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Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda

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segunda-feira, 31 de março de 2008

Veja no vídeo quem são os brutos e os pacíficos do Tibete

www.vermelho.org.br

22 DE MARÇO DE 2008 - 06h11

O vídeo que você verá mostra as famosas "imagens do Tibete" e julgue quem são os brutos violentos. A reportagem de 15 minutos é do canal internacional da rede estatal da TV chinesa, a CCTV, mas as cenas e os depoimentos falam por si mesmos. Elas explicam também por que o dalai lama, que apostou durante décadas em seu "pacifismo", trata agora de se distanciar cautelosamente dos seus discípulos incendiários e assassinos de Lhasa.

Um dos 56 carros queimados em Lhasa no dia 14

O site Diário do Povo Online (http://spanish.people.com.cn/) divulgou versões da reportagem em espanhol, inglês, francês, japonês, russo, árabe e chinês. O Vermelho reproduz a versão em espanhol, e traduz abaixo a reportagem da CCTV.
Em 14 de março de 2008, em Lhasa, capital da Região Autônoma do Tibete, um punhado de infratores cometeu graves delitos de violência, como agressões, expulsões, saques e incêndios, prejudicando seriamente a sociedade.

Clique aqui para ver o vídeo


Por volta das 11 horas da manhã do dia 14, essas pessoas à margem da lei se congregaram em torno do Templo Ramoche. Dezenas de monges atiraram pedras contra vários funcionários da polícia para provocar os distúrbios.


Um motociclista atacado na cabeça


Em torno das 2 da tarde, cada vez mais e mais infratores se congregaram em torno do templo Ramoche. Mais tarde um grupo maior de infratores, armados de paus e facas, tomou as principais ruas de Lhasa. Os distúrbios começaram a ganhar força. As imagens das câmaras de monitoramento mostram os delitos. Estas pessoas derrubaram um veículo policial, e logo depois outro.


Algumas pessoas foram feridas no conflito. Um cameramen amador registrou as imagens que vêm a seguir. Os desordeiros golpearam fortemente, com pedras, a cabeça de um motociclista. Mais e mais desordeiros se incorporaram à ação violenta.
Neste incidente, alguns desordeiros recorreram a práticas muito cruéis. Este cidadão inocente perdeu o olho direito, e teve a orelha esquerda cortada.


Os alvos: lojas, bancos, hospitais, escolas...


A partir das 3 da tarde os infratores cometeram sérios delitos de violência. Detenções, saques e incêndio de propriedades de terceiros em algumas ruas de Lhasa. As instalações públicas nestas ruas foram destruídas: hospitais, veículos de transporte coletivo, instalações da rede elétrica e um escritório de informações, nestas ruas, também sofreram sérios danos.


As agências de sete bancos nesta área foram alvo dos ataques. Os infratores destruíram dez caixas automáticos e as instalações das agências.


A violência continuou a ganhar terreno. Os infratores incendiaram os arredores dos templos de Jokhang e Ramoche, e um mercado. No centro de Lhasa, o supermercado Si Fang e um mercado foram devorados pelo fogo.


Os infratores se introduziram em escolas primárias e secundárias. Incendiaram um edifício da escola secundária número 2 de Lhasa. A fumaça negra e espessa cobria toda a cidade. SAentia-se de longe o cheiro de queimado.


Dois caminhões de bombeiros queimados


Quando os bombeiros chegaram para apagar os incêndios, um grupo de desordeiros se aproveitou para queimar dois dos veículos dos soldados do fogo, ferindo quatro bombeiros.


Neste violento incidente, em meio a agressões, saques e incêndios em Lhasa, os desordeiros destruíram 56 veículos; queimaram ou mataram com métodos violentos a 13 civis inocentes. Dezenas de polícias da segurança pública que estavam de guarda saíram feridos, quatro deles com gravidade: 61 efetivos da polícia armada foram feridos, seis deles com gravidade.


Os desordeiros começaram incêndios em mais de 300 prédios e queimaram 214 residências ou estabelecimentos comerciais.


Resgate de turistas japoneses


Quando explodiu o violento episódio, as instituições do partido (Comunista da China) e do governo da Região Autônoma do Tibete enviaram imediatamente a polícia para controlar a situação e dispersar os infratores. Os bombeiros mal puderam extinguir o fogo e socorrer os civis inocentes, que foram imediatamente tratados.


O governo local declarou que os efetivos da polícia armada salvaram mais de 500 pessoas em Lhasa, que foram massacradas, inclusive três turistas japoneses, assim como professores e estudantes de uma escola primária e uma escola secundária. Nenhum estrangeiro morreu ou foi ferido neste incidente.


Durante o tratamento dado aos acontecimentos, de acordo com a lei, a polícia de segurança pública e a polícia armada mantiveram um enorme comedimento, aplicando a lei de forma firme e civilizada. Ao longo de todo o processo, não portaram e nem empregaram armas mortais.


Os efetivos da polícia armada foram insultados. Alguns foram inclusive encurralados e feridos, vários com gravidade, pelas pedras lançadas pelos atacantes.


"A camarilha do dalai lama"


Os funcionários da Região Autônoma do Tibete manifestaram ter provas suficientes para provar que as agressões, destruições, saques e incêndios registrados em Lhasa foram organizados e premeditados pelo grupo do dalai lama.


Fala Baema Chilain, vice-presidente da Região Autônoma: "A camarilha do dalai se aproveitou de todo tipo de ardis para penetrar no interior da região, e recorreu a vários meios para incitar pessoas desconhecedoras da verdade, a participarem de agressões, destruições, saques e incêndio de propriedades alheias. Todas as evidências demonstram que a camarilha do dalai vem destruindo a unificação da pátria e tramando a independência do Tibete."


Indignação nas ruas de Lhasa


A reportagem entrevista também gente do povo, nas ruas: "Estou muito aflito", diz um homem. "Estou muito triste. Foram os separatistas que começaram os distúrbios. Não nos deixam levar uma vida normal", afirma uma cidadã. "Não deixam as crianças irem à escola. Não deixam as pessoas irem ao trabalho. Estão minando a nossa felicidade", agrega.


Uma anciã diz que "somos energicamente contra que aconteça outro distúrbio deste tipo. É preciso tomar medidas para fazer frente a esses distúrbios. É preciso tomar as medidas necessárias para defender os interesses do povo, a estabilidade social e a unificação da pátria.”


A família Peng perdeu sua filha


Muitos prédios de Lhasa foram destruídos no incidente violento. A Rua Juventude, no centro da cidade, foi uma das zonas mais afetadas. Em 14 de março a família do comerciante Peng Xiaobo foi vítima de uma inesperada desgraça.


O comerciante, um jovem, testemunha: "Tudo foi muito rápido. Um sujeito que estava no toldo saltou no segundo andar. Exigiu que nós deixássemos o dinheiro e saíssemos para salvar a vida. Naquele momento aconteceram os crimes e quando olhei parta baixo, pela janela, a fumaça era muito espessa."


Os infratores queimaram as quatro lojas de Peng Xiaobo e sua família foi obrigada a sair do prédio saltando pela janela. A esposa de Peng lesionou a coluna vertebral durante a dramática fuga. Mas o que aconteceu depois foi muito mais trágico.


Peng, emocionado, depõe: "Minha irmã, que completou 18 anos de idade em dezembro passado, não se atrevia a saltar. Achou que poderia sair por uma das duas portas de baixo. Mas não sabia que a escada estava queimando. Não teve coragem de saltar e tentou sair pela escada. Ao pisá-la, caiu e morreu queimada."


A última mensagem no celular de Shen Xia, 18


Shen Xia era uma jovem de 18 anos procedente da província de Sechuan. Às 15 horas do dia 14, a loja onde a jovem trabalhava com outras cinco garotas, foi atacada por indivíduos infratores. Os atacantes arrombaram a porta e entraram pela loja violentamente. Shen Xia e suas cinco companheiras se refugiaram num segundo prédio. Nos seus últimos instantes de vida, enviou ao seu pai um torpedo pelo celular: "papai, estão atacando a loja. Não nos atrevemos a sair. Não se preocupe comigo. Diga à mamãe e às irmãs que não saiam na rua."


No entanto, 5 ou 6 minutos depois, as aterrorizadas garotas viram que a loja estava em chamas. Shen Xia e quatro companheiras não puderam fugir, e morreram vítimas do fogo. O pai da garota fala à reportagem, em prantos. "Ela era muito boa. Todo mundo a adorava."


A única sobrevivente, Zhuoma, não podia acreditar no que estava passando, nem conseguia contar a realidade. "Nunca pensei que pudesse acontecer uma coisa assim. Não consigo imaginar que tudo mudou em um instante. Quero perguntar aos fora-da-lei por que mataram tantos inocentes.


Quebraram a máscara de oxigênio de meu filho...


Durante o incidente violento de 14 de março em Lhasa, muitos cidadãos inocentes se converteram em alvo dos infratores. Um lojista, Hu Wanli, contou a terrível experiência dele e seu filho na noite dessa fatídica jornada. "À noite eu e meu filho fomos atacados por pessoas chutaram fortemente o peito do menino, causando uma grave fratura".


Nesse momento grave, Hu Wanli pediu ajuda a uma ambulância, que aplicou um tratamento de emergência no filho. Mas quando a ambulância tinha andado uns cem metros, tornou-se um alvo dos infratores.


Hu: "O menino tem apenas seis anos. Estou muito triste. Atacaram inclusive os médicos, que pediam que eles não fizessem assim. Feriram [os médicos] com paus e pedras. A mim, mandaram que eu não levantasse. E em seguida quebraram a máscara de oxigênio do menino. Estou desolado. O garoto teve que passar dois dias no hospital."


O médico hospitalizado por salvar vida


Hu Wanhi disse que jamais pode esquecer o médico que salvou a vida de seu filho, Lubsang Tsering. No entanto, por salvar a vida do menino Lubsang foi ferido e continua em um leito no hospital de Lhasa.


"Nos encontramos com os vândalos no caminho. Explicamos muitas vezes que éramos médicos. Mas não fizeram nenhum caso. Continuaram atacando nossos veículos, e a nós.


A população limpa as ruas da destruição


Depois da violência, o governo conseguiu controlar a situação rapidamente e tomou as medidas necessárias para assegurar o retorno à normalidade na cidade de Lhasa. Vários departamentos locais e os habitantes se organizaram espontaneamente para limpar os resíduos da destruição e desimpedir as ruas.


Dorje Cering, vice-presidente da Região Autônoma do Tibete: "O próximo passo é normalizar o abastecimento, porque agora a região do Tibete está num momento especial. Temos que garantir que o abastecimento seja suficiente para os cidadãos levarem uma vida normal. Em seguida tomaremos as medidas necessárias para capturar as principais pessoas que agiram fora da lei.


Até 19 de março, mais de 150 infratores da lei tinham se entregado à polícia. Inclusive devolveram os bens saqueados. Na cidade de Lhasa ainda se pode ver as lojas e casas queimadas e destruídas. Mas a normalidade voltou pouco a pouco à vida dos moradores.


Fonte: http://spanish.people.com.cn/


domingo, 23 de março de 2008

Reflexões de Fidel:


Bush no céu


Atenho-me nestas Reflexões às notícias recebidas pelas mais diversas vias, desde as agências noticiosas internacionais – não menciono cada uma delas como fonte, mas mantenho lealdade ao texto –, livros, documentos, internet, até perguntas feitas a fontes bem informadas.

Vemos ao nosso redor uma grande barafunda, como se vivêssemos numa casa de loucos. Nossos conhecidos personagens prosseguem seu agitado percurso.
Condoleezza, depois do Brasil e do Chile, seguiu viagem rumo a Moscou, para sondar o novo presidente. Quer saber o que ele pensa. Aco
mpanha-a o chefe do Pentágono, que, com um braço deslocado depois de uma queda sofrida em fevereiro, exclamou: ''Com um braço quebrado não serei um negociador tão difícil''.

A tirada não deixa de ser tipicamente ianque. Calcule-se o seu efeito no orgulhoso ouvido de um russo, cujo povo perdeu tantos milhões de filhos lutando contra as hordas nazistas que reclamavam espaço vital – o que hoje seria chamado petróleo barato, Matérias primas, mercados seguros para os excedentes mercantis.

São conhecidas as aventuras em Bagdá de McCain e Dick Cheney, um que aspira à presidência e outro que, sendo vice-presidente, define mais pautas que o seu chefe. Foram recebidos pelos mais inesperados e violentos agouros. Investiram dois dias na viagem, o bastante para inundar o mundo de prognósticos sinistros.

Bush discursava em Washington enquanto o ouro e o petróleo subiam aceleradamente.

Cheney não para. Segue para o Sultanato de Omã – 774 mil barris de petróleo diários em 2005 e 780 mil em 2004. Omã revelou no ano passado seus planos de investir US$ 10 bilhões nos próximos cinco anos visando elevar sua produção petrolífera para 900 mil barris-dia e atingir a cifra de 70 a 80 milhões de metros cúbicos diários de gás. Isso foi informado pelas autoridades do sultanato em 15 de janeiro de 2007.

Cheney sai para pescar com a família no iate Kingfish I, do sultão, nos limites das águas territoriais de Omã e do Irã. Que temeridade! O prêmio Nobel também deveria ser conferido a valentes que correm risco de morte ou mutilação, depois de um opíparo almoço em família, com uma espinha de peixe atravessada na garganta. A ausência do proprietário da luxuosa embarcação aguou a festa do herói.

McCain também não se aquieta. Sobe num helicóptero para percorrer o território onde os israelenses, em busca de líderes palestinos, matam constantemente e com meios sofisticados a mulheres, crianças, adolescentes e jovens, em terras da Jordânia ou na própria Palestina. Nisso o candidato republicano é especialista.

Viaja a Jerusalém. Ali promete ser o primeiro a reconhecer integralmente esta cidade como capital de Israel, país que os Estados Unidos e a Europa converteram em sofisticada potência nuclear, cujos mísseis dirigidos por satélite em questão de minutos podem cair em Moscou, a mais de 5 mil quilômetros.

Não restará um Estado produtor de petróleo ou gás que Cheney deixe de visitar antes do regresso para informar o presidente de seu país sobre a felicidade do mundo.
Bush, por sua vez, falou no dia 17 sobre um tema, no 18 sobre outro e no 19 sobre o início de sua genial guerra. Cuba, como era de supor, permaneceu no alvo de seus insultos.

As guerras são companheiras inseparáveis do caos criado pelo império. A do Iraque acaba de cumprir cinco anos. Pensadores profundos calculam as pessoas afetadas por ela em milhões, e o custo total em trilhões de dólares. Perderam-se 4 mil soldados regulares e, com o tipo de guerra que se trava, há 30 feridos para cada soldado morto. Fósforo vivo e bombas de racimo [também chamadas cluster, transporta no seu interior centenas de cargas explosivas menores] são o seu pão de cada dia. Tudo é permitido, exceto viver.

Cheney e McCain competem, um como o pai da criatura e outro como padastro. Ambos se reúnem com chefes de Estado, exigem compromissos: a produção de petróleo e gás deve ser incrementada; usar tecnologia ianque, equipamentos ianques, armas do complexo industrial-militar ianque; autorizar as bases militares ianques.
De Jerusalém McCain salta para Londres, para falar com Gordon Brown. Antes, em declaração na Jordânia, atrapalha-se e afirma que o Irã, um país xiita, treina a Al Qaeda, organização sunita. Para ele dá no mesmo, nem se desculpa pelo erro.

Cheney voa para o Afeganistão. A guerra dos ianques e da Otan converteu o país no maior exportador de ópio do mundo. A União Soviética desgastou-se e afundou-se em uma guerra semelhante. Bush lançou ali seu primeiro bote bélico, e junto com ele a Otan.

Faz-se tudo que é preciso para preparar as reuniões paralelas, da luta contra o terrorismo e da Otan.

Uma coisa é certa: em 1, 2 e 3 de abril Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, e Jaap de Hoop Scheffer, autoridade máxima da Otan, reúnem-se com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, em Bucarest, capital da Romênia, onde participam do Fórum Transatlântico de Bucarest. Ao mesmo tempo acontecerá a conferência convocada pelo GMF (German Marshall Fund of the United States), o Ministério do Exterior romeno e a Chatham House, que reunirá um grande número de estrategistas e políticos para abordar os temas que interessam de forma vital a Otan. Conforme o presidente do GMF, participarão nove chefes de Estado e 24 primeiros ministros e ministros, mais 40 presidentes de institutos de pesquisa da Europa e América; eles formam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a mesma que dissolveu a Iugoslávia de Tito e conduziu a Guerra de Kossovo. Qualquer coincidência com os interesses do imperialismo ianque, todos compreenderão, é puro acaso. A situação dos Bálcãs, a defesa antimíssil, o fornecimento de energia e o controle de armas serão temas inevitáveis.

Como Bush precisa cumprir seu papel de personagem principal, já elaborou seu roteiro: irá à cidade de Neptun, no Mar Negro, reunir-se com Traian Basescu, presidente da Romênia, na véspera do início da conferência. É nestas mãos, cheias de mais-valia e sangue, que estão os destinos da humanidade.

Fonte: Agência Prensa Latina (http://www.prensa-latina.cu)

quarta-feira, 5 de março de 2008

(Uma dica: Leia as notas, clique nos links, pois são inclusive melhores que o artigo)

A loucura calculada de Uribe e as digitais ianques na América Latina.

Não se pode confiar no imperialismo nem um tantinho assim, nada!”

Che Guevara1


É muito comum a nossa mídia hegemônica apelar à desinformação e à mentira descarada. A mídia peca, no entanto, por considerar-nos incapazes de pensar por nós mesmos. Engana-se. É cada vez mais possível identificar a manipulação e as mentiras, é possível enfrentá-las e cresce, graças à internet e aos meios alternativos – inclusive televisões como a TELESUR e a Al Jazeera – a possibilidade de desmascarar as manipulações. Com estas opiniões, busco coletivizar com os leitores informações fundamentais para entender o presente conflito na região Andina, envolvendo diretamente Colômbia e Estados Unidos de um lado, e Equador e Venezuela de outro.


O conflito na Colômbia tem tudo a ver com Venezuela e com Equador

E a primeira mentira da mídia hegemônica na cobertura dos episódios que envolvem a agressão colombiana ao Equador e a posição venezuelana é colocar Chávez como um “intrometido” e até mesmo – por mais ridículo que isto possa parecer – como pivô do conflito. Nada mais absurdo. Primeiro porque só existe um agressor, Uribe, sob as ordens de Bush. Segundo porque querem fazer-nos ignorar a História.

Venezuela, Equador, Colômbia e Panamá eram um só país, a Grande Colômbia2, criada no Congresso de Cúcuta em 1819, presidida por Simón Bolívar, erigida sobre a vitória contra o colonialismo espanhol. Uma região interdependente, com grande identidade cultural, histórica e fluidas relações econômicas e culturais. Os três países são diretamente afetados pelo conflito colombiano, que levou a cerca de 200 mil colombianos a se refugiarem na Venezuela3 e 500 mil no Equador4.


A defesa da soberania da América Latina ante o intervencionismo ianque e seu marionete

Deste modo, a política irracional de Uribe, paga a peso de ouro por Washington impacta diretamente nos vizinhos, e a mídia não explica como ele que, garbosamente, assumiu toda a responsabilidade de mandar bombardear o Equador graças às “dicas” ianques enquanto o Chávez é que seria o "agressivo", quando simplesmente defende com firmeza o território venezuelano e denuncia que os EUA estão intervindo militarmente às portas da Venezuela.

Ademais, diga-se de passagem que Chávez cantou a pedra no dia 25 de janeiro quando denunciou os intentos do lacaio de Bush em criar um conflito militar na região5, dizendo textualmente: “Acuso o governo colombiano de ser um instrumento contra a integração e a paz entre nossos povos, porque a elite que governa lá está subordinada ao que digam em Washington.”6 À ocasião, tratou-se de divulgar no Brasil mais uma versão de que Chávez seria agressivo ou estaria estimulando conflitos gratuitos, minimizando deliberadamente a “visita” do Chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Almirante
James Stavridis para reunir-se com Uribe, o
Ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, e os comandantes das forças armadas7 e de Polícia, tudo há menos de dez dias, incrível “coincidência”. Diga-se de passagem a desfaçatez do gringo ao declarar recentemente temer que “surjam conexões 'desastrosas' entre narcotraficantes e radicais islâmicos na América Latina, advertindo sobre a crescente influência do Irã'. Chávez acertou na mosca e aos que se dizem nacionalistas e apontam o dedo em riste para o suposto risco de Chávez, há que perguntar porque se calam o verdadeiro risco para a região, a intervenção militar estadunidense na Colômbia e seu propósito desestabilizador. Chávez está certíssimo em suas precauções e devemos denunciar as manobras gringas e seus títeres na América Latina quando a grande mídia age para ocultar o rastro ianque na presente crise.


O massacre midiático contra as FARC-EP e o que esconde

Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o oprimem”. Bertolt Brecht

A segunda sorte de manipulações são as mentiras sobre o conflito colombiano e a condenação apriorística das FARC-EP, retratadas com todo tipo de xingamentos, além de desqualificadas em sua opção de luta, sem uma análise mais realista da vida política colombiana, omitindo as causas desta opção de luta que já dura quase 50 anos.

Não podemos transpôr a realidade das formas de luta que vivenciamos, países que avançamos em conquistas democráticas. A Colômbia é o principal palco da intervenção militar estadunidense na América Latina há décadas, fruto da histórica e espúria coalizão entre a oligarquia e o imperialismo estadunidense que assume características fascistas sob o governo de Uribe. Estas são as razões da guerra e do sofrimento do povo colombiano, as razões do conflito armado naquele país, e não podemos cair nas manipulações midiáticas que compõem o consórcio Uribe, Departamento de Estado e que buscará unir toda a direita da região neste diapasão. Na prática, esta posição muito longe de ser nacionalista é a mais subalterna aos interesses alienígenas.

Deste modo, não podemos nos furtar a prestar nossa efetiva solidariedade ao povo colombiano, que não é feita de prédicas sobre como deve fazer a sua luta, nem de acordo absoluto com tudo que há, mas simplesmente na defesa do caminho para a paz feito por uma infinidade de forças políticas e sociais colombianas, entre estas as FARC, as quais não se pode negar seu caráter político.

Na Colômbia a História ensinou que render-se ou abrir a guarda unilateralmente é o equivalente ao suicídio. São inúmeros os exemplos:

  • O assassinato de Jorge Eliécer Gaitán8, candidato presidencial liberal em 1948, que desatou uma guerra em que morreram 300 mil colombianos, raiz de todo o conflito armado que perdura até hoje;

  • As respostas dadas pela oligarquia colombiana às tentativas de paz. A mais brutal foi o covarde massacre de cerca de 6000 dirigentes políticos da União Patriótica, surgida como uma saída política para o conflito colombiano nos anos 80. A oligarquia colombiana não poupou sequer três candidatos a presidente da UP, friamente assassinados. Convido-os a assistir o documentário “El Baile Rojo9, impressionante relato do compromisso “democrático” da oligarquia colombiana;

  • A Colômbia é hoje campeã em “desaparecimentos” de sindicalistas e líderes estudantis, como o jovem Oscar Salas, de apenas 21 anos, assassinado na marcha pacífica do Dia Internacional da Mulher (08/03/2006)10 11. Na Colômbia não existe democracia e ser de esquerda, democrata, progressista custa a vida muito facilmente. Esta é a realidade que alimenta o conflito.

O maior empecilho à paz é Uribe e o que representa, sua recusa total a uma saída negociada, o rechaço ao intercâmbio humanitário. Uribe mostrou na primeira tentativa mediada pelos países latino-americanos e liderada por Chávez que está disposto a colaborar com a libertação unilateral de reféns por parte das FARC-EP com o ataque que pode pôr suas vidas em risco.

Na Colômbia sob o mando de Uribe repousam importantes jogadas do imperialismo estadunidense para desestabilizar os avanços democráticos e de esquerda na América Latina. O inadmissível ataque ao território equatoriano para assassinar friamente a Raúl Reyes, principal porta-voz das FARC-EP e defensor destacado do processo de paz foi uma cartada de altíssimo risco “Made in USA”. O método similar aos assassinatos “seletivos” de Israel, o desrespeito ao direito internacional têm o DNA do Departamento de Estado. Expõem a submissão de sua oligarquia aos EUA, sem cuja colaboração tecnológica e financiamento não seria possível o atentado à soberania equatoriana.

Para além do ato, por si abjeto, violando o direito internacional, está a desfaçatez da comemoração uribista, expressão de sua própria vileza. Raúl Reyes, o músico das FARC-EP Julián Conrado e os quinze guerrilheiros foram assassinados sem combate nem possibilidade de defesa, bombardeados em pleno território equatoriano.


A vileza da oligarquia colombiana e seu medo

Nada mais ilustrativo da falência da estratégia de derrotar militarmente a guerrilha cinqüentenária. O tratamento dado a Raúl Reyes foi o mesmo que todos os títeres coloniais deram aos que hoje são considerados heróis da independência de nosso país. O açodamento em celebrar a sua morte, a exposição de seu cadáver mutilado e seminu, o propósito de enterrá-lo como mendigo em uma fossa comum, as bravatas de superioridade militar só se comparam ao esquartejamento de Tiradentes, à profanação do corpo de Zumbi, à exposição das cabeças dos cangaceiros de Lampião, ao vôo de helicóptero com o cadáver de Osvaldão no Araguaia.

É a selvageria, a bestialidade do imperialismo, como bem o disse Che: “essa é a natureza do imperialismo que faz as pessoas se tornarem feras com sede de sangue, dispostas a decapitar, a massacrar, a destruir até mesmo a última imagem de um revolucionário, de um defensor de um governo subjugado ou de um batalhador pela liberdade do país.'12

Tanto ódio busca infundir o terror através do desrespeito aos que já não se podem defender, porque mortos. Ao mesmo tempo é uma vã tentativa de exorcizar o espectro dos mártires. Esta tática jamais funcionou e creio que não terá melhor êxito agora.


Um convite à guerra como resposta a gestos de paz

A verdade cristalina é que Uribe respondeu com a guerra aos contundentes gestos de paz feitos pelas FARC-EP, e até Nicolas Sarkozy o afirmou (e não se pode acusá-lo de esquerdista)13. Uribe e os EUA apelaram a uma manobra desesperada visando a atrair as FARC para uma confrontação direta. Deste modo, apostando altíssimo, buscam reverter os avanços recentes dos guerrilheiros em mostrar à opinião pública a sua posição histórica: a defesa de uma saída política para o conflito colombiano, sempre frustrada pela sanguinária oligarquia colombiana.

Uribe não foge do figurino e quer arrastá-los a uma escalada de violência que só prejudicaria o próprio povo colombiano, submetendo a sua segurança às ordens que submetem o Exército Colombiano, dirigido por assessores militares estadunidenses.

As FARC-EP sinalizam com a negociação e o diálogo e merecem que seja reconhecida esta corajosa posição. Mesmo após o assassinato de Raúl Reyes, anunciam: "Convidamos à firmeza revolucionária, a não claudicar no esforço em favor do intercâmbio humanitário, a continuar em nosso propósito de paz e de construção de uma democracia efetiva com justiça social". (...) "Essa é a melhor homenagem a todas e todos os camaradas caídos em combate"14. A verdade do desejo de paz se expressa em gestos concretos como estes, jamais feitos pela oligarquia colombiana e muito menos neste governo.


No centro: o reconhecimento político das FARC como força beligerante

O objetivo central de Uribe e do imperialismo estadunidense é negar às FARC-EP o seu caráter político e a sua condição de força beligerante15 no conflito colombiano, fato revertido com os atentados de 11 de setembro e a ligação umbilical do projeto dos falcões da Casa Branca e a direita colombiana. Esta é a mais necessária solidariedade neste momento.

Urge denunciar a hipocrisia de Uribe, cuja política de “Justiça e Paz”16 17 anistia grupos paramilitares responsáveis por inúmeros massacres, promotores do tráfico de drogas, ao mesmo tempo em que defende a guerra e o extermínio das FARC – o que diga-se de passagem é impossível pela via militar.

O caminho da paz na Colômbia passa necessariamente pelo reconhecimento político das FARC-EP como força beligerante, por assegurar às forças políticas de esquerda, como o Pólo Democrático e o Partido Comunista Colombiano e aos movimentos sociais daquele país condições para atuar livremente, o que presentemente inexiste. Pelo contrário, o seqüestro de Simón Trinidad em território Venezuelano com apoio da CIA, o assassinato de Raúl Reyes – principal porta-voz das FARC-EP em defesa da saída negociada -, assim como a guerra contra as FARC-EP na internet, as acusações (leiam-se ameaças) de Uribe ao Seminário Voz18 do Partido Comunista e a violenta repressão ao movimento social têm o mesmo objetivo, afundar o país na guerra, impedir a expressão política das forças de esquerda, levar às forças progressistas e democráticas a um beco sem saída. É preciso apoiar os colombianos na terrível guerra que travam contra a desinformação.


O Caminho da Paz é o diálogo que Uribe recusa

As FARC-EP, seus mais de 25 mil guerrilheiros e guerrilheiras, sua extensa rede de apoio por toda a Colômbia só existem porque são parte inseparável da luta do povo colombiano por democracia e justiça social, confrontada com uma oligarquia sanguinária e mantida pelo imperialismo estadunidense. Gestos valem muito mais que palavras e da parte de Uribe só há os delírios da política de Bush, em franca decadência, mas à espreita para afundar a América Latina em conflitos.

As forças democráticas e progressistas não podem conciliar com as provocações imperialistas e devem se postar a favor da troca humanitária de prisioneiros, o estabelecimento de uma zona desmilitarizada para dar início às negociações de paz e a uma efetiva democracia na Colômbia, que permita a todas as forças políticas respirarem os ares democráticos que prevalecem na América Latina.


Paulo Vinícius. Cientista Social, diretor de Formação da União da Juventude Socialista.


Notas


1Veja este impressionante discurso do Che: http://www.youtube.com/watch?v=w3Ja9zZa5Oc

2Wikipédia: Para saber um pouco mais sobre a Gran Colômbia: http://es.wikipedia.org/wiki/Gran_Colombia

12Veja o vídeo com o discurso de Che no You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=w3Ja9zZa5Oc

segunda-feira, 3 de março de 2008

Excelente Discurso do Lula no Quixadá - Ceará

Não nego o especial prazer que sinto de saber que este "desabafo" do Lula foi feito no Sertão do Quixadá, no meu Ceará. Diz importantes verdades, fala ao coração do povo, bate na direita e defende o programa Territórios da Cidadania, bola da vez do ataque desta direita vende-pátria, anti-povo e sem vergonha.

Esta súcia de almas sebosas quer paralisar o governo e o país, que vive um momento de avanços. Não podemos deixcar e temos de dar o troco, informar, falar com esse tom que ele usou, que achei muito bom. Abaixo, o link e uma amostra, mas recomendo a leitura integral.
PV



Importante Discurso do Lula em Quixadá/Ceará
"Pois bem, bastaram apenas quatro anos para a gente pagar o que devíamos ao Clube de Paris, para a gente chamar o FMI e dizer: nós não precisamos mais do seu dinheiro, empreste para outro, porque o Brasil é dono do seu nariz. Compramos 130 bilhões de dólares de reservas. Hoje, se o Brasil pagasse toda a sua dívida pública e privada, ainda nos sobrariam 7 bilhões de dólares em caixa, para que a gente pudesse fazer as nossas coisas. Eu falo isso com orgulho, não por mérito pessoal, porque se não fosse a confiança de vocês, nos momentos mais difíceis que nós passamos, certamente isso não teria acontecido.


Tem um grupo de políticos no País, que governou este País desde que Cabral aqui pôs os pés, e que fez com que o País não desse certo durante séculos. Agora, estão muito incomodados porque um igual a vocês, saído do sertão nordestino, lá do agreste de Garanhuns, torneiro mecânico, chega à Presidência da República, e consegue fazer aquilo que eles teimaram em não fazer a vida inteira neste País, que é cuidar do povo mais pobre".