos à tese que os exclusiviza, negando a possibilidade do aumento e de outras reivindicações. O debate está enviezado, pois atender as reivindicações da greve é também enfrentar a crise econômica, através do fortalecimento do Estado, do investimento em educação e da valorização salarial em tempos de aumento da crise econômica. Foram as medidas de cortes orçamentários, aumento da SELIC e manutenção do câmbio supervalorizado que contribuíram para o cenário de crise se aproximar do Brasil. Já a valorização do salário mínimo, do funcionalismo e da educação abrem caminhos para com o mercado interno enfrentar a crise.
A disputa da greve pelo sindicalismo classista se faz na greve
É evidente que isto deve ser defendido enquanto projeto pelo sindicalismo classista, disputando as opiniões da greve, em que frequentemente posições elitistas e conservadoras se disfarçam sob a retórica ultra-esquerdista. Exemplos disso são expressões como “greve para derrotar governo”, sem reconhecer avanços importantes que o Brasil vive, já que reconhecer os avanços não nos impedem de fazer a justa crítica, e é isso que é autonomia. Outra posição similar é a que rejeita a expansão das universidades e IFETs, demoniza o REUNI e o responsabiliza pela greve dos professores e funcionários. Nada é mais ilustrativo de como o corporativismo e o elitismo se ocultam com uma fala incendiária que só oculta com sua fumaça a resistência de abrir as universidades ao povo.
Em vez disso, nós defendemos a expansão, sua qualidade, e a sustentabilidade de seu financiamento, com os 10% do PIB para a Educação e os 50% do fundo social do Pré-sal para a C&T, projeto do Senador Inácio Arruda.
Nosso papel ante as forças inconsequentes que possuem influência no serviço público federal, em vez de ignorar e negar, deve ser ouvir com atenção a insatisfação legítima das categorias para disputar os rumos do movimento. Não podemos admitir que o aparelhismo oposicionista utilize um movimento legítimo como massa de manobra na sua fúria, nem muito menos ter posição acrítica como sindicalistas, num adesismo governista vergonhoso. É preciso mostrar um caminho conseqüente para o movimento. E isso só se pode fazer na luta.
Cabe ao sindicalismo classista atuar no movimento grevista erguendo bem alto a bandeira da valorização do trabalhador do serviço público. Esta bandeira está em consonância com o projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalhador assinado pelas seis centrais, a Agenda da Classe Trabalhadora. Este projeto une, e pode motivar os servidores públicos, em sua maioria, estão cansados do sindicalismo panfletário que não deseja resolver os problemas da categoria, pois basta-lhe desgastar o governo federal. Este cansaço é um dos principais motivos da baixa adesão às greves.
Só na greve podemos contribuir com legitimidade para a reflexão sobe esse instrumento no serviço público. Como bem assinalou Nivaldo Santana, a greve de quem presta serviços à população tem dificuldade de se legitimar em longos períodos, com a tendência de que o apoio da população caia com o passar do tempo e os prejuízos decorrentes, por exemplo aos estudantes. Ainda assim, a UNE publicou nota de apoio à greve nas Universidades e a insere sua luta pela Reforma Universitária no contexto da greve.
A luta por maiores avanços na educação
A greve associada de docentes e funcionários acompanhada por greves estudantis é um elemento novo, mas extremamente frágil se não se vincula a bandeiras políticas mais amplas. Nossa atuação no movimento pode ser parte de uma luta maior que é impulsionar uma educação de qualidade que seja parte do novo projeto nacional de desenvolvimento. É no cenário da grande política que se abrem possibilidades de vitória para o povo e se evidenciam as limitações políticas do ultra-esquerdismo.
Os comunistas que atuam na FASUBRA, PROIFES e mesmo no ANDES, assim como em outras categorias do serviço público federal devem procurar harmonizar sua intervenção tanto quanto possível, valorizando o diálogo e a construção coletivas. Não há soluções fáceis, mas o desafio legítimo de crescer no sindicalismo do serviço público. Não podemos deixar à mercê da inconsequência esquerdista os jovens que ingressam em massa no serviço público em tempos de expansão das Universidades. A face do serviço público federal se torna mais jovem, o que avança ainda mais com de mais de 70 mil novas vagas no serviço público. Já nas categorias e na adesão à greve essa garra dos mais novos se expressa.
Somar forças
Precisamos somar forças e ampliar nossa influência num espaço importante da luta de idéias como a Universidade, criando sinergia para nossa força no movimento estudantil ampliar seus laços e projetar profissionais no movimento sindical de técnicos e docentes. Nossa omissão só abre espaço valioso para o esquerdismo, cuja ação hegemonista desgasta importantes instrumentos de luta da classe trabalhadora.
Temos atuação real na FASUBRA, no PROIFES e no ANDES, sem contar a UNE e a ANPG. Como interferimos no processo? Negando que ele existe ou procurando disputá-lo? A solução concreta para o impasse não passa pelo simples desejo de que as coisas mudem. Precisamos contribuir para que se reúnam elementos objetivos capazes de promover a mudança. A greve é real, crescente e ampla. Tem elementos novos e interessantes, se comparada ao movimento paredista do ano passado. A palavra de ordem dos classistas deve ser disputar os rumos da greve procurando transformá-la num instrumento efetivo de luta pela valorização do trabalhador do serviço público como resposta a crise econômica. Os trabalhadores não podem pagar pela crise.
Igor Pereira é geógrafo, servidor da URGS e suplente da Direção Nacional da Fasubra.
Paulo Vinícius Silva, Sociólogo e bancário é Secretário Nacional de Juventude da CTB.
Direita tenta dar golpe no Paraguai - Altamiro Borges - Portal CTB
Direita tenta dar golpe no Paraguai
A Câmara dos Deputados do Paraguai, controlada pela oposição de direita, aprovou na manhã desta quinta-feira (21) a abertura de processo de impeachment contra o presidente Fernando Lugo. O motivo alegado é o confronto ocorrido em Curuguaty, a 350 km de Assunção, que resultou na morte de onze camponeses e seis policiais. A proposta golpista agora será votada no Senado.
O clima no país vizinho, vítima de longos anos da ditadura militar de Alfredo Stroessner, é de forte tensão. Organizações camponesas e de esquerda agendaram para hoje protestos em Assunção contra o golpe. O comércio e as escolas na capital, segundo as agências de notícias, estão fechados e a polícia já ocupou o centro da capital. A direita também acionou os partidários do impeachment. Há risco de choques violentos.
Dilma e Unasul apreensivas
Diante do grave perigo de retrocesso na região, a União das Nações Sul-americanas (Unasul) convocou uma reunião emergencial no Rio de Janeiro, onde se encontram vários presidentes em função da Rio+20. A presidente Dilma Rousseff também já manifestou a sua “apreensão” com a situação do Paraguai. Em Brasília há consenso de que se trata de uma tentativa de golpe de estado.
A própria direita paraguaia não esconde o seu intento golpista. O conflito agrário é apenas um pretexto. Há muito que os partidos conservadores, controlados por saudosas da ditadura e poderosos ruralistas, sabotam o governo. Numa tentativa de conciliação, Fernando Lugo até cedeu em várias propostas de mudanças, o que só atiçou a direita e gerou frustração no campo popular.
Apesar das dificuldades, o presidente garante que não cederá. Em nota oficial, Lugo afirmou que não apresentará a sua renúncia e que aguarda a manifestação da sociedade, que o elegeu democraticamente. Ele garantiu que vai “honrar a vontade das urnas” para evitar que “mais uma vez na história da República um fato político tire privilégio e soberania da suprema decisão do povo”.
Ruralistas violentos e golpistas
A elite paraguaia é uma das mais reacionárias da América Latina. Durante décadas, ela comandou o país, que tem 6,3 milhões de habitantes e um PIB cem vezes menor que o brasileiro. No cruel reinado de Alfredo Stroessner (1954-1989), ela acumulou ainda mais riquezas. Terras públicas foram doadas aos latifundiários, incluindo o ex-senador Blás Riquelme, do Partido Colorado, grileiro da área onde ocorrem os conflitos sangrentos da semana passada.
Atualmente, 2% dos proprietários controlam 78% das terras agricultáveis no país. Com a exploração do gado e da soja, inclusive por empresários brasileiros, o Paraguai teve um forte crescimento econômico. Em 2010, ele registrou uma alta de 15,4%. Mas a concentração nas mãos dos ruralistas só agravou os problemas sociais no Paraguai, com milhares de famílias de sem terra.
Paraíso do estado mínimo neoliberal
Como explica o jornalista César Felício, do jornal Valor, “o Paraguai é o paraíso do Estado mínimo” neoliberal. As elites não pagam impostos – a carga tributária atual é de 13% sobre o PIB, a mais baixa da América do Sul, e o imposto de renda da pessoa jurídica só foi criado em 2004. O Estado só é máximo para os ricaços, com todos seus privilégios. Os pobres vegetam na miséria.
Segundo estudo da Cepal divulgado no ano passado, 69% dos lares paraguaios não contam atualmente com nenhum mecanismo de proteção social, nem mesmo da previdência. É o mais alto percentual entre os 13 países pesquisados, que não inclui o Brasil. Um terço da população está abaixo da linha de pobreza.
Tentativa de castrar a mudança
Fernando Lugo, um ex-bispo católico seguidor da Teologia da Libertação, foi eleito presidente em 2008 como expressão do desejo de mudança deste sofrido povo – no rastro da guinada à esquerda na América Latina. Ele não possuía forte estrutura partidária e nem contava com um sólido movimento social, vitima dos cruéis anos da ditadura. Minoritário no Congresso Nacional, Lugo não conseguiu aprovar sequer um projeto social similar ao Bolsa Família, o “Tekoporá”, que beneficiaria apenas 83 mil famílias carentes.
O seu governo também patinou na promessa de promover uma limitada reforma agrária no país, que previa inclusive o pagamento de indenizações aos grileiros. “Os conflitos rurais, que caíram entre 2008 e 2010, voltaram a crescer no ano passado. Sem ter o que oferecer aos movimentos organizados, Lugo não os atende e não os reprime”, relata César Felício. O sangrento confronto em Curuguaty foi fruto desta situação tão complexa e contraditória e agora serve de pretexto para uma nova tentativa de golpe das elites.
Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
A Câmara dos Deputados do Paraguai, controlada pela oposição de direita, aprovou na manhã desta quinta-feira (21) a abertura de processo de impeachment contra o presidente Fernando Lugo. O motivo alegado é o confronto ocorrido em Curuguaty, a 350 km de Assunção, que resultou na morte de onze camponeses e seis policiais. A proposta golpista agora será votada no Senado.
O clima no país vizinho, vítima de longos anos da ditadura militar de Alfredo Stroessner, é de forte tensão. Organizações camponesas e de esquerda agendaram para hoje protestos em Assunção contra o golpe. O comércio e as escolas na capital, segundo as agências de notícias, estão fechados e a polícia já ocupou o centro da capital. A direita também acionou os partidários do impeachment. Há risco de choques violentos.
Dilma e Unasul apreensivas
Diante do grave perigo de retrocesso na região, a União das Nações Sul-americanas (Unasul) convocou uma reunião emergencial no Rio de Janeiro, onde se encontram vários presidentes em função da Rio+20. A presidente Dilma Rousseff também já manifestou a sua “apreensão” com a situação do Paraguai. Em Brasília há consenso de que se trata de uma tentativa de golpe de estado.
A própria direita paraguaia não esconde o seu intento golpista. O conflito agrário é apenas um pretexto. Há muito que os partidos conservadores, controlados por saudosas da ditadura e poderosos ruralistas, sabotam o governo. Numa tentativa de conciliação, Fernando Lugo até cedeu em várias propostas de mudanças, o que só atiçou a direita e gerou frustração no campo popular.
Apesar das dificuldades, o presidente garante que não cederá. Em nota oficial, Lugo afirmou que não apresentará a sua renúncia e que aguarda a manifestação da sociedade, que o elegeu democraticamente. Ele garantiu que vai “honrar a vontade das urnas” para evitar que “mais uma vez na história da República um fato político tire privilégio e soberania da suprema decisão do povo”.
Ruralistas violentos e golpistas
A elite paraguaia é uma das mais reacionárias da América Latina. Durante décadas, ela comandou o país, que tem 6,3 milhões de habitantes e um PIB cem vezes menor que o brasileiro. No cruel reinado de Alfredo Stroessner (1954-1989), ela acumulou ainda mais riquezas. Terras públicas foram doadas aos latifundiários, incluindo o ex-senador Blás Riquelme, do Partido Colorado, grileiro da área onde ocorrem os conflitos sangrentos da semana passada.
Atualmente, 2% dos proprietários controlam 78% das terras agricultáveis no país. Com a exploração do gado e da soja, inclusive por empresários brasileiros, o Paraguai teve um forte crescimento econômico. Em 2010, ele registrou uma alta de 15,4%. Mas a concentração nas mãos dos ruralistas só agravou os problemas sociais no Paraguai, com milhares de famílias de sem terra.
Paraíso do estado mínimo neoliberal
Como explica o jornalista César Felício, do jornal Valor, “o Paraguai é o paraíso do Estado mínimo” neoliberal. As elites não pagam impostos – a carga tributária atual é de 13% sobre o PIB, a mais baixa da América do Sul, e o imposto de renda da pessoa jurídica só foi criado em 2004. O Estado só é máximo para os ricaços, com todos seus privilégios. Os pobres vegetam na miséria.
Segundo estudo da Cepal divulgado no ano passado, 69% dos lares paraguaios não contam atualmente com nenhum mecanismo de proteção social, nem mesmo da previdência. É o mais alto percentual entre os 13 países pesquisados, que não inclui o Brasil. Um terço da população está abaixo da linha de pobreza.
Tentativa de castrar a mudança
Fernando Lugo, um ex-bispo católico seguidor da Teologia da Libertação, foi eleito presidente em 2008 como expressão do desejo de mudança deste sofrido povo – no rastro da guinada à esquerda na América Latina. Ele não possuía forte estrutura partidária e nem contava com um sólido movimento social, vitima dos cruéis anos da ditadura. Minoritário no Congresso Nacional, Lugo não conseguiu aprovar sequer um projeto social similar ao Bolsa Família, o “Tekoporá”, que beneficiaria apenas 83 mil famílias carentes.
O seu governo também patinou na promessa de promover uma limitada reforma agrária no país, que previa inclusive o pagamento de indenizações aos grileiros. “Os conflitos rurais, que caíram entre 2008 e 2010, voltaram a crescer no ano passado. Sem ter o que oferecer aos movimentos organizados, Lugo não os atende e não os reprime”, relata César Felício. O sangrento confronto em Curuguaty foi fruto desta situação tão complexa e contraditória e agora serve de pretexto para uma nova tentativa de golpe das elites.
Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Documentos vazados por WikiLeaks expõem "revoluções à americana" - Portal Vermelho
Documentos vazados por WikiLeaks expõem "revoluções à americana" - Portal Vermelho
Documentos vazados pelo WikiLeaks mostram como age uma organização que treina oposicionistas pelo mundo afora – do Egito à Venezuela.
No canto superior do documento, um punho cerrado estampa a marca da organização. No corpo do texto lê-se: “Há uma tendência presidencialista forte na Venezuela. Como podemos mudar isso? Como podemos trabalhar isso?”.
Mais abaixo, o leitor encontra as seguintes frases: “Economia: o petróleo é da Venezuela, não do governo. É o seu dinheiro, é o seu direito… A mensagem precisa ser adaptada para os jovens, não só para estudantes universitários… E as mães, o que querem? Controle da lei, a polícia agindo sob autoridades locais. Nós iremos prover os recursos necessários para isso”.
O texto não está em espanhol nem foi escrito por algum membro da oposição venezuelana; escrito em inglês, foi produzido por um grupo de jovens baseados em outro lado do mundo – na Sérvia.
O documento “Análise da situação na Venezuela, Janeiro de 2010”, produzido pela organização Canvas, cuja sede fica em Belgrado, está entre os documentos da empresa de inteligência Stratfor vazados pelo WikiLeaks.
O último vazamento do WikiLeaks – ao qual a Pública teve acesso – mostra que o fundador desta organização se correspondia sempre com os analistas da Stratfor, empresa que mistura jornalismo, análise política e métodos de espionagem para vender “análise de inteligência” a clientes que incluem corporações como a Lockheed Martin, Raytheon, Coca-Cola e Dow Chemical – para quem monitorava as atividades de ambientalistas que se opunham a elas – além da Marinha americana.
O Canvas (sigla em inglês para “centro para conflito e estratégias não-violentas”) foi fundado por dois líderes estudantis da Sérvia, que participaram da bem-sucedida revolta que derrubou o ditador Slobodan Milosevic¹ em 2000. Durante dois anos, os estudantes organizaram protestos criativos, marchas e atos que acabaram desestabilizando o regime. Depois, juntaram o cabedal de conhecimento em manuais e começaram a dar aulas a grupos oposicionistas de diversos países sobre como se organizar para derrotar o governo. Foi assim que chegaram à Venezuela, onde começaram a treinar líderes da oposição em 2005. Em seu programa de TV, Hugo Chávez acusou o grupo de golpista e de estar a serviço dos Estados Unidos. “É o chamado golpe suave”, disse.
Os novos documentos analisados pela Pública mostram que se Chávez não estava totalmente certo – mas também não estava totalmente errado.
O começo, na Sérvia
“Foram dez anos de organização estudantil durante os anos 90”, diz Ivan Marovic, um dos estudantes que participaram dos protestos contra Milosevic. “No final, o apoio do exterior finalmente veio. Seria bobo eu negar isso. Eles tiveram um papel importante na etapa final. Sim, os Estados Unidos deram dinheiro, mas todo mundo deu dinheiro: alemães, franceses, espanhóis, italianos. Todos estavam colaborando porque ninguém mais apoiava o Milosevic”, disse ele em entrevista à Pública.
“Dependendo do país, eles doavam de um determinado jeito. Os americanos têm um ‘braço’ formado por ONGs muito ativo no apoio a certos grupos, outros países como a Espanha não têm e nos apoiavam através do ministério do exterior”. Entre as ONGs citadas por Marovic estão o National Endowment for Democracy (NED), uma organização financiada pelo congresso americano, a Freedom House e o International Republican Institute, ligado ao partido republicano – ambos contam polpudos financiamentos da USAID, a agência de desenvolvimento americana que capitaneou movimentos golpistas na América Latina nos anos 60, inclusive no Brasil.
Todas essas ONGs são velhas conhecidas dos governos latinoamericanos, incluindo os mais recentes.
Foi o IRI, por exemplo, que ministrou “cursos de treinamento político” para 600 líderes da oposição haitiana na República Dominicana durante os anos de 2002 e 2003. O golpe contra Jean-Baptiste Aristide, presidente democraticamente eleito, aconteceu em 2004. Investigado pelo Congresso dos Estados Unidos, o IRI foi acusado de estar por trás de duas organizações que conspiraram para derrubar Aristide. Na Venezuela, o NED enviou US$ 877 mil para grupos de oposição nos meses anteriores ao golpe de Estado fracassado em 2002, segundo revelou o New York Times.
Na Bolívia, segundo documentos do governo americano obtidos pelo jornalista Jeremy Bigwood, parceiro da Pública, a USAID manteve um “Escritório para Iniciativas de Transição”, que investiu US$ 97 milhões em projetos de “descentralização” e “autonomias regionais” desde 2002, fortalecendo os governos estaduais que se opõem a Evo Morales.
Procurado pela Pública, o líder do Canvas, Srdja Popovic, diz que a organização não recebe fundos governamentais de nenhum país e que seu maior financiador é o empresário sérvio Slobodan Djinovic, que também foi líder estudantil.
Porém, um PowerPoint de apresentação da organização, vazado pelo WikiLeaks, aponta como parceiros do Canvas o IRI e a Freedom House, que recebem vultosas quantias da USAID.
Para o pesquisador Mark Weisbrot, do instituto Center for Economic and Policy Research, de Washington, organizações como a IRI e Freedom House “não estão promovendo a democracia”. “Na maior parte do tempo, estão promovendo exatamente o oposto. Geralmente promovem as políticas americanas em outros países, e isto significa oposição a governos de esquerda, por exemplo, ou a governos dos quais os Estados Unidos não gostam”.
Fase dois: da Bolívia ao Egito
Vista através do mesmo PowerPoint de apresentação, a atuação do Canvas impressiona. Entre 2002 e 2009, realizou 106 workshops, alcançando 1800 participantes de 59 países. Nem todos são desafetos americanos – o Canvas treinou ativistas por exemplo na Espanha, no Marrocos e no Azerbaijão – mas a lista inclui muitos deles: Cuba, Venezuela, Bolívia, Zimbabue, Bielorrussia, Coreia do Norte, Siria e Irã.
Segundo o próprio Canvas, sua atuação foi importante em todas as chamadas “revoluções coloridas” que se espalharam por ex-países da União Soviética nos anos 2000.
O documento aponta como “casos bem sucedidos” a transferência de conhecimento para o movimento Kmara em 2003 na Geórgia, grupo que lançou a Revolução Rosas e derrubou o presidente; uma ajudinha para a Revolução Laranja, em 2004, na Ucrânia; treinamento de grupos que fizeram a Revolução dos Cedros em 2005, no Líbano; diversos projetos com ONGs no Zimbabue e a coalizão de oposição a Robert Mugabe; treinamento de ativistas do Vietnã, Tibete e Burma, além de projetos na Síria e no Iraque com “grupos pró-democracia”. E, na Bolívia, “preparação das eleições de 2009 com grupos de Santa Cruz” – conhecidos como o mais ferrenho grupo de adversários de Evo Morales.
Até 2009, o principal manual do grupo, “Luta não violenta – 50 pontos cruciais” já havia sido traduzido para 5 línguas, incluindo o árabe e o farsi.
Um das ações do Canvas que ganhou maior visibilidade foi o treinamento de uma liderança do movimento 6 de Abril, considerado o embrião da primavera egípcia. O movimento começou a ser organizado pelo Facebook para protestar em solidariedade a trabalhadores têxteis da cidade de Mahalla al Kubra, no Delta do Nilo. Foi a primeira vez que a rede social foi usada para este fim no Egito. Em meados de 2009, Mohammed Adel, um dos líderes do 6 de Abril viajou até Belgrado para ser treinado por Popovic.
Nos emails aos analistas da Stratfor, Popovic se gaba de manter relações com os líderes daquele movimento, em especial com Mohammed Adel – que se tornou uma das principais fontes de informação a respeito do levante no Egito em 2011. Na comunicação interna da Stratfor, ele é mencionado sob o codinome RS501.
“Acabamos de falar com alguns dos nossos amigos no Egito e descobrimos algumas coisas”, informa eleno dia 27 de janeiro de 2011. “Amanhã a irmadade muçulmana irá levar sua força às ruas, então pode ser ainda mais dramático… Nós obtivemos informações melhores sobre estes grupos e como eles têm se organizado nos últimos dias, mas ainda estamos tentando mapeá-los”.
Documentos da Stratfor
Os documentos vazados pelo WikiLeaks mostram que o Canvas age de maneira menos independente do que deseja aparentar. Em pelo menos duas ocasiões, Srdja Popovic contou por email ter participado de reuniões no National Securiy Council, o conselho de segurança do governo americano.
A primeira reunião mencionada aconteceu no dia 18 de dezembro de 2009 e o tema em pauta era Russia e a Geórgia. Na época, integrava o NSC o “grande amigo” de Popovic – nas suas próprias palavras – o conselheiro sênior de Obama para a Rússia, Michael McFaul, que hoje é embaixador americano naquele país.
No mesmo encontro, segundo Popovic relatou mais tarde, tratou-se do financiamento de oposicionistas no Irã através de grupos pró-democracia, tema de especial interesse para ele. “A política para o Irã é feita no NSC por Dennis Ross. Há uma função crescent sobre o Irã no Departamento de Estado sob o Secretário Assistente John Limbert. As verbas para programas pró-democracia no Irã aumentaram de US$ 1,5 milhão em 2004 para US$ 60 milhões em 2008 (…) Depois de 12 de junho de 2009, o NSC decidiu neutralizar os efeitos dos programas existentes, que começaram com Bush. Aparentemente a lógica era que os EUA não queriam ser vistos tentando interferir na política interna do Irã. Os EUA não querem dar ao regime iraniano uma desculpa para rejeitar as negociações sobre o programa nuclear”, reclama o sérvio, para quem o governo Obama estaria agindo como “um elefante numa loja de louça” com a nova política. “Como resultado, o Iran Human Rights Documentation Center, Freedom House, IFES e IRI tiveram seus pedidos de recursos rejeitados”, descreve em um email no início de janeiro de 2010.
A outra reunião de Popovic no NSC teria ocorrido às 17 horas do dia 27 de julho de 2011, conforme Popovic relatou à analista Reva Bhalla.
“Esses caras são impressionantes”, comentou, em um email entusiasmado, o analista da Stratfor para o leste europeu, Marko Papic. “Eles abrem usa lojinha em um país e tentam derrubar o governo. Quando bem usados são uma arma mais poderosa que um batalhão de combate da força aérea”.
Marko explica aos seus colegas da Stratfor que o Canvas – nas suas palavras, um grupo tipo “exporte-uma-revolução” – “ainda depende do financiamento dos EUA e basicamente roda o mundo tentando derrubar ditadores e governos autocráticos (aqueles de quem os Estados Unidos não gostam)”. O primeiro contato com o líder do grupo, que se tornaria sua fonte contumaz, se deu em 2007. “Desde então eles têm passado inteligência sobre a Venezuela, a Georgia, a Sérvia, etc”.
Em todos os emails, Popovic demonstra grande interesse em trocar informações com a Strtafor, a quem chama de “CIA de Austin”. Para isso, vale-se dos seus contatos entre ativistas em diferentes países. Além de manter relação com uma empresa do mesmo filão idológico, se estabelece uma proveitosa troca de informações. Por exemplo, em maio de 2008 Marko diz a ele que soube que a inteligência chinesa estaria considerando atacar a organização pelo seu trabalho com ativistas tibetanos. “Isso já era esperado”, responde Srdja. Em 23 de maio de 2011, ele pede informações sobre a autonomia regional dos curdos no Iraque.
Venezuela
Um dos temas mais frequentes na conversa com analistas da Stratfor é a Venezuela; Srdja ajuda os analistas a entenderem o que a oposição está pensando. Toda a comunicação, escreve Marko Papic, é feita por um email seguro e criptografado. Além disso, em 2010, o líder do Canvas foi até a sede da Stratfor em Austin para dar um briefing sobre a situação venezuelana.
“Este ano vamos definitivamente aumentar nossas atividades na Venezuela”, explica o sérvio no email de apresentação da sua “Análise da situação na Venezuela”, em 12 de janeiro de 2010. Para as eleições de setembro daquele ano, relata que “estamos em contato próximo com ativistas e pessoas que estão tentando ajudá-los”, pedindo que o analista não espalhe ou publique esta informação. O documento, enviado por email, seria a “fundação da nossa análise do que planejamos fazer na Venezuela”. No dia seguinte, ele reitera em outro email: “Para explicar o plano de ação que enviamos, é um guia de como fazer uma revolução, obviamente”.
O documento, ao qual a Pública teve acesso, foi escrito no início de 2010 pelo “departamento analítico” da organização e relata, além dos pilares de suporte de Chávez, listando as principais instituições e organizações que servem de respaldo ao governo (entre elas, os militares, polícia, judiciário, setores nacionalizados da economia, professores e o conselho eleitoral), os principais líderes com potencial para formarem uma coalizão eficiente e seus “aliados potenciais” (entre eles, estudantes, a imprensa independente e internacional, sindicatos, a federação venezuelana de professores, o Rotary Club e a igreja católica).
A indicação do Canvas parece, no final, bem acertada. Entre os principais líderes da oposição que teriam capacidade de unificá-la estão Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda e candidato de oposição nas eleições presidenciais de outubro pela coalizão Mesa de Unidade Democrática, além do prefeito do distrito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, e do ex-prefeito do município de Chacao, Leopoldo Lopez Mendoza. Dois líderes estudantis, Alexandra Belandria, do grupo Cambio, e Yon Goicochea, do Movimiento Estudiantil Venezolano, também são listados.
O objetivo da estratégia, relata o documento, é “fornecer a base para um planejamento mais detalhado potencialmente realizado por atores interessados e pelo Canvas”. Esse plano “mais detalhado” seria desenvolvido posteriormente com “partes interessadas”.
Em outro email Popovic explica:“Quando alguém pede a nossa ajuda, como é o caso da Venezuela, nós normalmente perguntamos ‘como você faria?’ (…) Neste caso nós temos três campanhas: unificação da oposição, campanha para a eleição de setembro (…). Em circunstâncias NORMAIS, os ativistas vêm até nós e trabalham exatamente neste tipo de formato em um workshop. Nós apenas os guiamos, e por isso o plano acaba sendo tão eficiente, pois são os ativistas que os criam, é totalmente deles, ou seja, é autêntico. Nós apenas fornecemos as ferramentas”.
Mas, com a Venezuela, a coisa foi diferente, explica Popovic: “No caso da Venezuela, por causa do completo desastre que o lugar está, por causa da suspeita entre grupos de oposição e da desorganização, nós tivemos que fazer esta análise inicial. Se eles irão realizar os próximos passos depende deles, ou seja, se eles vão entender que por causa da falta de UNIDADE eles podem perder a corrida eleitoral antes mesmo que ela comece”.
Aqueles que receberam a análise (como o pessoal da Strartfor, por exemplo) aprenderam que segunda a lógica do Canvas os principais temas a serem explorados em uma campanha de oposição na Venezuela são:
- Crime e falta de segurança: “A situação deteriorou tremendamente e dramaticamente desde 2006. Motivo para mudança”
- Educação: “O governo está tomando conta do sistema educacional: os professores precisam ser atiçados. Eles vão ter que perder seus empregos ou se submeter! Eles precisam ser encorajados e haverá um risco. Nós temos que convencê-los de que os temos como alta esfera da sociedade; eles detêm uma responsabilidade que valorizamos muito. Os professores vão motivar os estudantes. Quem irá influenciá-los? Como nós vamos tocá-los?”
- Jovens: “A mensagem precisa ser dirigida para os jovens em geral, não só para os estudantes universitários”.
-Economia: “O petróleo é da Venezuela, não do governo, é o seu dinheiro, é o seu direito! Programas de bem-estar social”.
- Mulheres: “O que as mães querem? Controle da lei, a polícia agindo sob as autoridades locais. Nós iremos prover os recursos necessários para isso. Nós não queremos mais brutamontes”.
- Transporte: “Trabalhadores precisam conseguir chegar aos seus empregos. É o seu dinheiro. Nós precisamos exigir que o governo preste contas, e da maneira que está não conseguimos fazer isso”.
- Governo: “Redistribuição da riqueza, todos devem ter uma oportunidade”.
- “Há uma forte tendência presidencialista na Venezuela. Como podemos mudar isso? Como podemos trabalhar com isso?”
No final do email, Popovic termina com uma crítica grosseira aos venezuelanos que procura articular: “Aliás, a cultura de segurança na Venezuela não existe. Eles são retardados e falam mais que a própria bunda. É uma piada completa”.
Procurado pela Pública, o líder do Canvas negou que a organização elabore análises e planos de ação revolucionária sob encomenda. E foi bem menos entusiasta com relação ao seu “guia” elaborado para a Venezuela.
“Nós ensinamos as pessoas a analisarem e entenderem conflitos não-violentos – e durante o processo de aprendizagem pedimos a estudantes e participantes que utilizem as ferramentas que apresentam no curso. E nós também aprendemos com eles! Depois usamos o trabalho que eles realizaram e combinamos com informações públicas para criar estudos de caso”, afirmou. “E isso é transformado em análises mais longas por dois estagiários. Usamos estas análises nas nossas pesquisas e compartilhamos com estudantes, ativistas, pesquisadores, professores, organizações e jornalistas com os quais cooperamos – que estão interessados em entender o fenômeno do poder popular”.
Questionado, Popovic também respondeu às criticas feitas por Hugo Chávez no seu programa de TV: “É uma fórmula bem conhecida… Por décadas os regimes autoritários de todo o mundo fazem acusações do tipo ‘revoluções exportadas’ como sendo a principal causa dos levantes em seus países. O movimento pró-democracia na Sérvia foi, claro, acusado de ser uma ‘ferramenta dos EUA’ pela TV estatal e por Milosevic, antes dos estudantes derrubarem o seu regime. Isso também aconteceu no Zimbabue, Bielorrusia, Irã…”
O ex-colega de movimento estudantil, Ivan Marovic – que ainda hoje dá palestras sobre como aconteceu a revolta contra Milosevic – concorda com ele: “É impossível exportar uma revolução. Eu sempre digo em minhas palestras que a coisa mais importante para uma mudança social bem-sucedida é ter a maioria da população ao seu lado. Se o presidente tem a maioria da população ao lado dele, nada vai acontecer”.
Marovic avalia, no entanto, que houve uma mudança de percepção do “braço de ONGs” dos governos ocidentais, em especial dos Estados Unidos, depois da revolução na Sérvia em 2000 e as “revoluções coloridas” que se seguiram no leste europeu. “Um mês depois de derrubarmos o Milosevic, o New York Times publicou um artigo dizendo que quem realmente derrubou o Milosevic foi a assistência financeira americana. Eles estão aumentando o seu papel. E agora acreditam que a grana dos Estados Unidos pode derrubar um governo. Eles tentaram a mesma coisa na Bielorrusia, deram um monte de dinheiro para ONGs, e não funcionou”.
O pesquisador Mark Weisbrot concorda, em termos. É claro que nenhum grupo estrangeiro, ainda mais um grupo pequeno, pode causar uma revolução em um país. Para ele, não é o dinheiro do governo americano – seja através de ONGs pagas pelo National Security Council, pela USAID ou pelo Departamento de Estado – que faz a diferença. “A elite venezuelana, por exemplo, não precisa deste dinheiro. O que estes grupos financiados pelos EUA, antigamente e hoje, agregam são duas coisas: uma é habilidade e o conhecimento necessário em subverter regimes. E a segunda coisa é que esse apoio tem um papel unificador. A oposição pode estar dividida e eles ajudam a oposição a se unificar”. Para ele, muitas vezes o patrocínio americano tem uma “influência perniciosa” em movimentos legítimos. “Sempre tem pessoas grupos lutando pela democracia nestes países, com uma variedade de demandas, reforma agrária, proteções sociais, empregos… E o que acontece é que eles capitaneiam todo o movimento com muito dinheiro, inspirado pelas políticas que interessam aos EUA. Muitas vezes, os grupos democráticos que recebem o dinheiro acabam caindo em descrédito”.
Clique aqui para ver todos os documentos no site do WikiLeaks.
¹ Nota da Redação: O Portal Vermelho não se identifica com o conceito “ditador” aplicado ao ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic.
Documentos vazados pelo WikiLeaks mostram como age uma organização que treina oposicionistas pelo mundo afora – do Egito à Venezuela.
Por Natália Viana, em Pública
No canto superior do documento, um punho cerrado estampa a marca da organização. No corpo do texto lê-se: “Há uma tendência presidencialista forte na Venezuela. Como podemos mudar isso? Como podemos trabalhar isso?”.
Mais abaixo, o leitor encontra as seguintes frases: “Economia: o petróleo é da Venezuela, não do governo. É o seu dinheiro, é o seu direito… A mensagem precisa ser adaptada para os jovens, não só para estudantes universitários… E as mães, o que querem? Controle da lei, a polícia agindo sob autoridades locais. Nós iremos prover os recursos necessários para isso”.
O texto não está em espanhol nem foi escrito por algum membro da oposição venezuelana; escrito em inglês, foi produzido por um grupo de jovens baseados em outro lado do mundo – na Sérvia.
O documento “Análise da situação na Venezuela, Janeiro de 2010”, produzido pela organização Canvas, cuja sede fica em Belgrado, está entre os documentos da empresa de inteligência Stratfor vazados pelo WikiLeaks.
O último vazamento do WikiLeaks – ao qual a Pública teve acesso – mostra que o fundador desta organização se correspondia sempre com os analistas da Stratfor, empresa que mistura jornalismo, análise política e métodos de espionagem para vender “análise de inteligência” a clientes que incluem corporações como a Lockheed Martin, Raytheon, Coca-Cola e Dow Chemical – para quem monitorava as atividades de ambientalistas que se opunham a elas – além da Marinha americana.
O Canvas (sigla em inglês para “centro para conflito e estratégias não-violentas”) foi fundado por dois líderes estudantis da Sérvia, que participaram da bem-sucedida revolta que derrubou o ditador Slobodan Milosevic¹ em 2000. Durante dois anos, os estudantes organizaram protestos criativos, marchas e atos que acabaram desestabilizando o regime. Depois, juntaram o cabedal de conhecimento em manuais e começaram a dar aulas a grupos oposicionistas de diversos países sobre como se organizar para derrotar o governo. Foi assim que chegaram à Venezuela, onde começaram a treinar líderes da oposição em 2005. Em seu programa de TV, Hugo Chávez acusou o grupo de golpista e de estar a serviço dos Estados Unidos. “É o chamado golpe suave”, disse.
Os novos documentos analisados pela Pública mostram que se Chávez não estava totalmente certo – mas também não estava totalmente errado.
O começo, na Sérvia
“Foram dez anos de organização estudantil durante os anos 90”, diz Ivan Marovic, um dos estudantes que participaram dos protestos contra Milosevic. “No final, o apoio do exterior finalmente veio. Seria bobo eu negar isso. Eles tiveram um papel importante na etapa final. Sim, os Estados Unidos deram dinheiro, mas todo mundo deu dinheiro: alemães, franceses, espanhóis, italianos. Todos estavam colaborando porque ninguém mais apoiava o Milosevic”, disse ele em entrevista à Pública.
“Dependendo do país, eles doavam de um determinado jeito. Os americanos têm um ‘braço’ formado por ONGs muito ativo no apoio a certos grupos, outros países como a Espanha não têm e nos apoiavam através do ministério do exterior”. Entre as ONGs citadas por Marovic estão o National Endowment for Democracy (NED), uma organização financiada pelo congresso americano, a Freedom House e o International Republican Institute, ligado ao partido republicano – ambos contam polpudos financiamentos da USAID, a agência de desenvolvimento americana que capitaneou movimentos golpistas na América Latina nos anos 60, inclusive no Brasil.
Todas essas ONGs são velhas conhecidas dos governos latinoamericanos, incluindo os mais recentes.
Foi o IRI, por exemplo, que ministrou “cursos de treinamento político” para 600 líderes da oposição haitiana na República Dominicana durante os anos de 2002 e 2003. O golpe contra Jean-Baptiste Aristide, presidente democraticamente eleito, aconteceu em 2004. Investigado pelo Congresso dos Estados Unidos, o IRI foi acusado de estar por trás de duas organizações que conspiraram para derrubar Aristide. Na Venezuela, o NED enviou US$ 877 mil para grupos de oposição nos meses anteriores ao golpe de Estado fracassado em 2002, segundo revelou o New York Times.
Na Bolívia, segundo documentos do governo americano obtidos pelo jornalista Jeremy Bigwood, parceiro da Pública, a USAID manteve um “Escritório para Iniciativas de Transição”, que investiu US$ 97 milhões em projetos de “descentralização” e “autonomias regionais” desde 2002, fortalecendo os governos estaduais que se opõem a Evo Morales.
Procurado pela Pública, o líder do Canvas, Srdja Popovic, diz que a organização não recebe fundos governamentais de nenhum país e que seu maior financiador é o empresário sérvio Slobodan Djinovic, que também foi líder estudantil.
Porém, um PowerPoint de apresentação da organização, vazado pelo WikiLeaks, aponta como parceiros do Canvas o IRI e a Freedom House, que recebem vultosas quantias da USAID.
Para o pesquisador Mark Weisbrot, do instituto Center for Economic and Policy Research, de Washington, organizações como a IRI e Freedom House “não estão promovendo a democracia”. “Na maior parte do tempo, estão promovendo exatamente o oposto. Geralmente promovem as políticas americanas em outros países, e isto significa oposição a governos de esquerda, por exemplo, ou a governos dos quais os Estados Unidos não gostam”.
Fase dois: da Bolívia ao Egito
Vista através do mesmo PowerPoint de apresentação, a atuação do Canvas impressiona. Entre 2002 e 2009, realizou 106 workshops, alcançando 1800 participantes de 59 países. Nem todos são desafetos americanos – o Canvas treinou ativistas por exemplo na Espanha, no Marrocos e no Azerbaijão – mas a lista inclui muitos deles: Cuba, Venezuela, Bolívia, Zimbabue, Bielorrussia, Coreia do Norte, Siria e Irã.
Segundo o próprio Canvas, sua atuação foi importante em todas as chamadas “revoluções coloridas” que se espalharam por ex-países da União Soviética nos anos 2000.
O documento aponta como “casos bem sucedidos” a transferência de conhecimento para o movimento Kmara em 2003 na Geórgia, grupo que lançou a Revolução Rosas e derrubou o presidente; uma ajudinha para a Revolução Laranja, em 2004, na Ucrânia; treinamento de grupos que fizeram a Revolução dos Cedros em 2005, no Líbano; diversos projetos com ONGs no Zimbabue e a coalizão de oposição a Robert Mugabe; treinamento de ativistas do Vietnã, Tibete e Burma, além de projetos na Síria e no Iraque com “grupos pró-democracia”. E, na Bolívia, “preparação das eleições de 2009 com grupos de Santa Cruz” – conhecidos como o mais ferrenho grupo de adversários de Evo Morales.
Até 2009, o principal manual do grupo, “Luta não violenta – 50 pontos cruciais” já havia sido traduzido para 5 línguas, incluindo o árabe e o farsi.
Um das ações do Canvas que ganhou maior visibilidade foi o treinamento de uma liderança do movimento 6 de Abril, considerado o embrião da primavera egípcia. O movimento começou a ser organizado pelo Facebook para protestar em solidariedade a trabalhadores têxteis da cidade de Mahalla al Kubra, no Delta do Nilo. Foi a primeira vez que a rede social foi usada para este fim no Egito. Em meados de 2009, Mohammed Adel, um dos líderes do 6 de Abril viajou até Belgrado para ser treinado por Popovic.
Nos emails aos analistas da Stratfor, Popovic se gaba de manter relações com os líderes daquele movimento, em especial com Mohammed Adel – que se tornou uma das principais fontes de informação a respeito do levante no Egito em 2011. Na comunicação interna da Stratfor, ele é mencionado sob o codinome RS501.
“Acabamos de falar com alguns dos nossos amigos no Egito e descobrimos algumas coisas”, informa eleno dia 27 de janeiro de 2011. “Amanhã a irmadade muçulmana irá levar sua força às ruas, então pode ser ainda mais dramático… Nós obtivemos informações melhores sobre estes grupos e como eles têm se organizado nos últimos dias, mas ainda estamos tentando mapeá-los”.
Documentos da Stratfor
Os documentos vazados pelo WikiLeaks mostram que o Canvas age de maneira menos independente do que deseja aparentar. Em pelo menos duas ocasiões, Srdja Popovic contou por email ter participado de reuniões no National Securiy Council, o conselho de segurança do governo americano.
A primeira reunião mencionada aconteceu no dia 18 de dezembro de 2009 e o tema em pauta era Russia e a Geórgia. Na época, integrava o NSC o “grande amigo” de Popovic – nas suas próprias palavras – o conselheiro sênior de Obama para a Rússia, Michael McFaul, que hoje é embaixador americano naquele país.
No mesmo encontro, segundo Popovic relatou mais tarde, tratou-se do financiamento de oposicionistas no Irã através de grupos pró-democracia, tema de especial interesse para ele. “A política para o Irã é feita no NSC por Dennis Ross. Há uma função crescent sobre o Irã no Departamento de Estado sob o Secretário Assistente John Limbert. As verbas para programas pró-democracia no Irã aumentaram de US$ 1,5 milhão em 2004 para US$ 60 milhões em 2008 (…) Depois de 12 de junho de 2009, o NSC decidiu neutralizar os efeitos dos programas existentes, que começaram com Bush. Aparentemente a lógica era que os EUA não queriam ser vistos tentando interferir na política interna do Irã. Os EUA não querem dar ao regime iraniano uma desculpa para rejeitar as negociações sobre o programa nuclear”, reclama o sérvio, para quem o governo Obama estaria agindo como “um elefante numa loja de louça” com a nova política. “Como resultado, o Iran Human Rights Documentation Center, Freedom House, IFES e IRI tiveram seus pedidos de recursos rejeitados”, descreve em um email no início de janeiro de 2010.
A outra reunião de Popovic no NSC teria ocorrido às 17 horas do dia 27 de julho de 2011, conforme Popovic relatou à analista Reva Bhalla.
“Esses caras são impressionantes”, comentou, em um email entusiasmado, o analista da Stratfor para o leste europeu, Marko Papic. “Eles abrem usa lojinha em um país e tentam derrubar o governo. Quando bem usados são uma arma mais poderosa que um batalhão de combate da força aérea”.
Marko explica aos seus colegas da Stratfor que o Canvas – nas suas palavras, um grupo tipo “exporte-uma-revolução” – “ainda depende do financiamento dos EUA e basicamente roda o mundo tentando derrubar ditadores e governos autocráticos (aqueles de quem os Estados Unidos não gostam)”. O primeiro contato com o líder do grupo, que se tornaria sua fonte contumaz, se deu em 2007. “Desde então eles têm passado inteligência sobre a Venezuela, a Georgia, a Sérvia, etc”.
Em todos os emails, Popovic demonstra grande interesse em trocar informações com a Strtafor, a quem chama de “CIA de Austin”. Para isso, vale-se dos seus contatos entre ativistas em diferentes países. Além de manter relação com uma empresa do mesmo filão idológico, se estabelece uma proveitosa troca de informações. Por exemplo, em maio de 2008 Marko diz a ele que soube que a inteligência chinesa estaria considerando atacar a organização pelo seu trabalho com ativistas tibetanos. “Isso já era esperado”, responde Srdja. Em 23 de maio de 2011, ele pede informações sobre a autonomia regional dos curdos no Iraque.
Venezuela
Um dos temas mais frequentes na conversa com analistas da Stratfor é a Venezuela; Srdja ajuda os analistas a entenderem o que a oposição está pensando. Toda a comunicação, escreve Marko Papic, é feita por um email seguro e criptografado. Além disso, em 2010, o líder do Canvas foi até a sede da Stratfor em Austin para dar um briefing sobre a situação venezuelana.
“Este ano vamos definitivamente aumentar nossas atividades na Venezuela”, explica o sérvio no email de apresentação da sua “Análise da situação na Venezuela”, em 12 de janeiro de 2010. Para as eleições de setembro daquele ano, relata que “estamos em contato próximo com ativistas e pessoas que estão tentando ajudá-los”, pedindo que o analista não espalhe ou publique esta informação. O documento, enviado por email, seria a “fundação da nossa análise do que planejamos fazer na Venezuela”. No dia seguinte, ele reitera em outro email: “Para explicar o plano de ação que enviamos, é um guia de como fazer uma revolução, obviamente”.
O documento, ao qual a Pública teve acesso, foi escrito no início de 2010 pelo “departamento analítico” da organização e relata, além dos pilares de suporte de Chávez, listando as principais instituições e organizações que servem de respaldo ao governo (entre elas, os militares, polícia, judiciário, setores nacionalizados da economia, professores e o conselho eleitoral), os principais líderes com potencial para formarem uma coalizão eficiente e seus “aliados potenciais” (entre eles, estudantes, a imprensa independente e internacional, sindicatos, a federação venezuelana de professores, o Rotary Club e a igreja católica).
A indicação do Canvas parece, no final, bem acertada. Entre os principais líderes da oposição que teriam capacidade de unificá-la estão Henrique Capriles Radonski, governador do Estado de Miranda e candidato de oposição nas eleições presidenciais de outubro pela coalizão Mesa de Unidade Democrática, além do prefeito do distrito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, e do ex-prefeito do município de Chacao, Leopoldo Lopez Mendoza. Dois líderes estudantis, Alexandra Belandria, do grupo Cambio, e Yon Goicochea, do Movimiento Estudiantil Venezolano, também são listados.
O objetivo da estratégia, relata o documento, é “fornecer a base para um planejamento mais detalhado potencialmente realizado por atores interessados e pelo Canvas”. Esse plano “mais detalhado” seria desenvolvido posteriormente com “partes interessadas”.
Em outro email Popovic explica:“Quando alguém pede a nossa ajuda, como é o caso da Venezuela, nós normalmente perguntamos ‘como você faria?’ (…) Neste caso nós temos três campanhas: unificação da oposição, campanha para a eleição de setembro (…). Em circunstâncias NORMAIS, os ativistas vêm até nós e trabalham exatamente neste tipo de formato em um workshop. Nós apenas os guiamos, e por isso o plano acaba sendo tão eficiente, pois são os ativistas que os criam, é totalmente deles, ou seja, é autêntico. Nós apenas fornecemos as ferramentas”.
Mas, com a Venezuela, a coisa foi diferente, explica Popovic: “No caso da Venezuela, por causa do completo desastre que o lugar está, por causa da suspeita entre grupos de oposição e da desorganização, nós tivemos que fazer esta análise inicial. Se eles irão realizar os próximos passos depende deles, ou seja, se eles vão entender que por causa da falta de UNIDADE eles podem perder a corrida eleitoral antes mesmo que ela comece”.
Aqueles que receberam a análise (como o pessoal da Strartfor, por exemplo) aprenderam que segunda a lógica do Canvas os principais temas a serem explorados em uma campanha de oposição na Venezuela são:
- Crime e falta de segurança: “A situação deteriorou tremendamente e dramaticamente desde 2006. Motivo para mudança”
- Educação: “O governo está tomando conta do sistema educacional: os professores precisam ser atiçados. Eles vão ter que perder seus empregos ou se submeter! Eles precisam ser encorajados e haverá um risco. Nós temos que convencê-los de que os temos como alta esfera da sociedade; eles detêm uma responsabilidade que valorizamos muito. Os professores vão motivar os estudantes. Quem irá influenciá-los? Como nós vamos tocá-los?”
- Jovens: “A mensagem precisa ser dirigida para os jovens em geral, não só para os estudantes universitários”.
-Economia: “O petróleo é da Venezuela, não do governo, é o seu dinheiro, é o seu direito! Programas de bem-estar social”.
- Mulheres: “O que as mães querem? Controle da lei, a polícia agindo sob as autoridades locais. Nós iremos prover os recursos necessários para isso. Nós não queremos mais brutamontes”.
- Transporte: “Trabalhadores precisam conseguir chegar aos seus empregos. É o seu dinheiro. Nós precisamos exigir que o governo preste contas, e da maneira que está não conseguimos fazer isso”.
- Governo: “Redistribuição da riqueza, todos devem ter uma oportunidade”.
- “Há uma forte tendência presidencialista na Venezuela. Como podemos mudar isso? Como podemos trabalhar com isso?”
No final do email, Popovic termina com uma crítica grosseira aos venezuelanos que procura articular: “Aliás, a cultura de segurança na Venezuela não existe. Eles são retardados e falam mais que a própria bunda. É uma piada completa”.
Procurado pela Pública, o líder do Canvas negou que a organização elabore análises e planos de ação revolucionária sob encomenda. E foi bem menos entusiasta com relação ao seu “guia” elaborado para a Venezuela.
“Nós ensinamos as pessoas a analisarem e entenderem conflitos não-violentos – e durante o processo de aprendizagem pedimos a estudantes e participantes que utilizem as ferramentas que apresentam no curso. E nós também aprendemos com eles! Depois usamos o trabalho que eles realizaram e combinamos com informações públicas para criar estudos de caso”, afirmou. “E isso é transformado em análises mais longas por dois estagiários. Usamos estas análises nas nossas pesquisas e compartilhamos com estudantes, ativistas, pesquisadores, professores, organizações e jornalistas com os quais cooperamos – que estão interessados em entender o fenômeno do poder popular”.
Questionado, Popovic também respondeu às criticas feitas por Hugo Chávez no seu programa de TV: “É uma fórmula bem conhecida… Por décadas os regimes autoritários de todo o mundo fazem acusações do tipo ‘revoluções exportadas’ como sendo a principal causa dos levantes em seus países. O movimento pró-democracia na Sérvia foi, claro, acusado de ser uma ‘ferramenta dos EUA’ pela TV estatal e por Milosevic, antes dos estudantes derrubarem o seu regime. Isso também aconteceu no Zimbabue, Bielorrusia, Irã…”
O ex-colega de movimento estudantil, Ivan Marovic – que ainda hoje dá palestras sobre como aconteceu a revolta contra Milosevic – concorda com ele: “É impossível exportar uma revolução. Eu sempre digo em minhas palestras que a coisa mais importante para uma mudança social bem-sucedida é ter a maioria da população ao seu lado. Se o presidente tem a maioria da população ao lado dele, nada vai acontecer”.
Marovic avalia, no entanto, que houve uma mudança de percepção do “braço de ONGs” dos governos ocidentais, em especial dos Estados Unidos, depois da revolução na Sérvia em 2000 e as “revoluções coloridas” que se seguiram no leste europeu. “Um mês depois de derrubarmos o Milosevic, o New York Times publicou um artigo dizendo que quem realmente derrubou o Milosevic foi a assistência financeira americana. Eles estão aumentando o seu papel. E agora acreditam que a grana dos Estados Unidos pode derrubar um governo. Eles tentaram a mesma coisa na Bielorrusia, deram um monte de dinheiro para ONGs, e não funcionou”.
O pesquisador Mark Weisbrot concorda, em termos. É claro que nenhum grupo estrangeiro, ainda mais um grupo pequeno, pode causar uma revolução em um país. Para ele, não é o dinheiro do governo americano – seja através de ONGs pagas pelo National Security Council, pela USAID ou pelo Departamento de Estado – que faz a diferença. “A elite venezuelana, por exemplo, não precisa deste dinheiro. O que estes grupos financiados pelos EUA, antigamente e hoje, agregam são duas coisas: uma é habilidade e o conhecimento necessário em subverter regimes. E a segunda coisa é que esse apoio tem um papel unificador. A oposição pode estar dividida e eles ajudam a oposição a se unificar”. Para ele, muitas vezes o patrocínio americano tem uma “influência perniciosa” em movimentos legítimos. “Sempre tem pessoas grupos lutando pela democracia nestes países, com uma variedade de demandas, reforma agrária, proteções sociais, empregos… E o que acontece é que eles capitaneiam todo o movimento com muito dinheiro, inspirado pelas políticas que interessam aos EUA. Muitas vezes, os grupos democráticos que recebem o dinheiro acabam caindo em descrédito”.
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¹ Nota da Redação: O Portal Vermelho não se identifica com o conceito “ditador” aplicado ao ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic.
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