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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Para a Tribuna de Debates do 13° Congresso do PCdoB - Harmonizar luta de ideias, de massa e eleitoral-institucional no PCdoB de hoje - Paulo Vinícius Silva - Parte 2

Harmonizar lutas de ideias, de massa e eleitoral no PCdoB de hoje
Parte 2

Paulo Vinícius Santos da Silva
Secretário Sindical do Distrito Federal e membro da Comissão Sindical Nacional

Sempre há uma solução simples para um problema complexo. Geralmente errada. (Anônimo)

Lutas de ideias, social e político institucional eleitoral a serviço do Projeto Partidário
Ante um momento sem receitas, e ainda de defensiva estratégica, mas com a luta pelo socialismo ressurgindo, o PCdoB articula três frentes de acumulação de forças dessa época - luta de ideias, de massas e eleitoral-institucional. E a Tese afirma um pilar fundamental a perpassar toda a ação dos comunistas: o fortalecimento do Partido.
As três frentes unidas ao signo do projeto estratégico – o Partido - são achados da inteligência coletiva. A inédita duração do atual período democrático, exige-nos conquistar um eleitorado próprio, maior, o que depende de nossos laços com o povo. Existe esse eleitorado? Há atalhos para nosso crescimento eleitoral? Como disputar nossas ideias nas eleições? Há imensas dificuldades a esse debate político na democracia com PIG, poder econômico e o rentismo.
Daí porque não podemos resumir-nos a uma das frentes de acumulação, ainda que seja decisiva a disputa de 2014. O crescimento do PC não pode nem deve ser igual ao de um partido da ordem. O sistema político atual possui limitações intencionais ao crescimento eleitoral comunista. Como crescer, sem a luta de massas e de ideias influírem sobre o sistema político? Serão recursos ou os aliados que nos valerão? Há que contar com forças próprias, militantes e quadros, para crescer.
Também entre nós se dá a batalha do sentido da política e da militância. Parte dela depende de incorporar as novas filiações numa organização única, comunista. Sem forte investimento na formação, sem reconhecer os riscos, sem enfrentar a autonomização de grupos de interesse - sobretudo na institucionalidade – abrimos o flanco à pressão de aliados, do Estado, do sistema. Mas sem aceitar os desafios atuais, de mar aberto, não cumpriremos nosso papel histórico.
Por isso, Programa e Estatuto devem orientar a prática e ter expressão própria também em votos. Seria grave erro a exclusivização eleitoral sob um olhar pragmático. O desafio de 2014 é também disputar ideias, afirmar o Partido e candidatos(as), inspirar o voto, mobilizar o povo, os aliados, o movimento social essa batalha. Não venceremos com exércitos alheios, apenas com variáveis que não dominamos: lei, recursos financeiros, tempo TV, nem o judiciário.

O PCdoB diante do povo
A pergunta é: como o PCdoB se relaciona com o povo? O PC é o partido do proletariado, da classe. Por isso, a CTB é um salto, fato ainda não absorvido. Também somos vigorosa expressão juvenil em nosso país, um partido de mulheres guerreiras e protagonistas. Como mobilizar tal base social antes, para e depois das eleições?
Apesar de todo todo realismo, não percamos a perspectiva socialista, o caráter militante, o lastro de classe e a unidade de ação. 2014 se medirá na vitória de Dilma e no resultado geral da esquerda. Para nós, até o voto, há um caminho a ser percorrido pela militância. Mesmo a eleição é resultado de múltiplas determinações, de que o pragmatismo não dá conta. A ação dos quadros exige a noção de totalidade, o concreto como produto de múltiplas determinações. A eleição termina, mas a luta continua, com ou sem governo, deputado, ou senador.
O pensamento complexo das três dimensões da luta pela hegemonia, ideias, mobilização social e a disputa político-eleitoral-institucional ganha profundidade com o pilar de estruturar o Partido. Por seu valor interpretativo, devemos manter assim, sem exclusivizações, buscando a harmonia, deixando claras as fronteiras do nosso compromisso com o Brasil e os Trabalhadores(as).
Parte da resposta de nossos laços com o povo passa por situar a militância no curso da vida do país em meio aos desafios do desenvolvimento. Urge acabar com o abismo entre nossa política de juventude e a entrega dos jovens que formamos à sua classe, através do trabalho. Asseguramos com a independência advinda do trabalho a dignidade da nossa opção ideológica. Em pleno bônus demográfico, nossa juventude precisa ser politizada e também referência no estudo e no trabalho, e é uma missão dificílima. Ou serão todos parlamentares, assessores, cargos de confiança? Para ter como presente a luta pela hegemonia no movimento sindical precisamos incorporar novas gerações que formamos, mas que na vida adulta ficam expostas à cooptação e a falta de perspectivas
Exclusivizar uma maneira de acumular forças pode levar ao pragmatismo, a secundarizar a disputa de ideias e a mobilização organizada da sociedade na luta eleitoral. Pode redundar em desgaste da imagem do Partido e em instabilidade na vida interna. O Partido não pode exclusivizar a representação institucional como sua expressão. A fusão entre Partido, Estado e Movimento Social se mostrou daninha ao socialismo. Por que seria benéfica na nossa luta pelo Socialismo?
Destaque-se que o sistema político padece de grande descrédito. Vivemos uma democracia limitada, submetida ao poder econômico, com maioria conservadora secular, sob o poder midiático, e a judicialização da política. Não é à toa que as manifestações mostraram fragilidades político-institucionais, mesmo de um governo nosso. Vimos aí a interconexão das frentes, e a insuficiência do sistema, a relevância dos movimentos para mediar e propor bandeiras que se tornaram vitórias políticas.
O Presidente Renato Rabelo não é deputado, senador, prefeito. Mas o carinho e o respeito da militância por sua direção e trabalho incansável e abnegado fazem dele o nosso líder. Essas virtudes são os principais requisitos, como fiador de nossa unidade e rumo. Nem sempre o institucional será o certo, ou deve ter apoio do nosso Partido, ou pode representá-lo. Uma de nossas funções é projetar trabalhadores(as), jovens, mulheres e a intelectuais progressistas eleitoralmente. Não podemos ser um partido em que só se elege quem tem dinheiro. O PC é um lugar de empoderamento do povo.
A atual geração de parlamentares nacionais vem sobretudo dos anos 80 e 90, líderes estudantis, sindicais, camponeses, mulheres, intelectuais e artistas, militantes políticos. Há desgaste natural em mandatos ao longo do tempo, por exemplo, 20 anos. Se não evoluem a patamar distinto, surge o problema do declínio eleitoral. Como projetar lideranças e ampliar nossa representação? Nosso Partido sabiamente fez a sua abertura estruturada pelo Novo Estatuto. Busca lideranças do povo para parte dessa renovação. Devemos reforçar e aprimorar o acompanhamento das novas filiações e a gestão de seu potencial –para o bem e para o mal- para a imagem do Partido. E devemos ser mais proativos no enfrentar as polêmicas do desenvolvimento para vincar nossa marca.
A vitória não se resume ao voto, embora seja ele o signo do resultado da disputa. Crescer exige dialogar com a parte da sociedade que nos reconheça, afirmar uma identidade entre a esquerda, os patriotas, democratas, quem defende a política para melhorar a vida do povo, rejeitando-a como via de enriquecimento vil.

Defesa da unidade contra a autonomização de interesses estranhos ao projeto do PCdoB
Por fim, são daninhos grupos de interesse, tendências ou facções no Partido. Se isso vem de governos e mandatos, pior ainda. Com a “centralidade do institucional”, a militância é alijada por um poder efetivo, estatal, estranho ao PC, tornando-o vulnerável à cooptação. Por tudo isso, proponho a revisão do item 118, com a seguinte redação:


118 – As vicissitudes são de certo modo inevitáveis para a esquerda. Hoje, atingem não apenas a frente institucional-eleitoral, mas se manifestam também nos movimentos sociais e na luta de ideias. Somos desafiados, compreendendo a prioridade das eleições de 2014 para o Brasil e para o Partido, a saber sabiamente articular todas as nossas forças na frente da luta de ideias, na luta de massas e na frente político institucional. A militância é essencial para a mediação, para o lançamento de lideranças com potencial eleitoral e identidade partidária, para uma mobilização que signifique uma vitória eleitoral, o êxito na comunicação dos comunistas com o povo e um legado de ampliação da influência política e da estruturação partidária. 

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