Li sobre o apoio a JK, com o Amazonas fazendo o meio de campo. Li sobre o apoio ao Getúlio, que liderou o Brasil contra os Fascistas depois de tantos crimes, inclusive contra os comunistas. Li também como erramos com o mesmo Getúlio, antes de sua morte, e a reação do povo. E, depois, como erramos em relação ao Jango, e o que veio depois. E sei quem foi mais consequente no apoio a Lula e Dilma, sem recuar das críticas ao hegemonismo, à política econômica, ao conluio com o PIG, à rendição ao financiamento empresarial, que nos trouxe até aqui.
Lembro da eleição da Câmara após o Aldo - e por consequência o Glorioso PCdoB - ter sido decisivo para deter o Golpe. Deu Chinaglia, por menos de dez votos, para pôr o PMDB no centro do poder, até ter chegado onde chegou. Lembro de quem, lastreado no exclusivismo e no hegemonismo, pavimentou a vitória de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara e nos trouxe até aqui, com a mesma expertise tática de quem não apoiou Tancredo, nem assinou a CF de 1988. Lembro de quem ficou no colo das oligarquias, cujo exemplo de Sarney, no Maranhão, é lapidar, afora as facadas nas costas contra Inácio e Manuela e tantos que não podiam crescer sob o aliado eucaliptino. Lembro de quem "defende" a democracia, mas com cláusula de barreira e o fim das coligações proporcionais.
Lembro de quem deixou a Dilma e o PCdoB sozinhos defendendo as diretas, enquanto era tempo.
E tenho anotado no meu caderninho vermelho os nomes dos golpistas arrependidos do bico vermelho, que esperaram os 49 minutos do segundo tempo para seguir com seu oportunismo de quinta coluna, posando de esquerda.
Então, é do alto dessa sucessão de cagadas que, açulados pela Folha e a Globo, vejo as críticas pseudo-esquerdistas ao PCdoB, que luta pela democracia e pela legalidade, conquistas feitas à sangue e bala, e muita política.
Já dizia o Lênin:
"Fazer a guerra para derrotar a burguesia internacional, uma guerra cem vezes mais difícil, prolongada e complexa que a mais encarniçada das guerras comuns entre Estados, e renunciar de antemão a qualquer manobra, a explorar os antagonismos de interesses (mesmo que sejam apenas temporários) que dividem nossos inimigos, renunciar a acordos e compromissos com possíveis aliados (ainda que provisórios, inconsistentes, vacilantes, condicionais), não é, por acaso, qualquer coisa de extremamente ridículo? Isso não será parecido com o caso de um homem que na difícil subida de uma montanha, onde ninguém jamais tivesse posto os pés, renunciasse de antemão a fazer zigue-zagues, retroceder algumas vezes no caminho já percorrido, abandonar a direção escolhida no início para experimentar outras direções?"
E também:
"Os partidos revolucionários têm de completar sua instrução. Aprenderam a desencadear a ofensiva. Agora têm que compreender que essa ciência deve ser completada pela de saber recuar ordenadamente. É preciso compreender - e a classe revolucionária aprende a compreendê-la através de sua própria e amarga experiência - que não se pode triunfar sem saber atacar e empreender a retirada com ordem. De todos os partidos revolucionários e de oposição derrotados, foram os bolcheviques que recuaram com maior ordem, com menores perdas para seu “exército”, conservando melhor seu núcleo central, com cisões menos profundas e irreparáveis, menos desmoralização e com maior capacidade para reiniciar a ação de modo mais amplo, justo e vigoroso. E se os bolcheviques conseguiram tal resultado foi exclusivamente porque desmascararam impiedosamente e expulsaram os revolucionários de boca, obstinados em não compreender que é necessário recuar, que é preciso saber recuar, que é obrigatório aprender a atuar legalmente nos mais reacionários parlamentos e nas organizações sindicais, cooperativas, nas organizações de socorros mútuos e outras semelhantes, por mais reacionárias que sejam".
O PCdoB diz que a batalha na Câmara é para assegurar o cumprimento do regimento interno, condições mínimas de disputa da agenda do país, condições mínimas para a defesa da democracia, mantendo suas posições em favor da Nação, da Democracia e dos Trabalhadores. A derrota é a única certeza, e há quem a aspire, achando bonito se lascar, como se tivesse mudado a correlação de forças, os votos na Câmara etc. Não mudou, piorou. Apoio sem pestanejar a posição da bancada do PCdoB em apoiar a reeleição do Rodrigo Maia, sabendo que isso não representa, em nada, compromisso programático, nem ilusões. A Câmara não mudou um voto. O PCC está sendo mobilizado para aprofundar o estado de exceção na cara de pau. Há em curso gravíssimos movimentos que podem nos levar a uma situação coerente com os tempos em que Trump ascende à presidência dos EUA. A soberania tá indo pelo buraco. Se isso não é um quadro de resistência, não sei o que é. E, nesse cenário, bravata não serve de porra nenhuma. 90 anos não são noventa dias. Só lamento, mas em nada me surpreendo, com os estrebuchamentos de quem pôs tudo a perder e posa de sapiente.
O Comitê Central e a bancada contam com meu apoio integral. E é preciso ampliar ao máximo, ter uma tática complexa para um momento tão difícil como esse. O amadorismo e o isolamento são a morte, e essa é uma batalha, uma só, no meio de muitas que teremos de travar para retomar as condições mínimas de uma virada.
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