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segunda-feira, 12 de abril de 2021

49 anos da Guerrilha do Araguaia - Canção, poema e Diário do Comandante Maurício Grabois

Hoje é o aniversário dos 49 anos do início da confrontação armada na Guerrilha do Araguaia, atacada pelo Exército quando desenvolvia um trabalho iniciado ainda em 1967, com a fixação dos primeiros camaradas cuja permanência nas cidades era um gravíssimo risco.

Página magna da resistência armada à Ditadura, o heroísmo dos guerrilheiros e guerrilheiras não se apaga, assim como o pranto por sua partida, seu exemplo generoso e a necessidade de lhes dar ainda hoje um enterro digno, pondo fim ao seu criminoso desaparecimento.

Por quase três anos os guerrilheiros resistiram, derrotando duas das investidas do Exército que, para afogar em sangue a Guerrilha, que tinha apoio popular,  precisou mobilizar ao todo 25 mil soldados, reprimir toda a população e mudar a visão sobre a integração da Amazônia ao Brasil. Mesmo assim, a memória e o carinho persistem, gesto de amor e sacrifício que se notabiliza como a maior resistência armada popular à Ditadura no Brasil.

O Blog Coletivizando compartilha com vocês alguns tesouros para marcar essa data. São eles:
- O poema Araguaia, de Adalberto Monteiro, que eu recito;

- A canção Xambioá, de Itamar Correia, publicada no Youtube de Carlos Silva, com imagens dos mártires do Araguaia, muitos ainda hoje carentes de sepultura;

- O Diário de Maurício Grabois, Comandante do Araguaia, Líder da Bancada Constituinte de 1946, Editor de A Classe Operária, caído em combate em 25 de dezembro de 1973;

- A indicação do belíssimo Livro de Osvaldo Bertolino sobre Maurício Grabois.

Aonde estão nossos mortos e desaparecidos da Guerrilha do Araguaia?

Paulo Vinícius da Silva


 

Foto: Jayme Leão


Paulo Vinicius da Silva · Araguaia - Adalberto Monteiro - Recita Paulo Vinícius da Silva




Araguaia - Adalberto Monteiro


Houve uma época terrível,
A serpente era tão perversa
Que para enfrentá-la,
Além dos olhos gastos de leitura,
Mais do que os dedos calejados
De empunhar a pena,
A história exigiu
Que se empunhassem fuzis.
Então mãos veteranas e juvenis
Embrenharam-se na Amazônia,
A cidade irmanou-se com o campo,
E naquele universo verde
Foi aberta uma clareira,
E na escuridão da ditadura
Foi acesa uma lareira.
Por quase três anos,
O Araguaia virou uma estrela
Que emitia sinais de esperança.
Custou muito sangue
Mas seu brilho
Incutiu na alma brasileira
A certeza de que Roma
Cairia mais uma vez.
Xambioá, por Itamar Correia

Mata virgem e escura, foi lá
Que no meio do mato
Um amigo de infância
Tentou começar.
Ah! foi por lá
Onde o povo sofreu pra contar
Como um homem sozinho
Valia por trinta
Em qualquer lugar.
Êh! Marabá,
Altamira e Estreito olhem lá
Ainda grita até hoje
A vida do povo
Que morreu por lá.
Ei, meu irmão ,
Você fez renascer o sertão
E o maior contingente
Não viu o tamanho 
Do seu coração.
Pedra não pára o caminho,
Fogo não queima o luar,
Eu já não canto sozinho,
Canto em Xambioá.

O Diário de Maurício Grabois, guerrilheiro do Araguaia 



















"O diário que Maurício Grabois, comandante dos 68 combatentes da Guerrilha do Araguaia, escreveu durante 605 dias em seu esconderijo na mata, do início do conflito (12/04/72) até sua morte (25/12/73). Para além de ser o documento mais importante e profundo sobre a guerrilha até hoje revelado, o diário registra as angústias, os medos e a solidão do homem que comandou a única guerrilha rural da história do Brasil." (da Apresentação)
Baixe no Arquivo Marxista Na internet

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