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terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Um Feliz 2026 com Lula, em Frente Ampla e Frente Popular - Paulo Vinícius da Silva

Sindicato dos Bancários de Brasília - Exemplo de resistência e de avanços para a Frente Popular



Mas, se cortaram
O pé de juazeiro,
Menina não chore.
Se mataram o sabiá,
Não chore não.
Pois inda resta o sol
Banhando o milho
Seco no roçado,
Inda tem ruçara
Pra nos inquietar.
Consolança, de Eugênio Leandro e Oswald Barroso


Nem amadorismo, nem ilusões, a Frente Ampla é incontornável. 

Essa é a primeira constatação para a vitória de Lula em 2026. É preciso combater firmemente setores bravateiros que namoram a ilusão de uma guerra sem sacrifícios, ou de que só a esquerda poderá vencer a batalha decisiva de 2026. Essas forças promovem a despolitização do povo, a antipolítica, e assim ocultam seu gritante oportunismo. Não são "esquerda radical", muito ao contrário, são esquerda venal, e por troco. Nem de aritmética entendem, avalie de política.

Insignificantes, sem condição de liderar nada, ignoram a correlação de forças em busca de pequenos poderes, ganhar um sindicato, ser eleito(a) como indivíduo, ganhar curtidas e compartilhamentos nas redes das bigtechs, posar de puro que não "suja as mãos" fazendo política. São força auxiliar da direita desde 2013, e continuarão a sê-lo. Fazem a lavagem ideológica da direita e dão os argumentos "de esquerda", "éticos" para justificar o escapismo, a fuga da disputa real para o mundo dos unicórnios... fazem côro com os subterrâneos algoritmos das redes a serviço do imperialismo estadunidense. Ignoram a máxima leninista de que "Afora o poder, tudo é ilusão". São capazes de pavimentar o caminho para a volta da extrema direita ao poder.

A trairagem disfarçada de ética é o velho udenismo de esquerda, e tem dupla utilidade: dar razão à máxima "é tudo igual" e desmobilizar a sociedade, que pela primeira vez nas ruas ameaça as elites financeiras, desde 2013.

Nem hegemonismo, nem desorganização: Frente Popular.

A  desorientação no eleitorado que votou em Lula e no conjunto das forças progressistas deriva de fatores vários, externos e internos, numa época especialmente desafiadora. Em minha visão, isso é inescapável da disputa na esquerda sobre os caminhos para conquistarmos a democracia, os direitos do povo e vencer o imperialismo. João Amazonas viu longe, quando discerniu que Lula seria o pólo mais avançado da luta do Brasil pela sua libertação, mesmo quando defendia a democracia burguesa como valor universal e jogava tudo na questão social, menosprezando o imperialismo. Muita água passou sob a ponte, e Lula bem que tentou, mas foi convencido pelo golpe contra a Dilma, em sua cela em Curitiba, enfim, da centralidade da luta em defesa da Nação Brasileira. Ele disse, recentemente, falando à comunidade brasileira em Paris: 

"Nós precisamos dotar o mundo de políticos responsáveis e nós precisamos saber que a democracia falhou. A democracia falhou a não atender as aspirações do povo." E confessou que ainda estamos aquém do que podemos realizar e sonhar. Quem parirá esse sonho que é o Brasil?

Não à toa, a expressão encruzilhada histórica é de João Amazonas - veja bem, encruzilhada. Outra fala sua: "é preciso que o povo tenha sua própria experiência". Isso tem a ver com a clareza de que os caminhos são tortos, mas que em determinados momentos, os caminhos se cruzam e é hora de decidir, e nessa hora, errar a trilha é ir para o abismo. Estamos educando o povo para ampliar seu poder na sociedade? 

Acho que sim, e em parte graças a Lula ter adotado a centralidade da luta contra o imperialismo, a defesa do Brasil, a necessidade da Frente Ampla. Uma tese, entretanto, não passou: a necessidade de uma frente popular. Nesse  terceiro mandato, isso ficou claro na aceitação da Frente Ampla, mas sob estrita hegemonia do PT e do próprio Lula. Os traumas da lavajato e a covardia de setores progressistas e de esquerda face ao Golpe - exceto o PT, o PCdoB e o PCO - contribuíram certamente para essa "solução caseira". Sob traição e ataques, tendemos a nos fechar em nós mesmos. Só uma força que dispute a hegemonia na sociedade como um todo pode superar os limites estreitos do hegemonismo que divide o campo progressista, abrindo caminhos ao avanço da democracia no Brasil.

A falta dessa clareza limitou a capacidade de mobilização, a relação com o povo e sua formação política, a defesa dos sindicatos e das organizações do povo, e sobretudo contribuiu para a pulverização do campo progressista e de esquerda. É fácil verificar isso pelas diferentes plataformas de esquerda e na ausência de um veículo único; na existência de dez centrais sindicais e na vigência do aparelhismo e do envelhecimento e cupulismo generalizado; na sucessão de tiros do fogo amigo; na solidão do Presidente Lula, pedindo a mobilização do povo. O PCdoB foi o Partido que disse em 1989 que a candidatura de Lula não deveria ser apenas do PT, mas de uma frente popular. No 10° Congresso, os comunistas disseram claramente, em 2015:

"a palavra de ordem mais relevante da atualidade é constituir uma frente ampla democrática, progressista e patriótica, nucleada pela esquerda e pelas forças progressistas. Urge mais ação frentista, unitária, em lugar de hegemonismos polares de uma força única."

Se o PT tem parte da culpa, não podemos esquecer toda a esquerda que lavajatou e ficou com água na boca com a ilusão de que fosse possível "morder" a popularidade de Lula, de "se garantir" separadamente, mostrando  "o caminho". Nem a irrelevância foi capaz de os convencer do próprio erro. Vemos muito isso nas eleições sindicais e no discurso demagógico assumido pela "esquerda que a direita gosta". A pose de estar à esquerda de Lula é só isso: pose. Na prática, menosprezam o perigo do imperialismo, mesmo vendo o que fazem na Venezuela, no Haiti, na Palestina e além. Ignoram que são mais fracos que um caldo feito com água e bolas de gude, o "caldo de bila". São aqueles chiuauas miseráveis que latem e rosnam protegidos pelo portão. E a Federação Brasil da Esperança é o portão que impede que sejam destroçados. 

Mas são também o escorpião da fábula: é da sua natureza trair. Iludem-se com likes e seguidores que lhe são dados pelos algoritmos das bigtechs. Os partidos de redes sociais, os líderes sem base, os que estão em decadência eleitoral e são capazes de fazer qualquer negócio para morder um pedacinho que seja, e por estas ninharias são capazes de entregar o Brasil nas mãos do imperialismo. Pavimentaram a chegada ao poder de Temer e Bolsonaro. Nunca quis saber dessa gente, sempre os denunciei. São os piores traidores. Sua "ética", "sinceridade", "brilho" só luzem graças à cumplicidade da direita mais truculenta e a interesses pessoais e de grupo inconfessáveis.

São duas ilusões igualmente desastrosas: a Frente Ampla sob o PT e a "terceira via de esquerda" que a direita apoia, para a qual dá palanque. Ambas são expressões de hegemonismo, que se provou desastroso para a mobilização social e a unidade do povo no terceiro mandato do presidente Lula, e para a incapacidade da esquerda ampliar seu peso no Congresso Nacional. É como se a luta pela unidade no campo petista esgotasse todas as tarefas de unir o povo, e quem quiser adira. Tipo a fala do Lula no 16° Congresso do PCdoB. 

Do outro lado, parece até que os radicais de butique estão crescendo, construindo, provando suas teses. Por isso, a ampla maioria dos setores que apoiam o governo não se unem, disputam. Mas é preciso diferenciar o erro da traição, e esta coube sempre aos que se diziam de esquerda, mas estavam dispostos a contornar o óbvio, a liderança do Presidente Lula como grande fator de unidade do povo brasileiro. Lula é muito maior que o PT e a Esquerda. Mas o povo que o apoia não teve lugar entre nós, muito preocupados com a nossa própria disputa. E mal o povo sai as ruas, já setores de "esquerda" promovem a autofagia que ajuda o imperialismo.

Para que a Frente Ampla assegure o seu caráter progressista, é preciso superar ambas ilusões hegemonistas. A Encruzilhada Histórica é assim: errou o caminho, já era. E só mais unida, a esquerda poderá seguir o caminho correto com o Presidente Lula para a vitória nas eleições e  um novo e realizador governo, abrindo caminho para uma hegemonia progressista que isole o fascismo e defenda o Brasil ameaçado. Há uma gigantesca tarefa de mobilização e unificação das forças progressistas que esbarra na cacofonia das redes sociais e na pulverização da esquerda.  E como diz a canção da epígrafe, "o tempo conta pra gente, por isso não chore que o tempo não pára". É urgente superar desconfianças e medos no campo progressista, é preciso mais unidade, é preciso aproveitar a generosidade da História e do Presidente Lula entre nós, ele que é alvo do imperialismo estadunidense. 

Comunista será quem servir ao presente do movimento, servindo ao futuro do movimento, como ensinou Marx em 1848. Quem milita pela divisão do povo nesse momento é o pior traidor do Brasil e do proletariado, simples assim. Por isso, o PCdoB, com Nádia Campeão e Luciana Santos, sai pronto para 2026, como força consequente na defesa da Democracia, do Brasil e do Socialismo.

É preciso ter firmeza para não cair nas armadilhas do inimigo, sobretudo a fragmentação, a demobilização e a antipolítica. Isso se fará com a construção de uma unidade que supere a disputa fratricida entre a esquerda, e mantenha dividido o campo do adversário, sob a liderança de Lula. A unidade, como dizia Amazonas, é ainda "a bandeira da esperança". 

É preciso abraçar-nos firmemente, e com a mesma firmeza não ceder ao oportunismo e ao vanguardismo sem retaguarda. Mas, como Lula sempre disse: a luta continua. Nós já sofremos e desconfiamos demais de nossa força e capacidade. É hora de uma unidade superior, que abra caminhos para um quanrto mandato de Lula que signifique uma nova maioria e isole o fascismo e os setores vacilantes que - não importa a cor que vistam - servem aos objetivos de dividir o povo brasileiro nessa hora decisiva. Se "pedra pode se encontrar", nós também poderemos, para construir uma força de massas muito maior que nossos partidos, centrais e movimentos compartimentados. Essa é a unidade     que chamo de Frente Popular, a maior segurança contra o retrocesso e a mais sólida arma para mobilizar o povo e mudar o sistema político brasileiro. 

A desorientação, as mentiras, a cacofonia e as traições grandes e pequenas serão potenciadas como nunca nessa época de redes anti-sociais, big data e fascismo. A cada minuto surgirá uma nova mentira. É preciso que o povo esteja em crise, com medo e dividido, para o imperialismo poder golpear e destroçar o Brasil. É preciso tirar Lula do jogo. Se uma força política não compreende que Lula lidera o Brasil, que não haverá terceira margem do rio, pode ficar certo: é força a serviço do imperialismo e do fascismo. Pode se pintar de ético, de radical, de vermelho, não importa. Do mesmo modo, quem acredita que apenas um líder - por melhor que seja - ou apenas um partido poderá salvar o Brasil, presta enorme serviço a quem deseja o povo fora do jogo e às forças progressistas divididas. 

Unir a frente popular no seio da frente ampla sob a liderança de Lula, esse é o caminho para uma nova vitória e um novo ciclo político de afirmação do Brasil, da Democracia e dos Direitos do Povo. Nosso Feliz Ano Novo depende da união em torno do Presidente Lula para vencer a eleição de 2026. Quem vacila diante disso, alinha-se ao lado dos inimigos do povo brasileiro.

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