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Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda

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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Arcebispo anglicano diz que o hospital al-Alhi em Gaza recebeu “avisos específicos” por telefone para “evacuar o hospital” antes do bombardeio israelense - vídeo em inglês

O arcebispo anglicano Hosam Naoum diz que o hospital al-Alhi em Gaza recebeu “avisos específicos” por telefone durante 3 dias consecutivos para “evacuar o hospital” antes da explosão mortal.



A evidência é esmagadora e indiscutível. Israel bombardeou o hospital.

TEXTO DO BRASIL VETADO PELOS EUA NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU



O Conselho de Segurança,

Guiado pelos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas;


Recordando suas resoluções 242 (1967), 338 (1973), 446 (1979), 452 (1979), 465 (1980), 476 (1980), 478 (1980), 1397 (2002), 1515 (2003) e 1850 (2008) e 2334 (2016);

Reafirmando que quaisquer atos de terrorismo são criminosos e injustificáveis, independentemente de suas motivações, quando quer ou por quem quer que os tenha cometido;

Expressando séria preocupação com a escalada da violência e a deterioração da situação na região, em particular o elevado número de vítimas civis dela resultante, e enfatizando que os civis em Israel e no território palestino ocupado, inclusive Jerusalém Oriental, devem ser protegidos de acordo com o direito internacional humanitário;

Expressando profunda preocupação com a situação humanitária em Gaza e seu grave impacto na população civil, composta em grande parte por crianças, e sublinhando a necessidade de acesso humanitário pleno, rápido, seguro e desimpedido;

Encorajando esforços que visem a uma cessação das hostilidades que ajude a garantir a proteção de civis tanto em Israel quanto no território palestino ocupado, inclusive Jerusalém Oriental;”

Reiterando sua visão de uma região onde dois Estados democráticos, Israel e Palestina, convivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas;Condena veementemente toda violência e hostilidades contra civis e todos atos de terrorismo;

Rechaça e condena de forma inequívoca os hediondos ataques terroristas, perpetrados pelo Hamas em Israel a partir de 7 de outubro de 2023, e a tomada de reféns civis;

Apela à libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis, exigindo sua segurança, bem-estar e tratamento humano, de acordo com o direito internacional;

Insta todas as partes a cumprirem plenamente suas obrigações perante o direito internacional, inclusive o direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional humanitário, inclusive aquelas relacionadas à condução das hostilidades, inclusive a proteção de civis e da infraestrutura civil, bem como do pessoal e dos bens humanitários, e a permitir e facilitar o acesso humanitário para o fornecimento de suprimentos e a prestação de serviços essenciais aos necessitados;

Insta fortemente à provisão contínua, suficiente e desimpedida de bens e serviços essenciais à população civil, inclusive eletricidade, água, combustível, alimentos e suprimentos médicos, destacando o imperativo de garantir que os civis não sejam privados de objetos indispensáveis à sua sobrevivência, em conformidade com o direito internacional humanitário;

Insta à revogação da ordem para que todos civis e pessoal da ONU evacuem todas as áreas ao norte de Wadi Gaza e realojem-se no sul de Gaza;

Exige a realização de pausas humanitárias para permitir acesso pleno, rápido, seguro e desimpedido às agências humanitárias das Nações Unidas e a seus parceiros de implementação, ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a outras organizações humanitárias imparciais, e encoraja o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária à população civil;
Ressalta a importância de um mecanismo de notificação humanitária para proteger instalações da ONU e locais humanitários, e de garantir o movimento de comboios de ajuda humanitária;

Solicita que sejam respeitados e protegidos, em conformidade com o direito internacional humanitário, todo o pessoal médico e pessoal humanitário exclusivamente envolvido em funções médicas, seus meios de transporte e seus equipamentos, bem como hospitais e outras instalações médicas;
Enfatiza a importância de impedir o alastramento do conflito na região e, nesse sentido, insta todas as partes a exercerem a máxima contenção, bem como todos aqueles com influência sobre elas, a atuarem com esse fim;

Decide manter-se informado sobre o assunto.

domingo, 15 de outubro de 2023

Réporter chinesa em lágrimas mostra direto da Faixa de Gaza o terror sobre a população pelos ataques indiscriminados de Israel (CGTN)

 

“700 crianças foram mortas e 2.450 estão feridas na Faixa de Gaza”, afirma Unicef - 14/10 - Hora do Povo

Hora do Povo

 Por   Publicado em 14 de outubro de 2023

Lula conversa com líder palestino e mostra preocupação com massacre de civis em Gaza - Hora do Povo

Hora do Povo

 Por   Publicado em 14 de outubro de 2023

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Em 29 de agosto de 1968, a polícia na UnB - Antônio Carlos Carpintero

 

Em 29 de agosto de 1968, perto das 9:30, cheguei ao DACAU - Diretório Acadêmico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UnB. As 10h, no Auditório da Música, seria aberto um ENEA Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura, com alunos de algumas das dez ou doze escolas de arquitetura então existentes no Brasil. Da delegação de Curitiba, fazia parte uma aluna, Angela Vasconcelos, que havia sido Miss Brasil num dos anos anteriores. É por isso que eu cheguei cedo, banho tomado e camisa limpa e nova.

Mal havia sentado (poucos colegas já estavam ali) quando o Roberto Castelo irrompeu esbaforido, dizendo: 'Gente, a polícia está entrando!!!' E saímos todos correndo para ver o que estava acontecendo.

Corri, com os outros colegas para ver. Cheguei a frente da reitoria (na época o FE 1) a tempo de ver uma viatura policial sendo virada e incendiada. Não consegui identificar quem estava atuando no fato.

Voltamos para a área central do campus e eu fiquei próximo ao ICA - Instituto Central de Artes, que neste momento estava pouco movimentado. Dali percebi que da ala Sul do ICC, onde já funcionavam precariamente algumas unidades, saiam fumaça, e uma longa fila de estudantes, subia para a quadra de basquete.

A FAU-UnB estava fechada, em processo de reabertura. O diretor provisório era o prof. Paulo Magalhães. Rapidamente decidimos retirar do campus as pessoas mais vulneráveis. A profa. Gisela Magalhães, esposa do diretor, com uma Vemaget, recolheu um grupo, 5 ou 6,  eu entre eles, para levar para a Colina ou asa norte. Neste grupo me lembro do Cacau, presidente do DACAU, e do Chico, liderança no ICA. Logo constatamos que todo o Campus estava cercado por forças policiais e inclusive do exército. Até tanques de guerra, do Regimento de Cavalaria Mecanizada estavam no dispositivo. A vista disso deixamos os colegas maís visados no cerrado, próximo da Colina, onde ele saberiam como se esconder. 

Apareceu uma outra viatura. Corri de volta ao DACAU, avisar os colegas e para tomar as providências para proteger os colegas de fora que estavam no ENEA, e  retirar as lideranças estudantis usualmente procuradas pela polícia. 

Entrei no ICA, não vi ninguém, e sai. Um policial me empurrou para a fila com as mãos na cabeça. Ao lado da Oca, fui fotografado e a foto, publicada na Folha de S Paulo, no dia seguinte. Levaram esta foto para minha mãe.

Fomos reunidos na quadra de basquete e depois  liberados. Fizeram poucas prisões nesse dia. Mas foi a maior invasão da UnB.


Prof. Aposentado da Universidade de Brasília

Membro do Comitê do PCdoB DF 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Como foi o Dia da Unidade Humana e o Diálogo Inter-religioso no Sindicato dos Bancários? Pra começar

 O Sindicato dos Bancários celebrou o dia 14/8, Dia da Unidade Humana. A atividade reuniu religiosos e participantes de diversas religiões, militantes do movimento social e sindical para um Diálogo Inter-religioso de altíssimo nível de civilidade e respeito com variada representação religiosa e social, além do Ministério da Igualdade racial, do PT e do PCdoB, CUT e CTB. Liderada pelo Presidente do Sindicato dos Bancários, Eduardo Araújo, o encontro se posicionou unanimemente contra a violência, o ódio e a ganância, defendendo fortalecer o respeito, a inclusão, a solidariedade e a paz como caminho a ser seguido. Veja alguns dos melhores momentos da atividade que terá desdobramentos e ainda possui um acervo a ser divulgado: 

https://bancariosdf.com.br/portal/dia-da-unidade-humana-lideres-religiosos-criticam-fundamentalismo-e-defendem-diversidade-de-crencas/

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Antônio Carlos Queiroz (ACQ), Jornalista, militante da luta, instigante e divertido, lança hoje, sexta, 18/8, Poemas & Prósias no Sebinho em Brasília às 17h30 *


 Peia por peia, ludopeia!

Jornalista da Velha Guarda na luta contra a ditadura militar, o Antônio Carlos Queiroz (ACQ) resolveu finalmente mostrar o dedo em poesia. 

No próximo dia 18 de agosto, sexta-feira, a partir das 17h30, vai lançar a primeira coletânea de poesias & prósias na Livraria Sebinho, na 406 Norte.



ACQ é leitor e feitor de poemas desde a adolescência em Anápolis, Goiás, mas, “autocrítico em excesso” (tirada assumida de efeito publicitário!), rasgou toda a produção anterior a 2015, por aí. “Ecoei o conselho do Umberto Eco, de jogar no lixo os poemas ruins. Não quer dizer que sejam bons os que agora publico!”, adverte.

– Com qual escola você se identifica?

– Com nenhuma! Mas gosto de dizer que prefiro a companhia do Lucrécio, do Ovídio, do Horácio, da Emily Dickinson, do Drummond – esse tipo de gente. É que também sigo a lição de outro guru, o Millôr Fernandes, que está completando agora o Centenário: em Ciência, leio sempre os livros mais novos. Em Literatura, os mais velhos.

– Melopeia, fanopeia ou logopeia?

– Nada de peia! Hum, talvez a ludopeia... O que importa é a gozação, a ironia, o sarcasmo, pra tornar mais leve a vida e evitar a depressão!

poemas & prósias
Lançamento dia 18 de agosto, às 17h30
Livraria Sebinho, 406 Norte




Hegel na Cozinha



* Divulgação e texto do Autor, com pitacos do Coletivizando.

sábado, 12 de agosto de 2023

Em 14/8, no dia da Unidade Humana. O Sindicato dos Bancários de Brasília realiza às 19h o Diálogo Inter-Religioso


 Em 14/8 celebra-se o dia da Unidade Humana. 

O Sindicato dos Bancários de Brasília realiza segunda (14/8) às 19h o Diálogo Inter-Religioso com foco em Solidariedade,  Respeito, Inclusão, Democracia, Direitos Humanos e na Paz! 

Veja as confirmações iniciais! 

Monge Sato - ex-regente Templo Shin Budista da Terra Pura Brasília

Pastora Wall Moraes de Ruah - Professora, Mestranda, Teóloga, Coordenadora da Pastoral de Direitos Humanos da Igreja Cristã de Brasília (PDH-ICB) e Presidenta de Honra da Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil (ANNEB).

Pai Dodô – Ilê Asé Omo Orisá Ògún Onirê
Pai Adalto de Oxum – Ìlé Àláketú Àsé Omí Nìwá
Marcos Said Tenório – Centro Cultural Beneficente Islâmico de Brasília

Elianildo Nascimento - Iniciativa das religiões Unidas
Natalia Gedanken – Associação Israelita de Brasília
Sônia Cigana Lovara – Cigana
Ira Mariana Rosa – Espiritismo
Silvana – Santo Daime

https://bancariosdf.com.br/portal/sindicato-recebe-liderancas-religiosas-no-dia-da-unidade-humana-nesta-segunda-14/

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Sérvulo Esmeraldo - O Espaço do Infinito - Paulo Vinícius da SIlva

                      Femme Bateau - Obra na Ponte Metálica Crédito: Laart. Foto de Joca Meirelles

Domingo de manhã, fui pego de surpresa pelo documentário sobre o artista cearense universal: Sérvulo Esmeraldo - O Espaço do Infinito, que me levou às lágrimas... 

Está disponível no Youtube do SESI, assista!

Revi sua obra na paisagem alencarina, do alto de minha ignorância, e chorei de saudade de Fortaleza.

Comoveu-me seu exemplo do dever encarnado, de traços tão diáfanos e elegantes, comprometidos e firmados na terra como concreta mudança da própria realidade, até mesclar-se com a paisagem, com a vida do povo, e só depois ser reconhecido - que mérito, que elegância! 

Tocou-me, ele primeiro ter conquistado Paris para só depois regozijar-se com a conquista do Crato, sua cunha. A frase, "Eu estou trabalhando em algo lindo" é glorioso epitáfio, pretensão, utopia, que a Arte traz: querer superar a alienação do trabalho. E Les Feuilles Mortes... 

Conheçamos e celebremos o exemplo e a obra de Sérvulo Esmeraldo!



domingo, 23 de julho de 2023

Leandro Demori escancara a falta de vergonha do sistema tributário brasileiro para 2,5 mil super ricos! Twitter

 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Bancários do DF e Entorno realizam 12º Congresso Distrital neste sábado 1º de julho


Fonte: Sindicato dos Bancários de Brasília 

Os bancários e bancárias de Brasília e do Entorno se reúnem no próximo dia 1º de julho no 12º Congresso da categoria para debater e aprovar o plano de lutas para o próximo período, além de eleger os delegados da região para os fóruns nacionais de deliberação.  


Com o tema “Construindo o Brasil que Queremos”, o encontro será realizado de forma presencial, no Sindicato (EQS 314/315 – Asa Sul), a partir das 9h.


Estarão em debate temas da conjuntura econômica nacional de interesses dos trabalhadores, com foco na reforma tributária e na democratização dos meios de comunicação, conforme orientação do Comando Nacional dos Bancários.  


Clique aqui para se inscrever


segunda-feira, 26 de junho de 2023

Solidariedade ao povo Palestino - A voz de uma criança em meio a escombros

 

sábado, 24 de junho de 2023

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Plenária do Movimento Nacional Saúde pela Democracia - 26/6 19h Zoom

 


PLENÁRIA 26/6 - 19h - Zoom

Entidades, Delegado, Delegada, convidado, convidada, interessados na 17ª CNS venham debater conosco, dia 26 de junho as 19h pela plataforma Zoom, coloque na sua agenda, e inscreva-se.

+ SUS é + Brasil


17ª Conferência Nacional de Saúde - de 2 a 5 de julho:

o SUS irá produzir um momento histórico, de repercussão para as próximas décadas, momento que irá fortalecer a Democracia no Brasil, como instrumento de união e reconstrução nacional. 


Na 17ª Conferência Nacional de Saúde, milhares de brasileiros e brasileiras irão concentrar seus esforços para produzir os caminhos para o povo viver mais e melhor. 


O Movimento Nacional Saúde pela Democracia + SUS é + Brasil quer contribuir com a construção de força política e social para consolidar uma expressiva maioria social na defesa da Vida, do Trabalho, dos Direitos e da Nação, que só pode ganhar materialidade em torno de propostas concretas que devem estar a serviço do atendimento das necessidades do povo. 

INSCREVA-SE E MOBILIZE SEU MOVIMENTO

Preencha o formulário 

https://forms.gle/b6A69WP2GzHJSgtf6

sábado, 17 de junho de 2023

Ser Comunista: Organizar e crescer na Classe Trabalhadora, Salvar o Brasil e construir o Socialismo - Paulo Vinicius da Silva


Se a consciência e convicção revolucionárias e a ligação com a Classe Trabalhadora são essenciais, precisamos  perguntar que instrumento faz valer e organiza a consciência comunista no movimento sindical nas centrais, se ele assegura a qualidade, se traduz em crescimento, vitórias, se nos torna força impulsionadora da defesa do Brasil e da perspectiva Socialista.


No desenho atual, são quatro os instrumentos que deveriam organizar-nos:


1) a combinação Presidente CTB/Secretário Sindical/ Presidente e Tesoureiro de sindicatos âncoras;


2) as coordenações por ramo - que se fecham entre representantes das frações nacionais, no meio do caminho entre CTB e PCdoB, porque restritas aos dirigentes liberados do Partido e porque voltados à agenda sindical, mas não ampliam a organização partidária, não estruturam o crescimento em sua qualidade (mulheres, jovens, negros), obstruem a renovação e são expressão da incompreensão do papel das frações, que nem podem substituir nem dirigir a organização partidária, por definição.

Expressa um desvio cupulista e o tamanho do buraco que ficou após criarmos a CTB , sem bases e sem CSC;


3) a flagrante inexistência da Fração Nacional da CTB, substituída pelo núcleo dos dirigentes da executiva em São Paulo;


4) a organização de bases e os encontros partidários, marcados pela sazonalidade, pelo desprestígio junto ao dia-a-dia do Partido no atual cenário, e pela falta de poder para dirigir a nossa própria estrutura sindical;


Vendo o que temos, é fácil entender porque não se aplicam decisões centrais dos encontros nacionais e nem há organização permanente, unificadora e formadora do Partido, comprometendo seu papel dirigente. Perde o processo de crítica, autocrítica, o caráter impositivo, corretivo para a ação espontânea, ampliam-se os grupos de interesse, os desvios, e o beco sem saída da mescla de continuísmo, aparelhismo e falta de renovação, tornando impossível consertar a pirâmide invertida e o promovendo a perda de laços com a classe trabalhadora real. 


A destruição da estrutura sindical, a mudança no perfil do Trabalho e da Classe agravam esses problemas, deixando um vácuo. Nosso lugar, do Partido e da Classe, é ser o contraponto ao inimigo de classe, a burguesia lambe botas do imperialismo e o capital financeiro que ameaça a vida humana na Terra.


A primazia da consciência avançada, o Partido, a partir da Classe Trabalhadora, é que é a Escola do Socialismo, não é o sindicato ou qualquer movimento por melhor ou mais legítimo que seja. Tal é a tarefa do Partido como consciência avançada. Afirmar o Partido de modo profundo é o único modo de disputar a Hegemonia, libertar o Brasil e construir o Socialismo.


Os interesses particulares, a distância da Classe e a incapacidade de direção do todo torna impossível a realização do que importa. Também perdemos a chance de cravar um nicho social próprio junto à sociedade, o avanço eleitoral é inviabilizado, por  não ser sustentado numa mobilização dirigida pelo Partido, voltada a toda a Classe, e não só a uma pequena parcela da População Ocupada, os trabalhadores formais.


Na Bahia, pela escala, direção e caráter de classe do Partido, ainda dá para vencer. Mas Brasil afora, vê-se o agravar-se a dificuldade de falar ao povo vencer eleições. Esse foi o esteio de nossas recentes e graves derrotas.


Na prática, "ganha" o sindicalismo, perde o comunismo. Ganham os que detém os recursos, a constância, as liberações. Perdendo o comunismo, perdemos todos, não prevalece o interesse geral, partidário sobre o corporativismo, o cupulismo e os desvios naturais do movimento sindical. 


Ora, é exatamente a questão da consciência que Lênin desnuda como decisiva e que vem "de fora" do sindicalismo. Esse "de fora", na verdade é o interesse maior e  verdadeiro da Classe,  o papel de vanguarda, que só pode ser feito pelos comunistas na luta sindical. 


Por isso, a convicção revolucionária não se realiza, sem força para superar a tendência geral de dispersão, desarmada diante da luta de ideias no atual momento do capitalismo, incapaz de coordenar o sentido comum e uma política de quadros trabalhadores(as) que vá desde os "sem partido" até os "capas". Também por isso, fracassa a promoção de mulheres, jovens, negros, e o próprio caráter classista dos movimentos sociais face ao identitarismo. A teoria, na prática, passa a ser outra. 


Representamos cerca de 11% da população ocupada, mas sequer esses cabem nos sindicatos. A constatação da pirâmide invertida não basta, e ela é a mãe das derrotas da Classe e do Partido. Se não resistirmos à pressão comum e conhecida do sindicalismo, como venceremos a pressão da cooptação do Estado? Que tipo de Partido e para quem?


Como aqui se faz e aqui se paga, perdemos a condição de concentrar esforços para as batalhas gerais (luta na sociedade, representação político eleitoral). O rabo não pode jamais balançar o cachorro. Daí o sentimento comum de imensa solidão e abandono que marca o trabalho partidário e as candidaturas sindicais fora da Bahia, assim como as ilusões de que pragmatismo salva eleição. Mas o pragmatismo só promete, e não entrega.


Num Partido a serviço da institucionalidade, não é possível dar qualquer prioridade à Classe, à sua organização, à sua representação política ou à defesa do seu caráter geral/universal como principal interessado na defesa da Nação. 


Por isso o fascismo ganhou, por isso perdemos 2013. Mudar isso é assumir plenamente a condição de vanguarda e uní-la às organizações e frações mais avançadas da classe, na Cidade e no Campo, como coluna da Frente Popular, única garantia para o sentido avançado da Frente Ampla e para evitar qualquer retrocesso.


Acredito que essa questão não será suficientemente resolvida meramente com os instrumentos partidarios nos moldes atuais, nem com medidas repetidamente afirmadas, mas não cumpridas. Tampouco a "volta à CSC" poderá resolver. É preciso, uma nova formulação, um conjunto de medidas partidárias para moldar um instrumento que reúna o melhor de ambas as experiências, para organizar dos quadros do partido até os simpatizantes,   ultrapassar os interesses particulares naturais e o movimentismo, que também predominam no movimento sindical. 


São temas para uma Conferência que:

a) afirme o sentido estratégico da direção revolucionária e da recomposição da classe como desafio para a unidade nacional e a libertação do domínio do imperialismo estadunidense; 

b) mobilize a sinergia partidária para dar espaço real de poder à classe no seu Partido; 

c) estruture o trabalho partidário, fazendo fluir os ganhos obtidos no espaço sindical para o êxito do projeto partidário; 

d) dê real capacidade de direção para forjar uma unidade classista que dê combate ao fascismo, ao imperialismo e ao capital financeiro, e projete a partir dessa referência a nossa força Política e Eleitoral.


Acredito que o 9° Encontro pode reconhecer o problema e definir a centralidade desse instrumento, mas exigirá um processo mais amplo de debate, maior convicção partidária para que encontremos nosso lugar próprio no eleitorado, mas não tenho dúvida que esse nicho está na classe trabalhadora e na juventude que dela é filha.


 É esse o lugar que precisamos tornar nosso para aspirar à disputa da hegemonia, superando a "crise de realização" e ampliando o sentido de formulação, representação da classe e de comando para as grandes tarefas da classe trabalhadora, maior interessada na defesa da Nação Brasileira, sob gravíssimo risco.


Fortalecer o Brasil é o Caminho, o Socialismo é o Rumo. E a defesa do Brasil e o Socialismo dependem da Classe Trabalhadora!

sexta-feira, 16 de junho de 2023

LIVRO Sindicalismo docente da Educação Básica no Maranhão (R$50) do Prof. Dr. Robson Câmara


 O LIVRO Sindicalismo docente da Educação Básica no Maranhão (R$50) do Prof. Dr. Robson Câmara, aborda os avanços no associativo e na organização sindical no magistério no Maranhão.   



O livro traz dados sobre a formação social e econômica,o desenvolvimento demográfico e a influência da classe trabalhadora na organização do professorado em uma região  entre o nordeste e norte brasileiro. 

A obra analisa as condições objetivas e subjetivas para o surgimento e a História das entidades associativas e sindicais docentes no  Maranhão,  aspectos do desenvolvimento educacional, o adensamento do professorado, como categoria sociológica, e sua relação com as lutas sindicais. O livro resgata o histórico dessa personagem fundamental no processo educativo: a categoria do magistério. 

Um tema pouco explorado no Brasil, é abordado  sob perspectiva sociológica, voltado a estudantes de licenciatura, cientistas sociais, historiadores, sindicalistas,  docentes e profissionais da Educação. 

Preço: R$ 50  - PIX E CONTATO 61992328846

No novo tempo, apesar dos perigos - Paulo Vinícius da SIlva e Flauzino Antunes - Propostas para o 9o. Encontro Sindical Nacional do PCdoB


Pra que nossa esperança
Seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho
Que se deixa de herança[1].

A encruzilhada histórica vivida pelo Brasil se resolverá positivamente a partir do protagonismo da classe trabalhadora. Do contrário, o Brasil será presa da rapina do imperialismo, tendo comprometido o futuro de sua gente, sua unidade, inclusive territorial.

Ao mesmo tempo que politiza a massa, mostrando as maldades do capital, do imperialismo, da rapinagem do sistema financeiro sobre os recursos públicos, é preciso recuperar o tempo perdido, com ações no presente e norteando o futuro.

Precisamos agir diferente para termos resultados diferentes. Reconhecer as deficiências na disputa da opinião pública e a crise da representatividade política da Classe Trabalhadora é essencial para a defesa da Nação Brasileira e a incorporação da Classe Trabalhadora no Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Diante da vivência da inaudita destruição do país verificada no desgoverno genocida da extrema direita, a única forma de impedir qualquer retrocesso é apostar np revigoramento do movimento sindical classista, representado pela CTB, aproveitar a crítica e autocrítica para enfrentar os desafios atuais. As propostas seguintes são parte desse esforço:

a. O movimento sindical classista precisa da organização da consciência avançada comunista como esteio de sua unidade e crescimento. É insuficiente o atual modelo, de direção permanente a cargo de presidentes e tesoureiros de sindicatos âncora, secretários sindicais e presidentes da CTB e eventuais Encontros e reuniões de base, com a confusão entre estruturas de coordenação da CTB e do Partido. O estabelecimento da Fração Nacional da CTB - e não apenas a reunião do núcleo fixo em SP é parte disso, mas não apenas. É preciso retomar um instrumento mais amplo, intermediário entre a amplitude da Central e o Partido, importantíssimo para: i) fazer valer a unidade no Partido e a pluralidade na CTB; ii) favorecer o recrutamento e a estruturação partidária entre os trabalhadores(as) da base até o topo e em todos os estados e municípios com mais de 100 mil habitantes, a renovação, o rejuvenescimento, o crescimento da participação feminina, o recrutamento e a formação classista permanente, que resultarão no crescimento e na perenidade da própria CTB no novo contexto, que favorece à unificação do movimento sindical brasileiro;

b. É preciso posicionar a CTB na vanguarda da luta da Classe Trabalhadora na denúncia do capital financeiro e de seus instrumentos de ponta, utilizados pelo imperialismo, fazendo nossa Central reconhecida por algumas marcas de combatividade:

b1. A luta pela revogação da Deforma Trabalhista e a denúncia de seus males, notadamente o fim da ultratividade, o trabalho intermitente e temporário e a terceirização ilimitada;

b2. A guerra aos juros altos, a denúncia prática de seus impactos sobre a economia popular como expressão do capitalismo e a luta nas redes e nas ruas pela queda do atual Presidente do BC, mobilizando o povo para apoiar as mais avançadas denúncias feitas pelo Presidente Lula;

b3. A denúncia da neoescravidão do trabalho por plataformas e a luta pela valorização do trabalho na sua regulamentação, inclusive por plataformas brasileiras, próprias, cooperativas e sob patrocínio público;

b4. O envolvimento destacado na luta da Comunicação Digital e da Cultura para ampliar nossa capacidade de mobilização real, a partir da denúncia da ação nefasta das Bigtecs para a ascensão do fascismo e a exponencial desvalorização do trabalho;

b5. A denúncia da destruição do meio ambiente pelo capitalismo e da alternativa socialista como único caminho para superar a atual crise ambiental que ameaça a vida humana na terra;

b6. A defesa da unidade da classe trabalhadora em sua diversidade, prezando pela solidariedade e pela dimensão classista estratégica da unidade dos trabalhadores(as) como classe universal, protadora das esperanças dos movimentos de mulheres, negro, indígena, LGBTQIA+, da juventude, principais interessada na defesa da Nação Brasileira ameaçada;

b7. Experimentar e alargar as possibilidades de consulta e participação da classe trabalhadora através das ferramentas digitais de comunicação. mostrando na prática nosso interesse de ouvir a classe trabalhadora.

c. Superar o atual estágio de organização sindical, marcado pela exclusividade de um movimento de representação corporativa, para uma maior proximidade com a classe trabalhadora humilhada, precarizada e em grave sofrimento físico e psíquico. O desafio é ampliar o envolvimento de amplas parcelas das categorias, colocando para dentro dos sindicatos a solidariedade aos movimentos sociais, a solidariedade à população, a presença nos territórios, como esteios para uma maior representação política, lastreada nas amplas massas do povo;

d. Compreender a urgência de ampliar a taxa de filiação e o nível de participação dos trabalhadores e trabalhadoras formalizados, fazendo valer a renovação nas direções, a incorporação de novos militantes, de jovens e mulheres, e projetando os quadros experientes a novas tarefas;

e. As lutas pela unidade e pela renovação - que asseguram o futuro - devem ser provadas na fidelidade à representação das categorias concretas. Isso passa por ampliar a democracia e a unidade sindicais pela base, no que pode muito contribuir a adoção da Proporcionalidade Qualificada nos nossos sindicatos e em todas as Centrais Sindicais, para que a união se realize na ação pela base, estimulando o diálogo permanente e a representação das principais forças políticas e atores da luta sindical junto à ampla maioria de nossas categorias, que não tem partido, mas precisa ser ganha para a participação sindical e política;

f. Não basta, contudo, que os sindicatos acolham e organizem suas próprias categorias. A realidade da terceirização ilimitada, do trabalho por plataformas e aplicativos sem direitos e da informalidade estendida à maioria da População Ocupada, exige romper com o corporativismo e fazer dos grandes sindicatos o esteio para a organização das demais categorias. A organização de todas as categorias existentes em grandes unidades de trabalho é um desafio que só pode vencido com Cultura, para quebrar as estruturas e a insensibilidade, para despertar a solidariedade e construir uma rede mais sólida de representantes sindicais de base, de solidariedade com o povo e como espaços de promoção de direitos para toda a população. Retomar instrumentos próprios - por exemplo, um Centro Cultural Popular - CCP - em regiões de grande presença de trabalhadores e nas periferias das cidades, com o objetivo de ter maior interação social com a massa de trabalhadores, com prioridade na disputa das ideias que fazem a cabeça dos trabalhadores(as) e da juventude

O Brasil é o caminho, o Socialismo é o rumo, e o futuro pertence à Classe Trabalhadora

[1] No Novo Tempo, Canção de Ivan Lins

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Apenas começamos - Paulo Vinícius da Silva e Flauzino Antunes

E nossa história não estará

pelo avesso, assim, sem final feliz:

teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver,

temos muito ainda por fazer.

Não olhe pra trás, apenas começamos.

O mundo começa agora.

Apenas começamos. (Metal contra as Nuvens, Legião Urbana)


É longa e complexa a História dos Comunistas nas suas relações com o povo. Também no Brasil, os 101 anos de nossa existência foram marcados por, ao menos, 65 anos de ilegalidade. Comunistas de envergadura, com compromisso absoluto com o nosso povo, estivessem no PCB, PCdoB, MR8 ou na AP, viram-se bloqueados pela Ditaduras em seu contato com o povo, com a classe trabalhadora, com a juventude e a intelectualidade. Esse contato com o povo é tão importante que Kim Il Sung dizia: “O povo é o nosso Céu”. 


A Política é muito mais ampla que o estado, o governo, os mandatos, e não se reduz à institucionalidade. O fascismo se levanta precisamente quando a burguesia manda às favas seu “compromisso” com a democracia, e por isso bloqueia nosso contato com o povo, por propaganda, por mentira, por ditadura, por lei. Transformar democracia e institucionalidade burguesas em democracia popular exigirá muito mais que uma participação minoritária em um ou vários governos. 

A questão central é a nossa relação com o povo, e a Classe Trabalhadora é universal, diversa, é a coluna vertebral da Nação e do Povo Brasileiro. Daí ser essencial perguntarmos: que Classe Trabalhadora é essa de quem pretendemos ser vanguarda.


Quem é a Classe Trabalhadora?

A geração que compunha o bônus demográfico em 2012 e que engrossou as manifestações de 2013 continua em 2023 como a grande maioria da População Economicamente Ativa - PEA -, e imensa participação no mercado de trabalho nacional, tendo sofrido os impactos da regressão trabalhista. Atualmente, a PEA conta com 107.127.000 pessoas (abril/23), de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc)(1) do IBGE. A População Ocupada - PO - conta  98.031.000 de pessoas e a População Desocupada - PD - tem cerca de 9.095.000 de pessoas. Ou seja, 8,48% da PEA estão em desocupação plena. 

É preciso ver com maior atenção o universo daqueles que perderam seus direitos e que enfrentam as maiores dificuldades, num quadro em que o setor formal da economia tem a marca do empobrecimento, das perdas salariais e inflacionárias decorrentes da destruição da negociação coletiva e do fim da política de valorização do salário mínimo. No universo da População Ocupada, 35.943.000  pessoas trabalham na informalidade, sem carteira assinada. Somados à População Desocupada, chegam a 45.038.000. Essa fotografia ainda não traduz a situação. Quando somamos a esse conjunto as pessoas desalentadas - 3.769.000 - e as pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas - 5.053.000 - chegamos  a quase 54 milhões (2) de trabalhadores e trabalhadoras na precariedade, informalidade, no desemprego, e ainda faltam muitos invisibilizados pela mais extrema miséria! É nesse universo, considerados como Ocupados, que estão os informais e os trabalhadores de aplicativos! Assim, 50,27% da População Economicamente Ativa vive um presente sem direitos e pode acabar num futuro de vulnerabilidade e pobreza.


Ainda de acordo com a PNADc, fazendo um recorte geracional, verificamos que as pessoas de 18 a 39 anos, são  65,1% da População Desocupada. Segundo a economista Marilene Oliveira, com dados do primeiro trimestre de 2022 (3), a juventude entre 20 e 29 anos contava com 47,8% entre os trabalhadores informais. Mas a pesquisadora nos informa que o recorte etário de 20 aos 49 anos compõe  68,4% de todos os informais. Assim, a geração de jovens de que saíram às ruas em Junho de 2013 e seus filhos compõem hoje a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras sem direitos, previdência, sem amparo algum. Não é à toa estar aí a maior distância dos partidos e sindicatos! É essa maioria da classe trabalhadora, sem direitos e organização que, curiosamente, merece a atenção da indústria cultural, das igrejas do pentecostalismo de negócios, e mesmo das milícias, do narcotráfico e das bigtecs que, assim, promoveram o sequestro da identidade de classe da maioria dos trabalhadores, comprometendo o futuro do Brasil. Esse é o campo aberto para a propaganda fascista.


Mas a tragédia não se resume aos precarizados(as), desempregados(as) e informais. Ao analisar os trabalhadores formais, vemos a fragilidade gritante decorrente da perda de representação sindical, expressa nas taxas de sindicalização em sua baixa contínua ao longo dos últimos anos. Em 2020, três anos após a Deforma Trabalhista, o Brasil de Fato já noticiara que:

“entre os anos de 2012 e 2019, os sindicatos perderam cerca de 3,8 milhões de filiados no Brasil. Desse modo, em 2019, das 94,6 milhões de pessoas ocupadas no país, apenas 11,2%, ou seja, 10,6 milhões de trabalhadores, eram filiados a um sindicato, de modo que esta é a menor taxa de sindicalização desde 2012, quando 16,1% dos trabalhadores brasileiros eram sindicalizados”. (4)


Veja os quadros comparativos por agrupamento de atividade econômica e por região:

Em 2019, tínhamos apenas 11,2% sindicalizados e 88,8% de não sindicalizados, considerando toda a população ocupada. Ora, é amplamente sabido que a filiação sindical se dá no âmbito da formalidade, e não do total da população ocupada, então o dado é melhor. Mas a realidade é que representamos uma pequena parcela, cerca de 11% de toda a população ocupada, no melhor cenário.

A unidade é indispensável, desde as centrais até os sindicatos. Colocar a pirâmide sobre sua base de trabalhadores é inadiável, mas não basta, pois trazer os formais para os sindicatos é apenas um primeiro passo para que possamos atingir toda a classe e em especial a parcela mais jovem e sem qualquer direito.

É a partir desse distanciamento do movimento sindical de quem deveria representar que se baseiam as teses da pulverização dos interesses da classe e da falta de futuro do movimento dos trabalhadores(as). Representando uma minoria da Classe, decrescem as lideranças e os resultados eleitorais da bancada trabalhista. Daí, também decorre o senso comum, de que essa relação com o povo seria “mediada” pelos movimentos sociais, sem lastro de classe, e a partir da incorporação desses movimentos pela representatividade no estado e nos governos, a partir de “políticas” públicas.

Em verdade, se formos olhar de frente a Classe Trabalhadora como um todo, nela encontraremos a raça, o gênero, todas as diversidades, mas o inverso não é verdadeiro. Não há histórico de uma revolução socialista liderada pelos “movimentos sociais”. A História ilustra o inverso, a centralidade do trabalho como mote para a representação e a inclusão da  totalidade do povo na construção da Nação, com a marca indelével do leninismo. É preciso resgatar esses ensinamentos.


"Ligação com as massas como condição fundamental para o trabalho dos sindicatos" (5)

As principais lições de Lênin quanto aos movimentos sociais e à ação dos comunistas são relativamente simples, até, se não as ignorarmos. 


Primeiro, o movimento social, se é o fim em si mesmo, não chega a lugar nenhum. O movimento social que não se vincule à classe revolucionária, trabalhadora, sem a perspectiva generalista da luta do poder, perde-se. Lênin não fez essa crítica ao movimento negro, nem ao movimento LGBTQIA+, à juventude, ou ao movimento das mulheres. Tal crítica foi dirigida com inaudita dureza ao movimento sindical, o movimento da classe trabalhadora, e em especial à sua direção, no célebre e mal citado livro “Que Fazer” (“Sonhos, acredite neles”, aff…) e em outras obras. 


A segunda lição, daí decorrente, é o papel imprescindível da consciência comunista avançada e organizada, sem cuja direção, sem cujo trabalho de base, sem cuja ligação com o povo, com os não comunistas, não há vanguarda de nada, nem de ninguém. A perspectiva do poder só pode vir “de fora”, ele dizia.  Mas esse “de fora”, para dirigir, para ser vanguarda, essa consciência precisa ser feita do mesmo povo que se quer dirigir, viver o que se predica. É preciso ir sempre ao imenso manancial do povo, não ficar fechados em nós mesmos.


Ou seja, guiados pelo espontâneo, pelo corporativo, pelos interesses do momento, guiados por indivíduos não se chega à CONSCIÊNCIA, nem ao PODER. É essa força da maioria do povo que permite chegar, manter e transformar o poder de Estado. Por isso, o rabo não deve balançar o cachorro. O espontaneísmo e o pragmatismo prometem vitórias, mas não as entregam. 


Além disso, há a importância da questão nacional, especialmente nos países da periferia do capitalismo, as colônias de ontem e de hoje, para quem o tema tem um sentido bastante distinto do nacionalismo burguês. Recentemente, sofremos muito com o abastardamento da Bandeira Nacional, já denunciado por castro Alves no poema O Navio Negreiro: 

“Existe um povo que a bandeira empresta

P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!..(6)


Arrancar esta bandeira da mão dos traidores é indispensável, mas não é mero ato simbólico, é o resgate material e espiritual de nossa Nação humilhada. Essa responsabilidade é da classe trabalhadora, em primeiro lugar. Há que lembrar de outra contribuição, do mais fiel seguidor de Lênin, ensinamento que pudemos viver na pele nos últimos anos…Em seu último discurso público, no XIX Congresso do PCUS, em 1952, alertava Stalin: 

Antes, a burguesia julgava-se líder das nações, cujos direitos e independência defendia e colocava “acima de tudo”. Hoje não resta um vestígio sequer desse “princípio nacional”: a burguesia vende por dólares os direitos e a independência das nações. A bandeira da independência e da soberania nacionais foi jogada fora. Não há dúvida de que cabe a vocês, representantes dos partidos comunistas e democráticos, recolhê-la e conduzi-la adiante, se vocês querem figurar como os patriotas de seus países e tornar-se a força dirigente das nações. Não há mais ninguém que possa fazê-lo. (7)


O sofrimento nacional, longe de dividir a nossa gente, precisa aproximá-la. A Nação é a Classe Trabalhadora, é o nosso povo.  Apenas uma visão consciente do movimento, a sua firme adesão aos interesses maiores da classe universal produtora da riqueza construída pela humanidade, defendendo o internacionalismo a partir de nossa Nação em perigo, de nosso povo tão judiado, só desta maneira atingiremos a libertação nacional, a ruptura com o jugo do imperialismo e a construção da verdadeira Nação - que é seu povo. Em um mundo em crise, não percamos a ambição de ver com nossos próprios olhos a primeira etapa da transição ao socialismo. Sim, com as características de hoje, com a classe na sua diversidade, mas jamais um voo de galinha face a um abismo.

Por que não somos eleitos? Se nossa relação com a classe trabalhadora legitimar a liderança, o voto, a defesa e a vitória face aos ataques à Nação e aos direitos da classe trabalhadora, só se essa relação ganhar força nas ruas e nas redes poderemos projetar uma representação eleitoral à altura dos desafios de assegurar o êxito do nosso governo, a vitória da Democracia e o resgate do Brasil aviltado. Será preciso vencer nas ruas e nas redes, e para isso, é preciso um giro em direção à Classe Trabalhadora real.

Mesmo já tendo conquistado o poder, em 1922, Lênin advertia ao movimento sindical classista do primeiro país aonde a Classe Trabalhadora chegou ao poder:

“Um dos maiores e mais terríveis perigos para um Partido Comunista, numericamente modesto, e que na qualidade de vanguarda da classe operária dirige um enorme país que efetua (no momento sem gozar ainda do apoio direto dos países mais adiantados) a transição para o socialismo, é o perigo de ficar afastado das massas, o perigo de que a vanguarda avance demasiadamente longe sem “a frente estar alinhada”, sem conservar uma estreita ligação com todo o exército do trabalho, isto é, com a imensa maioria da massa operária e camponesa."(5)

Isso foi dito com os bolcheviques já no poder… Imagina nós, que estamos só na beira… Imagina se o perigo for ficar atrasado e alheio ao sofrimento do povo…


Lutar desde Brasília é muito duro. Somos pequenos e assumimos imensa responsabilidade de representação nacional. Doeu, sermos porta-vozes de ameaças vãs aos poderosos, enquanto avançava o Golpe; ver o vácuo que sustentava nossos inflamados discursos. Não foi sempre assim, e precisamos estar conscientes de que as marchas de junho de 2013 ainda hoje não foram compreendidas profundamente. Já sabemos, contudo, que elas foram a eclosão da Guerra Híbrida, sob a direção do imperialismo estadunidense e a partir da traição de elementos apátridas, desmoralizados e corruptos, num contexto de revolução tecnológica, da internet, das redes sociais e da telefonia. Se olharmos nossa Classe Trabalhadora real, miraremos a geração que participou de tais protestos, e reconheceremos a pá de cal lançada sobre nossas esperanças, a tragédia imposta ao nosso maior bônus demográfico e, talvez, o comprometimento do futuro do Brasil. 


Aqueles eventos marcaram uma ruptura ainda atual entre a direção nominal da juventude, dos estudantes e da classe trabalhadora e seus representados. Desde então, abriu-se um fosso que só tem se ampliado. Perdas coletivas, de direitos, perda de recursos materiais dos sindicatos, perda de representação política e institucional dos trabalhadores(as); perdas individuais, do emprego, da microempresa, do nome limpo, dos entes queridos, da saúde física e mental, da perspectiva, da família, do direito de amar, do futuro. Cada perda dessas é a falência do Projeto Nacional de Desenvolvimento, que é feito da vida das pessoas. 


E para quem aspira a ser vanguarda da libertação do Brasil, o mais doloroso é a perda do apoio daqueles e daquelas por quem lutamos, a desconcertante solidão de ver o proletariado apontar para a própria cabeça a arma do fascismo. É sob essa luz que devemos enxergar a vitória estratégica da eleição de Lula e Alckmin, graças à Frente Ampla. Só lutaremos com todas as nossas forças e inteligências pelo êxito da missão do Governo Lula (Reconstruir e Transformar o Brasil), se disputarmos a opinião pública, a organização popular, a classe trabalhadora. Há que construir uma trincheira que impeça qualquer derrota e preparar novas vitórias, num mundo mais perigoso e em mudança acelerada. Não é hora de tapinhas nas costas, é hora de trabalho duro, de corrigir os erros, de assentar os alicerces da esperança a partir do instrumento consciente que possa unir e liderar a Classe trabalhadora. Do contrário, como assegurar que não haverá um novo retrocesso?


É preciso lembrar quem somos, olhar nossa classe nos olhos e caminhar para um futuro que só a classe trabalhadora poderá conquistar. Dói a picada, mas o que salva como nossa vacina é libertar o Brasil e construir o Socialismo. Como está no Programa do PCdoB: o Fortalecimento  do Brasil é o Caminho, o Socialismo é o Rumo. E não haverá futuro sem o Sindicalismo Classista Organizado desde a Base, como força motriz do resgate da Classe Trabalhadora.

NOTAS

 1) PNAD Contínua - Divulgação: Maio de 2023 Trimestre móvel: fev-mar-abr/2023 Quadro Sintético - fev-mar-abr_2023.xlsx (ibge.gov.br) <https://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Mensal/Quadro_Sintetico/2023/pnadc_202304_quadroSintetico.pdf>

2) 53.860.000 de trabalhadores, grosso modo, reúnem População Desocupada, Setor privado sem carteira, Trabalho doméstico sem carteira, Desalentados, Empregadores sem CNPJ, Trabalhadores(as) Por conta própria sem CNPJ e Subocupados por insuficiência de horas trabalhadas 

3) O mundo do trabalho e a informalidade - DIAP - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar <https://www.diap.org.br/index.php/noticias/artigos/91166-o-mundo-do-trabalho-e-a-informalidade> 

4) Queda na taxa de sindicalização: o que esses dados falam? André Barreto, 4 de Setembro de 2020, Brasil de Fato <https://www.brasildefatope.com.br/2020/09/04/queda-na-taxa-de-sindicalizacao-o-que-esses-dados-falam>

5) Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos nas Condições da Nova Política Econômica - Resolução do CC do PC(b) da Rússia - V. I. Lênin  - 4 de Janeiro de 1922 <https://www.marxists.org/portugues/lenin/1922/01/04.htm> 

6) Castro Alves, O Navio Negreiro, Jornal de Poesia <http://www.jornaldepoesia.jor.br/calves01.html> 

7) Discurso na Sessão de Encerramento do XIX Congresso do PCUS -  J. V. Stálin - 14 de Outubro de 1952 <https://www.marxists.org/portugues/stalin/1952/10/14.htm>