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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

A comunicação é uma parte da solução - Paulo Vinícius da Silva

Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia?
Peixe-vivo - Domínio Público

Eu tô te explicando pra te confundir
Eu tô te confundindo pra te esclarecer
Tô iluminado pra poder cegar
Tô ficando cego pra poder guiar
Tô, Tom Zé.


O Presidente Lula avança para centralizar e repercutir seu discurso e as ações de seu governo e também de seu partido. Atende, assim, à principal demanda de sua base de apoio. Na boca da esquerda, a expressão “o problema é a comunicação” só perde para Lula Presidente.

Assim, ter quadros políticos como Sidônio e Edinho une o melhor dos dois mundos. Sidônio é muito bem referido entre quem militou com ele no Glorioso, em política e técnica. Edinho Silva tampouco pode ter ignorada sua exitosa experiência na Prefeitura de Araraquara, em meio ao tiroteio das fake news e sob a COVID 19. Militância, confiança, domínio das ferramentas, tudo isso concorre para o bem, quando avultam as evidências da nossa defasagem nessa frente de luta.

Ao mesmo tempo, evidencia-se o elogio da substituição da política pela técnica e esse deslumbramento diante das “redes sociais”, ambas expressões da nossa condição de “usuários”, e não “desenvolvedores”. Cabe um parêntese: curioso, em termos de adicção química se utiliza a mesma expressão, “usuários”, para referir-se a quem sob seu domínio. Se o conhecimento de si mesmo, do adversário e das condições em que a batalha ocorre, compõem os elementos básicos para vencer qualquer guerra, precisamos de um olhar distinto do adicto, diferente do usuário, um olhar que penetre nas aparências e supere as necessidades de curtíssimo prazo, a próxima dose.

“Resolvido” o problema da comunicação, venceremos?! De fato, sem comunicação será impossível vencer. Mas, igualmente vã é a ilusão de vencer sem política. A política é insubstituível. A verticalidade do comando de Lula é a solução de curtíssimo prazo para um problema sistêmico, a unidade popular e sua feição. Nosso Garrincha pede a bola, toma a responsabilidade, e isso é sinal de boas jogadas, mas ao mesmo tempo ilustra nossa dependência e a judiação que promovemos contra nosso Líder. É preciso apoiar esse esforço, mas sem condescender com nossas próprias deficiências, nem criar problemas.

A primeira metade do terceiro mandato de Lula esgota muitas ilusões com a Frente Ampla, ao mesmo tempo que explicita uma correlação de forças dificílima, que indica não ser possível abrir mão dos “aliados”, sejam reais ou falsos. Mas é evidente que falta no nosso esquema tático a participação do povo organizado. Nossos grilhões não serão quebrados a partir da institucionalidade capturada pelo neoliberalismo. O tempo ruge. Se o povo for espectador na guerra de posições que envolve os poderes da República, a oligarquia financeira e seus instrumentos políticos e midiáticos, teremos resultados que sempre subordinarão as conquistas da Frente Ampla aos limites do Arcabouço Fiscal. É preciso o povo entrar no jogo.

Nosso batente está muito alto para o nosso povo saber-se parte dessa luta. É preciso baixar o batente para que multidões possam participar do jogo de mudar a democracia. A luta pela hegemonia não é uma conversão às ferramentas do inimigo, muito menos um caminho suave, sem dores, como se nossas vidas não estivessem em jogo. É uma luta de milhões, e o líder encarna essa força. Mas essa liga do(a) líder com a Nação através das massas, o Bloco Histórico, precisa de instrumentos, sob a pena de o legado se perder, mais uma vez. Pensem no Getúlio, em JK, no Jango. Não nos faltaram líderes, não faltou generosidade, não faltaram amplas alianças. Falta a política descer ao nível das pessoas reais e subir como força organizada, tomando parte do processo de mudança.

Precisamos de Lula, de Frente Ampla, de comunicação eficiente, mas, sobretudo, de Política e de Unidade Popular.

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