A líder do PCdoB na Câmara, deputada Manuel D'Ávila (RS), denunciou, em discurso indignado no Plenário da Câmara, na noite desta quarta-feira (4), a “atitude machista e leviana” do deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) na audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que debatia com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, as denúncias de corrupção do metrô de São Paulo que envolve os governos tucanos.
Agência Câmara
Manuela acusou o deputado Duarte Nogueira de partir para baixaria por não ter respostas para dar sobre a situação do seu partido no estado de São Paulo.
“O coração tem certas razões que a própria razão desconhece”, disse o deputado à líder do PCdoB após a fala em que ela defende a atitude do ministro da Justiça de mandar investigar as denúncias que chegaram a ele. A declaração do tucano remete ao namoro entre a deputada e o ministro em passado recente.
A fala preconceituosa e machista do deputado tucano foi seguida de protestos do ministro, de outros parlamentares e da própria Manuela D'Ávila, que acusaram o tucano de quebra do decoro parlamentar.
Em seu discurso no Plenário da Câmara, após da reunião da CCJ, Manuela disse que “a minha vida privada, embora não seja assunto público, não é promíscua como são promíscuas as relações que estão sendo investigadas no estado de São Paulo”.
“A minha vida privada, como a minha vida pública, é honrada. Quem tem explicações para dar sobre a vida pública são os governantes do estado de São Paulo. É isso que eu, como líder do meu partido, cobro”, disse Manuela, acrescentando que “o deputado Duarte Nogueira, que, por não ter respostas para dar, parte para a baixaria, porque não sabe o que dizer sobre a situação do seu partido no estado de São Paulo”.
A parlamentar lembrou que no dia em que a Câmara realiza uma comissão geral para discutir o fim da violência contra a mulher, ela se depara com uma “atitude machista, leviana, e que não condiz com aqueles que tentam mudar a vida política e a cultura machista deste país”.
“Eu me sinto ofendida como milhares de mulheres brasileiras que são ofendidas cotidianamente por esta cultura machista, falo porque não podemos tolerar mais que a Câmara dos Deputados, que o Congresso Nacional, conviva com essa cultura de quem não sabe debater política, de quem não tem respostas para dar para o povo sobre o verdadeiro esquema de corrupção que o estado de São Paulo tem que responder a seus cidadãos e que, por não ter respostas, vai pelo caminho fácil da violência e do machismo contra as mulheres, da violência subjetiva, das falas entrelinhas”, acusou a líder comunista.
Questão central
No discurso que fez na reunião da CCJ, Manuela perguntou aos tucanos “qual o encaminhamento que o ministro da Justiça deveria dar a uma denúncia grave como essa? No meu governo, eu tenho orgulho de que ele não engavete, porque conheci um governo que tinha a fama de engavetar todas as denúncias que chegavam ao seu conhecimento”, disse, em referência ao conhecido caso do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a ser conhecido como Engavetador Geral.
Ela disse ainda que a questão central do debate deve ser de investigar a corrupção e formação de cartel, e é isso que o governo tem feito, enquanto os tucanos discutiam que o documento era um dossiê fabricado pelo deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) e que foi vazado para a imprensa por algum alto funcionário do próprio Ministério da Justiça. E acusavam o ministro de não ter comunicado ao procurador-geral da República.
De Brasília
Márcia Xavier