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Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda

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domingo, 27 de dezembro de 2020

Eu fico com a sabedoria das crianças: como evitar o Coronavírus

Cuba responde a Trump cantando e dançando: com Cuba não te metas!

Granma pone a disposición de sus lectores la arrasadora letra de la cubanísima conga No te metas, de Alejandro García Virulo

Ayer se grabó, en el Paseo del Prado habanero, la cubanísima conga No te metas, de Alejandro García Virulo, acompañado por notables voces de la música cubana, la Conga de los Hoyos y los Guaracheros de Regla, entre otros. Ponemos a disposición de nuestros lectores su arrasadora letra:

Preocupado el presidente anaranjado
Viendo que las elecciones las perdió
Solicita a los que le hacen los mandados
Que se apuren pues la fiesta terminó
Y mirando que se va a acabar el «baro»
Han formado un titingó
Se ha negado a abandonar la Casa Blanca
A la silla del despacho se amarró
Los pelitos que le quedan los arranca
Pataleando por la rabia que le dió
Y mirando a Cuba con sus batas blancas
De cabeza se tiró
El que tenga confusión que se confunda
El que quiera claridad que venga a ver
La jugada no es compleja ni profunda
Está claro cómo quieren proceder
Solo falta que nosotros los dejemos
Y eso no va a suceder
Con la conga de los Hoyos no te metas
No te metas, no te metas
Cuba viva sin que nadie la someta
No te metas, no te metas

Não tem leveza, tem gente morrendo: Natália Pasternak

 

Da crítica e autocrítica para o Avante, camaradas! Paulo Vinícius Silva

"... nós somos "livres" para ir aonde nos aprouver, 
livres para combater não só o pântano, 
como também aqueles que para lá se dirigem!"(*)
Lênin, Que fazer. 
 
 

Se eu perco, no dia seguinte, não dou minha tristeza como repasto aos inimigos. Nada... Na derrota, os piores conselheiros são o rancor e o medo. Mobilizam errado ou paralisam. Na vitória, o melhor conselho é o antigo, memento mori, o escravo romano agachado na biga junto ao general que entrava em Roma em triunfo, dizendo-lhe: «Respice post te. Hominem te memento» (Olhe atrás de você. Lembre-se de que você é um homem). Para isso existem a crítica e autocrítica.

Crítica e autocrítica são coisas de comunista. Rogério Lustosa definiu como nos relacionamos com a crítica e autocrítica. Dizia: "nós devemos ser os mais severos críticos de nossos próprios erros". Longe de indesejável, esse processo é ápice, é o controle dos resultados pelo próprio coletivo, é quando operário(a) e jovem pode questionar de igual para igual dirigentes e líderes partidários. As direções todas, eleitas de baixo pra cima, também todas hão de ser avaliadas no processo normal do Centralismo Democrático, o funcionamento do PC, que se ampliará ainda mais no Congresso do Centenário do Partido Comunista do Brasil.  E é um processo feito com cuidado, carinho, até. Porque se a crítica é dura, ainda mais é a auto-crítica. A síntese promovida pelo coletivo leva o processo a bom termo. O prêmio é a política justa, "só isso". Só a justa consciência organiza a ação justa e eficaz. Dizia Lenin: "Sem consciência revolucionária não há movimento revolucionário".

Por isso, nas formas de resistência dos nossos povos e ancestrais, o Partido Comunista, em especial, assegurou um lugar na História, e no futuro. Ele surgiu como novidade diante da incapacidade dos  partidos social-democratas e socialistas em levar adiante a luta contra a Guerra, pela Paz e pelo Socialismo. O PC é mais jovem historicamente que muitos partidos que passaram à história como gestores do neoliberalismo, inclusive o PT.

O Anticomunismo não é uma novidade, é o tributo que a classe dominante e o reformismo pagam aos(as) mais consequentes lutadores(as) pelo socialismo. Decorre dessa convicção funda da classe dominante e de seus aliados: não podem deixar os comunistas atuarem livremente. A razão última é que a forma Partido Comunista resume compromissos básicos: o proletariado, a classe trabalhadora, como classe referente, assim como os camponeses; o Socialismo Científico; o Marxismo-Leninismo e a base de quase um século de luta em solo Brasileiro, reunindo uma experiência nacional, democrática e popular que é um patrimônio da democracia e da História do nosso povo.
 
Dessarte, a derrota é um momento. Muitas foram as vezes em que comunistas foram, não só derrotados(as), mas aniquilados(as), torturados(as), banidos(as) e mortos(as). Tantas foram as vezes em que se anunciou a derrota dos comunistas, quantos filhos e filhas o Partido Comunista deu pela democracia e pelo povo brasileiro. Mas a derrota não te define. A gente não se abate com a derrota, está aí o sorriso do Che Guevara, em meio à morte para o provar. Exige a Dialética que miremos, mesmo em cada batalha perdida, toda uma  série de ganhos preciosíssimos, imprescindíveis, porque escassos e heróicos. 
 
Há duas perguntas: O que ganhamos? O que perdemos? Há que ver com cuidado, juntar no embornal toda fruta machucada, pois isso é acumular forças num tempo marcado pela derrota estratégica e por um período conturbado de mudança geopolítica, de crispação das contradições do capitalismo nesta etapa claramente agônica e destrutiva que ameaça a humanidade. 

E, se no meio dos gestos balsâmicos de sarar as feridas, a dúvida nos morde, sobre a justeza do que fazemos, basta olhar ao redor. Vive nosso povo bem? O Capitalismo, que consequências traz à Humanidade?! O capitalismo não tem futuro. 
 
E o perfume juvenil sempre vivo no Partido Comunista, que atrai a juventude, as mulheres, a intelectualidade, vem dessa dupla: escudo e espada - crítica-autocrítica e unidade avassaladora - aliada à causa mais justa possível, o socialismo como estrada da emancipação humana. Armados com essas certezas, podemos perceber duas importantes vitórias que poderão descortinar caminhos. A mais importante é termos derrotado Bolsonaro e a extrema direita nas urnas em 2020. Essa era a disputa principal. Vitória, digamos sem pejo.

A segunda, é que agora os e as comunistas falamos diretamente ao povo brasileiro.  Novidade, sim, comunistas serem o ponto mais alto da representação dos anseios de unidade da Frente Ampla que esboça o nosso povo. Flávio Dino e Manuela inauguraram essa época histórica: O PCdoB mostra ter condições de ser uma alternativa política viável e interlocutor na Frente Ampla. Também essa vitória podemos contabilizar em 2020. Então, falar ao povo através de Dino, Manuela, Luciana Santos, Augusto Vasconcelos, Gustavo Petta, Orlando, isso é ouro. 

Isso deveria nos animar quanto à possibilidade de mudar o quadro político em profundidade, abrindo caminho para lideranças que apontem em voto e em política como superar a Cláusula de Barreira. Provavelmente a tibieza e a perda de cara própria não ajudarão em nada, fica a dica.
 
Nós somos uma jovem geração que tem a cara do Brasil, e precisamos completar essa transição que é continuidade e é mudança, construção geracional dos comunistas e de sua permanência na História da Nação Brasileira. Esse combinado é essencial para construirmos o segundo centenário do Partido Comunista e a consecução da libertação da Nação, da Democracia e dos direitos universais que será a face do nosso socialismo verde-amarelo. 

Mas, claro, houve derrotas. Há que sopesá-las cuidadosamente, são mais preciosas e sutis as suas lições, importantíssimas. Dizia o socialista Charles Chaplin, mais importante que terem nos feito mal é saber o que fizemos com esse mal, como ele nos afetou, o que saiu de SÍNTESE. Porque isso depende de nós, não do adversário. É como digerimos, e se nos salva ou nos mata.

Minha opinião é que as derrotas e vitórias nas eleições de 2020 são ouro puro para o PCdoB, que saiu com ampla capacidade de diálogo com o campo democrático e estará à mesa da Frente Ampla Progressista que se antevê. O Brasil não é para amadores. As vacilações e  confusões no interior da esquerda já causaram imenso dano e, se persistem, conformar-se-á uma Frente Ampla Conservadora que intentará manter o neoliberalismo escravista intocado, sem os males de Bolsonaro, um domínio de direita com desodorante, mas podre, porque perpetuador da desigualdade, da preacariedade e do parasitismo rentista contra o povo brasileiro. 

Ainda que as vitórias muito ensinem, é nas derrotas que está o nosso mapa do tesouro em 2022. Isso diferencia a autocrítica comunista da depressão, dos discursos da culpa, ou das desculpas esfarrapadas que eludem e iludem, mas são certamente o buraco mais fundo. A derrota é uma mãe ou um pai severo, há que ouvir. O pior seria a imobilidade frente ao quadro político e frente a si mesmo, porque seria prostrarmo-nos contra a mudança, que é inexorável. O pior seria nosso isolamento. Ao contrário, somos cada vez mais ouvidos(as).
 
Nós mudamos sempre, faz parte da nossa capacidade básica de permanência no Brasil. Mas aqui ninguém perde o rumo. E se já mudamos muito, mudamos menos do que o mundo, e mudaremos ainda mais, mas SEMPRE a mudança é para perseguir esse curso antigo, e sob a ausculta do nosso passado, com gana de futuro. Nós não abrimos mão do símbolo, do nome, do socialismo nem mesmo ante a Queda do Leste, avalie agora, que o Socialismo aponta como única alternativa para a sobrevivência da Humanidade.  E serão diversas as formas de socialismo, inclusive a brasileira, que nos cabe construir, pelo que passa o Novo Programa Socialista para o Brasil. Mais que a convicção da vitória, tenho a aterradora certeza de que nossa vitória salva vidas, é decisiva para a democracia, para os direitos do povo, para a integridade da Nação Brasileira e a Paz.

Assim, mudamos, mas ancorados no exemplo de lutas, na força do sangue dos mártires e no ideal de servir ao povo até o fim. E ancorados nas gerações comunistas, cujo exemplo e voz está ativa e presente. Somos um conselho que tem desde anciãos a líderes secundaristas.  Há quadros, militantes e filiados(as).
 
Sob essa condução, a crítica e a autocrítica só podem nos corrigir e libertar, quando apontam o caminho justo, se não degeneram. Até porque ela obriga a mudanças duras que exigem convicção deste nosso magnífico coletivo militante. Crítica e autocrítica forjam coletivos de vencedoras, apontam o caminho da sabedoria e do coletivo, são um belo gesto de amor, coisa de camaradas... Não floresce em qualquer canto. E mais, expõem sem redenção todo joio, toda mentira, purificam de erros e vergonhas, problemas que há que sanar. E nesse caso, há luta interna. O Partido não é um lugar quentinho, mas é a casamata dos que lutam e vencem pensado sempre no melhor para a humanidade e o Brasil.

Ao longo dos últimos 98 anos, a bandeira, o ideal e o sonho tremulam, sempre, e nós não desanimamos jamais. Somos resiliência, o amor que perdura e vence, a força do povo e sua generosidade. Ano que vem cumprirei 30 anos desde que me filiei ao PCdoB, e tenho viva e intocada essa esperança cheia de método e trabalho a realizar. Longe de nós a auto-justificação cômoda, esconjuro os desesperados e amargosos, que vem de seus exílios da luta predicar o fim alheio, como se não lhes tocasse. Perto de nós, esteja toda flor que brotou nesta semeadura pedregosa e árida.
 
Nesse sentido crítico e autocrítico, pergunto-me:
 
- Nós fazemos uma divulgação eficaz do símbolo, da História e dos valores comunistas? Isso não é necessário nas batalhs eleitorais? Qual o resultado? Nosso desafio não será ser mais nítidos aos olhos do povo?! Ter candidaturas próprias, ter chapas próprias, disputar os 2% dos votos que se identifiquem com nossa linha, ninguém, exceto nós o poderemos fazer.
 
- Estamos ligados ao povo? Às vésperas do processo incerto e caótico de retomada e um duvidoso pós pandemia, somos chamados a nos perguntar sobre nossa ligação com o povo e nossa fixação nos territórios. Temos de repensar o papel das escolas e universidades, das sedes das entidades, dos sindicatos, e como esses pontos da resistência se ligam ao povo e promovem a retomada presencial da luta.
 
- Nossa política afirma a importância equânime das lutas de Ideias, de Massas e Político-Eleitoral. Ora, será que a institucionalidade não dá o tom? Não concentra os recursos? Como crscemos institucionalmente sem paralelo na centenária História do PC e perdemos ligação com o povo?  Como corrigir esse desbalanço que nos tem feito sofrer derrotas NA LUTA DE IDEIAS E DE MASSAS E NA ACUMULAÇÃO DE FORÇAS EM VOTOS?  Qual o balanço crítico e autocrítico que fazemos das filiações "democráticas" e da nossa perda de identidade face ao eleitorado? Vamos dobrar a aposta? Já é tempo de rever premissas que havia ainda antes do Golpe, e que seguem a dar resultado negativo.
 
- Como fazer da construção das chapas próprias um processo de emulação, renovação e mobilização do Partido, de correção do personalismo e da política de concentração, de construção das direções e de nossos representantes, de reafirmação da viabilidade eleitoral e uma mensagem clara ao eleitorado brasileiro?
 
A onda está virando. É preciso sentir os sinais e se postar para essa imensa alegria que é a retomada da luta nas ruas pelo povo brasileiro, tão judiado... 
Haverá dificuldades, mas é preciso rejeitar com firmeza o desalento, o derrotismo, a descaracterização, a negativa daquilo que somos. É preciso que nossa direção seja corajosa em apontar saídas que mobilizem   e culminem na vitória. Há que ter firmeza, coragem, criatividade, renovação. Há exemplos a estudar, e não são os vergonhosos liquidacionistas e transformistas dos anos 90. Não se trata de mudanças cosméticas, mas de relançar a História com sede de futuro, de socialismo, de vida. 

Devemos aproveitar a crise para dizer ao povo brasileiro em alto e bom som o que é ser comunista no Brasil de hoje. A eleição acabou, mas não a nossa atividade política. Devemos falar para o Brasil, renovar o partido, filiar, aprender, estruturar, corrigir. Não há tempo, e é um imenso trabalho.  Não cabe o comodismo diletante, o hater das redes sociais, nem abrir o flanco às provocações. Aqui o sujeito e o objeto se sabem idênticos, critica quem milita e é criticado(a). Por isso defendo que não haja antecipação, mas um processo permanente de debate que trate os diferentes problemas nos espaços que lhes cabem. Nem tudo é tema de congresso. O Congresso do Centenário deve apontar caminhos, futuro, deve afirmar o Partido. 
 
Para mim, só a resposta à última questão está clara, um ato político que plasma afirmação e mudança, continuidade e ruptura, princípios e tática, passado e futuro, Brasil e democracia. É a clara mensagem de uma candidatura Presidencial que, surgida do Centenário Partido Comunista, fale ao Brasil, à juventude, às mulheres, à classe trabalhadora, através da voz e do gênio de Manuela D'ávila. 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Superar a cláusula de barreira, defender a democracia e o PCdoB - Paulo Vinícius Silva


- Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
- Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
- Se entrega, Corisco!
- Eu não me entrego, não!
(Mais forte são os poderes do povo!)

Deus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber Rocha 


Sou comunista, e o que mais aprendi no Partido foi a defender a democracia. Os comunistas deram suas vidas incontáveis vezes pela Democracia, e, de fato, no Brasil, ela só vicejou quando os comunistas puderam atuar livremente. Hoje, seja pela estrutura do Fundo Partidário, seja pela famigerada cláusula de barreira, os partidos que tem a máquina e o poder seguirão mandando, e a democracia seguirá a definhar.

A democracia não foi violada apenas quando Dilma foi apeada. A Democracia é violada quando o mercado do voto, das mentiras e do poder proscrevem partidos como o PCdoB, o PCB, a UP, o PCO, o PSTU, o PV, a Rede e possivelmente inclusive o PSOL. Enquanto isso o golpe prossegue e triunfa, até que uma Frente Ampla Progressista o detenha ou uma Frente Conservadora consolide esse período de trevas que se segue ao golpe de 2016.

A Cláusula de Barreira exige que o Partido possua 11 deputados Federais e 2% dos votos à Câmara em 9 Estados. A onda obscurantista cobra preço altíssimo em votos para toda a esquerda, e além disso, há a COVID, o isolamento, uma campanha curtíssima, e o combate desigual das fake news. Contra essa vaga, mesmo assim, o Bolsonarismo foi derrotado. Mas é só o começo. A Frente Ampla progressista necessita de um "núcleo de afinidades de esquerda" unido, e tanto mais vencemos e avançamos quanto aplicamos a política de Frente Ampla.

A consigna Socialismo ou morte já é uma realidade. A saúde, o sofrimento, a morte, a doença em si tudo é mercadoria. A vida em função do lucro. No Brasil e nos EUA, em Cuba, China, Vietnã, Coréia Popular, bora comparar? O Socialismo é o futuro e o capitalismo é o Apocalipse. 
A minha geração perdeu muito, os mais jovens vivem uma situação de total falta de perspectivas. Sua única saída é o Socialismo com a cara do Brasil. Assim, como podemos desistir?! Como é possível abaixar a bandeira? 
 
A radicalidade da proposta da Frente Ampla é a sua abrangência democrática, ser um caminho de convergência para se sentarem à mesma mesa os comunistas, socialistas, democratas e setores patronais, conformando uma maioria para contrarrestar as criminosas ações do governo genocida. Essa política permitiu conter a extrema direita eleitoralmente e tornou a Frente Ampla uma realidade eleitoral e política. Se a oposição marcha unida na disputa da Presidência da Câmara, abrimos uma nova vereda da resistência e da retomada da iniciativa política. Para isso tem sido indispensável o protagonismo do PCdoB.

Nós passamos por uma eleição atípica. Nem campanha se pôde fazer direito. Como Manuela fez? Como fizemos? O que erramos? O que acertamos? Debate essencial o da crítica e da autocrítica.

Mas, no meio disso, apareceu um tatu no toco. A tese de que o problema é ser comunista. É, no fundo, a opinião de Bolsonaro. Que síndrome de Estocolmo é essa?! Quem esposa essa tese e propõe abandonar símbolo e nome é liquidacionista. Simples. E é preciso lutar contra o liquidacionismo, decididamente. O mundo precisa de mais Socialismo, ou se sucederão as hecatombes.

Quem põe a culpa nos temas cosméticos decide por não debater as causas reais do fracasso de uma política eleitoral que vigorou por mais de uma década, de busca de candidaturas posicionadas à centro-esquerda e que chegou ao Movimento 65. Esse fenômeno trouxe lideranças com diferentes histórias, de Dino a Cadoca, um movimento que não se mostrou sempre bem sucedido. Em vez de marcar um eleitorado comunista, perdeu votos.

Acho que o fim da política de concentração, a personalização da direção do Partido nos Estados, a não execução de uma correta transição geracional, o burocratismo sindical e institucional (bem maior) e os desvios institucionalizantes são razões muito mais concretas, e palpáveis da autocrítica que deve ser feita. O declínio de liderancas parlamentares de mais de 3 décadas, a dificuldade de plasmar novas lideranças também é outro aspecto, assim como a excessiva dependência face ao PT na política de alianças e no governo. O Partido perdeu tempo precioso de se apresentar ao povo Brasileiro.

Temos muitas autocríticas a fazer, mas foice e o martelo não estão entre elas. Aliás, nós fazemos propaganda da foice e do Martelo nas campanhas eleitorais? Talvez fosse melhor enfrentar que fugir desse debate. Afinal, estamos certos. Ou não acreditamos mais que é a unidade de quem trabalha no campo e na cidade que parirá um novo mundo?

O jeito certo de abordar o símbolo e a temática, a Manuela ensinou. Por que para ela não houve teto de 2%, como ela chegou aos 40%? Como Dino virou Governador? Não há 2% de votos para o PC do Brasil? Há, sim! Mas somos os que representamos esse ideal socialista no Brasil? Estamos à altura de nossa História? É uma prioridade a ligação com as massas? Será que não dá para ver que há um desbalanço na relação das formas de acumulação Luta de Ideias, Luta de Massas, Luta Político-eleitoral?

Por que unificar o PC não é uma pauta no seu Centenário? Que diacho é isso que haja quem debata mudancas de símbolo e nome em pleno Centenário do PC? Absurdo! Deve ser rejeitado em uníssono pela militância. Todo/a militante comunista deve lutar contra o liquidacionismo.
De que serve mais um partido reformista no Brasil? Por que não escolhem entre os existentes?

Em vez de WO, temos de mostrar nosso valor. O eleitor quer as nossas verdades, não mais disfarces. Há um dever de casa que só pode ser feito junto ao povo, não é um problema cosmético, mas a própria afirmação da condição de vanguarda do Partido Comunista. O que levou a resultados declinantes não foram a foice e o martelo. Há problemas bem mais comezinhos na política do Partido real. Precisamos renovar nossas lideranças e enterrar a política de concentração, precisamos nos ligar com o povo. Precisamos ser mais comunistas porque o contexto é mais difícil, e não o inverso.

Há também uma confusão entre radicalidade de ação política e as alianças que se pode e se deve fazer. Nossa base social é muito influenciada pela militância petista. E esta, acorde à orientação de seus próceres, tem se oposto à Frente Ampla, colocando como condição a hegemonia petista e mesmo a candidatura de Lula, como premissa. Não é "Frente de Esquerda", é Frente sob eles, a Frente Estreita. Então, por isso, o que não for assim, é feio, é mal, é vil. E somos sistematicamente atacados por isso. Exemplo atual é o Maia. No passado, foi Tancredo. Antes, JK, e mesmo Vargas. Todas essas alianças são/foram "denunciadas". Mas com o Meireles e o Temer, podia.

Essa hipocrisia é a herança do udenismo e de sua reencarnação na ética de classe média, que hegemoniza ainda hoje o pensamento político no PT. Parte dessa malta encheu as hostes bolsonaristas, parte permanece fiel aos seus "ideais" de uma suposta pureza em alianças, que confundem com a tática política. A influência trotsquista e reformista cobra preço alto nessa pueril tentativa de "não pecar" de novo. Não entenderam o básico: o maior pecado é a derrota.

À negativa de apoio de Ciro a Haddad em 2018 e à cegueira tática do PT, ao clima de guerra entre PT e PDT, eu atribuo a pulverização da esquerda e sua perda de competitividade relativa para os setores de centro-direita neoliberais, que se fortaleceram no curso das eleições municipais. O PT trucou e perdeu. O PDT ganhou o que? Parte desse trucar é como o PT e o PDT, e até o PSOL - como Orlando expôs -, mordem e assopram, combatendo e diminuindo o espaço do PCdoB, às vésperas da Cláusula de Barreira. Ciro cooptou Edvaldo que há muito perdera a perspectiva revolucionária, em Sergipe. Em São Luís, bandeou-se o PDT para o lado da oposição, rachando a base de Dino para apoiar Braide. No Pernambuco, o PT não apenas implodiu a Frente Popular,  mas se indispôs com o PSB e ainda queria que a gente tomasse as dores... 
 
Parafraseando Dilma, "Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder." Essa cínica autofagia já foi um fracasso eleitoral, mas há de custar ainda muito caro por ser um fracasso político. Traficam interesses aqueles que atribuem vitudes democráticas à cláusula de barreira. Os partidos ideológicos deviam somar filas ao PCdoB para a manutenção da legalidade de todos e pela autonomia da legenda centenária no Brasil.

Nesse contexto difícil, ascendem Flávio Dino e Manuela Dávila como expressões públicas dos comunistas no debate nacional e vocalizadoras da Frente Ampla. Completa-se a vitória sobre uma barreira de um ciclo anterior à redemocratização. Clandestino, chacinado, torturado, perseguido e caluniado, o PCdoB finalmente tem sua própria voz para ser alternativa e partícipe na mesa da Frente Ampla.

A transição geracional, o fenômeno Manuela e a minha geração tem responsabilidades históricas inescapáveis nesse momento. Eu sigo ansiando por manhãs de sol e Socialismo.

Manuela Presidenta, o Novo Programa Socialista e a transição estudante-juventude-trabalho são a saída. Mais protagonismo e identidade, e não diluição, estado de geléia, cooptação.

Viva o Centenário do PCdoBrasil. Vamos derrotar Bolsonaro, retomar a democracia e vencer em 2022. Mais fortes são os poderes do povo!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Sombras e Luzes - Paulo Vinícius Silva


Proletários de todos os países, uni-vos!
Karl Marx e Friedrich Engels

No conjunto do mundo, particularmente nos países menos desenvolvidos, a bandeira da luta pela liberdade e pela independência nacional, abandonada pela burguesia capitulacionista passará às mãos das forças progressistas que almejam transformações radicais da sociedade. Grandes países, como a Índia e o Brasil, apresentando formas inovadoras de passagem ao socialismo, poderão alcançar expressivas vitórias. Assim será o século XXI. Em seus começos, haverá sombras e luzes, mais sombras do que luzes. Depois, o quadro se inverterá. A humanidade viverá tempos de grandes esperanças.
João Amazonas

Por manhãs de sol e Socialismo.
UJS


Um espectro ronda a Humanidade, o Espectro do Comunismo. Todas as potências imperialistas unem-se numa Santa Aliança para conjurá-lo: Edir Macedo, Trump e Bolsonaro, desde  a direita mais rançosa à esquerda mais pós-modernosa. 

No entanto, estranhamente, 3 décadas após a Queda do Muro e o Fim do Comunismo, o Capitalismo é que vai mal das pernas, e nos convida, matreiramente, a curtirmos a barbárie. Enjoy it! A gente assiste, mas é conosco... E dói. Essa alienação  que se resume num sentimento de impotência, angústia e inação é o sequestro da vontade do oprimido, é a domesticação. A vida não está na caixa, e a verdade está lá fora.

 Já o Socialismo, vai bem, obrigado. Não é que não haja problemas, a crise é universal. Contudo, nas provas da vida, no passado e no presente, o socialismo vive. Não se joga pedra em árvore que não dá fruto. Diante da crise da pandemia, é cristalina a diferença: quem está no socialismo tem muito menos chance de morrer e é muito melhor tratado que nos países capitalistas. Vá atrás dos dados da COVID. Ano que vem, a China terá uma taxa de crescimento que causará ondas positivas em toda a economia mundial. O "mercado"quer vender as vacinas, gente... A gente que lute.

O socialismo não é o problema, mas a solução para o mundo e para o Brasil. A vitória do capitalismo com o fim da URSS está na raiz do momento com o qual a Humanidade se defronta hoje, a encruzilhada histórica: socialismo ou morte. O capitalismo teria vencido, só que não. Afinal, no Dia Seguinte, já ficou claro que o capitalismo só assegura o crescimento do capital, não está habilitado a gerir racionalmente ou "alocar recursos" com vistas ao futuro da vida humana na Terra, pois precipita o colapso, não o evita. Lembro que nas reflexões de Fidel, sempre estava a advertência sobre a necessidade de lutar pela sobrevivência da humanidade. Crescentes são as evidências científicas e os trágicos episódios em que o consumismo desenfreado e irracional, a concentração de renda de uma nova sociedade de castas e o parasitismo do rentismo, a jogatina financeira, nos levam em meio a guerras pela tortuosa estrada da barbárie nossa de cada dia. 

Cara, a vida tá triste demais. Nós podemos sonhar, nós podemos lutar, nós temos o dever de mudar essa realidade que nos envergonha, entristece, ameaça nossas vidas e dos nossos amores... é preciso manter levantada a bandeira da foice e martelo, porque é a nossa aspiração mais fundamental de igualdade, liberdade e trabalho como realização mesma da emancipação humana. Nada é mais atual.

Assim, antes de tudo, é preciso ver para onde vão os ventos. E o Socialismo é necessidade histórica, não mero ato de vontade, embora não possa dela ser separado, porque é exatamente o Partido Comunista o Príncipe Moderno, a vontade coletiva que pode assegurar à Humanidade um futuro num regime novo, atual que integre economia mista e ampla democracia. 

O mercado, sob o imperialismo,  é, em verdade, monopólio. Irracional, não leva em conta os múltiplos aspectos envolvidos na vida. Vige plenamente aquela esperança do socialismo, tão bem descrita por Abreu e Lima, em 1855: "Em que consiste o Socialismo? Na Tendência do gênero humano para tornar-se ou formar uma só e imensa família." A humanidade é cada vez mais uma só, e as consequências nos atingem a todos e a todas, é exatamente essa possibilidade que coloca o socialismo ainda em seu nascedouro como experiência humana, mas imprescindível para descortinar um futuro de paz, festa, trabalho e pão. Os 1% que concentram mais riqueza que os demais 99% da população da Terra tem seu roteiro funesto, e a nós não cabe outra opção que não seja a Resistência, porque sobreviver é resistir. 

Há tanto a reconstruir, tantas vidas a salvar. É tão bonito o povo em movimento. Nós não apenas sobrevivemos, mas havemos de ver a viragem da onda. É isso que eu sinto quando eu penso em Manuela e na minha geração. Preparemo-nos!

Não podemos abrir mão jamais do sonho, da responsabilidade, porque essa é a condição própria da vanguarda.

Nós apenas começamos.

Mas quem é o Partido? Bertold Brecht - A Bandeira do meu Partido - Jorge Mautner declama e canta