No dia 07 de fevereiro, a Chapa 1 - "Garra Metalúrgica", apoiada pela CTB e encabeçada pelo metalúrgico Júlio Bonfim, venceu com 55% dos votos o processo eleitoral do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, localizado no interior baiano.
Formada por integrantes da CTB e da CSP-Conlutas, a Chapa 1 obteve nas urnas 1.561 votos, contra os 1.255 da Chapa 2. Ao todo, foram 2.876 votantes.
Para o recém-eleito presidente da entidade, Júlio Bonfim, esse resultado representou o reconhecimento da categoria nas urnas, pelo trabalho realizado na última gestão.
O baiano Julio Bonfim, tem 38 anos, é ex-funcionário da GM e hoje trabalha no Complexo Ford, como técnico de qualidade. O dirignete cumpre o terceiro mandato no sindicato, antes como tesoureiro.
Confira abaixo a entrevista concedida ao Portal CTB, na qual o sindicalistas fala sobre o processo eleitoral:
Sabemos que o processo eleitoral não foi fácil, devido às manobras da chapa de oposição. Comente um pouco essa situação.
Em minha opinião não disputados contra chapa 2, mas, sim contra o governo do estado e município. Houve toda uma estrutura da oposição, que infelizmente só utilizou argumentos baixos no chão das fábricas, utilizando um nível rasteiro de discussão. Não soube levar propostas para os trabalhadores. E isso tudo refletiu no voto do trabalhador, que escolheu a chapa 1.
Quais os motivos que levaram o trabalhador a reeleger a chapa da CTB?
A Chapa 01 conseguiu mostrar nos últimos três anos o seu trabalho e sua conduta classista e de luta. Conquistamos melhores condições de trabalho, redução na jornada de trabalho, PRL (Participação nos Resultados e Lucros) igual para todos. Cabe ressaltar que só no setor de autopeças são mais de 5 mil trabalhadores. Só na Ford são mais de 3 mil e todos recebem a mesma PRL. E isso foi uma vitória para os trabalhadores do setor automotivo como um todo. O acordo fechado no ano passado foi uma dos melhores do Brasil, com R$ 11 mil de PRL e R$ 3,3 mil de bônus, 180 dias de licença-maternidade e um reajuste acima de 10% (INPC do período e 3% de aumento real).
O resultado das urnas representou então o reconhecimento do trabalhador pela luta desenvolvida pelo sindicato?
Com certeza, na realidade a luta da gente foi difícil. A vitória não foi dos dirigentes, mas, sim do trabalhador, pois refletiu o trabalho que vem sendo feito dentro da fábrica. A chapa de oposição era formada por um grupo de pessoas que não são nem funcionários, que estão afastados, alegando que o sindicato não está ao lado desses trabalhadores. Sendo que através de um trabalho muito forte da CTB na região, criamos o núcleo de Saúde do trabalhador. E não é um problema localizado de Camaçari. Assola os trabalhadores de todo o mundo. É uma questão de saúde pública. Um problema que afeta tanto os trabalhadores da Bahia, como de São Paulo ou outras regiões. Eles utilizaram essa argumentação baixa de que o sindicato não tem compromisso com os lesionados, sendo que fazemos essa discussão há mais de 08 anos.
Quais as perspectivas a partir de agora?
Agora nosso próximo passo é terminar a construção do nosso Clube de Campo. Já compramos o terreno e teremos um ano para construir nossa sede campestre. Outra medida vai ser a negociação de um novo Plano de Cargos e Salários. Queremos que os trabalhadores continuem avançando nas conquistas econômicas, mas sempre com responsabilidade. Também temos o projeto de criar uma mesa de discussão com a Ford, sobre a questão das mulheres. Estão deixando de contratar a mão de obra feminina. Precisamos fazer essa discussão.
Qual o papel da CTB nesse processo?
A CTB e a FitMetal foram parceiras em todo esse processo. E apesar de compormos chapa com a Conlutas, estamos abertos para todo movimento sindical, para as outras centrais. Porque a CTB tem esse caráter de unidade. E agora nosso papel é consolidar o setor automotivo aqui. E deixar muito claro o potencial da Bahia, e, especificamente, de Camaçari. E pressionar o governo para que outros investimentos sejam feitos, aquecendo ainda mais o setor na região.
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