Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia?
Peixe-vivo - Domínio Público
Eu tô te explicando pra te confundir
Eu tô te confundindo pra te esclarecer
Tô iluminado pra poder cegar
Tô ficando cego pra poder guiar
Tô, Tom Zé.
Assim, ter quadros políticos como Sidônio e Edinho une o melhor dos dois mundos. Sidônio é muito bem referido entre quem militou com ele no Glorioso, em política e técnica. Edinho Silva tampouco pode ter ignorada sua exitosa experiência na Prefeitura de Araraquara, em meio ao tiroteio das fake news e sob a COVID 19. Militância, confiança, domínio das ferramentas, tudo isso concorre para o bem, quando avultam as evidências da nossa defasagem nessa frente de luta.
Ao mesmo tempo, evidencia-se o elogio da substituição da política pela técnica e esse deslumbramento diante das “redes sociais”, ambas expressões da nossa condição de “usuários”, e não “desenvolvedores”. Cabe um parêntese: curioso, em termos de adicção química se utiliza a mesma expressão, “usuários”, para referir-se a quem sob seu domínio. Se o conhecimento de si mesmo, do adversário e das condições em que a batalha ocorre, compõem os elementos básicos para vencer qualquer guerra, precisamos de um olhar distinto do adicto, diferente do usuário, um olhar que penetre nas aparências e supere as necessidades de curtíssimo prazo, a próxima dose.
“Resolvido” o problema da comunicação, venceremos?! De fato, sem comunicação será impossível vencer. Mas, igualmente vã é a ilusão de vencer sem política. A política é insubstituível. A verticalidade do comando de Lula é a solução de curtíssimo prazo para um problema sistêmico, a unidade popular e sua feição. Nosso Garrincha pede a bola, toma a responsabilidade, e isso é sinal de boas jogadas, mas ao mesmo tempo ilustra nossa dependência e a judiação que promovemos contra nosso Líder. É preciso apoiar esse esforço, mas sem condescender com nossas próprias deficiências, nem criar problemas.
A primeira metade do terceiro mandato de Lula esgota muitas ilusões com a Frente Ampla, ao mesmo tempo que explicita uma correlação de forças dificílima, que indica não ser possível abrir mão dos “aliados”, sejam reais ou falsos. Mas é evidente que falta no nosso esquema tático a participação do povo organizado. Nossos grilhões não serão quebrados a partir da institucionalidade capturada pelo neoliberalismo. O tempo ruge. Se o povo for espectador na guerra de posições que envolve os poderes da República, a oligarquia financeira e seus instrumentos políticos e midiáticos, teremos resultados que sempre subordinarão as conquistas da Frente Ampla aos limites do Arcabouço Fiscal. É preciso o povo entrar no jogo.
Nosso batente está muito alto para o nosso povo saber-se parte dessa luta. É preciso baixar o batente para que multidões possam participar do jogo de mudar a democracia. A luta pela hegemonia não é uma conversão às ferramentas do inimigo, muito menos um caminho suave, sem dores, como se nossas vidas não estivessem em jogo. É uma luta de milhões, e o líder encarna essa força. Mas essa liga do(a) líder com a Nação através das massas, o Bloco Histórico, precisa de instrumentos, sob a pena de o legado se perder, mais uma vez. Pensem no Getúlio, em JK, no Jango. Não nos faltaram líderes, não faltou generosidade, não faltaram amplas alianças. Falta a política descer ao nível das pessoas reais e subir como força organizada, tomando parte do processo de mudança.
Precisamos de Lula, de Frente Ampla, de comunicação eficiente, mas, sobretudo, de Política e de Unidade Popular.
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