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sábado, 22 de junho de 2013

DOCUMENTO DO 2º ENCONTRO NACIONAL DA JUVENTUDE DA CTB - 28-30 DE JUNHO, BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS

2º ENCONTRO NACIONAL DA JUVENTUDE DA CTB
28 A 30 DE JUNHO DE 2013, BELO HORIZONTE

ORGANIZAR A JUVENTUDE QUE ESTUDA E TRABALHA NA LUTA SINDICAL

A população entre 15 e 35 anos representa hoje cerca 2/3 da População Economicamente Ativa, num momento de baixo desemprego, e luta por desenvolvimento com valorização do trabalho. No entanto, os indicadores relacionados aos jovens são preocupantes, em especial entre os cerca de 50 milhões de brasileiros(as) entre 16 e 29 anos.

Segundo o DIEESE, a taxa de desocupação da juventude entre 16 e 29 era de 14,5% em 2009. Também nesse ano se verificou que a maioria da juventude trabalha ou procura – 55,2%. Apenas 17,9% estuda e trabalha (ou procura) e 13,5% apenas estuda. Em 2009, 66,4% ganhava até 2 salários mínimos, e 37,4% não tinha carteira assinada. Segundo o MEC, 29% dos estudantes do 1º ao 9º ano estuda e trabalha, sendo que metade sem carteira de trabalho e 71% destes ganhando menos de um salário mínimo. Segundo a mesma pesquisa, 20% não estuda nem trabalha, percepção também do IPEA, que registrou em 2010 um aumento em relação ao ano 2000, de 8,12 milhões para 8,83 milhões de jovens que nem estudam nem trabalham na população entre 15 e 29 anos.

Desemprego, precarização do trabalho, práticas antissindicais, novas doenças trabalhistas derivadas das novas tecnologias e não reconhecidas, machismo, racismo, homofobia, violência contra a juventude negra e da periferia, baixos salários, baixa qualificação profissional, dificuldades na sucessão rural, inúmeros são os problemas no ingresso da nova geração no mundo do trabalho. As mortes violentas na juventude são 70% maiores que na população em geral. A violência é também simbólica, seja pela ação da imprensa burguesa, seja pelo machismo, o racismo ou a homofobia.

No campo, o Brasil tem perdido a batalha da sucessão rural. A ausência de investimentos públicos, o fechamento de escolas e a ausência de oportunidades educacionais e culturais/esportivas, a falta de uma política séria de reforma agrária, crédito e assistência técnica levam a uma incessante saída da juventude rumo às cidades, ao envelhecimento e à masculinização do campo, com consequências graves para a produção de alimentos e para a continuidade da agricultura familiar.

A conclusão é clara: o investimento na juventude, e já, é estratégico, em especial na interface entre educação e trabalho, quando se abrem possibilidades e riscos ao país. Cresce o mercado interno e a classe trabalhadora, o Brasil vive o período de grandes obras, Copa e Olimpíadas e a exploração do Pré-Sal, mas a crise internacional nos ameaça, com impactos inegáveis sobre a juventude, que é a parte mais interessada no desenvolvimento com valorização do trabalho.

É uma geração com outro horizonte para as jovens mulheres, beneficiárias dos avanços da luta feminista e da ampliação de direitos, com maior escolaridade, que divide os postos de trabalho. Mas ainda é marcada pela violência e o machismo, a desigualdade de direitos e pela ausência dupla de referência: não estão ligadas ao movimento feminista nem ao movimento sindical, em que persiste uma dinâmica pouco inclusiva, sem abrir-se a alternativas ao grave problema da dupla e tripla jornada. Como o movimento sindical classista e feminista dialoga e atrai as jovens mulheres?

Nunca houve nem haverá tantos(as) jovens no futuro. A tendência é de envelhecimento da população. A juventude – para o bem ou para o mal – está no centro do Projeto Nacional de Desenvolvimento. Diante dos dados acima, que futuro nos aguarda, com a juventude na maior parte da vida marcada pelo desemprego, a precarização, os baixos salários, a informalidade e a ausência de cobertura previdenciária?

É a geração pós-queda do muro de Berlim, que domina as novas tecnologias acessa uma quantidade de informação nunca vista, mas foi criada sob bombardeio ideológico neoliberal, em sua pregação contra a esquerda, o socialismo, a política, o coletivo, os partidos e os sindicatos. É fortemente disputada pela imprensa golpista, pelas religiões fundamentalistas conservadoras, por movimentos pós-modernos e muitas vezes o financiamento e ideologias daninhas, como o ecoimperialismo e a negação do Brasil. São fortes barreiras à consciência de classe e podem levar a derrotas dos trabalhadores(as) e sindicalismo classista.

Apesar das dificuldades, o país evoluiu muito nos últimos 10 anos em relação ao neoliberalismo. Há presença importante de jovens nas categorias, a exemplo dos comerciários, bancários, na educação e saúde, na indústria, nos transportes e no serviço público em geral. Ampliou-se a educação para os mais pobres e excluídos e a educação pública, com impactos nos setores de ponta.

Por isso, temas de crescente são a educação, o Estatuto e as Conferências de Juventude, os 10% do PIB em educação, a educação profissional, técnica e tecnológica, a sucessão rural e a luta contra a violência física e simbólica que atinge a juventude (pobre, negra, da periferia, e trabalhadora ou estudante ou desempregada, LGBTT).
Nesse contexto, como o movimento sindical classista dialoga com essa parcela da classe? Como incorpora suas bandeiras e métodos de comunicação e luta? Como atrai para suas fileiras as lideranças que podem se dirigir a essa massa de trabalhadores(as). Como incorporamos às direções, à imprensa, às políticas esportivas e culturais a juventude trabalhadora? Qual o papel dessa geração para CTB disputar a hegemonia entre os trabalhadores(as) na luta pelo socialismo?

Parte da resposta foi dada pela CTB nesse mandato. Desde 2009, quando realizamos o I Encontro Nacional de Juventude em São Paulo, inaugurou-se crescente participação, visibilidade e formulação sobre temas juvenis, em que a CTB tem cumprido papel superior a sua estrutura organizativa.

É imensa a demanda política, sindical e institucional da juventude da CTB. São espaços em departamentos juvenis dos sindicatos; comissões de jovens rurais da CONTAG e FETAGs; conselhos de políticas de juventude municipais, estaduais e nacional; espaços tripartites e relacionados ao trabalho decente e à formação profissional, com maior complexidade a partir do PRONATEC; entre as centrais nacional e estadualmente; de representação internacional na FSM, ESNA e CCSCS. O tema aos pouco ganha peso na formação sindical.

Por tudo isso é inadiável dar um passo adiante no funcionamento orgânico, com apoio da CTB para a Secretaria, um coletivo nacional mais maduro e dedicado à ação intersindical e de juventude, com lideranças que possam dirigir o trabalho juvenil nos Estados. É o fator decisivo para pautar a incorporação da juventude aos ramos, e ampliar a representação da CTB nos temas juvenis ante da sociedade. São oportunidades sintonizadas com os avanços da Central no seu 3º Congresso.

Para colher os frutos plantados desde o 2º Congresso, há que assegurar lugar para a juventude em nosso movimento, integrar suas demandas na luta dos trabalhadores(as), a exemplo da CONTAG. Nesse rumo, é precisamos de duas esferas de articulação que permitam diálogo permanente:

I – Direção Nacional - Secretaria Nacional – Coletivo Nacional de Juventude – Ramos e categorias fundamentais

II – Direção Estadual - Secretários Estaduais de Juventude em todas as direções estaduais – Coletivos Estaduais – Departamentos juvenis em todos os sindicatos.


Será um segundo passo, mas importante para que a CTB possa se mostrar, combativa, democrática, de luta, abrindo os braços aos jovens trabalhadores e trabalhadoras que anseiam por uma alternativa que só a CTB pode oferecer, em permanente diálogo com a juventude estudanitil e os movimentos sociais, preparando um salto para o futuro.

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