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domingo, 12 de julho de 2009

Bergson Gurjão Farias: Guerrilheiro do Araguaia

www.diariodonordeste.com.br

08/07/2009 - 09:58

Guerrilheiro cearense é identificado no Araguaia e será sepultado

Busca por ossadas no Araguaia começa hoje

Agência Estado / Portal Verdes Mares / Diário do Nordeste

Bergson Gurjão Farias, do PC do B, morto por tropas do Exército na guerrilha do Araguaia em maio de 1972. (Foto: Arquivo pessoal)

Começa nesta quarta-feira (8) a fase preparatória das novas buscas de corpos de integrantes da Guerrilha do Araguaia (1972-1975) no Sul do Pará. Uma equipe do Ministério da Defesa visitará a Casa Azul - principal base militar na região durante o conflito - e o cemitério São Miguel, no centro antigo de Marabá.

Cearense é um dos únicos corpos já identificados; família fará sepultamento

Dos 67 guerrilheiros mortos pelo Exército, apenas dois tiveram os corpos identificados até hoje pelo governo - Maria Lúcia Petit e do cearense Bergson Gurjão Farias.

Bergson Gurjão Farias, do PC do B, morreu em 1972

Identificado extraoficialmente em 2004, o corpo do guerrilheiro cearense Bergson Gurjão Farias, do PC do B, morto por tropas do Exército na guerrilha do Araguaia em maio de 1972, poderá enfim ser sepultado pelos familiares.

“É o dia mais importante da minha vida de pesquisadora"

O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, aceitou argumentos da pesquisadora Myrian Luiz Alves e anunciou a identificação do guerrilheiro por um laboratório de São Paulo, feita com base na análise mitocondrial. A família de Bergson foi notificada na última terça-feira (7) mesmo em Fortaleza para providenciar os funerais.

“É o dia mais importante da minha vida de pesquisadora, foram sete anos de trabalho e dedicação”, disse Myrian ao Estado, chorando, ao saber do anúncio. Ela, ligada ao PT, travou uma guerra contra setores do governo que não aceitavam seus argumentos de que o corpo era de Bergson.

FIQUE POR DENTRO Bergson foi torturado e morto a baioneta O cearense Bergson Gurjão Farias era estudante de Química da Universidade Federal do Ceará e vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), em 1967. No ano seguinte, mudou-se para Caianos, na região do Araguaia e desapareceu em 8 de maio de 1972, após ter sido ferido em combate. Seu corpo foi levado para Xambioá, todo deformado, tendo sido pendurado em uma árvore de cabeça para baixo. O desaparecimento do jovem guerrilheiro foi denunciado em juízo pelos presos políticos Genoino Neto e Dower Moraes Cavalcante. De acordo com os presos, Bergson teria sido morto a baioneta. www.opovo.com.br

Da UFC para a luta armada

16 Mai 2009 - 18h53min

Segundo dados da organização não-governamental Tortura Nunca Mais, Bergson Gurjão Farias nasceu em 17 de maio de 1947, em Fortaleza, Estado do Ceará, filho de Gessiner Farias e Luiza Gurjão Farias, e desapareceu na Guerrilha do Araguaia. Ele era estudante de Química na Universidade Federal do Ceará, e vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes, em 1967. Foi preso no Congresso da UNE, em lbiúna, em 1968 e foi expulso da Faculdade com base no Decreto-lei 477. Indiciado no inquérito por participação no XXX Congresso da UNE, foi condenado em 1° de julho de 1969 pelo CPJ do Exército a 2 anos de reclusão. Em 1968, no Ceará, foi gravemente ferido à bala na cabeça quando participava de manifestações estudantis. Refeito dos ferimentos e sob feroz perseguição, foi para o interior, indo residir na região de Caianos, onde continuou suas atividades políticas. Ferido em combate, em 8 de maio de 1972. Seu corpo foi levado para Xambioá, todo deformado, tendo sido dependurado em uma árvore, com a cabeça para baixo, a qual era chutada constantemente pelos paraquedistas mobilizados na caça aos guerrilheiros. Segundo depoimento de Dower Cavalcanti, ex-guerrilheiro já falecido, o General Bandeira de Melo lhe dissera que Bergson estaria enterrado no Cemitério de Xambioá. Seu desaparecimento foi denunciado em juízo, em 1972 e 1973 pelos presos políticos José Genoino Neto e Dower Moraes Cavalcante.(PV)

Araguaia

O acerto de contas com o passado

Trinta e sete anos depois, o Ceará reencontra a história do guerrilheiro Bergson Gurjão. Na próxima quarta-feira, dia 20, a Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou julga o pedido de indenização para a família

Paulo Verlaine da Redação 16 Mai 2009 - 18h53min

A ossada é ou não é de Bergson Gurjão Farias? É a mais nova polêmica que se trava em Brasília. O motivo da discussão é o possível esqueleto de um guerrilheiro cearense, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), morto em combate na Guerrilha do Araguaia (sudeste do Pará, norte de Tocantins, então Goiás, e sul do Maranhão), em 8 de maio de 1972. Ele foi o primeiro guerrilheiro a morrer em choque com o Exército. Bergson Gurjão, de 25 anos, foi mortalmente ferido numa emboscada, após uma troca de tiros com uma equipe de pára-quedistas. Antes disso, ele atirou no então tenente Álvaro Pereira, que sobreviveu e hoje é general da reserva e um dos ideólogos das Forças Armadas. Transtornados, os demais integrantes da tropa trucidaram o guerrilheiro. Relato de um sobrevivente, Dower Moraes Cavalcante, conta que, o corpo, já sem vida, foi perfurado a golpes de baioneta e, depois, pendurado de cabeça para baixo em uma árvore na região do Araguaia. Anistia A Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou julgará no próximo dia 20, às 8h30min, no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará, o pedido de indenização para a família de Bergson Gurjão Farias. Segundo o presidente da comissão, Mário Albuquerque, o julgamento será público. “Esperamos contar com a presença de entidades e personalidades neste acontecimento”, disse Albuquerque. Enquanto isso, a família de Bergson Gurjão Farias quer uma definição sobre o caso da identificação da ossada e lamenta que assunto tão doloroso venha sendo explorado politicamente por setores da mídia, conforme disse ao O POVO Mário Albuquerque. Controvérsia Em 1996, um esqueleto foi exumado no cemitério de Xambioá (Tocantins). Peritos que examinaram a ossada admitiram que ela tem características idênticas ao do cearense oficialmente desaparecido durante o conflito. A ossada, denominada de X-2, está, até hoje, guardada num armário da Secretaria Especial de Direitos Humanos, no anexo do Ministério da Justiça, em Brasília. A confusão se estabeleceu quando a secretária-executiva da Comissão de Mortos e Desaparecidos, Vera Rotta, anunciou que dois exames de DNA feitos na ossada foram “inconclusivos”. Mas o perito Domingos Tocchetto, professor de criminalística da Escola Superior de Magistratura, apontou, na última semana, em parecer feito a pedido da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, coincidências entre as conclusões dos exames nos ossos recolhidos em 1996 e as características físicas de Bergson Gurjão Farias. Domingos Tochetto participou de casos famosos, como as mortes de PC Farias (1996) e da jornalista Sandra Gomide (2000). Tocchetto debruçou-se sobre o “Informe Antropológico Forense”, elaborado por peritos argentinos contratados pela Comissão de Mortos e Desaparecidos para tratar das ossadas da Guerrilha do Araguaia. Novos exames Na última quinta-feira, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, divulgou nota afirmando que novos exames serão realizados na ossada. Diz o ministro, no final da mensagem: “Considerando os avanços tecnológicos, que nessa área evoluem a cada ano, e a identificação positiva de três desaparecidos políticos por empresa do Brasil, esta Secretaria realizará, com urgência, novas análises de DNA na ossada ‘X-2’, para comparar com o cadastro do Banco de DNA de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, constituído a partir de 2006 e atualmente com os perfis genéticos de familiares de 108 mortos e desaparecidos políticos do Brasil”. O advogado Benedito Bizerril, diretor estadual do PCdoB no Ceará disse ao site Portal Vermelho: “Caso a confirmação ocorra e os restos mortais de Bérgson Gurjão de Farias voltem para o Ceará, o PCdoB, junto à família do guerrilheiro, prestará homenagem ao colega”. E-MAIS >A guerrilha do Araguaia foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil, entre os anos de 1966 e 1974. Os integrantes do PCdoB pretendiam derrubar o regime militar instituído no Brasil desde 1964, começando o movimento pelo campo, como ocorrera na China e em Cuba. > O cenário do conflito se deu no Bico do Papagaio, região onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão fazem fronteira. O nome foi dado por se localizar às margens do rio Araguaia, próximo às cidades de São Geraldo e Marabá no Pará e de Xambioá, no norte de Goiás. Participaram da guerrilha do Araguaia cerca de 80 guerrilheiros. >A maior parte deles entrou no ano de 1970. Entre eles, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno, cearense, que foi preso pelo Exército em 1972. Outros cearenses que participaram da guerrilha, entre os quais: Custódio Saraiva Neto (desaparecido) e Dower Moraes Cavalcante, preso em 1972 e que, posteriormente se formou em Medicina, hoje falecido.

2 comentários:

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