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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

All things must pass - Paulo Vinícius Silva


Toda noite - tem auroras, 
Raios - toda escuridão, 
Moços, 
creiamos, não tarda 
A aurora da redenção.
 Castro Alves

Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.
Thiago de Mello





Tudo há de passar, inclusive nós mesmos. Perpétua impermanência, movimento, e estamos nesse fluxo. Não é possível voltar. Nada se repete, nunca. Tragédia e farsa são coisas diametralmente opostas. E temos essa busca incessante de, hoje, dirigir nossos passos segundo fins e meios, na "esperança de um bem", como diria Aristóteles. Ora, o futuro não existe, o devir é em grande medida imperscrutável. A gente tenta.

Essa percepção do fluxo, da dialética da vida, é um desafio. A gente ganha, perde, sofre, goza, erra, luta, luta muito, e o tempo passa com a sua força, afastando, unindo, colocando e tirando as pessoas na nossa vida. Aí, entramos nós. E não pode vacilar, porque, num instante, sabe-se lá quando, como, já era.

Então, só por isso, que dia lindo! Faz escuro, mas eu canto. Indignação para lutar e alegria para lutar, sempre, na fraternidade de muita gente de bem que não aceita o injusto.

Queremos que o mal passe e o bem dure para sempre, só isso... Outrossim, não estranha ansiarmos por reter as pessoas que amamos iguaizinhas a esse instante amável, segurar as coisas boas, a perpetuação do prazer, do conforto, do belo, isso tudo igual. Ilusão. Alertam Vinícius e Baden, no Canto de Ossanha: “Pergunte pr'o seu Orixá / O amor só é bom se doer.”


Então, nesse intervalo que me é dado, que pessoas lindas e cheias de amor pontilham exatamente essa minha passagem (oxalá só tenha meiado)! E, se contra terríveis inimigos nos temos batido, não menos verdadeiro é termos os mais belos ideais a defender!

O movimento é perpétuo porque a contradição é inexorável. E dessa contradição - que existe até realidade até física - emerge a luta. A contradição, que gera a luta é o motor desse movimento. Viver é lutar, ensinou Gonçalves Dias, na Canção do Tamoio. E essa mesma luta também é fluxo e perpetuidade. Nela, muitas vezes, jogamos a nossa vida, ganhando, perdendo-a para dá-la à Humanidade, vivendo o seu dia-a-dia, no movimento estonteante da política. E nessa época de derrotas é preciso ter fibra para ver que podemos conquistar um futuro melhor, unindo amplas forças. A luta é complexa, não nos é dado perder-se, muito menos ser instrumentalizados por interesses estranhos ao Brasil, à Democracia, aos direitos e ao bem estar dos trabalhadores e do povo. Isso que vivemos não é eterno. Pode piorar, inclusive, se prevalecer “o silêncio dos bons”, de que falava Martin Luther King, . Daí a urgência do nosso engajamento nessa causa.

A realidade é conosco, até parados, influenciamos. "Estamos condenados a perserverar", diz-me um amigo brizolista, com o riso de quem quem se anima ao ver uma briga boa para entrar. Afinal, a despeito da impermanência, ou talvez por ela, há que se definir, decidir que lugar, que marca havemos de ter nesse ser e vir-a-ser em disputa. Os caras estão numa desfaçatez que merece resposta, e já é tempo de cair a ficha de que fomos golpeados por uma minoria corrupta, parasita, baba-ovo do imperialismo ianque.


Tudo bem? Fora Temer, tudo bem. Estamos aqui firmes na luta. E vamos juntar gente, vontades, forças, para empatar e virar o jogo.

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