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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Juntos somos fortes e a verdade está lá fora - Paulo Vinícius da Silva

 

A campanha nacional dos bancários termina com gosto amargo. Especialmente no BB, a revolta com a falta de ganho real significativo é imensa. Modelo da negociação está em crise,mas fora do modelo o cenário é de terra arrasada, e em terra de cego, quem tem um olho é rei.

Movimento sindical decresceu e perdeu força

"O Brasil tinha em 2012 uma população ocupada de 89,2 milhões e 14,4 milhões de sindicalizados. Dez anos depois, o total de ocupados foi para 99,6 milhões e a sindicalização diminuiu para 9,1 milhões, queda de 5,3 milhões". Desafios do sindicalismo para o ano de 2024 - Nivaldo Santana - Agência Sindical (agenciasindical.com.br) 

Desse universo, a nossa convenção reúne 400 mil trabalhadores e uma das maiores taxas de sindicalização dentre as categorias. O custeio das atividades sindicais se reduziu imensamente, levando à desorganização das categorias.

Em Brasília, nadamos contra essa corrente: I) ativismo judiciário do sindicato de Brasília foi diversas vezes criticado pelos banqueiros em mesa (só o BB teve de aprovisionar 1 bilhão R$); II) Atividades dentro e fora dos prédios estimularam funcionários a se posicionarem na agência de notícia e nos locais de trabalho na reta final. O BB foi surpreendido com a reação; III) Nossa campanha aqui começou em janeiro e o sindicato fez uma forte mobilização. É preciso reconhecer, entretanto, que a adesão foi menor que o esperado. Vigora na cabeça da categoria que o aumento é garantido pelas direções do movimento e na mesa, colocando-se como quem cobra “de fora” o movimento.

O fim da ultratividade, a Deforma Trabalhista e as mudanças tecnológicas colocam desafios objetivos à realização de uma greve nos dias de hoje. 

Teletrabalho, plataformização, dependência da remuneração variável são elementos complicadores, mas também a vigência de um profundo individualismo na categoria bancária, que acredita ser mais vantajoso conseguir sua própria ascensão, sem entender os direitos que possui. 

A mudança no SFN a partir de Temer e Bolsonaro quebrou a nossa convenção por fora, não por dentro. 

Se há cerca de 800 mil bancários fora da convenção e 400 mil dentro dela, isso indica qual é o paradigma do sistema financeiro: digital com IA, juros altos, com capital estrangeiro, com mão de obra precarizada e sem direitos. 

O cenário é de elevado patamar de juros, de vantagens das fintechs na legislação e regulamentação do SFN, aumento da demissão nos privados, função de caixa ameaçada, sendo hoje principalmente uma resistência no BB; são todos fatores que pressionam o movimento sindical para a seguinte escolha: Manter a convenção ou jogar todo o peso na disputa do aumento real;

O movimento do sistema financeiro é de apostar contra a economia brasileira real e fazer a acumulação a partir da especulação financeira em torno da dívida pública. Mudaram o marco dos direitos trabalhistas e assumiram, com tranquilidade, que não seria problema para eles a implosão da convenção coletiva. Assim, ficamos em uma sinuca de bico: lutar pela categoria bancária quando há um movimento no sentido de a dissolver. Os mesmos bancos privados que estimularam o meme CLT Premium disseminam a ideia do mérito individual, e não a categoria, ou a negociação coletiva. Os colegas acreditam. Enquanto isso, caixas, supervisores de atendimento, bancários de bancos privados são diretamente afetados e precisam da solidariedade da categoria. 

Quando adoecemos é que vemos o nosso valor para os bancos… Ao mesmo tempo, quem ganha mais leva a análise “meritocrática” para dentro do movimento, e ignora que sua situação é transitória, além de ser privilegiada pelo modelo que premia a remuneração variável. Para completar, os colegas que ganham mais esquecem que a Deforma lhes colocou sob o risco o modelo da negociação direta do seu CPF com o CNPJ do banco, se estiverem fora da CCT.

 Há questões que dependem da POLÍTICA e estão fora da nossa convenção:

- Correção da Tabela do IR;

- A luta pela isenção de impostos sobre a PLR;

- Revogar a Deforma Trabalhista e o fim da ultratividade;

- Impacto da tecnologia sobre o trabalho;

- O direito do consumidor;

- A regulamentação do sistema financeiro nacional que favorece os bancos caça-níqueis, o crime organizado, os juros altos e a digitalização forçada; 

- O desemprego no sistema financeiro nacional: nossa categoria perdeu 50 mil bancários.

Essas questões colocam limites objetivos ao modelo da negociação coletiva e às estratégias de luta da categoria bancária. O cenário foi de casca de banana e provocações para desgastar o movimento sindical, dada a fragilidade quanto ao emprego, à sindicalização e à mudança tecnológica. Perder a convenção e o modelo negocial num dissídio coletivo nos colocaria sob a justiça e sob a dupla ameaça: nem o ganho real, nem os direitos.


Nesse contexto, a manutenção da categoria bancária é a maior conquista, ainda que o gosto amargo seja legítimo. Mas isso só se resolve é com luta cotidiana,  e jamais jogando fora o que foi duramente conquistado.


A falta de organização como ramo financeiro expõe nossos direitos como bancarios e a própria existência da categoria bancária. Objetivamente, o modelo que se impõe é o das Fintechs e da precarização, e não o da convenção coletiva e da categoria bancária.


A categoria bancária é soberana, pode aceitar ou rejeitar a proposta. Ainda assim, nosso dever é uma análise fria, que preserve os mais frágeis na categoria e mantenha a sua unidade, pois isso será fundamental para as lutas seguintes e que estão em curso, inclusive a judicialização do Deforma no Banco do Brasil. A decisão é pessoal e intransferível. 

Votar pela rejeição do acordo é assumir o compromisso moral de construir algo melhor. Votar pela aprovação do acordo é dizer que a luta continua, mesmo que não haja greve, e lutaremos com os direitos que temos.  Não se constrói greve votando contra a proposta e furando a greve, assim se constrói a derrota. “A verdade está lá fora”, dizia o seriado. E, olhando bem para fora, vemos o precariado, o plataformizaçao do trabalho, a pejotização, e a ausência de qualquer direito. Se queremos que a luta avance, o primeiro passo é manter unida a categoria bancária e é isso que a convenção nos lega, além de nós preservar da perda salarial

Mas, fica a lição, isso não basta: trata-se de luta política.

2 comentários:

  1. A luta do movimento sindical é cheia dee armadilhas e os colegas que votam contra a aceitação desse acordo, mesmo sendo um aumento bastante ínfimo, foi o que conseguimos. Mas a única pergunta que nos resta é a seguinte: temos força para o enfrentamento com o sistema financeiro? Não! A preposição é: Vamos agora, nos organizar, ter consciência política, de classe, criar estratégia e tática para a luta de classe? Do contrário não vejo saída. Vamos bater pesado na formação política dos nossos camaradas e fazê-los entender que o cabo de guerra que estamos puxando depende da unidade de classe. Estamos vencendo por pouco por causa dos reclamões fura greve que ficam esbravejando sem ação concreta. Viva os bancários revolucionários!

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  2. A luta do movimento sindical é cheia dee armadilhas e os colegas que votam contra a aceitação desse acordo, mesmo sendo um aumento bastante ínfimo, foi o que conseguimos. Mas a única pergunta que nos resta é a seguinte: temos força para o enfrentamento com o sistema financeiro? Não! A preposição é: Vamos agora, nos organizar, ter consciência política, de classe, criar estratégia e tática para a luta de classe? Do contrário não vejo saída. Vamos bater pesado na formação política dos nossos camaradas e fazê-los entender que o cabo de guerra que estamos puxando depende da unidade de classe. Estamos vencendo por pouco por causa dos reclamões fura greve que ficam esbravejando sem ação concreta. Viva os bancários revolucionários!

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