queridos,
queridas,
Dias tão tristes, tem hora que a gente soçobra...
haverá a hora inclusive que cairemos, tanto quanto o levante é inevitável, essa é a dialética na vida;
recebi de outrem, dou a alguém e seguimos esse fio de ariadne que os communards soltaram quando pela primeira vez na história os trabalhadores e trabalhadoras ousaram tomar o céu de assalto
e o céu era a terra, Paris, a força de trabalho, o fuzil, a liberdade, a propria vida.
Um silêncio então ecoou,
e de dentro das casas-grandes sobre senzalas,
de cima das coroas e das repúblicas burguesas
do alto dos grandes oligopólios que apenas começavam
de dentro de cada família de banqueiro que financiou o colonialismo e o genocídio
do seio pútrido de toda a justificação do racismo e do extermínio, do saque, do estupro, da guerra, da partilha colonial...
de lá, ouviu-se não um grito, mas um serpentino sibilo:
Morte aos comunistas!
E juntaram-se os senhores do mundo, e aniquilaram a Paris Operária que apenas ousara o que será o futuro.
Milhares, muito milhares, incontáveis mortos, porque mortos operários, em Paris, no Jacarezinho do Rio de Janeiro, no Chile, no Haiti, em Cali, aonde for, são milhares que morrem, mas é como se não contassem
Porque no capitalismo o que conta não são as vidas humanas,
No capitalismo só conta o lucro,
E a morte dá lucro.
Mas, ainda assim, três verdades escaparam do extermínio da Comuna de Paris
Não houve banho de sangue, bombardeio, mentira, exconjuro, exorcismo que as calassem:
Somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos, ó, parasita, deixa o Mundo!
De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos(as) da terra!
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores(as)!
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores(as)!
Bem unido façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional.
Por isso segue perseguida a palavra que o capitalismo amaldiçoou com tanta violência e crueldade na Comuna de Paris
Por isso esse xingamento é ainda a insígnia mais nobre do futuro da fraternidade humana
Filha do pão e do aço, do suor e do sangue, feita toda de trabalho, feita de operários e operárias, mães e crianças, um monumento da esperança de uma nova vida
Uma visão utópica, sim, utopia numa época de tragédias
Somos seres humanos, todos, e assim devemos ser tratados, humanamente-
vede que perigo,
vede que louca esperança -
"os comunistas guardavam sonhos"
E seguimos.
A quarta verdade é nossa, e a apanhamos do chão,
aquela bandeira vermelha chamuscada,
e nós a escrevemos até hoje.
É uma promessa, uma opção cotidiana,
uma marca que reconhecemos e a entoamos olho no olho, ao dizer, simplesmente:
camarada,
a luta continua!
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