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segunda-feira, 18 de julho de 2016

As forças dos fracos são número e astúcia - Paulo Vinícius Silva

Ante a possibilidade real de se firmar o golpe entreguista, antipopular e obscurantista, observei verdadeira escalada de críticas à esquerda consequente, que não se omitiu diante do fato público e notório de nossa situação de minoria na Câmara mais reacionária de há muito. No episódio da eleição da Presidência da Câmara, essa posição advoga não haver diferenças das candidaturas por se situarem tanto Rosso (PSD-DF) quanto Maia (DEM-RJ) no campo golpista.

O centro dessa posição ignora a correlação de forças e faz o elogio da "derrota com honra", o que mostra a sua bisonhice inaceitavel. É de uma empáfia ingênua, péssima conselheira.

A bola ainda está em campo, e não devemos aceitar o fatalismo diante do cenário dificílimo vivido. A lógica do "tá perdido, não vale a pena" é o inverso do que quer parecer. Longe de altiva, expressa o desespero dos setores médios aliados, a renegar de modo pueril a complexidade do contexto e as consequências de sua omissão face ao avanço da direita, ampliando-lhe ainda mais a força para o desmonte da Constituição de 1988 e dos avanços dos anos Dilma e Lula.

Quem critica "manobras parlamentares" da esquerda minoritária e sob o golpe, finda por ajudar a desarmar quem, em verdade, merece apoio, abrindo ainda mais o flanco para o avanço conservador. Amigos(as), é a Câmara... essa Câmara... como anatemizar as nossas manobras parlamentares!!?? Será que não nos apercebemos que isso é uma completa bobagem? Será que não vemos a própria imprensa golpista a exigir uma suposta "coerência" que nada mais é que o suicídio?

Os argumentos da centralidade de se dividir o campo golpista, de ampliar isolamento de Cunha e retomar os direitos da minoria para que a luta se dê em melhores condições ilustram a verdadeira luta contra o Golpe, e não os muxoxos de quem deserta do confronto real, que não escolhemos, e que não podemos declinar, para o bem do país, da democracia e da classe trabalhadora. Já dizia Engels do erro de se apresentar a impaciência como argumento teórico.

Quando o esquerdismo eh a reserva da direita

Numa batalha na Câmara, o elementar é saber fazer contas... Ora, mesmo de fora, eh clara a situação minoritária dos setores democráticos e progressistas. Esse é o dado de realidade. O desastre da articulação política de Dilma aí principiou, com a candidatura funesta de Chinaglia que nos rendeu a previsível vitória de Cunha e tudo que vivemos desde então. Isso já ocorreu, portanto. O realismo impunha definir o alvo e o objetivo possíveis, esta sim a política justa num campo minado. Acenar para a possibilidade de ir para o segundo turno elude o dado triste, mas real, de que a candidatura do PSOL visou a semear a ilusão de viabilidade de uma vitória progressista, quando na verdade era a reserva de mercado da vitória da direita já no primeiro turno. Eram os votos que jamais apoiariam, por exemplo, um candidato como Marcelo Castro, democrata, progressista e do PMDB. Ademais, ainda que possível fosse, isso não nos livraria da derrota no segundo turno, e uma hesitação dessa natureza favoreceria ainda mais a articulação Cunha/Temer pela eleição de Rosso. Não era marra que se exigia da esquerda, mas fazer conta, ter consequência e coragem de pegar na rodilha do pote. Tipo de missão que, historicamente, resta ao pequeno que pensa a grande política, o PCdoB.

Tempos sombrios e as táticas adequadas

Trabalhamos, estudamos, vivemos e agimos como se tudo bem estivesse, e até dizemo-lo: tudo bem. Mas não está. Vivemos um golpe. E as consequências dessa derrota podem aniquilar a democracia, as ferramentas do desenvolvimento nacional (CEF, BB, BNDES, PETROBRAS) e as conquistas desde a CLT. No mundo, a situação não é melhor. Nesse contexto, o giro da proposta do Plebiscito e a ousada costura na eleição da Presidência da Câmara devem cumprir importantíssimo papel pedagógico para o campo progressista.
Sinalizam para o fim da arrogância tão cara ao hegemonismo petista. Repõem a centralidade de ampliar o arco de alianças para dividir o adversário e chamar o povo à decisão sobre o seu futuro. São importantes alertas para a coragem da utilização de todas as armas restantes da nossa incipiente democracia. Cercada pelo aparato judiciário policial, pela imprensa golpista, pelas oligarquias, pelo sistema financeiro e pelos fundamentalistas e fascistas, não temos o direito de ser burros, de jogar a toalha.
Mais do que nunca, carecemos de povo consciente e na rua, mas também da astúcia, que é a força dos fracos, como nos ensinou Chicó, do Auto da Compadecida, do imortal Ariano Suassuna. Longe da minha reprovação, merece meu aplauso a esquerda consequente que enxergou com clareza a centralidade da batalha contra Cunha, e que fez o que era preciso.

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