Sete anos sem João Amazonas |
João Amazonas falou ao Programa Memória Política da TV Câmara, na qualidade de mais antigo dirigente comunista no País. Presidente do Partido Comunista do Brasil - PCdoB, dissidência do PC, João Amazonas foi constituinte de 1946 e formou a bancada comunista que mais tarde foi cassada. Na década de 70 participou da Guerrilha do Araguaia, conflito que foi dizimado pelo exército em três anos de luta. Exilado, voltou ao Brasil em 1979, com a anistia. |
Reprodução autorizada mediante citação da TV Câmara Atenção: há uma falha de áudio em cerca de dez minutos da entrevista, mas ainda assim vale mito a pena. (Paulo Vinícius) |
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Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda
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quarta-feira, 27 de maio de 2009
Assista a última entrevista com João Amazonas - imperdível!
Tributo a João Amazonas (1912-2002) - Um Comunista Brasileiro
Vídeos inéditos na internet contam trajetória de João Amazonas
Quando João Amazonas morreu, deixou para trás um belo e honroso legado de lutas em prol do povo brasileiro. Nascido em 1º de janeiro de 1912, em Belém, filho de um padeiro e uma doméstica, o operário, filho autêntico do povo brasileiro, foi um dos maiores nomes que o país teve na luta contra o atraso, pela justiça social e pelo socialismo. Nestes dois vídeos inéditos na internet, um pouco dessa história é contada. Leia mais
Veja também:
Partido Vivo disponibiliza biografia de João Amazonas
terça-feira, 26 de maio de 2009
Encontro de Jovens da CTB: a juventude se posiciona no novo cenário do sindicalismo brasileiro
Graças ao esforço do coletivo de juventude, ao apoio da direção e dos funcionários da CTB e aos 16 estados que enviaram representantes, o encontro superou as expectativas. Mais de 130 jovens, metalúrgicos, marceneiros, operadores de telemarketing, trabalhadores rurais,
comerciários, bancários, funcionários dos Correios, servidores públicos e estagiários estiveram reunidos para refletir e se unir tendo uma mesma aspiração: despertar a juventude para o sindicalismo classista.
Aqueles jovens compreenderam na dura labuta que é indispensável lutar contra a exploração capitalista, e reuniram-se por que sabem ser necessário fazê-lo com a ousadia e a criatividade da juventude. Dispuseram-se a formar uma mesma corrente, chegar a todos os estados
do Brasil, fazendo com que em cada categoria se levante uma voz que chame os outros jovens trabalhadores a tomar seu lugar no movimento e mudar o seu enredo. A juventude se posiciona no novo cenário do sindicalismo brasileiro e o seu potencial revolucionário encontra um
canal privilegiado entre os classistas.
Não era à toa o sorriso nos rostos de alguns de militantes antigos das lutas dos trabalhadores presentes ao encontro. Era visível o seu alento ao perceber que jovens que militavam na CSC e na SSB na UJS, na JSB, no movimento estudantil, independentes, no campo e na cidade se
reuniam assumindo seu posto de combate, dispostos a contribuir com a mudança da prática e da correlação de forças do movimento sindical. O poder dos que produzem a riqueza aliado à garra, irreverência e criatividade da nova geração podem abrir os olhos de milhões de jovens
que são explorados especialmente por sua condição juvenil.
Os jovens querem um futuro melhor. E percebem, em especial agora, quando a máscara neoliberal caiu, o cinismo decadente de um sistema econômico cuja continuidade representa claramente um risco ao futuro. Não acreditamos nas mentiras do capitalismo de que o egoísmo de cada um é a razão da felicidade de todos. A esta mentira, contrapomos a luta por uma mudança verdadeira e profunda, política e econômica, que nos assegure um lugar digno na vida. E, determinados a impedir qualquer retrocesso, queremos apressar as mudanças, aprofundar as
mudanças e abrir caminho ao socialismo. Esta mensagem adquire nova dimensão após se esboroarem vários mitos caros ao sistema, como a teleológica eficiência das forças de mercado e sua mão invisível na alocação de recursos – de fato, o que vimos foi a mão bem visível do
Estado, inclusive no Brasil.
Atentos, concluíram que o sistema penaliza em especial os jovens. São cerca de metade dos desempregados, os primeiros demitidos da crise, expostos à precarização e a condições e salários piores. No campo, sem políticas públicas, crédito e investimentos, espremidos pelo
latifúndio, seguem o cortejo de seus, de nossos, pais e avós, tangidos para as cidades. Vítimas de falsos estágios, penalizados por jornada de trabalho incompatível com o exponencial crescimento da produtividade do trabalho, vêem-se impedidos de prosseguir os estudos,
de viver sua juventude. Submetidos ao assédio moral e também vítimas do assédio sexual, rebelam-se e exigem seu lugar de direito como o futuro do proletariado. Preocupados com o meio ambiente vêem a voracidade irracional do capital que devora vidas, sonhos e a natureza
ameaçando a vida na Terra.
Com tudo isto, sabem que carecem de organização para florescer na luta e desenvolver seu poder mobilizador. E, lado a lado com os atuais dirigentes classistas percebem que podem fazer muito para responder à exploração capitalista e afirmar a alternativa socialista. Batista
Lemos entendeu bem e deu a pista, afirmando que a juventude na CTB não pode ser apenas sindicato, mas deve ser também movimento. E Pascoal Carneiro não hesitou ao afirmar a necessidade imperiosa de a juventude ocupar seu lugar no movimento sindical como condição de sua atualização e futuro.
Já retornamos aos estados com as alegrias e reflexões destes dois dias inesquecíveis. Armados com este mesmo ímpeto, temos agora o desafio de mobilizar a juventude para ocupar seu lugar no 2º Congresso Nacional da CTB, em setembro. O coletivo de jovens eleito definiu uma agenda de organização dos coletivos de jovens trabalhadores em todos os Estados, para compartilhar as reflexões, mobilizar para os cursos de formação da CTB que ocorrem em todo o país e preparar uma grande participação juvenil no congresso. São os primeiros passos, e decerto haverá
dificuldades, mas são decisivos para construir no presente a hegemonia do futuro, fazer da CTB uma central onde a juventude faça a diferença. Beneficiando-se dos egressos do movimento estudantil, unidos aos jovens sindicalistas, campo e cidade, com uma mesma garra classista e
com o rumo socialista, fazer da CTB a central mais juvenil do Brasil.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
1º Encontro da Juventude Trabalhadora da CTB
25/05/2009 www.ctb.org.br | |
Aconteceu no último final de semana (23 e 24), em Atibaia - SP, o 1º Encontro Nacional da Juventude Trabalhadora da CTB. Com a participação de mais de 130 jovens trabalhadores de diversas categorias do campo e cidade em 16 Estados, o desafio do encontro é debater e definir iniciativas que orientarão as lutas da juventude trabalhadora representada pela Central na cidade e no campo. A mesa de abertura coordenada pela secretária de Jovens da CTB, Ana Rita Miranda, contou com a presença de Nivaldo Santana, vice presidente da CTB, Danilo Moreira, membro do Conselho Nacional da Juventude Socialista (Conjuve), Marcelo Gavião, presidente da União da Juventude Socialista (UJS) e Igor Menezes – Juventude Socialista Brasileira (JSB). Unir para avançar Ao saudar os presentes, Nivaldo Santana, reforçou o caráter classista da CTB, que aposta num processo de renovação e fortalecimento do movimento sindical através da mobilização da juventude. “Nós temos que renovar o sindicalismo, os de “cabelos brancos” têm muito a ensinar para essa juventude, que tem que ocupar seu lugar nos sindicatos. Temos que unir as forças, afinar os pensamentos”, explicou. Para Nivaldo, essa união entre experientes e jovens sindicalistas é necessária e urgente para tentar mudar a realidade enfrentada pelo jovem. “Os dados mostram uma realidade cruel existente, onde milhares de trabalhadores foram demitidos, afetando em sua maioria os jovens com menos de um ano de registro em carteira. Trabalhadores estes que, além da pouca experiência, se submetem a baixos salários e condições precárias de trabalho”, afirmou vice presidente. Para Danilo Moreira, membro do Conjuve, é necessário pensar na geração de metas a serem cumpridas pelo governo, fomentando o investimento na juventude. “Nesse momento além da luta, precisamos assegurar a autonomia do movimento. Estamos prestes a encerrar um ciclo político de nosso país, temos que pensar nesse ambiente e de como transformamos isso em possibilidade de mudança. E temos duas possibilidades: uma é a PEC da juventude, a aprovação de uma emenda à constituição que inclua a juventude. E a segunda é um plano nacional da juventude, criando metas a serem cumpridas pelo governo, para que o estado continue investindo em políticas da juventude” concluiu. Mobilizar a juventude e continuar avançando para fazer a mudança que o Brasil precisa é o pensamento de Marcelo Gavião, presidente da UJS. Segundo Gavião, a CTB nasceu para unificar a lutados trabalhadores. “Tudo, na vida do trabalhador, sempre foi fruto de muita luta e muita mobilização. O desafio da CTB é fazer uma central jovem na sua capacidade de ação, pois é preciso repensar a forma, ser mais ousada que as demais”, frisou o militante. Realidade do jovem Com debates de altíssimo nível, o encontro contou com diversas mesas que trouxeram a discussão sobre os problemas vividos pelo jovem, esteja ele no mercado de trabalho ou não, e quais as possíveis medidas que a se tomar para mudar esse cenário. Outro ponto da pauta foi a Lei do estágio tema de uma mesa coordenada por Vitor Espinoza, que explicou o funcionamento da nova lei defendida no congresso pela jovem deputada Manuela D’Avila (PCdoB - RS) e sua aplicação. Foram debatidas também a situação da juventude rural e a unificação de uma agenda de lutas que não trate apenas das especificidades de um determinado segmento ou categoria, mas sim de toda a juventude. Para Batista Lemos, secretário adjunto de relações internacionais da CTB, a secretaria de jovens além de ser uma instituição, deve ser um movimento de massa, deve ir onde o jovem está. “Eles não se encontram apena no ambiente de trabalho, mas também nos bairros. Não devemos ficar presos ao sindicalizados, temos que chamar essa juventude, inclusive os desempregados, para participar e organizar nos bairros. Viva esse encontro, viva a juventude da CTB!”, finalizou Lemos. Com a palavra de ordem: “Vai avançar e vai crescer a juventude da CTB”, o encontro foi encerrado no domingo (24), com a aprovação do documento oriundo dos debates que será levado para o II Congresso Nacional da CTB e a formação de um coletivo de jovens trabalhadores, que terá a missão de unificar as forças dos trabalhadores rurais e urbanos, assim como ajudar a secretaria a direcionar as ações, mobilizando os jovens nos Estados. Confira a composição do Coletivo de Jovens trabalhadores eleito: VICTOR ESPINOZA – Comerciários /RS ADROALDO NEGREIROS– Correios/SP VANESSA – Bancários/BA MARIA DOS REIS – Fetag/MG ALEX BOCCIA (ABILIO) – Sintratel/SP PAULO VINICIUSSANTOS DA SILVA – Bancários/DF THIAGO SANTANA – Sinttel/MG IGOR MENEZES – CTB/RJ |
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Pós-98, quem somos nós?
Paula Goto*
Movimento pela Isonomia nos Bancos Públicos Federais: Funcis Pós-98 BB/CEF/BASA/BNB.
No Brasil, a ofensiva neoliberal dirigida aos trabalhadores na década de 1990 impingiu duras derrotas à categoria bancária. Enquanto a reestruturação produtiva intensificava a exploração e diminuía os postos de trabalho, a flexibilização das leis trabalhistas se encarregava da retirada de direitos em favor do capital.
Os bancários foram particularmente atingidos e sofreram toda sorte de insegurança e humilhações. A importação do modelo toyotista de organização do chão das fábricas japonesas para o caso brasileiro foi abraçado pelos banqueiros e se deu sob a égide da maximização da exploração de seus trabalhadores. Desta forma é que, ao tempo em que os bancos desrespeitavam as jornadas de trabalho, promoviam o assédio moral aos seus funcionários e efetivavam demissões arbitrárias, se esforçavam, igualmente, por capturar a subjetividade de seus trabalhadores na tentativa de desmobilização de suas lutas.
Tendo como pressuposto a política do Estado Mínimo, a desarticulação de setores estratégicos do Estado preparava os movimentos privatistas para a perseguição ideológica e deliberada ao funcionalismo das instituições financeiras públicas federais. As táticas de desmonte do Estado intentadas pelos governos Collor e FHC intensificaram os ataques sofridos pelos funcionários dessas instituições e inauguraram os seus “anos de chumbo”.
Karoshi é como designam a morte por esgotamento físico e mental relacionada ao trabalho no Japão. Em nossa realidade nos bancos, para além das lesões e das doenças conhecidas como relacionadas diretamente ao trabalho (LER/DORT), a década de 1990 registrou um número impressionante de mortes originadas pelo estresse nos bancos, chegando ao caso extremo dos suicídios. De 1993 a 1995 o Centro de Epidemiologia do Ministério da Saúde registrou o número de 72 suicídios nos estabelecimentos bancários, perfazendo a média de 1 a cada 15 dias!
Na tentativa de ferir de morte o funcionalismo, o executivo, através do Conselho de Coordenação e Controle das Estatais – CCE/DEST e por intermédio das resoluções nº 10, de 30/05/95 e nº 9, de 08/10/96 promove o esquartejamento do plano de carreira nos Bancos Públicos Federais, com a segmentação de suas categorias em duas: pré e pós-98! Discriminados pela própria instituição e com uma série de benefícios e direitos a menos, os funcionários admitidos a partir de 1998 tiveram os salários de ingresso rebaixados e sentiram, desde o primeiro momento, que traziam tatuada a marca do não direito.
Acorrentados a uma estrutura que utiliza os pós-98 como “exército industrial de reserva”, que pressiona os salários para baixo, aceitar a precarização das condições de trabalho para os novos ingressantes é aceitar a deterioração das relações de trabalho para toda a classe. O aviltamento dos direitos dos mais novos funcionários comprovou que o ataque a um segmento ressoa em toda a categoria. Neste sentido, faz-se urgente a exigência da isonomia imediata de tratamento, benefícios e direitos no Plano de Cargos e Salários, de forma a não dependermos do sabor das negociações coletivas anuais, que não tem garantido a perenidade de direitos aos novos bancários.
Considerando que vivemos em uma conjuntura política mais favorável e sob um governo que contou com o apoio de grande parte do funcionalismo e dos trabalhadores para a sua eleição, carregando em seu nome a esperança pela mudança, é preciso que elevemos bem alto nossas bandeiras e façamos ecoar a nossa voz nas instituições, no executivo, no judiciário, no parlamento e em todos os espaços que se coloquem.
No nível do parlamento, temos o andamento de dois projetos de lei sobre a Isonomia que, aprovados, eliminarão toda a iniqüidade para os funcionários contratados a partir de 1998, dando à isonomia força de lei! O Projeto de Lei 6259/05, apresentado pelos deputados federais Inácio Arruda (PCdoB/CE) – atual senador – e Daniel Almeida (PCdoB/BA), e o PLS 77/2007, apresentado pelo senador Inácio Arruda. Temos um grande instrumento disponibilizado para a categoria. A nós, cabe a grande articulação dos movimentos sociais organizados pela aprovação dos projetos!
Se a dificuldade inicial de organização residia no fato de que no início éramos poucos, hoje, somos mais da metade do quadro funcional. Ao mesmo tempo em que isso nos fortalece, nos impõe uma responsabilidade muito maior sobre os nossos próprios destinos. O debate sobre a isonomia precisa estar na centralidade dos grandes debates e as estratégias para a mobilização pela isonomia precisam ser tratadas com prioridade pelos sindicatos, pelos representantes eleitos de nossas entidades associativistas, pelas centrais sindicais e por toda a categoria!
Pela certeza da justeza de nossa luta, convidamos todos a participarem do Movimento Pela Isonomia nos Bancos Públicos Federais!
Paula Goto é Coordenadora do GT de Isonomia na ANABB
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Rumo ao Encontro de Jovens Trabalhadores da CTB
Nos dias 23 e 24 de maio a CTB (Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil) realizará o seu I Encontro de Jovens Trabalhadores em Atibaia, São Paulo. Sua realização pode lançar luzes sobre um desafio dos mais relevantes: renovar as formas e atrair para o movimento sindical a juventude brasileira.
Tal empreitada não é simples. Ressentimo-nos todavia das consequências de quase 20 anos de hegemonia das ideias individualistas, cujo corolário é a negação das respostas coletivas e a consequente esterilização do que é mais característico da condição juvenil: seu papel transformador. E para além da pressão das forças de direita, agregue-se a condição minoritária do sindicalismo classista. Assim, a disposição às respostas parciais, o pragmatismo, a falta de estímulo ao empoderamento dos trabalhadores ante sua própria representação e o esposar de idéias do inimigo de classe (como negar a ação política, as ilusões corporativistas e o carreirismo) foram ossificando o movimento sindical, desmoralizando-o como efetivo instrumento de luta para milhões de jovens que se incorporam ao mercado de trabalho, mas que ocupam um lugar periférico nas direções sindicais.
Por outro lado, na juventude, em especial entre os estudantes, a onda conservadora não encontrou cúmplices à altura durante os anos 90. A UNE e a UBES, sob a direção da UJS e das forças de esquerda mantiveram em dificílimas condições a unidade do movimento e avançaram em conquistas. E os sindicalistas classistas, resistindo bravamente, não apenas defenderam suas posições, mas avançaram ao ponto de criar a CTB, mudando o roteiro de um filme que parecia ter final manjado. E esta ousadia tem mostrado seu valor, um verdadeiro terremoto no movimento, haja vista o crescimento admirável da CTB e a liberdade com que categorias-chave se reposicionam no cenário sindical brasileiro. E o auspicioso, a exemplo do movimento bancário, é que as categorias estão repletas de jovens. Esse encontro da juventude e dos dirigentes sindicais é a pedra de toque que pode fazer da CTB a central mais juvenil do Brasil.
Atrair essa juventude para a luta dos trabalhadores é fundamental para as batalhas do socialismo no século XXI, impossível sem o protagonismo destes profissionais de perfil novo, educados sob a égide da terceira revolução tecno-científica, usuários e produtores da internet e de uma gama de avanços teconlógicos, que seguem estudando, que estão nas periferias e no campo e também na vanguarda da produção de conhecimentos.
Não são apenas especificidades, mas uma tendência inescapável. Ao desenvolvimento exponencial das forças produtivas e às mudanças no perfil da classe deve corresponder a incorporação da nova geração de trabalhadores no seu movimento não apenas para a sua continuidade, mas para darmos conta do desafio civilizacional posto à humanidade, retomar a perspectiva socialista. E a urgência desta tarefa, dramatizada pelo avanço dos sinais de barbárie, é reanimada pela crise do capitalismo, pelo retumbante fracasso de seu pútrido credo, pela sua incapacidade de dar respostas aos desejos de felicidade e bem estar da juventude, porque o capitalismo não apenas penaliza em especial os jovens, mas nega-lhes o futuro.
Deste modo, aos jovens superexplorados do presente, ante seus justificados medos acerca do futuro, o sindicalismo classista pode desfraldar a alternativa socialista, recebendo, atraindo e educando a nova geração de lutadores e lutadoras, lançando hoje as sementes da hegemonia de um futuro não tão distante – há pressa, há condições e há que ter audácia.
Temos muitas possibilidades, mas a maior de todas está na passagem para o movimento sindical da geração que fez o movimento estudantil e juvenil nos anos 90 e nesta primeira década do século XXI. Eles e elas estão por aí, nas fábricas e nos campos, no ABC e no serviço público, no telemarketing e nos bancos públicos e privados. Pintaram a cara, elegeram Lula, conheceram a UNE, a UBES e a UJS. Resta saber se fomos capazes de indicar-lhes decididamente que a luta não acabou com a chegada à vida adulta, e que o movimento sindical não precisa ser chato nem pelego. E mais: que agora, trabalhando, podemos fazer muito mais barulho! Podemos inclusive parar o funcionamento de engrenagens centrais, fazendo calar fundo nas consciência destes trabalhadores a surpresa de outro trabalhador, tão bem descrita por Vinícius:
“Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.”
É hora de reencontrar os amigos. Tendo assumido nosso lugar na construção da vida, na dura labuta cotidiana, confrontados com novas responsabilidades, não desaprendemos as lições mais doces tidas nas salas de aula e nas ruas. Que a indignação e a solidariedade são faces da única forma de ser verdadeiramente humano e de semear o futuro. A tarefa não está terminada, e quem melhor que os jovens trabalhadores para ensinar esta inédita lição? Procuremos os sindicatos, preparemos outra vez as mochilas, atendamos ao chamado da CTB!
Leia mais:
CTB anuncia 1º Encontro Nacional de Jovens Trabalhadores
domingo, 17 de maio de 2009
O BLOG DA ISONOMIA
Movimento Pela Aprovação do Projeto de Lei da Isonomia - Funcionários Pós-98 de
BB-CEF-BASA-BNB-Casa da Moeda do Brasil
Guerrilha do Araguaia: ossada X-2 pode ser de Bergson Gurjão Farias
A ossada do cearense Bergson Gurjão Farias, primeiro militante do PCdoB morto, em 2 de junho de 1972, na Guerrilha do Araguaia e ex-estudante de Química da Universidade Federal do Ceará, pode estar guardada num armário da Secretaria Especial de Direitos Humanos, no anexo do Ministério da Justiça, em Brasília. É o que indica o parecer emitido, na última semana, pelo perito Domingos Tocchetto, a pedido da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Tocchetto analisou relatórios, fotografias e o antropológico forense, documento produzido por uma equipe de peritos argentinos, que recolheu corpos de supostos guerrilheiros no Araguaia. No parecer, o perito afirma que detalhes como a arcada dentária, lesões na mastóide e num dos braços da ossada analisada coincidem com informações prestadas por familiares dos guerrilheiro aos argentinos, que deram ao corpo retirado do Cemitério de Xambioá, em Tocantins, a identificação de X2.
Caso a confirmação ocorra e os restos mortais de Bergson Gurjão Farias voltem para o Ceará, o PCdoB, junto à família do guerrilheiro, prestará homenagem ao colega, segundo o advogado e diretor estadual do partido, Benedito Bizerril.
“A localização dos restos mortais dos guerrilheiros é muito importante. No caso dos ossos encontrados, ainda é necessário algum tempo para que perícia definitiva identifique. Será um momento muito especial para toda a geração dos anos 1960. Bergson foi um companheiro importante para o Ceará, liderança estudantil, que foi para a guerrilha e tombou na luta. Além disso, a família merece dar uma sepultura digna ao ente querido”, frisa. Para o advogado, a identificação da ossada representa um resgate essencial para a história do Brasil.
Para obter a confirmação, o perito Domingos Tocchetto sugeriu a nomeação de uma junta de peritos especializados em análise forense e o recolhimento de informações sobre o histórico de Bergson Gurjão Farias para realizar um confronto através dos métodos antropométricos e somatométricos.
Ele também afirmou que, apesar do tempo, é possível fazer o teste de DNA, que seria extraído dos dentes ainda preservados da ossada e confrontado com o sangue colhido pela Comissão de Mortos e Desaparecidos, ligada à Secretaria, de três familiares de Bergson.
Tocchetto sustenta que peritos argentinos recuperaram, em 2003, 21 dentes da arcada dentária dos ossos retirados, em 1996, de uma cova do Cemitério de Xambioá, onde os moradores dizem que Bergson Farias foi enterrado.
Segundo ele, alguns dentes estavam em bom estado de conservação e poderiam também ser confrontados com a ficha dentária do guerrilheiro que, antes de seguir para a Guerrilha do Araguaia, fez tratamento em São Paulo.
História
O guerrilheiro foi morto numa emboscada, depois de trocar tiros com um pelotão de pára-quedistas e acertar o então tenente Álvaro Pereira, hoje general da reserva e um dos ideólogos das Forças Armadas. Revoltada com a ousadia, o resto da tropa trucidou o guerrilheiro. Seus companheiros contam que, o corpo, já sem vida, foi perfurado a estocadas de baioneta e, depois, pendurado de cabeça para baixo em uma árvore da base militar.
Fonte: Diário do Nordeste
Surge o blog BANCÁRIOS CLASSISTAS
http://bancariosclassistas.blogspot.com/
A atuação dos Bancários Classistas se dá em nível nacional - nos sindicatos e nos locais de trabalho; A partir dos bancos públicos e privados, bem como das empresas terceirizadas, das cooperativas, das seguradoras. Empenha-se na defesa dos direitos, das conquistas, da saúde, da igualdade de oportunidades e principalmente pela ISONOMIA. Coloca-se frontalmente contrário à discriminação de gênero, raça, credo e orientação social, ao assédio moral e sexual.
Participa de todos os foruns que discutem os interesses da categoria bancária com o firme proposito de elevar o debate político.
Os Bancários Classistas estão abertos à participação de todos e todas que queiram construir, no plano imediato, novos caminhos para os trabalhadores e trabalhadoras e, no plano futuro, construir uma sociedade mais justa e democrática, a sociedade socialista.
Leia as últimas:
Combater o assédio moral com organização e luta
CTB discute campanha salarial dos bancáriosComando apresenta propostas à Fenaban
Comissão de Empresa convoca plenária sobre PCS
Sábado, 16 de Maio de 2009: Construir um comando forteO jovem comerciário: trabalho e estudo
www.dieese.org.br | ||
Maio de 2009 | ||
Boletim: Trabalho no Comércio Ano 1 - nº 3 O jovem comerciário: trabalho e estudo No terceiro número do Boletim Trabalho no Comércio, o DIEESE, com base em dados do Sistema Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED, mostrou que em 2008 cerca de um quarto (25%) dos ocupados no setor do comércio tinham entre 16 e 24 anos de idade. A análise dos resultados da pesquisa feita em cinco regiões metropolitanas e no DF apontou as seguintes proporções de jovens dentro do universo dos ocupados no comércio: Belo Horizonte, 27,3%; Distrito Federal, 26,4%; São Paulo, 26,2%; Porto Alegre 25,2% e, mesmo que em proporção menor, em Salvador (22,6%) e Recife (19,1%). A renda do jovem comerciário, como mostra o Boletim, é importante na composição da renda de suas famílias, pois a juventude comerciária é responsável por, em média, entre 28,5%, em Belo Horizonte e 34,6%, em Porto Alegre, da renda familiar. Esta participação é maior nas famílias com menor nível de rendimento, caso em o peso chegou a corresponder 78,4% do total de uma renda familiar situada em R$ 356, no Recife. No DF foi observada situação muito semelhante, com contribuições de jovens do comércio aos ganhos familiares chegando a 76,7%. Os dados da pesquisa indicaram que o jovem comerciário ocupava, na maioria dos casos, a posição de filho nos domicílios em que morava, com mais de 60% dos casos. Contudo, chamou a atenção o fato de que uma parcela considerável já era chefe de domicílio: 13,0% no Distrito Federal, 12,7% em Porto Alegre, 12,9% em Recife e 11,1% em São Paulo. Apesar do forte peso da remuneração dos jovens comerciários na composição da renda familiar, os dados da PED indicaram que estes trabalhadores mantiveram patamares baixos de salários em 2008, variando entre R$ 429 (Recife) e R$ 653 (São Paulo). Esse rendimento correspondeu a menos do que 70% daquele auferido pelos trabalhadores adultos do comércio, com mais de 25 anos de idade. A análise revelou ainda que uma grande proporção de jovens ocupados no comércio não estudava em 2008. Segundo os dados da PED, mais de 70% da juventude comerciária estava longe das escolas em todas as regiões analisadas. Este distanciamento pode ser explicado, em parte, pela elevada jornada de trabalho dos jovens comerciários. A jornada média semanal dos jovens que não estudavam em 2008 variou de 44, em Belo Horizonte a 48 horas, em Recife. Click aqui para acessar o trabalho na íntegra Este link ficará disponível temporariamente. Outras informações podem ser obtidas no site do DIEESE. | ||
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quinta-feira, 14 de maio de 2009
Crise econômica global segue ladeira abaixo
http://www.vermelho.org.br
13 DE MAIO DE 2009 - 15h15
A economia global está perto de superar as dificuldades, à medida que alguns países já apresentam crescimento. Os bancos centrais devem ter estratégias de saída para evitar os riscos inflacionários. Foi o que disseram representantes de bancos centrais na recente reunião bimestral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) na Basiléia, Suiça. A manifestação de otimismo não tem correspondência com a realidade — os sinais de que a crise econômica global ainda está descendo a ladeira são evidentes.Por Osvaldo Bertolino
Os bancos centrais fazem um diagnóstico positivo do atual estágio da crise possivelmente para sinalizar aos czares da economia mundial que os alicerces da estrutura financeira não foram abalados. Eles mostram, com essas manifestações, que estão dispostos a se manterem firmemente instalados no leme da economia global, impedindo qualquer mudança de rota mais brusca. As avaliações sobre o resultado da reunião deixam isso absolutamente evidente.
A síntese dessa constatação foi expressada por Jean-Claude Trichet, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), ao recomendar que os bancos centrais devem permanecer em alerta enquanto a “correção dos desiquilíbrios globais” continua e a incerteza rodeia a economia mundial. Segundo ele, ''estamos ainda em águas não navegadas, numa situação absolutamente excepcional desde 9 de agosto de 2007''. Mas o porto seguro está à vista. ''A economia mundial está perto de um ponto de inflexão com algumas (economias ‘emergentes’) tendo superado o ponto de inflexão'', disse Trichet.
Sinais precisam das autoridades monetárias
O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, disse que China e Brasil foram os ''pontos de otimismo, considerados os sinais de que o mundo pode estar de fato se aproximando do ponto de inflexão, como antecipador do movimento global''. Já o presidente do Banco Central da Arábia Saudita, Muhammed Al-Jasser, qualificou a reunião ''como a mais otimista em um ano entre os bancos centrais''. Mas encaixou a ressalva: a grande questão é se as ''faíscas'' de recuperação são sustentáveis ou não.
Os sinais dessas autoridades monetárias precisam ser lidos com lupa de precisão. O jornal Financial Times, por exemplo, registra que os “frágeis sinais de reviravolta” na economia mundial já levaram a uma alta de 40% no índice de ações globais desde março. Da mesma forma, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as principais economias, disse que há sinais de ''pausa na desaceleração'' nas principais economias européias e na China.
Pacote de propostas para 2010
A causa desse respiro seria o fato de os bancos centrais em torno do mundo terem cortado as taxas de juros, aliado à injeção de centenas de bilhões de dólares em suas economias — principalmente nos sistemas financeiros — para frear a pior crise dos últimos 70 anos. O ponto é: só isso basta? Evidentemente que não. A grande interrogação está no epicentro da crise, os Estados Unidos. O país continua se contorcendo. A nova estratégia de saída envolve a retomada de compra de títulos públicos, a redução de juros e o reequilíbrio fiscal.
O governo do presidente Barack Obama planeja implementar um corte de impostos de pelo menos US$ 736 bilhões para famílias da “classe média” e de US$ 100 bilhões para negócios ao longo dos próximos dez anos. Esses cortes fazem parte do pacote de propostas do governo para o orçamento de 2010. ''Concedendo cortes de impostos aos pequenos negócios e a famílias de classe média, assim como a investimentos em inovação, estamos investindo diretamente em nossas comunidades, criando novos empregos e colocando nosso país no caminho da recuperação'', afirmou o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
Cresce déficits orçamentário e fiscal
Esses cortes podem ter conseqüências para a economia mundial. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informa que o déficit orçamentário de abril no país foi de US$ 20,91 bilhões. É o maior déficit orçamentário em abril em todos os tempos e o primeiro neste mês desde 1983. Os pagamentos de juros sobre a dívida federal somaram US$ 19,22 bilhões; os gastos militares ficaram em US$ 53,27 bilhões; os da Seguridade Social em US$ 56,65 bilhões; as despesas com benefícios do auxílio-desemprego somaram US$ 10,9 bilhões.
O déficit comercial também aumentou. As exportações caíram 2,4% e as importações recuaram pelo oitavo mês seguido. O déficit comercial subiu para US$ 27,6 bilhões, frente ao dado revisado para cima de US$ 26,1 bilhões em fevereiro. Foi a primeira vez que o déficit comercial expandiu-se em oito meses. Sinalizando que a demanda continua fraca no primeiro trimestre, as importações do país de bens e serviços recuaram 1% em março para US$ 151,2 bilhões, menor nível desde setembro de 2004.
Governo dos EUA ataca em várias frentes
Outro dado que revela a gravidade da crise é a redução, mais uma vez, pela Administração de Informação de Energia (AIE), da estimativa para a demanda mundial de petróleo em 2009, cortando sua previsão anterior em 420 mil barris por dia (bpd), para 83,67 milhões de bpd, o menor nível desde 2004. De acordo com a AIE, a estimativa é de que a demanda mundial por petróleo caia 1,8 milhão de bpd neste ano em relação ao nível de 2008. Nos Estados Unidos, o maior consumidor, a AIE reduziu sua previsão para a demanda neste ano em 140 mil bpd, para 18,85 milhões de bpd.
O governo norte-americano procura atacar em várias frentes. A intenção de endurecer a regulamentação em matéria de concorrência, suprimindo uma disposição adotada pelo governo do ex-presidente George W. Bush que dificultava os processos na justiça contra os grupos em posição de monopólio, é mais um exemplo de tentativa de atingir os fundamentos da crise. Esta disposição, que começou a vigorar em setembro de 2008, ''prejudicava os esforços do governo para coibir as situações de monopólio'', explicou o departamento da Justiça em comunicado.
Governo dos EUA rema contra a maré
A disposição suprimida fora introduzida com base na crença fundamentalista dos neoliberais de que os “mercados” corrigem seus excessos sozinhos, mesmo nas situações de monopólio. ''Os acontecimentos recentes mostram que não podemos depender apenas do mercado para garantir a proteção da concorrência e dos consumidores'', declarou Christine Varney, do departamento da Justiça.
A rigor, pode-se dizer que o governo rema contra a maré. O gigante europeu do aço ArcelorMittal, por exemplo, acaba de anunciar que suspenderá as atividades em parte de sua fábrica de Indiana Harbor, na região de Chicago, afetando cerca de mil trabalhadores diretamente. Na última semana, o Departamento de Trabalho divulgou que os empregadores norte-americanos cortaram 539 mil postos de trabalho em abril. A taxa de desemprego subiu para 8,9%, a maior desde setembro de 1983.
Setores chaves mergulhados na crise
Os setores chaves da economia continuam mergulhados na crise. A GM está a caminho de pedir proteção judicial contra falência ou de fazer uma reestruturação que eliminará atuais acionistas ao inundar o mercado com novas ações para compensar credores. O grupo está avaliando transferir sua sede de Detroit, vender fábricas nos Estados Unidos e renegociar o plano de “reestruturação” com o principal sindicato da empresa, afirmou Fritz Henderson, presidente-executivo da montadora.
Uma eventual decisão da empresa em abandonar Detroit pode representar outro golpe para a economia de uma região já prejudicada pela recuperação judicial da Chrysler e pelo declínio acentuado na produção de automóveis. Sob o atual plano da montadora, apoiado pela força-tarefa do governo norte-americano para o setor, a GM vai cortar outros cerca de 21 mil empregos em fábricas no país. Além disso, a empresa pretende reduzir em 40% o número de suas concessionárias, atualmente cerca de 6.200 nos Estados Unidos, até o final do ano.
Mais sinais de crise no sistema financeiro
Essas decisões têm efeitos multiplicadores. Um deles é a piora dos sistemas de saúde pública e seguridade social. Um relatório divulgado pela Casa Branca revela que o aumento do desemprego fez o setor se aproximar da insolvência. Os administradores dos fundos de pensão informaram que o programa de seguridade social deve esgotar-se em 2037, quatro anos antes do previsto. O fundo de saúde pública se esgotará em 2017. Timothy Geithner afirmou em nota que as novas previsões ressaltam a necessidade de uma ação bipartidária para enfrentar o problema por meio do que chamou de ''mudanças difíceis, porém possíveis''.
O sistema financeiro também emite sinais de que a crise no setor continua forte. Geithner disse que em breve irá propor uma lei para criar um fundo que seja suportado por grandes instituições e possa cobrir os prejuízos dessas companhias se elas falirem. ''Nosso julgamento é que precisa ser uma solução separada onde a responsabilidade do financiamento é assumida pelas grandes instituições em um nível proporcional a seus tamanhos'', disse ele em uma reunião com banqueiros.
O dólar como moeda de reserva mundial
Segundo Geithner, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos planeja reabrir o fundo de resgate de US$ 700 bilhões a bancos pequenos, uma vez que os maiores pagaram de volta ao governo parte do dinheiro recebido. Vários bancos empreenderam esforços para levantar capital, na expectativa de agradar ao governo — que exige um “colchão” mais forte contra uma recessão profunda, ou de provar que são saudáveis o suficiente.
Os Estados Unidos também agem no front externo. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, disse que o dólar será mantido como moeda de reserva mundial e que um “sólido” crescimento da economia norte-americana garantirá o valor da moeda. ''Acho que a questão é se o dólar vai ou não manter o seu valor, e eu acho que vai'', disse Bernanke. Ele sinaliza, com essa declaração, que os Estados Unidos não aceitarão a proposta de um novo sistema de reservas que elimine o dólar.
Ritmo do resto da economia mundial
Essa é uma das recomendações que a comissão nomeada pelas Nações Unidas, e liderada por Joseph Stiglitz, apresentou para ser discutida na reunião de alto nível da ONU para debater a crise financeira, que ocorrerá no início de junho. A discussão sobre o tema interessa principalmente à China, que detém muitos milhões de dólares em reservas. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a China possui as maiores reservas do mundo, seguida de Japão, Rússia, Índia e Taiwan.
O resultado das medidas norte-americanas certamente ditará o ritmo do resto da economia mundial, que também emite sinais desanimadores. Segundo o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, só a China pode surpreender positivamente. A economia chinesa, de fato, tem emitido sinais muito positivos. As vendas no varejo avançaram 14,8% em abril frente a igual mês de 2008. Nos quatro primeiros meses do ano, a produção acumulou expansão de 5,5% na comparação com um ano antes.
China mostra vigor da economia em abril
A China importou um recorde histórico de 57 milhões de toneladas de minério de ferro em abril, alta de 9% em relação há um mês e de 33% ante abril do ano passado, informou a Administração Geral de Alfândegas. Os dados também mostram que a China importou quase 900 mil toneladas de aço bruto, marcando o segundo mês seguido em que a entrada superou a saída no país, que é um exportador de aço desde 2005.
Zoellick ressaltou que grande parte do gasto na China tem vindo do Estado e que a dúvida agora é se o setor privado acompanhará o movimento. Um dado que merece atenção é o fato de as exportações chinesas caíram 22,6% em abril em ritmo anual, recuando pelo sexto mês consecutivo. Já as importações recuaram 23%. O superávit comercial do mês foi de US$ 12,9 bilhões, comparado a US$ 18,56 bilhões em março e a US$ 4,84 bilhões em fevereiro — mostrando o vigor interno do país.
A Europa na geografia mundial da crise
Trata-se de um movimento observado de perto pelos Estados Unidos, que têm interesses em uma abertura comercial ampla a fim de ajudar na resolução de seus problemas internos. O representante comercial norte-americano Ron Kirk disse que os grandes países “emergentes” — como China, Índia, Brasil e África do Sul — devem se empenhar mais na abertura de seus mercados para garantir um novo acordo comercial global, após dois dias de intensas negociações com seus interlocutores na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Europa é outro ponto que precisa ser acompanhado de perto na geografia da crise econômica global. O FMI acaba de recomendar que os bancos europeus realizem “testes de estresse” similares aos feitos nos Estados Unidos. Os “testes” deverão ser realizados por supervisores nacionais, de acordo com diretrizes e metodologia padrão do comitê dos supervisores bancários europeus (CEBS, na sigla em inglês).
Déficit orçamentário da Alemanha
Enquanto não sai os “testes de estresse”, a economia da região mergulha cada vez mais fundo na crise. O governo alemão acaba de aprovar um plano para ''bancos ruins'' a fim de diminuir os ativos podres, alargando o déficit orçamentário. O déficit do país, tido por muito tempo como a “locomotiva” da economia européia, deve saltar para cerca de 6% do PIB no próximo ano e resultar em uma ação “disciplinatória” por parte da Comissão Européia.
A relação dívida/PIB deverá aumentar para cerca de 80% nos próximos dois anos, em resultado de uma menor receita e de um gasto maior no combate à crise global. ''Veremos um aumento do déficit nos próximos anos. Ele ficará na faixa dos 6% (do PIB) em 2010. E em 2009, ficaremos significativamente acima do nível de 3% (exigido pelo Tratado de Maastricht, a base teórica da economia da zona do euro)'', disse o Bundesbank, o banco central alemão. O governo alemão prevê um défitit de 3,9% do PIB neste ano e a Comissão Europeia estima um saldo negativo de 5,9% no próximo.
Brasil certamente será duramente atingido
Na economia real, as notícias também são péssimas. A produção industrial da zona do euro caiu 2% em março sobre fevereiro e despencou 20,2% ante igual mês de 2008, novo recorde de baixa, informou a agência de estatísticas Eurostat. A economia da Letônia desabou assustadores quase 30% no 1º trimestre. E o PIB da Islândia, um dos países mais atingidos pela crise mundial, sofrerá contração de impressionantes 10,6% em 2009.
Esses números dão razão aos prêmios nobéis de Economia Edward Prescott e Joseph Stiglitz, que previram uma “década perdida” mundial. E o Brasil certamente será duramente atingido — principalmente devido à reversão do curso do capital e à retração do comércio mundial, segundo Stiglitz. ''Mesmo assim, o Brasil está em uma posição de vantagem'', ponderou. Ele cita a melhor regulação do sistema bancário do país e as políticas monetárias de controle da inflação como fatores de resistência da economia brasileira.
Dúvidas sobre a política macroeconômica
Além disso, o fato de o país ser menos dependente do comércio mundial, já que ainda tem pequena participação no mercado global, também pode colaborar para a retomada do crescimento. ''O Brasil acertou, pois hoje tem espaço para cortar as taxas de juros e avançar'', completou Stiglitz. Edward Prescott concordou com o diagnóstico ao dizer que os “fundamentos macroeconômicos” são “sólidos”.
Resta saber se a política macroeconômica brasileira se ajustará às necessidades da economia real. Na reunião dos bancos centrais, Meirelles disse que a estratégia de saída da crise passará por acabar com os empréstimos pelas reservas, acabar com as isenções fiscais que foram dadas na crise atual e voltar já em 2010 ao superávit primário de 3,8%, comparado aos 2,5% atualmente.
Empresários tentam tirar proveito da crise
É, por assim dizer, a contradição fundamental que o Brasil terá de enfrentar. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, o país já está em recessão técnica, com dois trimestres consecutivos de queda do PIB. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse o problema do primeiro trimestre se deve a alguns empresários que tentam tirar proveito da crise.
Ele explicou que o país tinha 300 mil automóveis estocados, mas as empresas optaram em parar a produção e vender o estoque. “Quando fizemos a isenção do IPI, a indústria voltou a produzir e o brasileiro teve que entrar na fila para comprar um carro. Em vez de produzir, fizeram a opção de desovar o estoque, e assim vale para várias cadeias produtivas no país. Por isso tivemos um primeiro trimestre muito delicado'', disse.
Final da Copa do Mundo de 1958
O presidente afirmou também que tem chamado a atenção dos empresários para prestarem atenção em uma coisa: “É uma crise em que temos que provar quem é ousado e vai fazer as coisas na hora certa. Não é para ficar lamentando. Em qualquer atividade tem momentos de pico para cima e para baixo. Quando acabar a crise, não podemos começar do zero a fazer as coisas.''
Lula lembrou da final da Copa do Mundo de 1958, quando Didi colocou a bola debaixo do braço e andou calmamente até o centro do campo logo após o gol da Suécia, que abriu o placar. ''O Brasil tem que fazer isso, a lição de casa. Não vamos falhar'', disse o presidente, depois de lembrar que a seleção virou o jogo e venceu por 5 a 2. Em bom futebolês, resta perguntar: combinamos com os russos?
Com agências internacionais
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Revista 'Princípios' terá lançamento na Câmara dia 13
6 DE MAIO DE 2009 - 18h25
Após o primeiro lançamento da centésima edição da revista Princípios ocorrido em São Paulo no final de abril, uma série de outros eventos acontecerão pelo país. Um dos mais simbólicos e importantes será dia 13 de maio, em Brasília, às 17h, no salão nobre da Câmara dos Deputados, onde estarão reunidas lideranças políticas, autoridades do governo federal, parlamentares, intelectuais e jornalistas.
DVD disponibliza todas as edições, desde a primeira
Com essas atividades, os diretores da publicação esperam difundir a edição especial, acompanhada de DVD com todos os números lançados nesses 28 anos de atividade ininterrupta e contribuir para ampliar a circulação da revista.
Outro aspecto é que os atos comemorativos são também eventos políticos que ajudam no debate sobre a conjuntura política e econômica nacional e internacional. Na opinião de Adalberto Monteiro, editor de Princípios, “o fato de a Câmara estar entre os locais de lançamento é um sinal de reconhecimento ao papel que a revista tem procurado desempenhar sobre os rumos do país e da política brasileira”.
Para ele, “não é fato corriqueiro uma revista do âmbito da imprensa democrática e progressista chegar à centésima edição e isso deve ser merecidamente comemorado por toda a esquerda”. A agenda de eventos nas capitais está cheia em maio. No dia 8, haverá lançamento em Porto Velho e no dia 12, em Curitiba.
No dia 14 de maio, as comemorações acontecerão em Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro. Já estão sendo agendadas também atividades em Natal, Florianópolis, Porto Alegre, Fortaleza e Salvador. “Tais comemorações, em cidades diversas, se justificam porque a revista é uma obra coletiva e, portanto, tem apoiadores e colaboradores em todos os estados e redes de apoio em todos os segmentos da sociedade”, diz Monteiro.
Em breve, a revista Princípios divulgará as datas e locais dos eventos. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3054-1800.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte
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