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| Pólo de lazer da Barra do Ceará. Foto de Sílvia Montenegro. |
Inconfidentes são heróis apenas no Brasil. Afinal, inconfidente é quem trai uma confidência, ainda que seja um segredo de polichinelo, mesmo que o rei esteja nu.
Tiradentes, quem jamais traiu o Brasil, inocentou a Inconfidência Mineira, e passou à História com o ato supremo de lealdade ao Brasil. Assim, uma "Inconfidência" pode ser fiel, assim como a lealdade pode ser meramente canina. Salve o mensageiro quer dizer ter ouvidos para a mensagem, e não a confundir com o mensageiro. Ser intelectual de classe tem esse compromisso militante e científico, é inegociável.
Pelo menos desde 2019, apresento minhas opiniões sobre a realidade brasileira, nossos dilemas e a luta para libertar o Brasil com um tom dolorido. Tal discussão foi pública e internamente travada, nesse blog, por inúmeras mensagens, em outros sites, nas redes sociais e internamente, sempre quando possível.
Avalio que perdemos muito mais que a Presidência, em 2018. Perdemos uma geração, a turma do ano 2000, o maior bônus demográfico de nossa história. Nunca tantos foram tão jovens. E as causas remontam a um cenário que eclodiu em junho de 2013, e reflete a dinâmica da luta de classes no Brasil e no mundo.
De 2013 a 2022, tivemos a mais acachapante série de derrotas, só comparável aos piores anos do Estado Novo e da Ditadura de 1964.
O Golpe contra a Dilma, que violou o maior diploma, o voto soberano; o maior ataque à CLT, ao direito do trabalho, à Previdência, à organização sindical a venda da Eletrobras, do pré-sal, a dominância privada nas estatais. A desmoralização, a perda das ruas, da juventude, a prisão de Lula, a derrota para Bolsonaro.
Esse foi o desenlace dos nossos acertos e erros desde 2003, quando aceitamos o desafio de governar o Brasil com o Presidente Lula. Nós acumulamos por 10 anos, mas, à medida que o jogo recrudesceu, desacumulamos. O jogo mudou, muda e mudará. Há grande mérito em ter chegado aqui, mas mais vale o que será. É aí que divergimos.
Mudou o quadro mundial. De uma onda vermelha na América Latina, iniciada por Chávez en 1998, a onda progressista quebrou numa ressurgência pútrida do fascismo, em meio da mudança do mapa do mundo em direção aos BRICS e à China.
A ascensão neofascista ganha corpo com a união de quatro circunstâncias, todas a luzir, ainda que como vela finados do capitalismo.
São elas:
1) a convergência de crises que o capitalismo não pode vencer;
2) um novo nível de concentração das finanças o e do imperialismo;
3) uma revolução tecnológica/comunicacional capaz de impor sua ideologia, e dirigir a Classe Trabalhadora contra seus próprios interesses;
4) a iminente alternativa socialista a mudar o mapa do mundo.
É notável a convergência que assegura fôlego - curto, eu acredito - ao irracional, à burrice e à mentira. A História não se repete. Podemos superar o fascismo e abrir novos caminhos à emancipação humana. E o que hoje nos assombra, pode nos fazer florescer, como mostra a China. Não posso apostar na derrota. Sou inimigo da derrota.
A contribuição brasileira à humanidade ainda não foi dada, e não será feita de soja, gado, ferro, nem do sangue e do suor de nossos irmãos, escravizados. A minha geração tampouco realizou as manhãs de sol e socialismo. Sigo almejando pela aurora. Vemos os perigos diante do Brasil e da humanidade, que tanto a Palestina representa.
A primavera é inexorável, disse o poeta. Um mundo dominado por menos de 1%, a deter mais riqueza que os 99% restantes não se sustenta, nem é sustentável. Nosso papel é de transição para que a nova geração traga a sua própria contribuição. Nossa oportunidade é passar o bastão com as lições e os sonhos, e não os erros e a burocracia.
É Oxotocanxoxô. A expressão Iorubá fala da missão quase impossível, e de Oxossi saber usar com maestria a única chance do caçador de uma flecha só. Temos ainda uma chance, por isso Lula voltou. Não é a tarefa apenas do líder, de um partido, precisamos de mais união para salvar o Brasil das perigosas tensões que o ameaçam.
Uma revolução tecnológica, a mudança do eixo do mundo, a ascensão dos BRICS, e nós na fita. Nem remotamente está dado o resultado, ou sequer penso que esteja favorável. Mas sempre acreditei na consciência avançada e no papel da verdade na mudança da realidade, para o bem e para o mal. Acredito sobretudo na política, que se reveste de duas faces: a linha justa e a prática justa, que reconhecemos nos camaradas e na vida. Pasmem: a linha justa une e dá certo! É possível!
Lealdade tem a ver com algumas as coisas, ser leal à linha e à classe, ao Brasil, à humanidade. Lealdade pessoal e espírito sectário são o que há de mais atrasado em política. Crítica e autocrítica é coisa de comunista. É “mágico” o encontro do camarada. Entendedores entenderão. A gente concordar sem se conhecer, agir com o melhor, e jamais desistir são gestos de amor que cintilam em meio ao oportunismo e à burrice.
Diz Celino Bezerra: onde há dois comunistas, não há dois partidos. É verdade.
Sempre encontrei camaradas em outras organizações: os e as melhores onde estavam. Gentes boas, bem intencionada, lutadoras, a gente se reconhece. Essa é a vanguarda ainda dispersa, e tanto mais comunista será quem possa aportar para a união dessa parcela que dá a vida pela democracia, pelo Brasil, pelos direitos do povo, pelo Socialismo Brasileiro.
E acredito em círculos concêntricos de unidade, até a Frente Popular. É essa unidade popular quem poderá dirigir uma Frente Ampla de todos os brasileiros, pois a Frente Ampla é necessária. O Plebiscito Popular é uma bela iniciativa!
Cheio de esperanças com o nosso povo brasileiro e com o Presidente Lula, mantenho minhas opiniões e ampliarei minha formulação e praxis, no curso do 16° Congresso do PCdoB e da luta pela vitória do Brasil com Lula em 2026.
Vejam aqui alguns artigos, antes de propriamente escrever â Tribuna de Debates:
Os objetivos de luta da Juventude Sindicalista (2009) - Contribuição da CTB-Brasil à Conferência Internacional da Juventude Sindicalista da Federação Sindical Mundial. Lima, Peru, 20 de novembro 2009.
Mudanças no Brasil, no mercado de trabalho e na juventude - 4º Encontro Sindical do PCdoB - 2011 Paulo Vinícius Santos da Silva
Para a Tribuna de Debates do 13° Congresso do PCdoB - Harmonizar luta de ideias, de massa e eleitoral-institucional no PCdoB de hoje - Paulo Vinícius Silva
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Para a Tribuna de Debates do 13° Congresso do PCdoB - Harmonizar luta de ideias, de massa e eleitoral-institucional no PCdoB de hoje - Paulo Vinícius Silva - Parte 2
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
O PCdoB, a juventude e a Classe Trabalhadora - I - Paulo Vinícius Silva - Tribuna de Debates do 14º Congresso do PCdoB
O PCdoB, a Juventude e a Classe Trabalhadora – II - Paulo Vinícius Silva - Tribuna de Debates do 14º Congresso do PCdoB
O PCdoB, a Juventude e a Classe Trabalhadora – III - Paulo Vinícius Silva - Tribuna de Debates do 14º Congresso do PCdoB
O tripé torto e as nossas desventuras - Paulo Vinícius da Silva
Nada a perder, um mundo a ganhar! - Paulo Vinícius da Silva
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Frente Ampla e Unidade Popular - Paulo Vinícius da Silva
sábado, 4 de dezembro de 2021
Frente Ampla e Unidade Popular? Paulo Vinícius da Silva
Frente Ampla e Unidade Popular! Paulo Vinícius da Silva
Coração duro de faraó - Paulo Vinícius da Silva
Sobre a gravidade da atual encruzilhada histórica - Paulo Vinícius da Silva
Apenas começamos - Paulo Vinícius da Silva e Flauzino Antunes
No novo tempo, apesar dos perigos - Paulo Vinícius da Silva e Flauzino Antunes
Ser Comunista: Organizar e crescer na Classe Trabalhadora, Salvar o Brasil e construir o Socialismo - Paulo Vinícius da Silva
sábado, 16 de novembro de 2024


