Durante ato no terreno da UNE e da UBES, na Praia do Flamengo, 132, presidente Lula assinou Projeto de Lei que reconhece a responsabilidade do Estado brasileiro na demolição da sede das entidades e participou também do lançamento da Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura
Nesta terça-feira (12), às 14 horas, o presidente Lula tornou-se o segundo presidente da República a visitar a sede da UNE e da UBES em seus 70 anos de história. O primeiro — e único até então — foi João Goulart, em 1962. Lula esteve no local para assinar uma mensagem que será enviada ao Congresso Nacional, com o Projeto de Lei propondo indenização à. UNE, por ter seu prédio incendiado em 1964, e posteriormente demolido, em 1980.
"A UNE, por tudo o que fez e por tudo o que significou, jamais deveria ter sido destruída, mas sim vangloriada", declarou Lula durante a cerimônia.
A presidente da UNE, Lúcia Stumpf, afirmou: "Não foi por acaso que a UNE foi atacada em 1964, mas sim por todo o simbolismo de resistência da juventude contra a ditadura militar. O dia de hoje vai entrar para a história. Vamos reconstruir aqui a nova casa do poder jovem."
O governador de São Paulo, José Serra, que era presidente da UNE em 1964, quando a sede da entidade foi incendiada, lembrou que "a UNE foi o principal foco do ataque no primeiro dia do golpe militar de 64. O gesto de Lula, hoje, revigora este símbolo histórico."
Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro, afirmou que "em 2007, apoiamos a reintegração de posse do terreno da UNE. Sem violência, conseguimos garantir a devolução do terreno à entidade."
Ismael Cardoso, presidente da UBES, declarou que "este momento ficará marcado pela reparação do Estado ao movimento estudantil e que só com a rebeldia conseqüente se constrói um Brasil soberano".
Além de Serra, também estiveram presentes os ex-presidentes da UNE Aldo Arantes (61/62), Jean Marc Van der Weid (69/70), Aldo Rebelo (80/81), Wadson Ribeiro (99/01 e atual ministro interino dos Esportes) e Gustavo Petta (03/06).
O evento contou ainda com as presenças dos ministros José Gomes Temporão (Saúde), Fernando Haddad (Educação) e Edson Santos (Igualdade Social); do vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão; do secretário-geral da Presidência da República, Luiz Carlos Dulci;; do presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira; do secretário nacional de Juventude, Luís Roberto Cury; dos deputados federais Chico Lopes e Reginaldo Lopes; e dos senadores Inácio Arruda, Paulo Duque e Ideli Salvatti. Todos os presentes lembraram da importância do movimento estudantil para a história do País e a forma violenta como as entidades foram colocadas na clandestinidade após o incêndio criminoso de sua sede em 1964.
O local é berço do movimento estudantil e da resistência à ditadura militar. Abrigou a sede da UNE e da UBES, de 1942 até o fatídico dia 1° de abril de 1964, quando o prédio foi incendiado como primeiro ato da ditadura militar. Em 1980, o que restava do edifício foi demolido por ordem do então presidente João Figueiredo. Catorze anos depois, em 1994, o então presidente Itamar Franco reafirmou a posse do terreno às entidades. Naquele momento, o terreno era ocupado de forma irregular por um posseiro que explorava no local um estacionamento clandestino. Apenas em 1º de fevereiro de 2007, a UNE recuperou a posse do tradicional endereço, quando, durante uma passeata, milhares de estudantes ocuparam o local onde funcionava um estacionamento ilegal e expulsaram de lá o posseiro.
A partir daí iniciou-se uma série de atos pela reconstrução da sede. A campanha Meu Apoio é Concreto, lançada pela UNE e pela UBES, tem o objetivo de angariar fundos para a reconstrução do prédio. O projeto recebeu o apoio de diversos políticos, personalidades de setores como cultura e educação e ex-lideranças estudantis.
Projeto Oscar Niemeyer
No dia 10 de agosto de 2007, data em que a presidente da UNE, Lucia Stumpf, tomou posse, e, em meio às comemorações dos 70 anos da entidade, o arquiteto Oscar Niemeyer presenteou a UNE e a UBES com uma versão atualizada do projeto, para a reconstrução da sede no terreno da Praia do Flamengo. Niemeyer idealizou um prédio com 13 andares, onde também haverá um teatro para abrigar as produções culturais estudantis e um museu de Memória do Movimento Estudantil, entre outros espaços.
Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura
No mesmo dia 12, o ônibus da Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura, uma parceria com o Ministério da Saúde, ligou o motor para dar início ao seu itinerário pelo Brasil. A abertura ocorreu após a cerimônia com o presidente Lula, na Praia do Flamengo.
A expedição, que terá duração de mais de três meses (até 27 de novembro), e percorrerá aproximadamente 32 mil km, visitará 41 universidades públicas e particulares dos 26 Estados, mais o Distrito Federal. Essa será a primeira vez que uma caravana da UNE passará por todos os Estados brasileiros. O ônibus da Caravana da UNE chegará nas instituições e sua equipe realizará um dia de mobilização, com eventos, debates, campanhas, como a de doação de sangue, e por fim, atividades culturais.
Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, "não existe democracia sem juventude. A Caravana vai discutir a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado".
Ao final do ato, toda a estrutura do evento seguiu até o Campus da Praia Vermelha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ponto de partida oficial da Caravana. O grupo de teatro "Tá na Rua" fez uma apresentação encerrando o primeiro dia da Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura.
Amanhã (14), a Caravana seguirá para a Universidade Estácio de Sá, promovendo dois debates e atividades culturais. O primeiro deles acontecerá pela manhã, com o tema "Drogas – Legalizar ou não?".
Dia 18, a Caravana da UNE pegará a estrada em direção ao Espírito Santo.
Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência
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