O Brasil tem sua trajetória marcada pelo patriarcado e escravagismo, sempre dirigido pelo coronelismo e uma política fundamentalista que vem a cada dia desrespeitando a laicidade do estado democrático de direito. Na última década conquistamos com muita luta a ampliação do acesso e permanência da juventude pobre e preta nas Universidades, mas a cultura elitista e patriarcal permanece, mesmo com diversas ações e políticas afirmativas para a promoção da igualdade de direitos para mulheres, povos e comunidades tradicionais, LGBT e a população negra, os racismos e as LGBTfobias assim como os machismos estão enraizados em nosso sistema que se utiliza do discurso do ódio e da intolerância para aumentar a opressão e garantir os privilégios das classes elitistas brasileiras.
O Estado Brasileiro, embora tenha ampliado o acesso à educação para a população negra e pobre, não enfrentou de forma contundente os racismos, não temos uma política de educação e de permanência para nossos estudantes que valorize a diversidade e promova uma cultura de respeito às diferenças. As discriminações são de classe, são contra o povo que não está de acordo com os padrões estabelecidos por este sistema patriarcal e capitalista. O Brasil foi considerado pelo New York Times, o país mais perigoso para a população LGBT no Mundo.
No dia 2 de Julho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Racismo e a LGBTfobia levaram mais um jovem à morte. O corpo do estudante Diego Vieira Machado, nortista do Estado do Pará, gay e negro, foi encontrado com sinais de espancamento às margens da Baía de Guanabara, na Ilha do Fundão. Lamentavelmente esse não é um caso isolado, o recado vem sendo dado, grupos conservadores e fascistas, legitimados por discursos odiosos e fundamentalistas, vem dando sinais de alerta, não aceitam as populações negras e de LGBT em espaços que antes eram privilégios das elites branca e heteronormativas.
É importante ressaltar que outros estudantes, inclusive a vítima, tinham recebido mensagens de ódio e ameaças originadas de grupos conservadores da universidade, endereçadas especialmente a negros e gays. Estes elementos nos remetem à conjuntura política pela qual estamos passando, o conservadorismo, o fundamentalismo religioso e diversas outras expressões de ódio são características deste processo de golpe.
Precisamos aprofundar o debate sobre as ações a serem tomadas nas Universidades, e no conjunto da sociedade brasileira, estabelecer com o conjunto dos movimentos sociais LGBT e Estudantil uma campanha a ser realizada sistematicamente nas Instituições Públicas e Privadas.
Nos solidarizamos aos familiares e amigos do Diego, de outras tantas vítimas da LGBTfobia, dos racismos e machismos e nos comprometemos em lutar diuturnamente e sem descanso para desconstruir estes padrões, enfrentar a violência e construir um novo modelo de sociedade, que considere e respeite as mulheres a população pobre, negra e LGBT.
Assinam:
UNIÃO NACIONAL DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS - UNALGBT
ANTRA - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVETIS E TRANSEXUAIS
REDETRANS - REDE NACIONAL DE PESSOAS TRANS - BRASIL
ARTGAY - ARTICULAÇÃO BRASILEIRA DE GAYS
UNIÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS - UBES
UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES - UNE
UNIÃO BRASILEIRA DE MULHERES - UBM
UNIÃO DA JUVENTUDE SOCIALISTA - UJS
UNIÃO DE NEGROS PELA IGUALDADE - UNEGRO
GRUPO LAMBDA LGBT
UNIÃO PAULISTA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS - UPES
CENTRAL DE TRABALHADORAS E TRABALHADORES DO BRASIL - CTB
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