“A
luta de classes é como o sol e como as estrelas. Negá-la é negar a
realidade” - “Não devemos lutar por uma utopia de que em algum dia
teremos uma sociedade melhor, temos que lutar para que as pessoas vivam
mais felizes hoje”. “Quando você vai comprar algo, não paga com
dinheiro, paga com o tempo de sua vida que teve que gastar para ter esse
dinheiro. Todavia, se tem muito dinheiro, tem que gastar
tempo em controlá-lo e [cuidar para] que não te roubem. E, ao final, és
um pobre escravo que já não tem tempo para viver” “Reconhecemos o
matrimônio igualitário porque acontece em todo mundo e é estúpido não
reconhecê-lo. Tratamos de combater o narcotráfico pela via da
regulamentação do mercado, não que estejamos de acordo com o consumo de
droga. Porém, pior que a maconha, é o narcotráfico... Esse critério,
tratamos de abrigar em todas as políticas, reconhecer a realidade, por
mais que não te agrade, porque reconhecê-la é tratar de retirar os
efeitos negativos que aquela realidade pode ter. Olhe, isso nem é de
esquerda, isso deveria ser o senso comum”, Leia mais em http://zip.net/bhrVk5
Vejo pelo face do meu amigo Helinho, camarada e professor universitário, a apoteose da presença de Mujica - ex-presidente uruguaio, ícone da esquerda latino-americana - na capital fluminense. Os estudantes da UERJ receberam-no como a foto bem ilustra.
A imagem explicita essa multidão de jovens, essa alegria, e essa identidade com um socialista, ex-guerrilheiro, preso político por anos e que foi torturado, um idoso que teima a andar em um fusca, mesmo como Presidente do seu país. Um homem cujo maior luxo foi o de dobrar toda ainstitucionalidade a um modo de agir sem qualquer pompa, sem gastos, tremendamente austero, honesto. E mais, falador, polêmico, combativo, e ao mesmo tempo com grande amor aos humildes. Essas qualidades (retidão, austeridade, simplicidade, amor ao povo) no ex-presidente Pepe Mujica. evocam os sentidos de ser da ESQUERDA. Mas a esquerda, que fez esse momento, não tem se encontrado assim. Mais que isso, não temos sido capazes de mobilizar os jovens desse modo.
Os jovens até 35 anos são cerca de 65% da População Economicamente Ativa do Brasil. Toda uma geração pós queda do socialismo na URSS. Toda uma geração que cresceu após Pinochet, Reagan e Tatcher terem vencido e imposto: "There Is No Alternative." Uma geração envolta na monopolização dos meios de comunicação, submetida aos discursos contra o Estado, a política, o partido, o sindicato, com o elogio do individualismo, do consumismo, da futilidade e o aflorar de toda sorte de doenças sociais, das quais a violência é a resultante mais visível.
Quem fala para essa geração? Como ela vive? Que problemas enfrenta? Ela tem medo ou confiança quando pensa no seu futuro? Vivemos uma singularidade, um bônus demográfico único na História, e dispomos de imensa população com capacidades para ajudar o Brasil.
Nesse sentido, o desafio educacional do Brasil tem sido enfrentado com a ampliação da educação feita até agora, desde Lula, e por amplos programas de acesso. Com a implantação do Plano Nacional Educação, com 10% do PIB advindos do Pré-Sal para a área, isso poderá atingir fortemente as bases da desigualdade do país, fazendo uma inflexão no sentido de ampliar o nível científico, técnico e tecnológico do país para enfrentar os desafios contemporâneos.
Mas o desemprego, a baixa remuneração, os acidentes de trabalho, a terceirização, as doenças decorrentes do trabalho, os riscos psicológicos do trabalho, se somam a uma realidade de genocídio da juventude negra nas periferias do país, que vive taxas de assassinatos de jovens comparáveis com as de guerras, jovens negros e pobres na sua grande maioria. A gravidez precoce e a falta de apoio às jovens famílias agravam problemas já enfrentados pela mulher jovem no mercado de trabalho, como a baixa remuneração e os assédios. Com o recrudescimento da crise, é essa juventude que primeiro perde seus empregos, com família e dívida.
Essa juventude é carente de sonho e de esperanças, precisa de oportunidades para cumprir seu papel histórico na construção do nosso Projeto Nacional de Desenvolvimento. Só eles poderão fazê-lo. É preciso ouvi-los, mesmo quando estão na manifestação errada. A verdade é que nós não estamos falando para eles, e eles estão experimentando a política em meio à democracia que conquistamos. Mas a conclusão é que a geração precedente não fala para a juventude. A juventude, os trabalhadores que recentemente se formalizaram, quem fala para eles? O projeto mudancista não fala. Na verdade, é preciso recuperar as pontes entre as forças progressistas todas na construção de debates e encontros que possam expressar esse movimento de unificação e propósitos de mudança.
Aí, vem o Mujica, um líder da Frente Ampla uruguaia, e a juventude vai em peso. Precisamos refletir, o que estamos fazendo de errado para não reunir assim a juventude para incorporá-la à luta pela mudança e pelo socialismo? Não é essa, em parte, a nossa fragilidade? E enquanto estamos falando para nós mesmos, os gentilis, bolsonaros, jabostas, malafaias etc falam para a juventude.
Vamos conseguir mudar o Brasil sem essa juventude? Sem os trabalhadores? E falaremos para eles, ou será pela institucionalidade, as políticas públicas e a comunicação institucional que os mobilizaremos? Só o trabalho de base e adaptado as novas tecnologias, mas com o imprescindível combustível, a justa política.
A Nova Frente Brasil Popular deve servir para esse diálogo. E a juventude, os trabalhadores, sem terras e sem-teto podem fazer um movimento imenso e capilarizado nos principais centros do país. É uma rede imprescindível para uma agenda de democracia, desenvolvimento, direitos e soberania, contra o rentismo e a austeridade neoliberais, única via a poder incluir essa maioria da população, assegurar-lhe oportunidades. Mas é preciso reunir e debater a situação com as pessoas!!! Miremo-nos no exemplo dos cariocas que fizeram esse bonito momento de unidade popular.
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