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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O PCdoB, a juventude e a Classe Trabalhadora - I - Paulo Vinícius Silva - Tribuna de Debates do 14º Congresso do PCdoB

Tribuna de Debates do 14º Congresso do PCdoB
Juventude e Classe Trabalhadora, o PCdoB e o Projeto Nacional de Desenvolvimento - I
(Título original).

PAULO VINÍCIUS SANTOS DA SILVA


Na medida em que vençamos o golpe, o PCdoB chegará ao seu centenário vitorioso. Ainda assim, no momento atual, é notável o rol de vitórias que acumulamos, haja vista termos enfrentado incomparáveis pressões para nos afirmar na vida brasileira. A formação do núcleo marxista-leninista na Conferência da Mantiqueira, em 1943, marca um ponto de partida, uma visão nacional própria, que se prova na crise do movimento comunista do 20º Congresso do PC soviético, em 1956. Da Carta dos Cem, outra vez pequenino, sem a URSS; depois, sangrado no Araguaia, nos Estados, na Lapa, mantendo a bandeira do socialismo mesmo com a queda do Leste, quem diria, foi exatamente essa raiz que sobreviveu. São, afinal, os, as comunistas do Brasil.

Representamos os comunistas na urna eletrônica em todo o território nacional. Fizemos muito pelo Brasil, através dos governos de Lula e Dilma. Com Flávio Dino e o povo do Maranhão travamos uma Histórica batalha do desenvolvimento e da democracia. Somos o Partido das líderes mulheres. No que pese o inclemente tiroteio, somos reconhecidos pelo trato republicano e ético e podemos olhar o povo olhos nos olhos. O PCdoB foi o primeiro a denunciar o golpe contra a Presidenta Dilma e a hastear a bandeira das Diretas Já, mas defende seja levantada por uma Frente Ampla. Estamos firmes na luta, em defesa do Brasil, da Democracia e dos direitos do povo.

Dois êxitos importantes, após o fim da Ditadura de 1964, foram a criação da União da Juventude Socialista e da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, feitos dos comunistas, mas também resultado do apoio de aliados e de lideranças independentes. Têm especial importância nesse desafio de ligar o Partido às massas. São organizações amplas, de luta, da juventude e da classe trabalhadora, e classistas. A direção nelas se exercita pela política justa, combativa e capaz de unir amplas massas do povo, não se faz por decreto, e obedece sua institucionalidade autônoma própria, estutária. A CTB tem sentido especial para o Partido da classe trabalhadora, é nosso maior legado orgânico após 2003, e alcançou grande dimensão.

São esses movimentos escadas para a consciênca popular ascender da luta corporativa mais simples, pelo salário e pela saúde no trabalho, pela solidariedade, pela liberdade e contra qualquer discriminação. São como colunas do lastro de classe de nosso Partido: a juventude filha da classe e a própria classe trabalhadora. Contém em seu seio as mulheres, o movimento negro e comunitário, a luta pelo respeito à diversidade. São os espaços de formação das lideranças intermediárias e de base a fisionomia e o modo de fazer política do PCdoB.

Mas é nesses espaços que enfrentamos desafios à expansão partidária e à nossa afirmação eleitoral que constituem a própria defesa da nossa legalidade. E é a partir desses espaços que devemos dar resposta ao dilema e ao escândalo que nos causa o avanço das posições de extrema direita entre jovens e trabalhadores e a nossa forma de organizar-nos é parte da resposta. Aqui também se explicitam dois graves gargalos que tem impedido o avanço da ligação do Partido com o povo, que ocorrem num momento da vida dos e das militantes quadros intermediários: na juventude, quando da passagem da condição estudantil para o mundo do trabalho; entre trabalhadores(as), quando precisamos projetar as lideranças consolidadas para a sociedade como um todo, e em especial a política eleitoral.

Nos dois casos, formamos as lideranças até um certo momento, e depois há um desvio movimentista que prejudica a militância, a liderança e mesmo os projetos de vida. Muitos se perdem, infelizmente. E uma grande parcela, precarizada, terceirizada, informal e desempregada fica sem política, e são parte cada vez maior da classe trabalhadora. Solucionar esse gargalo significa ter mais tempo na formação desse contingente e a ampliaçao de nosa ligação com o povo.

Nosso projeto juvenil exclusiviza a luta estudantil. À militância juvenil falta o coroamento da juventude socialista: o ingresso no mundo do trabalho e na vida adulta. É a hora da opção de ser comunista, que poderá ser perene, ou perder-se. Uma efetiva ligação com o povo se faz com o tempo, com a vida, a partir de uma disciplina pessoal e coletiva que estimule uma vida mais completa e sustentável como coluna para uma consciência e ações livres. É a liberdade que a profissão, o trabalho e a saúde conferem.

O ideal do e da militante comunista na juventude deve ser uma vida completa, autônoma, que lhe permita exercer sua opção ideológica por toda a vida. Há que responder à incômoda pergunta de Renato Russo: “O que você vai ser quando você crescer?” para ter independência necessária e manter a ideologia adquirida ainda na escola, na universidade. Esse enfoque é necessário e contribui para o sentido de viver e lutar, elemento subjetivo destacado para o resgate da juventude exposta a fenômenos como a dependência química, a violência e a pobreza.

Só uma parte da militância terá atividade política integral, e deve ser uma minoria. Muito mais gente deve ser do Partido no meio do próprio projeto de desenvolvimento, na sociedade, pelo trabalho, com diferentes contribuições à causa a partir do lugar de cada um(a) no mundo. E a arte é fazê-lo de modo a ampliar nossa vinculação com amplas massas do povo. Ou seja, vida militante real na vida real, tarefas correspondentes às categorias de pertencimento (filiados(as), militantes e quadros) e uma vinculação profunda com o povo brasileiro.

Assim, a juventude que trabalha, que estuda, que nem trabalha nem estuda, do campo, da cidade, da periferia, a juventude negra, vítima diária do estado policial desde a escravidão, a maioria proporcional de desempregados, as jovens mulheres que lutam contra o machismo, essa geração vem encontrar no nosso Partido uma escola de formação política e de vida. Face a essa diversidade, o trabalho da UJS não pode terminar na luta estudantil, deve desenhar um capítulo novo à juventude, e formar seus melhores filhos e filhas para a Classe Trabalhadora, estimulando que floresçam por toda a vida as convicções semeadas nas lutas desde o grêmio estudantil. Por isso, também, há que romper com uma visão estanque que não estabelece a continuidade de laços entre a juventude e a classe trabalhadora e entre a educaçao e o trabalho.

Indicações preciosas ao nosso trabalho juvenil foram dadas por Che Guevara - que há 50 anos deixou a vida, mas jamais deixou nossa luta. Ele dizia que

“coloca-se para todo(a) jovem comunista ser essencialmente humano, ser tão humano que se queira chegar ao melhor do ser humano, purificar o melhor do ser humano através do trabalho, do estudo, do exercício da solidariedade continuada com o povo e com todos os povos do mundo”. E “lutar para melhorar, por ser primeiro lugar. Claro que todos não podem estar em primeiro, mas sim estar entre os primeiros(as), no grupo de vanguarda. Ser um exemplo vivo, ser o espelho em que se mirem os companheiros(as) que não pertençam às juventudes comunistas”.
14º Congresso da UJS, junho de 2008, em São Paulo

É a esse desafio mais completo que somos chamados, a uma formação integral, poder lutar pela vida inteira, no trabalho, no desevolvimento brasileiro. Um passo adiante no projeto da UJS após o Relançamento. Precisamos de uma juventude que tenha como consignas estudar, trabalhar e lutar por toda a vida, e ser felizes com a nossa luta. Isso não guarda contradição, mas impulsiona a conquista de mais espaço não só nas entidades, mas na sociedade e na vida política do país. É uma das tarefas da Revolução Brasileira.

Seguiremos com a reflexão em artigo voltado ao debate sobre a Classe Trabalhadora.

Paulo Vinícius Santos da Silva – Milita em Brasília. Sociólogo e Bancário, é egresso da UJS e membro da Executiva Nacional da CTB e do Sindicato dos Bancários de Brasília.

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