RESISTÊNCIA - Paulo Vinícius Silva
E quando parecia ser tudo derrota,
Ela veio.
E disse com uma firmeza ainda mais assentada:
Perdêramos uma batalha,
mas a luta segue, amigas, camaradas!
E a gente pensou... como pode? Tão forte!
Então, democrática e serena, ela nos contou seu segredo.
Disse-nos porque tinha fé.
E ela chamou sua força e a mostrou diante de todos:
- seu esposo, seu enteado, sua filhinha.
Era essa a sua Fortaleza.
Mas, olhando melhor, ao redor,
perto dela,
no mesmo espírito de união e amor pela cidade, há líderes do povo.
E há as mulheres,
a juventude e as crianças,
as mães e muitos pais, todas as cores, idades, amores,
e os sonhos, e a verdade
e todo o universo.
A força de Manuela é
a força das pessoas comuns.
Elas perdem, elas ganham, elas lutam, mas
jamais desistem.
Assim nossas mães nos ensinaram.
E esses elos frágeis, evanescentes,
de seres humanos tão limitados,
à luz do Coletivo,
da História.
Oh! Quanta potência! Quanta transformação!
E nós que ansiamos tanto pela alvorada,
é certo que verteremos uma lágrima.
Mas olhamos para o que se ergueu indômita,
numa semeadura por entre pedras...
Cada semente que cresceu tem o brilho dos sóis, porque filha do combate, filha da provação.
E olhamos os aliados, olhamos uma ampla resistência.
Que importa se a hora não é agora?!
Com o povo saberemos fazer a hora.
É preciso sentir o cheiro da chuva.
Já podemos sentir nos ossos a chuva que vem?
É preciso semear.
É preciso lutar.
Aprender a resistência com ela,
Manuela.