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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Terra Bárbara - Jáder de Carvalho


    Na minha terra, 
    as estradas são tortuosas e tristes 
    como o destino de seu povo errante. 
    Viajor, 
    se ardes em sede, 
    se acaso a noite te alcançou, 
    bate sem susto no primeiro pouso: 
    — terás água fresca para sua sede, — 
    rede cheirosa e branca para o teu sono.

        Na minha terra, 
        o cangaceiro é leal e valente: 
        jura que vai matar e mata. 
        Jura que morre por alguém — e morre.

    (Brasil, onde mais energia: 

    na água, que tem num só destino 

    do teu Salto das Sete Quedas 

    ou na vida, que tem mil destinos, 

    do teu jagunço aventureiro e nômade?) 

    Ah, eu sou da terra do seringueiro,

     o intruso 

    que foi surpreender a puberdade da Amazônia.

    Eu sou da terra onde o homem, seminu, 

    planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil. 

    Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá

    e fui crescer nos canaviais do Cariri, 

    entre caboclos belicosos e ágeis.

    Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 

    eu sou o índice do meu povo:

    se o homem é bom — eu o respeito. 

    Se gosta de mim — morro por ele. 

    Se, porque é forte, entender de humilhar-me, — ai, sertão! 

    Eu viveria o teu drama selvagem, 

    eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante, 

    como antes te acordava ao choro da viola...

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