Avisem em Macondo que a guerra acabou! Ao assinar o acordo de paz que dá fim aos 52 anos de conflito na Colômbia, tanto o comandante em chefe das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Timoleón Jiménez, quanto o presidente do país, Juan Manuel Santos, citaram o romance Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez, o prêmio Nobel de Literatura que fez de sua obra um manifesto de amor pelo fim da guerra.
Por Mariana Serafini
ReutersEntre os chefes de Estado estavam Raúl Castro que abriu Cuba para a realização dos Diálogos, Rafael Correa do Equador, Michelle Bellet, do Chile, Salvador Sánchez Cerén de El Salvador, Juan Carlos Varela, do Panamá e Pedro Pablo Kuczynski, do Peru
O acordo de paz foi assinado na noite desta segunda-feira (26) em Cartagena das Índias, cidade em que Gabo foi sepultado. Timoleón Jiménez encerrou seu discurso citando a história de amor entre Mauricio Babilônia e Meme (uma das últimas personagens da estirpe dos Buendia, do romance do escritor colombiano).“Acabou a Guerra. Estamos começando a construir a paz. O amor de Maurício Babilônia por Meme poderá ser agora eterno e as borboletas que voavam livres atrás dele, simbolizando seu infinito amor, poderão agora se multiplicar pelos séculos cobrindo a pátria de esperança”.
O presidente, por sua vez, também citou a obra de Gabriel García Márquez ao encerrar seu discurso: disse que há uma “segunda oportunidade sobre a terra”.
A caneta usada para firmar o acordo é muito simbólica. Trata-se de um “balígrafo”, uma caneta produzida a partir do material de munições. “Nós criamos o que chamamos de balígrafo, que é uma bala convertida em uma caneta para dizer que esta é a transição das balas para a educação e ao futuro”, explicou o presidente.
Cerca de 15 chefes de Estado participaram da cerimônia que marcou o triunfo dos quatro anos de Diálogos de Paz realizados em Havana sob a supervisão de outros Estados soberanos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também fez questão de participar do ato.
O processo de paz “é uma vitória da sociedade colombiana como um todo e da comunidade internacional”, afirmou Jiménez, ao agradecer diferentes setores da população da Colômbia pelo apoio às negociações entre o governo e a guerrilha, “sobretudo às vítimas do conflito”.
Agora que acordo foi assinado ele será encaminhado ao Parlamento para ser submetido a um plebiscito, a ser realizado neste domingo (2), quando a população terá a oportunidade de votar “sim” pelo fim da guerra.
Depois de aprovado, o acordo entra em vigor e as Farc terão 180 dias para fazer a transição completa à vida civil e política. Sem armas, os ex-guerrilheiros terão o direito de ocupar três assentos no Parlamento até as próximas eleições, quando poderão concorrer como uma força política.
O processo de desarmamento e integração dos guerrilheiros à sociedade será supervisionado pela ONU com centenas de voluntários de várias partes do mundo. Outros organismos internacionais, entre eles a Celac e a Unasul também estarão presentes no processo.
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Do Portal Vermelho
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