O documentário sobre a vida do guerrilheiro que lutou pelo fim da ditadura militar na região do Araguaia, Osvaldão, entra em circuito nacional no próximo dia 10 de dezembro, mas nesta segunda-feira (30) acontece uma pré-estreia na capital paulista. Uma das diretoras do filme, Ana Petta, fala sobre a história que “infelizmente não foi superada” da luta pela democracia e liberdade.
Por Mariana Serafini
Divulgação Cena do filme Osvaldão resgatada do documentário da Checoslováquia Osvaldão traz a história de Osvaldo Orlando da Costa, o jovem da cidade de Passa-Quatro, no interior de Minas Gerais, membro do PCdoB que dedicou sua vida a lutar pelo fim da ditadura militar no Brasil. O filme estreia num período em que o Brasil sofre tentativas de desestabilização por parte dos setores mais reacionários da política nacional, e sobre isso Ana lamenta que “a discussão ainda não foi superada porque existem grupos que defendem a volta da ditadura militar”.
Para a diretora, em momentos como este é importante resgatar a história para não repeti-la. Com esta responsabilidade os diretores – André Lorenz Michiles, Fábio Bardella e Vandré Fernandes, além de Ana – estão fazendo exibições gratuitas da obra nas escolas ocupadas pelos estudantes em São Paulo.
Cada luta ao seu tempo. Os alunos hoje empenhados em proteger suas escolas da reorganização proposta pelo governador Geraldo Alckmin, que vai prejudicar milhares de estudantes em todo o estado, têm contato, por meio do filme, com a história do também jovem Osvaldão que lutou pela liberdade do país. “Eles ficam curiosos, querem saber mais, fazem muitas perguntas, é muito interessante esse contato, é importante que eles conheçam essa história e quem são seus heróis nacionais”, conta Ana.
Cartaz de "pré-estreia" de Osvaldão em uma escola ocupada em São Paulo
Ana defende que a históriada ditadura militar como um todo e especificamente o episódio da Guerrilha do Araguaia devem fazer parte do projeto curricular das escolas, de forma a resgatar a esclarecer o que realmente aconteceu. Um dos objetivos do filme é este, manter as histórias de Osvaldão, e dos militantes que deram a vida pela democracia, vivas.
A produção do filme durou dois anos, período este em que os diretores fizeram um levantamento da história de Osvaldão em Passa-Quatro, onde ele nasceu e viveu boa parte da vida; no Rio de Janeiro, onde foi campeão de boxe pelo Club de Regatas Vasco da Gama; na Checoslováquia, onde viveu e estudou por alguns anos e, por fim, na região do Araguaia, onde foi um dos principais militantes da guerrilha que mobilizou a maior expedição do exército brasileiro desde a 2ª Guerra Mundial.
Em meio à pesquisa sobre a vida de Osvaldão, os diretores descobriram um documentário feito com vários estudantes da Checoslováquia, onde ele era um dos destaques, e usam imagens deste material no filme atual. O cantor Criolo empresa sua voz ao personagem principal, enquanto outros artistas, entre eles, Leci Brandão, Antônio Pitanga, Flávio Renegado e Fernando Szegeri narram trechos da história.
Ana conta que foi fascinante conversar com as pessoas que conheceram Osvaldão na região do Araguaia onde até hoje ele é muito querido. “O filme mostra que o Osvaldão ainda é muito presente na região, ele se tornou uma espécie de mito lá”.
Os depoimentos dos moradores da região do Araguaia dão conta de que Osvaldão “se transformava em pedra” ou “em árvore” e por isso não era encontrado pelos oficiais do exército. Há ainda quem acredite que ele era abençoado por uma proteção mágica que o fazia desaparecer. “Além de ser valente, ele era invisível”, relata um morador. Uma verdadeira lenda.
Segundo a diretora, a família de Osvaldão foi receptiva com a ideia do filme e gostou muito de descobrir fatos que mesmo para os parentes mais próximos eram novos. “Um sobrinho dele nos agradeceu porque hoje ele conhece mais sobre o Osvaldão, então o filme também conseguiu aproximar mais o Osvaldão da família dele”, conta.
Financiamento coletivo
Em dezembro o filme estreia em sete cidades do Brasil no circuito de cinema comercial. Dia 10 entra em cartaz em cinemas no Rio de Janeiro e na capital paulista. Este projeto foi possível graças a um projeto de financiamento coletivo que arrecadou os recursos necessários para a exibição.
A campanha de financiamento coletivo durou 40 dias e possibilitou que o filme entre em cartaz nos cinemas de Porto Alegre (RS), São Paulo(SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE).
Nesta segunda-feira (30) a pré-estreia de Osvaldão é no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca às 21 horas.
Assista ao trailer:
Fonte: Portal Vermelho
Cultura
30 de novembro de 2015 - 16h46 - “Infelizmente uma história atual”, diz diretora de Osvaldão
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