Personalidades da vida política na Síria destacaram a celebração do referendo para uma nova constituição na qual muitos neste país depositaram suas esperanças.
O patriarca da Igreja Católica Grega de Antióquía e Todo o Oriente, Gregório III Lahham, expressou que a consulta responde aos preceitos do mundo árabe e islâmico e ocidental, e envia a mensagem de que "esta é a Síria, sua história, seu presente e seu futuro".
Mahmoud Abrash, presidente da Assembleia Nacional, manifestou que as reformas e esta nova carta magna, pedra angular de todo o processo de mudanças, no qual os próprios sírios estão construindo o futuro de seu país através da participação popular.
Neste domingo (26) 14 mil 185 mesas de votação foram abertas para 14 milhões e meio de eleitores em todo o país, inclusive na cidade de Homs, onde em alguns de seus bairros, em especial Baba Amr, prosseguem enfrentamentos entre grupos armados que o converteram em seu bastião, e as forças da ordem.
O primeiro ministro Adel Safar expressou à imprensa que o projeto constitucional satisfaz as aspirações do povo, ao responder a suas necessidades em vários campos, particularmente os relacionados à educação, saúde, garantias da propriedade privada, liberdades civis e a independência da justiça.
Em sua opinião é um importante passo na história da Síria e promoverá a pluralidade política e assegurará a democracia.
Para o chanceler Walid al-Moallen, a data do plebiscito foi um "dia histórico do povo sírio, que mostrou sua firmeza e unidade, e portanto merece uma nova Constituição para avançar rumo a um novo Estado de democracia e pluralidade política".
A pedido da imprensa que solicitou uma mensagem ao exterior, Moallen expressou: "preocupem-se com seus próprios problemas internos e deixem os sírios tranquilos" e agregou que "aqueles que cuidam dos interesses do povo sírio não lhe impõem sanções".
Em uma avaliação da jornada do referendo, o ministro do Interior, Mohammad al-Shaar, disse que o plebiscito se desenvolveu com normalidade nas regiões das 14 províncias.
A ampla Praça Omeya ficou repleta de cidadãos no domingo, para onde se dirigiram em massa para manifestar seu apoio ao referendo, às reformas integrais que o presidente Bashar Assad promove e a unidade nacional.
Mishleen, uma estudante que saía da Universidade de Damasco para somar-se à concentração perto da Praza Omeya, disse à Prensa Latina, que embora a proposta constitucional não seja perfeita e as pessoas critiquem alguns de seus artigos, trata-se de uma iniciativa com nova visão para a Síria.
O que interessa à jovem, como a outras que a acompanhavam é que o anteprojeto garante os direitos e a emancipação da mulher em uma sociedade igualitária, na qual poderão participar sem discriminação na sua vida política, social e econômica, algo realmente significativo em países do mundo árabe.
Inclusive, entre líderes da oposição interna e dos novos partidos autorizados a funcionar, já se fala da próxima formação de um governo de unidade nacional com a participação de todos os setores políticos e inclusive de figuras independentes.
Entre outras disposições o anteprojeto estabelece as eleições presidenciais, limita em dois o número de mandatos do Executivo que no futuro serão de sete anos, e a passagem de um sistema de partido único - até agora o Partido Árabe Baath - a um sistema pluripartidário.
Como em praticamente todos os países ocidentais, continua sendo uma constituição que outorga ao presidente poderes importantes como nomear o primeiro-ministro e o poder de vetar anteprojetos de leis.
Assad, que está há dois mandatos no poder depois de ser aprovado em referendos populares em 2000 2007, com 97 por cento dos votos, começaria do zero depois da entrada em vigor da nova Constituição, e caso ganhe nas próximas duas eleições presidenciais, estaria à frente da Síria até 2026.
Martin Hacthoun, correspondente da Prensa Latina em Damasco
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