Entidades de trabalhadores e trabalhadoras rurais e do movimento de mulheres divulgaram nesta quinta-feira (5) notas de repúdio ao assassinato, com sinais de crueldade, da sindicalista Francisca das Chagas Silva. As secretarias de Direitos Humanos e da Mulher do Maranhão, estado onde aconteceu o crime, e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) também divulgaram nota.
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O crime causou revolta nas entidades que, sem exceção, classificaram como “brutal” e “covarde”. O corpo de Francisca, que era dirigente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão (STTR), foi abandonado nu, em um manguezal, com sinais de estupro e perfurações. Ela tinha 34 anos e era moradora do povoado quilombola Joaquim Maria, localizado na zona rural maranhense
“Crimes dessa natureza devem ser incluídos no rol das modalidades penais do feminicídio, pois o crime que, demonstradamente, resultou na morte brutal de Francisca decorreu de sua condição de ser mulher, negra e militante da luta por uma vida mais digna para milhares de trabalhadores e trabalhadoras da agricultura, do campo e das florestas”, ressaltou texto da União Brasileira de Mulheres (UBM).
Em nota conjunta, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura relembraram que Francisca esteve na Marcha das Margaridas em agosto de 2015 em Brasília com o tema “Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”.
“Vale ressaltar que pra chegar à Marcha, Francisca participou ativamente do Grupo de Estudo Sindical (GES Mulher), e de outras ações organizadas pelo Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR)”, disse a nota, que reivindica ao poder público e ao judiciário brasileiro “uma solução mais rápida para esse e outros crimes que vêm ceifando covardemente a vida das mulheres, e que permanecem impunes”.
A SPM se solidarizou com a família de Francisca e reiterou que “não medirá esforços para que esse assassinato seja devidamente apurado e os autores responsabilizados”.
No Maranhão o governo acionou o sistema de Segurança Pública para acompanhar as investigações. “O crime é mais um lamentável fato a confirmar que a violência contra mulheres ainda golpeia em maior número mulheres negras e pobres”, concluiu a nota assinada pelos secretários do Maranhão Francisco Gonçalves da Conceição, dos Direitos Humanos e Participação Popular, e Laurinda Maria de Carvalho Pinto, secretária de Estado da Mulher.
Estatística seletiva
As mulheres negras são as principais vítimas de mortes violentas no Brasil, apresentando na maioria desses casos requintes de crueldade, diz o Mapa da violência, citado na nota da UBM. Entre os anos de 2003 e 2013, a morte destas mulheres aumentou 54,2%.
“A herança socioeconômica que moldou nossos padrões culturais e valorativos relegou às negras a condição de cidadãs de segunda classe: sustentam sozinhas 51,1% das famílias chefiadas por mulheres; recebem apenas 51% da remuneração recebida pelas brancas e a renda familiar em 69% dos casos é inferior ao salário mínimo, como demonstram os dados disponíveis no estudo Dossiê Mulheres Negras, de 2013”, informou a UBM.
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Do Portal Vermelho com informações da UBM, Contag e Secretarias da Mulher e de Direitos Humanos do Maranhão e Secretaria Especial de Políticas para Mulheres do governo federal
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