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terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Johann Hari: Verdadeira história não é a contada por Israel
29 DE DEZEMBRO DE 2008 - 19h28
O mundo não está assistindo apenas aos crimes que Israel está cometendo em Gaza; estamos também assistindo à autodestruição de Israel.
Por Johann Hari, no The Independent
Esta manhã (29), amanhã de manhã e todas as manhãs, até que termine essa matança de palestinos, o ódio a Israel só aumentará, cada dia haverá mais ódio e mais os palestinos lutarão, com pedras, com coletes explosivos, com foguetes, com palavras. Os líderes israelenses crêem que quanto mais massacrem os palestinos, mais os amansarão. Já se foram esses tempos de medo, entre os palestinos. O ódio a Israel, hoje, lá, é duro, impenetrável. E os sentimentos mais primitivos, mais basais, de quem só aprendeu que viver é sobreviver em guerra, lá estarão esperando sempre, à beira da história, brutais.
Para entender o quanto é terrível ser palestino na manhã de hoje, é preciso ter estado lá, numa estreita faixa de terra à beira do Mediterrâneo, e ter experimentado na pele aquela claustrofobia quase insuportável. A Faixa de Gaza é menor que a ilha Wight. Mas lá vivem 1,5 milhão de pessoas que jamais podem sair de lá. Vivem amontoados uns sobre os outros, sem trabalho e com fome, em imensos prédios de quartos muito pequenos. Da laje superior dos prédios, vêem-se todos os limites daquele mundo: o Mediterrâneo e a cerca de arame farpado dos israelenses. Quando começam os bombardeios – como hoje, mais violentos do que nunca, desde 1967 –, não há onde se abrigar.
Começa agora outra guerra, em que se disputa o significado desses ataques de Israel, em 2008. O governo israelense diz: "Nos retiramos de Gaza em 2005 e, em troca, ganhamos o Hamás e os foguetes Qassam que destroem nossas cidades. 16 civis israelenses morreram. Quantos mais serão sacrificados?" É uma narrativa plausível, com vestígios de verdade. Mas com muitos buracos. Para entender o que realmente está acontecendo e conseguir que os foguetes parem, é preciso voltar um pouco, alguns anos, e analisar melhor os prolegômenos da guerra de hoje.
É verdade que Israel retirou-se da Faixa de Gaza em 2005 – para intensificar o controle sobre a Cisjordânia. O principal conselheiro de Ariel Sharon, Dov Weisglass, disse claramente: "A retirada [de Gaza] é o anestésico. Anestesiará a situação, o suficiente para que não haja processo político ou discussão política com os palestinos. Apagamos da agenda, por longo tempo, toda e qualquer discussão sobre o pacote chamado "Estado da Palestina"."
Os palestinenses comuns ficaram horrorizados. Mais horrorizados ainda, pela fétida corrupção dos líderes de sua própria Fatah. E então votaram no Hamás. Eu não votaria no Hamás – jamais votaria em partido político com fundamento religioso –, mas... não sejamos hipócritas. As eleições foram democráticas, livres e perfeitas e não implicaram rejeição à Solução dos Dois Estados. A melhor pesquisa que se conhece, sobre tendências de opinião entre os palestinenses, feita pela University of Maryland, constatou que 72% dos palestinenses são favoráveis à Solução dos Dois Estados, conforme às fronteiras de 1967; e apenas 20% votariam pelo fim de Israel. Então, parcialmente por efeito dessa pressão popular, o Hamás ofereceu a Israel um longo cessar-fogo e aceitou, na prática, a Solução dos Dois Estados. Bastaria que Israel cumprisse o seu dever legal de manter-se dentro de suas fronteiras legais.
Em vez de colher essa oportunidade e de testar as reais intenções do Hamás, o governo de Israel reagiu brutalmente – e puniu, com genocídio, toda a população civil de Gaza. Anunciou o bloqueio da Faixa de Gaza, para "pressionar" os palestinos a revogar o resultado das urnas. Sitiaram os palestinenses dentro da Faixa de Gaza. Vedaram completamente qualquer possibilidade de contato com o mundo exterior. Racionaram comida, combustível, remédios – para impedir que sobrevivessem. Nas palavras de Weisglass, os palestinenses de Gaza estavam sendo postos "em dieta". A Oxfam denunciou que só foram autorizados a entrar em Gaza 137 caminhões com alimentos, em dezembro. Para alimentar 1,5 milhão de pessoas. A ONU e já declarou repetidas vezes, que a miséria em Gaza já alcançou "níveis sem precedentes".
Na última vez que estive em Gaza, já sob sítio dos israelenses, vi hospitais mandando doentes de volta para casa, porque não havia nem remédios nem aparelhos para atendê-los. Vi crianças revirando o lixo, pelas ruas, à procura de comida.
Nesse contexto – sob sentença de morte coletiva, sob ataque genocida, urdido para gerar efeitos de golpe de Estado e derrubar um governo democraticamente eleito –, então, alguns grupos dentro de Gaza adotaram solução imoral: puseram-se a bombardear, com foguetes Qassam, de quintal, indiscriminadamente, cidades israelenses. Nesses ataques, mataram 16 cidadãos israelenses. É crime. Matar sempre é crime. Mas é hipocrisia que, hoje, o governo israelense fale de defender a segurança de seus cidadãos, depois de ter passado anos assassinando civis. Depois de ter feito, do assassinato, a única política de Estado, em Israel.
Os governos dos EUA e alguns governos europeus têm fingido que não sabem disso. Dizem que não se pode exigir que Israel negocie com o Hamás, enquanto o Hamás não suspender os ataques com foguetes Qassam. Mas exigem que a Palestina negocie, apesar do sítio, apesar do bloqueio, apesar da brutal ocupação militar na Cisjordânia.
Antes de que tudo se apague no abismo dos esquecimentos construídos, lembremos que, semana passada, o Hamás propôs um cessar-fogo, em troca de alguns compromissos básicos e aceitáveis para Israel. Não precisam acreditar só em mim.
A imprensa em Israel noticiou que Yuval Diskin, atual chefe do Shin Bet, serviço interno de segurança de Israel, "informou ao governo israelense [dia 23/12] que o Hamás está interessado em manter a trégua, com apenas pequenas modificações nos termos do acordo." Diskin explicou que o Hamás desejava duas coisas: o fim do bloqueio de Gaza e que Israel parasse com os ataques na Cisjordânia. O gabinete – acometido de febre eleitoral e interessado em mostrar-se 'durão' aos eleitores – rejeitou tudo.
O núcleo duro da situação foi bem claramente exposto por Ephraim Halevy, ex-chefe do Mossad. Diz que, embora os militantes do Hamás – como boa parte da direita israelense – sonhem com varrer do mundo os adversários políticos, "eles já perceberam que esse objetivo ideológico não é viável e não será viável no futuro próximo." Então, "estão prontos a aceitar um Estado da Palestina, nos limites das fronteiras de 1967." Os militantes do Hamás sabem que isso significa "que terão de adotar um caminho que provavelmente os afastará de seus objetivos iniciais" – e levará a uma paz estável, sob acordo difícil de romper por qualquer dos dois lados.
Os 'do contra", dos dois lados – de Máhmude Ahmadinejad do Iran, a Bibi Netanyahu, de Israel – ficariam marginalizados. É a única via possível que ainda pode levar a paz. E é a única via que não interessa ao atual governo de Israel. Halevy explica bem: "Por razões que só interessam ao atual governo de Israel, não interessaria a Israel aceitar o cessar-fogo e convertê-lo em início de um processo de negociação diplomática com o Hamás."
Por quê? O governo de Israel quer a paz, mas só se for a paz imposta por Israel, nas condições que Israel determine e que sempre implicarão que os palestinos sejam definidos como derrotados. Assim, Israel poderá manter, do "seu" lado do muro, os cadeados que fecham a Cisjordânia. Assim, Israel poderá controlar as maiores colônias e o suprimento de água. Assim, a Palestina será dividida (e caberá ao Egito a responsabilidade sobre Gaza) e a Cisjordânia, com a espinha dorsal partida, ficará isolada. Qualquer tipo de negociação cria riscos para o sucesso desse 'plano': Israel sempre terá de ceder mais do que deseja ceder.
Ao mesmo tempo, qualquer paz imposta deixará de ser confiável: e continuarão a chover sobre Israel os foguetes da fome que gera ódio.
Se quer obter real segurança para os israelenses, o governo de Israel, mais dia menos dia, será obrigado a negociar com os palestinos que hoje Israel está matando; terá de obter deles alguma solidariedade e alguma compreensão. E Israel dependerá disso, para continuar existindo.
O som dos incêndios de Gaza pode ser silenciado pelas palavras de um escritor israelense, Larry Derfner. Diz ele: "A guerra entre Israel e Gaza é guerra inventada por Israel. A decisão de pôr fim à guerra não cabe ao Hamás. Cabe a nós. Cabe a Israel."
Leia também em Rebelión:
Guernica en Gaza
O impressionante depoimento de um morador da Faixa de Gaza durante os atuais ataques de Israel ao povo palestino
Vittorio Arrigoni
Il Manifesto/freegaza
Mi apartamento en Gaza está frente al mar, una vista panorámica que siempre hace milagros para mi humor, desafiado a menudo por toda la miseria que puede causar una vida en estado de sitio. Es decir, antes de esta mañana cuando el infierno golpeó a mi ventana. Esta mañana despertamos en Gaza con el sonido del estallido de bombas, y muchas cayeron a unos pocos cientos de metros de mi casa. Algunos de mis amigos murieron bajo ellas. Hasta ahora las víctimas mortales llegan a 210, pero la cantidad va a aumentar dramáticamente. Es un baño de sangre sin precedentes. Han arrasado el puerto frente a mi ventana, y pulverizado las comisarías. Me dicen que los medios occidentales han asimilado y repiten los comunicados de prensa emitidos por los militares israelíes, según los cuales los ataques apuntaron sólo a guaridas terroristas de Hamas, con precisión quirúrgica. (Continua)
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Lula fala sobre a crise em cadeia nacional de rádio e televisão
"Minhas amigas e meus amigos,
Esta noite quero conversar com vocês sobre a crise econômica mundial.
É uma crise muito diferente das anteriores. Não surgiu num país emergente ou na periferia do sistema. Ao contrário, nasceu e explodiu no coração do mundo desenvolvido. Mais precisamente, nos Estados Unidos e na Europa.
Esta crise, que afeta todo o mundo, foi provocada pela falta de controle do sistema financeiro nos países mais ricos. Em vez de cumprirem seu papel na economia, financiando o setor produtivo, os bancos viraram um grande cassino.A jogatina foi longe, mas, um dia, a conta chegou. Bancos quebraram, um grande número de empresas entrou em dificuldades e milhões de trabalhadores perderam suas casas ou seus empregos.
Aqui no Brasil não tivemos este tipo de crise. Nosso sistema bancário estava e está saudável. Nossa economia, arrumada e organizada vem crescendo a taxas robustas, as maiores dos últimos 30 anos. Portanto, a crise coincide com nosso melhor momento. É uma pena, mas como estamos muito bem, a situação é menos complicada. Todos concordam que somos um dos países mais preparados para enfrentar este desafio.
Nas crises anteriores, em poucos dias o Brasil quebrava e era obrigado a pedir socorro ao FMI. Desta vez, o Brasil não quebrou, nem vai quebrar. Esta enfrentando a situação de cabeça erguida.
Enquanto a maioria dos países ricos está em recessão, o Brasil vai continua crescendo. É verdade que, com o vento a favor, poderíamos ir mais longe. Mas, mesmo com o vento contra, podemos e vamos seguir progredindo.
Se hoje estamos em melhores condições para enfrentar qualquer crise, é porque soubemos fazer as opções acertadas. É porque aceleramos o crescimento da economia em bases consistentes. E crescemos distribuindo renda e reduzindo as desigualdades entre as regiões.
Em primeiro lugar, mantivemos a inflação sobre contro le. Quando assumi o governo, a inflação estava acima de 9% . Foi declinando ano a ano. Em 2008, mesmo com a explosão dos preços internacionais, ela vai ficar dentro da meta.Também diminuímos a dívida pública. Em 2003, ela representava 52% do PIB. Foi caindo e este ano deve ficar em 36%.
Além disso, diversificamos nossas exportações. Viajei pelo mundo afora, como um verdadeiro mascate dos nossos produtos. Alguns nos criticaram. Mas hoje, quando os Estados Unidos e a Europa estão no olho do furacão, vemos como foi acertada a decisão de diversificar nossas relações comerciais.
Minhas amigas e meus amigos,
Outra vantagem são as nossas grandes reservas em moeda internacional. Quando assumimos, o Brasil devia muito ao FMI e ao Clube de Paris. Hoje, não deve um só centavo.
Naquele tempo, nossas reservas em moeda estrangeira eram muito baixas. Hoje chegam a 207 bilhões de dólares. Com isso, deixamos de ser devedores para ser credores internacionais. Uma diferença e tanto. Agora temos um colchão de segurança para nos proteger. Mas nossa maior defesa hoje é a força do mercado interno. Ele fez progressos extraordinários nos últimos anos. Para isso, foram decisivos o Bolsa-Família, a melhoria do salário mínimo e a expansão do emprego.
De 2003 para cá, o salário mínimo cresceu em termos reais, 51% e o emprego também cresceu fortemente.
Em 2007, batemos um recorde: 1 milhão 812 mil novos empregos com carteira assinada. Em 2008, novo recorde: até outubro, 2 milhões 148 mil empregos. Resultado: a taxa de desemprego caiu de 12,3% em 2003 para 7,6% em outubro de 2008.
Nosso desenvolvimento econômico e social fez com que, nos últimos anos, mais de 20 milhões de pessoas entrassem na classe média.
Tudo isso fez a roda da economia girar mais forte e abriu um círculo virtuoso no nosso país. Mudamos de cara e de astral.
Minhas amigas e meus amigos,
Esses avanços estão permitindo ao Brasil enfrentar com firmeza e serenidade o atual momento.
E estamos agindo em todas as frentes desde que a crise começou. Já adotamos medidas para normalizar o crédito, para apoiar nossas empresas exportadoras e para manter a atividade nos setores que geram mais empregos, como as pequenas e médias empresas, a agricultura, a construção civil e a indústria automobilística. Reforçamos o poder de fogo dos bancos estatais e baixamos impostos para que as empresas e os consumidores pudessem ter um pouco mais de dinheiro em caixa e no bolso.
Ao mesmo tempo, o governo manterá todos os investimentos previstos no PAC, e nos programas sociais. Em hipótese alguma, haverá cortes nos investimentos governamentais. Porque eles são decisivos para o Brasil enfrentar a crise e sair dela mais reforçado.
Minhas amigas e meus amigos,
Quero dizer, com toda a serenidade, que a crise não nos assusta. O país está preparado e tem comando. Seguiremos acompanhando com lupa a situação da economia, 24 horas por dia. O que tiver que ser feito, será feito. No tempo certo e na dose adequada. E sempre dialogando co m o país.
Mas é fundamental que todos façam sua parte.
É importante que os empresários sigam investindo. É imprescindível que os trabalhadores defendam a produção e o emprego. Já o setor financeiro, deve trabalhar para estimular o crédito e baixar os juros, que estão muito altos.
E você, meu amigo e minha amiga, não tenha medo de consumir com responsabilidade. Se você está com dívidas, procure antes equilibrar seu orçamento. Mas, se tem um dinheirinho no bolso ou recebeu o décimo terceiro, e está querendo comprar uma geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho, com medo do futuro.
Porque se você não comprar, o comércio não vende. E se a loja não vender, não fará novas encomendas à fábrica. E aí a fábrica produzirá menos e, a médio prazo, o seu emprego poderá estar em risco.
Assim, quando você e sua família compram um bem, não estão só realizando um sonho. Estão também contribuindo para manter a roda da economia girando. E isso é bom para todos.
Minhas amigas e meus amigos,
Posso assegurar que o Brasil não só vencerá a crise, como sairá dela mais forte. Temos todas as condições para isso.
Em 2009, vamos começar a explorar as imensas reservas do pré-sal. Com isso, o Brasil passará a ser um dos grandes produtores de petróleo do mundo. Estamos todos no mesmo barco. E se remarmos juntos na mesma direção, venceremos as turbulências e prosseguiremos na rota do crescimento. Só depende de nós.
Um feliz natal para você e para sua família. Que 2009 seja um ano ainda melhor que 2008. Que seja um ano de saúde, de paz e de prosperidade.
Acredite no Brasil porque antes de tudo, você estará acreditando em você.
Boa noite."
Fonte: Agência Brasil
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Al-Zaidi foi torturado no Iraque
www.vermelho.org.br
22 DE DEZEMBRO DE 2008 - 16h00
Atirador de sapatos: 'sem desculpas' a ninguém
Muntazer al-Zaidi, o jornalista iraquiano que atirou seus sapatos contra George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, disse que não pedirá desculpas pelo ato, ao mesmo tempo que seu advogado afirmou que o jornalista foi torturado na prisão.
Dhiya'a al-Sa'adi, advogado de al-Zaidi disse à al-Jazira, a rede catariana de televisão, nesta segunda-feira, que ''Muntazer al-Zaidi considera que o que fez ao atirar seus sapatos contra Bush foi exercitar seu direito à liberdade de expressão, em oposição e rejeição à ocupação, que trouxe o caos ao Iraque''.
Al-Sa'adi disse que al-Zaidi não estava pensando em pedir desculpas ao presidente dos Estados Unidos, ''nem hoje, nem no futuro''.
Um porta-voz do premiê do Iraque, Nuri al-Maliki, afirmou na última quinta-feira (18), em uma coletiva de imprensa em Bagdá, que al-Zaidi teria reconhecido que atirar seus sapatos teria sido um ''ato hediondo''.
Entretanto, Dhargham al-Zaidi, o irmão do jornalista questionou a veracidade da afirmação. Ele disse que seu irmão foi surrado com uma barra de ferro logo depois que foi retirado da coletiva com o premiê e o presidente americano.
''Ele não volta atrás em relação ao que fez'', disse o advogado à al-Jazira.
''As suas ações objetivavam somente o presidente Buhs, para dizer a ele que rejeita a ocupação e tudo o que isso significa para o Iraque''
''Em particular, à luz da forma desumana pela qual os prisioneiros iraquianos foram tratados pelas forças americanas''.
Espancamentos
Permitiram a al-Zaidi ver seu advogado no domingo à tarde, que em seguida confirmou as informações iniciais de que ele teria sido espancado e que sua condição médica era ''muito ruim''.
''Há sinais visíveis de torturem em seu corpo, em resultado do espancamento com instrumentos de metal'', disse al-Sa'adi.
''Relatórios médicos mostraram que o espancamento a que foi foi submetido al-Zaidi levaram-no a perder um dente, assim como ferimentos em sua mandíbula e ouvidos.
''Ele teve sangramento no olho esquerdo, assim como marcas em seu rosto e abdôme. Quase nenhuma parte de seu corpo foi poupada de ser espancada.''
Hajar Smouni, um porta-voz do Doha Centre for Media Freedom no Catar disse que ''a forma como ele foi preso foi muito brital. Algumas pessoas relataram que havia sangue no chão no lugar onde ele foi detido''.
''Embora ele não tenha sido preso por causa de suas opiniões, nós não podemos permancer em silêncio, diante dos maus-tratos a que foi submetido pelas forças iraquianas de segurança. É vital que ele tenha acesso a cuidados médicos e que lhe seja dado um julgamento justo'', disse.
Reclamações
"O fato dele ter sido assistido por um advogado já é um sinal positivo, mas o que preocupa é que ele será julgado pela Corte Central Iraquiana, que é o tribunal que julga os casos dos acusados por terrorismo".
"Esse á um julgamenteo difícil. Ele pode ser sentenciado a 25 anos na prisão, e nós precisamos assegurar que a ele não seja dada uma pena excessiva".
"No passado, houve muitos casos que foram interpretados como
reveladores da submissão e falta de independência do sistema judicial iraquiano".
Al-Zaidi fez uma ação contra os guardas que o espancaram, de acordo com seu advogado, e solicitou que eles sejam julgados também pela Corte Central Iraquiana".
"A corte aceitou a ação e tomou as medidas cabíveis para que os guardas sejam levados à justiça e punidos por infração à lei", disse al-Sa'adi.
O julgamento de al-Zaidi está marcado para 31 de dezembro de 2008, quando será acusado de "insultar um líder estrangeiro".
Com informações da Al Jazira: http://english.aljazeera.net
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Discurso da celebração dos 30 anos da política de Reforma e Abertura
www.vermelho.org.br
19 DE DEZEMBRO DE 2008 - 18h48
Seguiremos adiante com as reformas, diz Hu Jintao
A China continuará impulsionando a reforma, a abertura e o sistema socialista, que nos últimos 30 anos transformaram sua economia na quarta maior do mundo, afirmou Hu Jintao, o presidente do país, na última quinta-feira (18).
Por Zhu Zhe, para a China Daily
Em um discurso exibido pela televisão nacional, celebrando os 30 anos da política de reforma e abertura, Hu saudou a transição da nação da pobreza para uma das maiores economias e força política do mundo.
''As significativas mudanças provam que a direção e o caminho das reformas e abertura estão completamente corretas'', afirmou Hu a uma audiência de mais de 6 mil pessoas no Grande Salão do Povo em Pequim.
''A paralisia ou a regressão teriam nos conduzido a um beco sem saída'', sublinhou.
Hu afirmou que o país deve ter o foco projetado no crescimento econômico e na estabilidade social, agregando que a China deveria aprender o que há de melhor da sociedade humana em termos de política e civilização, e não copiar cegamente os modelos institucionais políticos do Ocidente.
''Sem a estabilidade, não podemos fazer nada, e perderemos o que conquistamos''.
''Precisamos seguir a liderança do partido e continuar o desenvolvimento do socialismo com características chinesas'', comentou.
Hu fez as declarações durante o aniversário de 30 anos da terceira sessão plenária do 11º Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh). Foi naquela reunião que o partido decidiu abrir o país e reformar sua moribunda economia.
A decisão, que salvou o país de um colapso econômico após a Revolução Cultural (1966-1976), foi sugerida por Deng Xiaoping, arquiteto das reformas, junto com seus camaradas que estavam bastante confiantes em mudar as velhas normas.
A corajosa transformação fez com que a China se tornasse a quarta mais rica economia do mundo, em termos de Produto Interno Bruto, chegando ao valor de US$ 3,6 trilhões em 2007, deixando muito para trás a 10ª posição de economia global, quando tinha um PIB de US$ 364,5 bilhões há 30 anos.
''O feito de alimentar 20% da população global é também uma grande contribuição para o mundo, enquanto a renda pessoa passou de 343 iuanes anuais para 13.786 iuanes hoje. O número de pessoas que viviam na pobreza encolheu para 14 milhões, enquanto em 1978 a pobreza atingia 250 milhões de pessoas'', afirmou Hu.
Ele também congratulou as últimas três gerações de lideranças do país. Em resposta, a terceira geração da liderança, que inclui o ex-presidente Jiang Zemin e o ex-premie Zhu Rongji, que raramente aparecem em público, vieram ao palco para saudar os espectadores.
Hu também apontou alvos para o desenvolvimento da nação: a China deverá tornar-se uma nação medianamente desenvolvida em 2021, tornando-se modernizada na metade do século 20.
''Se não houver titubeios, relaxamento de nossas forças ou deixarmos que nos ultrapassem, continuaremos avançando firmemente na impulsão das reformas e da abertura, assim como na manutenção do socialismo com características chinesas, então esse grande objetivo será definitivamente conquistado'', previu Hu.
Mesmo assim, enquanto destacava que as autoridades devem apoiar as reformas de mercado, ao mesmo tempo Hu também defendeu a necessidade de controle maior da economia pelo estado.
O país deve ''focar no fortalecimento e na melhoria dos controles da macro-economia, superando certas deficiências, próprias do mercado'', afirmou.
Hu disse que a China ''conquistou resultados positivos em resposta à crise financeira global'', mas precisa fazer mais se quiser manter o ritmo de crescimento atual do país.
''Nós precisamos implementar seriamente várias medidas para aumentar a demanda interna e promover o crescimento econômico, assim como tratar corretamente a crise financeira global e outros riscos da economia internacional, e fazer o melhor para manter um crescimento relativamente rápido e estável''.
Hu também revelou que o país ainda enfrenta grandes problemas, como modelos de desenvolvimento pouco eficientes, uma desigualdade cada vez maior entre ricos e pobres e indicadores econômicos bastante atrasados em algumas áreas rurais.
Seu discurso foi muito bem recebido, tanto pelo povo quanto por acadêmicos.
''Ele resume a nossa experiência de desenvolvimenteo nos últimos 30 anos e olha para o futuro'', disse Shen Baoxiang, professor da Escola do Comitê Central do PCCh. ''Há um velho provérbio chinês que diz que um homem, aos 30 anos, se torna uma pessoa bem estabelecida. Isso se aplica muito bem à nossa reforma econômica''.
Li Zaichun, um aposentado de 74 anos que foi autoridade da Federação de Sindicatos da China e compareceu ao evento, chegou às lágrimas quando perguntado sobre o que sentia em relação às mudanças das últimas três decadas: A vida mudou demais... não tenho palavras para descrever'', disse.
Também presente à comemoração, Cheng Bingxiao, universitário de 18 anos da Universidade de Pequim, entrava pela primeira vez na vida no Grande Salão do Povo. ''Após ouvir o discurso do presidente, senti repentinamente a sensação de reponsabilidade histórica'', afirmou.
No fim da noite, centenas de internautas deixaram comentários sobre a comemoração e o discurso de Hu nos maiores portais do país, como o sina.com. Quase todos expressaram apoio à liderança do partido e saudaram as mudanças no país nos últimos 30 anos, enquanto alguns pediam um combate maior à corrupção''.
''Minha família era muito pobre para me comprar um par de sapatos quando eu era criança (nos anos 1970). Eu só podei vestir um par de mocassins no inverno'', dizia um dos comentários. ''Ninguém pode negar o que nós conquistamos nos últimos 30 anos''.
Outro comentário dizia: ''apóio inteiramente o que o presidente Hu disse hoje. Se o partido combater melhor a corrupção, então não teremos mais nenhuma preocupação no futuro'', afirmou outro.
Diário do Povo Online - China
Raúl Castro: "Se acabaron los gestos unilaterales"
Granma (www.granma.cu)
• Entrevista de prensa concedida por el Presidente de los Consejos de Estado y de Ministros de la República de Cuba, compañero Raúl Castro Ruz, y Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente de la República Federativa de Brasil, en Brasilia, el 18 de diciembre de 2008, "Año 50 de la Revolución"
(Versiones Taquigráficas-Consejo de Estado)
Raúl Castro.—¿Cuántas preguntas van a hacer?, para organizarnos.
Periodista.—Cuarenta.
Raúl Castro.—Mucho, mucho; tengo todavía un programa muy duro, y me voy rápido de Brasil porque no quiero enamorarme de Brasil ni de las brasileñas (Risas); son muy bonitas, igual que las cubanas. Si no hago la aclaración, no puedo regresar a Cuba, y es por una explicación muy sencilla: las raíces comunes que tenemos. ¿No es así?
Periodista.—En Cuba una cosa urgente debe ser ahora el bloqueo.
Raúl Castro.—No es tan urgente, llevamos casi 50 años; pero ya es hora de que concluya, está agonizando. Si nos hacemos la pregunta: ¿Por qué el bloqueo? ¿Para qué el bloqueo, salvo que no sea por una incomprensible venganza contra un pueblo que no ha agredido nunca a Estados Unidos? Es el momento ya en que va a agonizar y más aún después de las cumbres que acabamos de concluir en Sauípe, Salvador, estado de Bahía; es decir que eso no tiene perspectiva.
Cuántas veces en la ONU, con la excepción, por supuesto, del voto de Estados Unidos, del voto de Israel, que yo lo comprendo, Israel se debe a Estados Unidos totalmente, incluyendo las armas nucleares, que tiene por centenares, que se hizo en silencio cómplice con unos cuantos y ahora aquello es un polvorín completo. Es decir que ya hay que irse preparando, porque el bloqueo no tiene perspectiva.
El señor presidente de Estados Unidos dijo en la campaña electoral que suavizará el bloqueo, pero se mantendrá el bloqueo. Eso es el garrote y la zanahoria: ¿Por qué mantener el bloqueo? ¿Por qué y para qué? Ya más del 70% de los ciudadanos de mi país han nacido bajo las condiciones del bloqueo y bajo las limitaciones que impone el bloqueo. Quiere decir que estamos entrenados, estamos preparados contra el bloqueo y contra los huracanes que cada día serán o son ya más frecuentes, y, lo peor, más poderosos.
Con nosotros no ha podido nadie: no pudo el colonialismo español cuando concentró cerca de 300 000 soldados a finales del siglo XIX, en la última guerra, en la cual mi papá era soldado español, en la cual mi papá vino, campesino pobre movilizado en Galicia, a los 20 años —había nacido en el año 1875—; después se enamoró de Cuba, regresó rápido después que lo evacuaron, para suerte de Fidel y mía. No es que no nos hubiera gustado ser gallegos, pero preferimos ser gallegos en Cuba y compartir esos dos troncos, europeo y africano, igual que ustedes.
Es decir que volviendo al bloqueo y al señor Obama, presidente de Estados Unidos, al cual le reconocemos sus virtudes, pero que ahora es el momento de la verdad, que debe demostrarlo.
Estamos acostumbrados y leí muy recientemente que el propio Ministro de Defensa de ustedes, con el cual tuve la oportunidad de conversar un instante ahora en el banquete, en Estados Unidos plantea lo que está planteando toda persona honesta y con racionalidad en el planeta: ¿Por qué el bloqueo? ¿Por qué no levantan el bloqueo? Y la señora Albright, que ustedes recordarán fue secretaria de Estado de Clinton, dijo que para eso Cuba tenía que empezar a hacer gestos. ¿Gestos de qué? ¿Gestos para qué? ¿Por qué gestos el país agredido y pequeño? Que nos pasen la lista para ver cuántas agresiones les hemos hecho a ellos.
Entonces, eso es común en Cuba. Yo recibí una carta hasta de un ex presidente anunciándome que se aproximaban cambios antes de las elecciones y que sería muy bueno que hiciera algunos gestos Cuba. Le contesté inmediatamente con el mismo afecto que él escribió su carta, y le dije que la época de los gestos se acabó en Cuba, que tienen que ser gestos bilaterales, que se acabaron los gestos unilaterales.
Esa es la situación: ¿Hasta cuándo vamos a permitir eso?
Ustedes oyeron cuando yo dije, en mis palabras ante el banquete, que ya en América Latina somos mayores de edad, ya queremos hablar con voz propia. No es Cuba, es todo el continente, empezando por Brasil que es el hermano mayor, por razones obvias que todos conocemos. A los norteamericanos hay que decirles igual y acabarnos de quitar el complejo este.
De todas las desgracias —yo le decía al presidente Lula—, hay que tratar de sacar alguna ventaja, y de las desgracias de esta crisis económica, financiera y de todo tipo, hay que sacar por lo menos el provecho de que a pesar de ese tutelaje mundial que existía aquí de parte de ellos, de parte de los amigos de la Unión Europea que todavía nos siguen mirando desde arriba —mirando desde arriba se les nota hasta en los gestos que tenemos magníficos amigos en dicha comunidad y sangre como la mía propia que les estoy diciendo, hablándoles de mi origen gallego, español—, todo eso llegó el momento en que tenemos que eliminarlo y se eliminará; el que quiera seguir con sus complejos sometido a los atavismos del pasado, que siga, no lo vamos ni a criticar, hay que respetar las opiniones de todos, hay que acostumbrarse a vivir en pluralidad.
A ustedes les parecerá raro que un comunista cubano hable así; sin embargo, yo sé lo que es una comunidad de países como a la que pertenecimos hasta la crisis del socialismo, que será transitoria, como todo proceso a lo largo de la historia, lo que es la falsa unanimidad.
El mundo sería muy aburrido si todos tuviéramos que pensar igual de todo. La diferencia es una virtud, lo que hay es que saber llevar las discrepancias con altura, respetando a los demás, sencillamente; pero exigiendo que se nos respete.
Ese es el problema del bloqueo. Esperaremos con paciencia... Ustedes están escuchando nuestros discursos, incluyendo los que pronuncié en Salvador de Bahía, Sauípe, yo ni mencioné la palabra imperialismo, cosa rara. Llevamos medio siglo pronunciándola, ya todo el mundo la conoce, no hay que repetirla. Estamos viendo las consecuencias de lo que es el sistema ese. O sea, Cuba está preparada para lo que sea.
Soy de los que creen que Brasil es de los países que tiene mejores condiciones, por diferentes razones, para enfrentarse a la crisis, que es bastante complicada y que nadie sabe todavía cómo se va a resolver, ni dónde va a terminar; o si va a ser repetitiva, cada vez más frecuente como los huracanes que azotan al Caribe, que cada día son más y cada día son más violentos. Vivimos seis meses bajo los huracanes, desde el 1ro. de junio hasta el 30 de noviembre, ese es el período de huracanes.
Estoy hablando mucho para que hagan pocas preguntas, ¿no se dan cuenta que esa es la táctica?
Periodista.—¿Y los disidentes cubanos que fueron fusilados?
Raúl Castro.—¡No me vengas con disidentes!, esa historia la conozco de sobra. Por qué no me hablas de los 57 millones de dólares que como presupuesto aprobó el Congreso de Estados Unidos para pagar agentes, que ese es el papel que desempeñan. Esos son los disidentes.
Por qué no me hablan de los Cinco Héroes nuestros que no hicieron nada contra Estados Unidos y llevan 10 años prisioneros, y que fueron juzgados incorrectamente y hay uno que está condenado a dos cadenas perpetuas. Y no me vengas con esa pregunta que ya la sabemos de plantilla.
Periodista.—Presidente, una pregunta, eso quiere decir que descarta completamente hablar con Obama, o una agenda abierta con Obama.
Raúl Castro.—Ya hemos dicho que estamos dispuestos a hablar con el señor Obama donde sea y cuando él decida. Ahora bien, en absoluta igualdad de condiciones, ¡igualdad de condiciones!, sin la más mínima sombra a nuestra soberanía, ni a pedirnos que hagamos un gesto, ¡no tenemos ningún gesto que hacer! Tampoco se lo pedimos a ellos. Vamos a hacer gesto y gesto, esos prisioneros de los que tú hablas quieren soltarlos, que nos lo diga mañana, se los mandamos para allá con familia y todo; que nos devuelvan a nuestros Cinco Héroes, eso es un gesto de ambas partes, y de los supuestos prisioneros que hay en Cuba.
Luiz Inácio Lula da Silva.— Pienso que es extremadamente importante comprender este asunto del presidente Obama. Yo pienso que la reunión que tuvimos en Sauípe, en mi discurso me referí a que Obama va a probar la diferencia del mandato que él va a ejercer en Estados Unidos haciendo algún gesto y su primer gesto debe ser decir cuál será la política norteamericana para América Latina y el Caribe, toda la política que él va a tener para África.
La segunda cosa que me parece importante es decir: cuál es la razón del bloqueo a Cuba. Creo que no es Cuba quien tiene que pedir el fin del bloqueo, habrá un momento que Estados Unidos comprenderá que no existe justificación política, ética, militar para mantener ese bloqueo a un país que la única cosa que hizo equivocada fue conquistar su libertad y creó un consenso entre todos los países de América Latina y el Caribe, yo diría del mundo. No hay explicación, si hubo un momento en que después de la Revolución hubo una historia de misiles soviéticos en Cuba, y que llevó a los americanos a decir: "Vamos a bloquear"; eso acabó hace casi 50 años. El mundo precisa vivir en paz, vivir en la diversidad, vivir democráticamente.
Yo pienso que la victoria de Obama en Estados Unidos para mí significa mucho, porque no es poca cosa que un negro sea electo presidente de Estados Unidos de América del Norte, y él fue electo y eso hace la diferencia. Él va a asumir el próximo día 20 de enero. De ahí es que yo espero que existan también diferencias en el comportamiento con relación a América Latina y el Caribe. Y creo que Cuba no tiene que hacer gestos, quien tiene que hacer gestos es el gobierno norteamericano, que es quien hizo el gesto del bloqueo. Lo que tiene que decir es: "Se acabó el bloqueo"; y ya está todo resuelto.
La segunda cosa que me parece sumamente importante y un problema que tengo la convicción de que al presidente Obama le interesa mucho, es la sustentabilidad económica de los países de América Latina y sobre todo de América Central que dependen de la economía norteamericana. O sea, yo espero que Obama tome medidas concretas y espero que Obama pida ayudar a los países de América Central que dependen exclusivamente de la economía norteamericana... para que los ayuden para que no sean víctimas de las pérdidas económicas causadas por Estados Unidos.
Hay algo que me parece extremadamente importante y pienso que Estados Unidos, Europa, la prensa brasileña, los intelectuales y todo el mundo van a entender lo que aconteció en Bahía esta semana, que no es poca cosa, a 200 años de la conquista de la independencia de muchos países de América Latina y del Caribe, nunca había habido una reunión de todos esos países, porque solo se reunían cuando Estados Unidos lo permitía; hoy por libre y espontánea voluntad todos los países se reunieron para hablar, discursar y por unanimidad todos ellos piensan que precisamos que exista un organismo multilateral de América Latina y el Caribe sin tener que recurrir a la Corte de La Haya para resolver un problema en América Latina o el Caribe, o recurrir a la OEA para resolver un problema entre Brasil y Uruguay o entre Paraguay y Argentina, que tengamos un organismo multilateral nuestro.
Esas cosas no van a ocurrir con facilidad; pero tengan la seguridad de que van a ocurrir de manera mucho más rápida, en cualquier momento. Ya fue pensado por los gobernantes. Creo, fervorosamente, por todas las conversaciones que mantuve con los gobernantes, que existe una conciencia de que esta crisis es una gran oportunidad para que podamos repensar que el orden económico puesto en práctica en el siglo XX, en la posguerra, no puede continuar porque necesita una lógica en la economía. Entonces esta crisis va a obligarnos a pensar y a repensar qué otras formas de política económica vamos a necesitar, qué otras relaciones comerciales y bilaterales van a existir entre países; porque antes todos estaban pendientes del potencial de compra de Europa y de Estados Unidos, un poco más también del poder de compra de China; pero ahora, es necesario pensar entre nosotros qué hacemos para ayudarnos.
Cuántas cosas semejantes hay entre nosotros que no aprovechamos, que jamás discutimos. Las cosas están evolucionando, y este encuentro de Sauípe, y ya participé en muchas reuniones de Jefes de Estado, nos trajeron una cosa importante: trajeron a Cuba como miembro permanente del Grupo de Río.
También es importante recordar que no estamos defendiendo el retorno de Cuba a la OEA, porque Cuba no desea volver; lo que estamos diciendo es que sea hecha una reparación de lo que ocurrió cuando expulsaron a Cuba en 1962 de esa organización. Apenas una reparación, porque en algún momento histórico las personas tienen que empezar a pedir disculpas, pedir perdón a los países, a los pueblos, por los errores que hemos cometido. Yo no tuve ninguna vergüenza de ir a África y pedir disculpas al pueblo africano por los 300 años de esclavitud sufridos aquí en Brasil; no tuve la menor vergüenza, porque pienso que pedir disculpas es parte de la grandeza de los hombres y de las mujeres.
Ahora, la política de los países ricos, esa palabra no existe. Ahora hay una crisis profunda; o sea, estamos matándonos para hacer que no llegue a los pueblos de América Latina. No obstante, estamos colocando dinero en la economía para reactivar la producción, y la única cosa que hacemos es invertir dinero para salvar a los bancos. Si ese dinero fuese colocado en la industria, en la agricultura, para los pobres, la familia, no tendríamos esa crisis tan profunda.
Tengo la expectativa de que con el presidente Obama, la política de Estados Unidos va a ser mejor; porque la única explicación que yo tengo para mantener ese bloqueo es la cantidad de electores de origen cubano que hay en Florida; es la única explicación, no hay otra.
Ahora, como él, ganador de las elecciones, tiene que demorar cuatro años hasta la próxima, eso puede ser cambiado en el primer año.
Raúl Castro.—Y ganó en la Florida.
Luiz Inácio Lula da Silva.—Y ganó en la Florida, es importante.
Raúl Castro.- Es la primera vez.
Luiz Inácio Lula da Silva.—Eso no tiene el menor sentido.
Estoy muy feliz con la visita del presidente Raúl Castro, es la primera visita de un Jefe de Estado cubano a Brasil de manera oficial. Con anterioridad el compañero Fidel había participado en varios eventos internacionales en Brasil, pero no en visita oficial. Es muy gratificante, y espero que sea la primera de una serie de visitas a Brasil.
Raúl Castro.—Cuando vuelva, cuando vuelva seguimos la entrevista.
Luiz Inácio Lula da Silva.—Brasil va a continuar cooperando. Ustedes tienen que comprender que el presidente Raúl Castro tiene una agenda complicada.
Periodista.—Saludos, Presidente.
Discurso de Raúl castro em almoço de honra oferecido em Brasília
Do Granma
Os cubanos e os brasileiros, com voz própria, com respeito e sem intermediários, temos posições comuns
• Palavras proferidas pelo presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros da República de Cuba, Raúl Castro Ruz, durante o almoço de honra oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como parte da visita oficial realizada ao Brasil, em 18 de dezembro de 2008, "Ano 50 da Revolução".
(Versões estenográficas do Conselho de Estado)
Caro presidente Luiz Inácio Lula da Silva;
Amigas e amigos brasileiros;
Distintos representantes do corpo diplomático e das diversas instituições do Estado brasileiro:
É para mim tamanha satisfação estar hoje no Brasil, cumprindo a visita oficial que prometi a nosso amigo, o presidente Lula, e com a qual nos propomos contribuir para a ampliação das relações históricas entre nossos povos.
Os laços de irmandade entre Cuba e Brasil continuaram consolidando-se ao longo dos anos, enriquecidos por uma identidade cultural nascida de nossas raízes. Apenas faltava a essa relação humana o incremento dos vínculos econômicos, que se multiplicaram com o governo chefiado pelo presidente Lula.
Gostaria de expressar minha gratidão pela imediata ajuda solidária do governo brasileiro ao povo cubano após a passagem dos três furacões que devastaram nosso país neste ano e causaram perdas materiais milionárias, de ao redor de 20% do PIB do ano atual; ou seja, aproximadamente uns US$10 bilhões.
O fato de estar no Brasil me permite expressar pessoalmente o que já manifestei em carta ao presidente Lula: nossa mágoa pelas perdas de vidas humanas e pelos danos materiais ocasionados pelas inundações no estado de Santa Catarina. Faço-o em nome de um povo que sabe perfeitamente o que significa enfrentar desastres como esses.
Agradeço, também, a permanente repulsa do Brasil ao bloqueio econômico imposto a nosso país durante quase 50 anos e as recentes declarações de solidariedade e exigência de respeito a Cuba do Congresso brasileiro.
Passo a passo, os cubanos e os brasileiros, com voz própria, com respeito e sem intermediários, temos posições comuns quanto à defesa do Direito Internacional, do multilateralismo, do direito à livre determinação dos povos, ao repúdio a qualquer tentativa de imposição da vontade de um Estado sobre outros, e temos a firme convicção de trabalhar por uma maior conciliação política latino-americana e por uma integração mais comprometida com a justiça social e a dignidade dos seres humanos.
Na recente reunião que realizamos, comentamos que os latino-americanos já temos a maioridade, que já queremos ter voz própria e queremos dizê-lo tanto aos vizinhos do Norte de nosso continente quanto à Europa, à Ásia, ao mundo inteiro e temos que dar passos que conduzam à situação à qual aspiramos há séculos.
A reunião que concluímos — as cúpulas, porque foram quatro, mas Cuba participou de três delas — é o primeiro passo desse longo caminho, porém já desse longo caminho já percorremos um trecho muito longo; não falta muito, só depende dos latino-americanos, depende de que tenhamos a firmeza de representar os interesses de nossos povos perante as maiores potências do planeta.
Cuba foi uma experiência neste meio século. Aceitamos a amizade e as divergências com os outros. Vivemos encurralados uma parte destes 50 anos, mas defendendo-nos com firmeza. Essa firmeza demonstrou que foi justa nossa causa. Por isso posso estar falando em nome de um povo livre e independente, diante dos queridos irmãos mais velhos do continente latino-americano: o povo do Brasil, a próspera e cada vez mais potente nação do Brasil.
Não vou falar muito. Costuma-se a dizer que os discursos de Fidel eram longos, nem tanto como os de Chávez, e eu tenho fama de ser mais concreto, sou menos inteligente que eles e não posso falar de muitas coisas, e ainda menos menos improvisá-las; mas não é necessário, neste caso, alongar-me muito.
Não vou falar dos intercâmbios comerciais, do progresso que vamos tendo, do desequilíbrio que aos poucos eliminaremos, conforme nossas possibilidades de país pequeno frente ao Brasil, mas vamos para frente e o presidente Lula se referiu a este aspecto, com quem concordo em todas suas palavras, desde que começou até que acabou — eu creio que isso merece um pequeno aplauso (Risos e aplausos).
Referindo-me à cúpula que acabamos de efetuar em Salvador da Bahia, dizia que é mais um passo no complexo caminho da integração dos povos da América Latina e do Caribe. E nesse empenho, respeitando nossas diferenças, Cuba colocará todas suas forças em consolidar este objetivo.
Quando o mundo entra numa crise de conseqüências imprevisíveis, porque todos os prêmios Nobel de Economia e os que mais sabem de economia do planeta ainda não coincidiram em qual será o fim deste caminho, mas golpeará com mais força os mais pobres, como sempre, vale a pena acreditar, como disse esse brasileiro universal que é Oscar Niemeyer, que o importante é ter sempre a idéia de um mundo melhor dentro de nossos corações, e que se a miséria se multiplica e a escuridão nos envolve, vale a pena aí acender uma luz e arriscar. Isso é que fizemos em Cuba.
Por tal motivo, brindo este abraço em Brasília, com a mente em quem abriu o caminho e nos acompanha de Havana, Fidel Castro, em sua afeição pelo povo brasileiro e por você, Lula, na fé inquebrantável que sempre teve em que prevaleçam as virtudes dos povos e dos homens, e em sua convicção infinita, que é a mesma de José Martí, de que só unida nossa América pode se salvar.
Cheguei hoje de madrugada a Brasília, procedente de Salvador dae Bahia, onde compartilhamos brevemente com mais três presidentes: Chávez, Evo Morales e o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, e vamos embora mesmo de madrugada, na próxima madrugada. Não sou jogado fora, vou embora porque tenho receio de me apaixonar pelo Brasil e sua gente (Risos).
Muito obrigado (Aplausos).
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
UNASUL cria conselho de defesa e Lula defende Cuba
www.aporrea.org
Por: Panorama Digital
Fecha de publicación: 17/12/08
17 de diciembre 2008. - Con la tarea pendiente de nombrar —a más tardar en abril— a su secretario general (una vez superen sus diferencias en este punto Argentina y Uruguay) ayer, los mandatarios de Suramérica avanzaron en la conformación del Consejo de Defensa. La decisión fue adoptada en la segunda de cuatro cumbres regionales consecutivas que se realizaron en Brasil y revierte el revés que sufrió el tema en mayo pasado. “Es un instrumento de cooperación”, dijo Celso Amorim, canciller brasileño.
En Brasil, el Grupo de Río adhirió, formalmente, a Cuba como uno de sus miembros. "No es un instrumento de operaciones militares”, dijo el canciller de Brasil, Celso Amorim, al anunciar la decisión. Los 14 miembros integran el consejo.
Los presidentes de la Unión Suramericana de Naciones (Unasur) aprobaron ayer la creación de un consejo regional de defensa, que entre otros objetivos buscará reforzar la confianza entre las fuerzas armadas del área. La decisión fue adoptada en la segunda de cuatro cumbres regionales consecutivas que se realizaron hasta ayer en el balneario brasileño Costa do Sauipe, en la que participan 33 mandatarios y países de la región.
El llamado Consejo de Defensa Sudamericano, que integrarán los ministros del área de los 14 miembros de Unasur, “no es un instrumento de operaciones militares”, dijo el canciller de Brasil, Celso Amorim, al anunciar la decisión. “Es un instrumento de cooperación, entrenamiento y también prevé el desarrollo conjunto de industrias en esa área, y ayudará a mantener la confianza entre las fuerzas armadas de la región”, agregó.
El proyecto fue presentado por Brasil como “un foro de consultas y la posibilidad de integración en cuestiones de defensa” y no como “una alianza militar clásica”, acotó. Amorim enfatizó que todavía no se estableció ninguna especificación para el establecimiento de una industria común de equipos de defensa, lo que estará en manos de los ministros del área.
La cumbre de la Unasur también aprobó la creación de un Consejo Sudamericano de Salud, “cuyo objetivo es la promoción de políticas sanitarias comunes, de cooperación”, agregó. Amorim reconoció que se trató sobre la designación del secretario general de Unasur, cuya presidencia ejerce la mandataria de Chile, Michelle Bachelet.
“Se definió una fecha definitiva para nombrar un nuevo secretario que es en abril, cuando Chile deja la presidencia pro témpore” de la Unasur, explicó la presidenta chilena, Michelle Bachelet. La fecha del 30 de abril fue propuesta por el mandatario venezolano, Hugo Chávez, explicó.
“Ahí sí que habrá que definir el secretario”, expresó Bachelet, luego de que la negativa de Uruguay a aceptar el nombramiento del ex presidente argentino Néstor Kirchner por mayoría, eliminara la posibilidad de un consenso.
La cumbre sudamericana estuvo precedida por una reunión similar de la unión aduanera Mercosur, y a continuación comenzó otra de América Latina y el Caribe, que culminará hoy. La cuarta cumbre en Brasil será del Grupo de Río, con el objeto principal de que reciba el apoyo presidencial el ya decidido ingreso de Cuba al mecanismo de consultas políticas. Respondiendo a una pregunta, Amorim dijo que era muy positiva el ingreso de la isla de Gobierno comunista al grupo, pero indicó que “no es con intención de presionar a nadie”.
“Ahora, si sirve para que el futuro presidente de Estados Unidos (Barack Obama) vea también para qué lado están soplando los vientos, lo encuentro útil”, agregó. Varios participantes de las reuniones se refirieron a la necesidad de una nueva relación de la región con Washington bajo el Gobierno de Obama, que se iniciará el 20 de enero.
Entre ellos, el presidente de Venezuela, Hugo Chávez, al llegar a la reunión en el balneario brasileño, celebró que el encuentro fuera en el estado de Bahia “y no en Nueva York o Miami, convocados por el imperio”. Chávez dijo a periodistas que esos eran “signos de la nueva época de América Latina”.
Lula solicitó a presidente electo de EEUU que levante bloqueo a Cuba
Por: Agencia Bolivariana de Noticias (ABN)
Fecha de publicación: 16/12/08
Costa do Sauípe, 16 Dic. ABN - El presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestó este martes su esperanza de que el mandatario electo de Estados Unidos, Barack Obama, levante el bloqueo económico contra Cuba que ya lleva 40 años.
Al cierre de una breve sesión extraordinaria del Grupo de Río, en la que se formalizó la incorporación de Cuba a ese foro, Lula destacó como un hecho histórico la elección de Obama como el primer presidente negro de Estados Unidos.
"Espero que (Obama) tome la decisión de poner fin al bloqueo a Cuba, porque no tiene razón de ser", declaró Lula, aplaudido por los otros presidentes que participaron en el encuentro en el balneario de Costa do Sauipe, en el noreste de Brasil, informó la agencia AP.
El mandatario brasileño manifestó: "Estamos esperanzados con lo que ocurrió en Estados Unidos. La elección de un negro como presidente de un país donde hace 40 años asesinaron a (el dirigente negro) Martin Luther King no es poca cosa".
Lula mantiene lazos históricos con Cuba y con el líder de la Revolución, Fidel Castro, desde la época en que se desempeñaba como dirigente líder sindical.
Especial Cúpula MERCOSUL
Unasul aprova relatório sobre massacre em Pando
Cuba entra oficialmente para o Grupo do Rio
Chávez celebra cúpulas sem a tutela dos Estados Unidos
Para Raúl Castro, ordem econômica prejudica integração
Uruguai refuta possibilidade de deixar a Unasul
Cúpulas cobram compromisso dos presidentes da América Latina
Bolívia terá em 2009 programa massivo de pós-alfabetização
Debate expõe rejeição enfática da América do Sul à 4ª Frota
www.vermelho.org.br
Declaração da Bahia – documento da Cúpula dos Povos do Sul
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=48402
17 DE DEZEMBRO DE 2008 - 03h02
Declaração da Bahia: o que pensam os povos latino-americanos
Está lançada a Declaração da Bahia – o documento oficial da Cúpula dos Povos do Sul, realizada em Salvador, de 12 a 15 deste mês. A expectativa dos movimentos organizados da América Latina e do Caribe era divulgar a declaração ainda no domingo (14), durante a plenária final da cúpula. O adiamento, porém, foi inevitável.
A essência do texto original – com destaque para a integração latino-americana – permanece inalterada. Mas uma série de emendas, apresentadas e discutidas na plenária final, obrigou os organizadores a adiar o anúncio do documento, que se tornou público apenas nesta terça-feira (16).
A Declaração da Bahia seguiu para a Costa do Sauípe, onde foi entregue aos chefes de Estado que participam até esta quarta-feira (17) da 1ª Calc (Cúpula de Presidentes da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento). O ponto de partida é a crise que assola as economias do mundo.
O texto leva em conta “as mudanças que estão acontecendo no cenário mundial por ocasião do desencadeamento da crise econômica do sistema capitalista, que é produto das políticas neoliberais da globalização que têm levado a humanidade a uma profunda crise energética, alimentar, climática e social e que agora se expressam na crise econômica e financeira”.
Conforme o documento, a principal deliberação dos movimentos da região é “assumir o compromisso de aprofundar a integração a partir dos povos, nesse momento histórico de luta e mobilização da América Latina e Caribe, construindo a soberania popular.”
Propondo seis “alternativas a partir dos povos”, a Declaração da Bahia traz, no seu remate, uma convocação: “Chamamos os povos da América Latina e do Caribe à mobilização para avançar na integração regional e na preservação das conquistas realizadas e da democracia, construindo alternativas de mudança social que nos permitam a realização de uma sociedade mais justa, equitativa e soberana”.
Confira abaixo as resoluções da Cúpula dos Povos do Sul
Documento final da Cúpula dos Povos do Sul
Salvador, Bahia, Brasil - 12 a 15 de dezembro de 2008
Representantes de organizações e movimentos sociais da América Latina e do Caribe, reunidos por ocasião da realização histórica de cinco cúpulas simultâneas de presidentes do Mercosul, União das Nações Sul-americanas (Unasul), da Associação Latino-americana de Integração (Aladi), do Grupo do Rio e da América Latina e Caribe, em Salvador, Bahia.
Assumindo o rumo que marcam os resultados das Cúpulas dos povos realizadas em Posadas 2008, Lima 2008, Santiago do Chile 2007, Cochabamba 2006 e Mar del Plata 2005.
Reafirmando que homens e mulheres da América Latina e Caribe vimos construindo a integração a partir dos povos, avançando na disputa pela profunda transformação do modelo produtivo atual em uma perspectiva soberana, sustentável e justa.
Considerando as mudanças que estão acontecendo no cenário mundial por ocasião do desencadeamento da crise econômica do sistema capitalista, que é produto das políticas neoliberais da globalização que têm levado a humanidade a uma profunda crise energética, alimentar, climática e social e que agora se expressam na crise econômica e financeira.
Observando que sob a condução do atual governo dos Estados Unidos busca-se dividir a região, reeditar a fracassada proposta da Alca e aprofundar os esquemas de livre comércio, abertura aos investimentos, endividamento em vários países e militarização e que a União Européia busca impulsionar políticas similares em nossa região.
Reconhecendo, não obstante, que alguns governos da região iniciaram caminhos alternativos de desenvolvimento propondo novas formas de organização econômica, constatamos a manutenção das políticas neoliberais que têm conduzido muitos povos ao aprofundamento da pobreza, à discriminação e ao abandono da capacidade dos Estados de promover o desenvolvimento econômico e social.
Declaramos:
Assumir o compromisso de aprofundar a integração a partir dos povos, nesse momento histórico de luta e mobilização da América Latina e Caribe, construindo a soberania popular.
Por isso, consideramos que a saída à crise econômica global deve ter como resposta estratégica a integração soberana dos países da região e a construção de uma nova ordem internacional econômica, financeira, baseada na solidariedade, na justiça e no respeito à natureza; que valorize o trabalho e que incentive o direito ao desenvolvimento sustentável dos países do Sul. As Américas que queremos construir na perspectiva dos povos devem fundar-se nos valores de solidariedade, da superação do patriarcado e ser, necessariamente, anti-racista, respeitosa das culturas dos povos originários e da diversidade como um valor a ser defendido. Nesse sentido, saudamos e nos solidarizamos com os processos constitucionais em curso na Bolívia e no Equador. Vemos com satisfação que na região estão sendo impulsionados a autonomia, o fortalecimento dos mercados internos, o abandono do dólar como referência nos câmbios internacionais, a dotação de uma capacidade financeira própria e a mudança de esquemas ilegítimos de endividamentos, como o ilustra o caso da auditoria no Equador. E também o fortalecimento da democracia e da autodeterminação, a não ingerência em assuntos de outros Estados e a busca de uma relação respeitosa e fraterna entre as nações.
Assinalamos com agrado que têm surgido propostas de integração que refletem o sentimento popular de aumentar os laços solidários, a cooperação, o intercâmbio mutuamente benéfico e a superação das iniqüidades.
Ao mesmo tempo, vemos com preocupação que ainda se mantém os esquemas neoliberais e o modelo predatório, mono-produtivo, orientado à exportação de recursos naturais e baseado na construção de mega-projetos dirigidos à consolidação desse modelo que produz incalculáveis prejuízos aos povos originários, às mulheres, às comunidades camponesas, às fontes de água, ao meio ambiente e ao desenvolvimento social; como também se mantém um modelo energético não sustentável.
Assinalamos que a manutenção das políticas de livre comércio é um obstáculo para a integração dos povos, para a justiça social, para a soberania e para a democracia; e que qualquer esforço com vistas a retomar as negociações de liberalização na Organização Mundial do Comércio (OMC) contribuirá para manter a injusta ordem internacional, para aprofundar a crise alimentar e climática, bem como os TLCs e Aspan (Aliança de Segurança e Prosperidade da América do Norte), que precisam ser rechaçados para que a integração que queremos possa avançar.
Por essas razões, propomos como alternativas a partir dos povos:
1. Vincular o processo de integração à mudança no modelo produtivo, assegurando a soberania alimentar, que somente pode ser alcançada com o aprofundamento de uma Reforma Agrária que permita planejar e controlar a produção de alimentos para atender às necessidades dos povos; revalorizando a cultura agroalimentar dos mesmos, em uma nova organização da vida e das relações no campo e na cidade. A integração deve incluir também a complementaridade das economias e o fomento à produção sustentável. A biodiversidade e o conhecimento tradicional são patrimônio de nossos povos, por isso exigimos o cumprimento do Convênio 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas (da ONU). Assegurar que o uso humano e a preservação das fontes e aquíferos vitais para o abastecimento público estejam em primeiro lugar no ordenamento jurídico e administrativo de nossos países; que seja efetivado um Comitê Latino-Americano e Caribenho para o monitoramento e enfrentamento das causas e consequências do aquecimento global; e que seja garantido aos povos originários e tradicionais o respeito nos processos de desenvolvimento e prioridade na aplicação dos fundos para a reparação das injustiças climáticas que atingem nossos países.
2. Garantir a soberania dos países sobre os bens naturais e suas fontes energéticas, que não poderá ser alcançada em detrimento da soberania alimentar e do meio ambiente e que permita alcançar o bem-estar de seus povos. Chamamos os governos da região a buscar soluções dentro de marcos de justiça e solidariedade ante a demanda do povo paraguaio em torno à renegociação dos Tratados de Itaipu e Yaciretá.
3. Assegurar a primazia dos direitos humanos, a vigência e exigibilidades dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, adotando os instrumentos legais para isso. Exigimos garantir os direitos das/os migrantes e a livre circulação de pessoas e não somente o fluxo de capital e mercadorias. Demandamos o compromisso dos governos em ratificar os Convênios 97 e 143, da OIT e a Convenção da ONU sobre os Direitos dos Trabalhadores e Migrantes e suas Famílias.
4. Considerando que os trabalhadores/as são duramente atingidos pela atual crise do capitalismo com demissões em massa, redução de salários e flexibilização de direitos, exigimos medidas que protejam os interesses do trabalho e façam com que os ricos paguem o preço da crise. Defendemos a redução da jornada de trabalho sem redução de salários; condicionar a liberação de recursos públicos para empresas com dificuldades em manter o nível de emprego; ampliar o seguro desemprego; ratificar e aplicar a Convenção 158 da OIT e proibir as demissões em massa.
5. Denunciar a criminalização das mulheres em sua luta pela autonomia e pelo direito a decidir sobre seus corpos e suas vidas na luta pela legalização do aborto.
6. Por entender que o acesso à saúde pública de qualidade é um direito de todas/os, reivindicamos que os medicamentos e a propriedade intelectual não sejam incluídos na agenda da OMC. Desejamos que os países tenham a possibilidade de construir um modelo alternativo de patentes que sirva a seus povos, e mecanismos de transferência de tecnologia a serviço da soberania popular.
7. O modelo capitalista atual não é capaz de oferecer terra urbana e habitação em localização segura aos trabalhadores/as; denunciamos que o financiamento do Banco Mundial (BM) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) nas cidades ataca o direito da população ao meio ambiente. Necessitamos da democratização dos espaços públicos das cidades, com políticas intersetoriais de saneamento, esporte e lazer; além da redefinição das prioridades do gasto público orientado a políticas redistributivas.
8. É necessário o fortalecimento da educação como um bem público, social, um direito universal e um dever do Estado. Exigimos a retirada da educação dos acordos da OMC. Reafirmamos a necessidade de uma cooperação e integração tecnológica e científica baseada em valores solidários, justos e soberanos.
9. Demandamos a democratização dos meios de comunicação da América Latina e Caribe.
10. Adverte-se sobre o perigo que representa a IV Frota (imperial) dos Estados Unidos, que ameaça a paz na região; expressamos nosso mais categórico rechaço à presença do Comando Sul em nosso continente. Nos juntamos à exigência do povo haitiano para o imediato processo de retirada de todas as forças armadas estrangeiras. Celebramos a ratificação do Equador para a retirada definitiva da Base de Manta e sua auditoria e demandamos que não se desloque a base do Equador para o Peru. Denunciamos a crescente criminalização e judicialização do protesto social, como também a implementação das chamadas leis antiterroristas e advertimos uma nova ofensiva estadunidense para homologar nosso marco jurídico regional com a Lei Patriota norte-americana.
11. As instituições financeiras multilaterais são as principais responsáveis pelas atuais crises econômica, climática, alimentar e energética. Os povos necessitamos de outras instituições; somente sua reforma significará apenas o aprofundamento da crise e resultará em uma nova etapa de endividamento ilegítimo para nossos países. Reclamamos aos governos da América Latina e do Caribe que se retirem dessas instituições, incluindo o Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (CIADI); uma simples reforma no sistema de poder de decisão não superará sua lógica. As dívidas ilegítimas que são cobradas de nossos países já foram pagas várias vezes, e representam um mecanismo de dominação. Exigimos o reconhecimento do direito ao não pagamento e queremos o compromisso dos governos de priorizar os direitos dos povos e da natureza sobre o pagamento da dívida financeira ilegítima. Celebramos o não pagamento da dívida decidido pelo governo equatoriano, respaldado por um processo de auditoria e nos solidarizamos com a intenção de iniciar novos processos no Paraguai, na Bolívia, na Venezuela e a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da dívida no Brasil. Conclamamos os demais governos da região e do mundo a respaldar a ação soberana do governo equatoriano, a empreender iniciativas similares e a avançar na criação de novas instituições, como o Banco do Sul, que podem contribuir na construção de uma nova arquitetura financeira regional e global.
12. Demandamos que os governos reconheçam a dívida ecológica e que destinem recursos para a necessária reparação ambiental.
13. Fortalecer e dotar de ferramentas eficazes e equitativas os processos de integração em curso, buscando sua convergência e superando suas deficiências, especialmente no que se refere a dotá-los de uma institucionalidade operante, de garantias para a superação das assimetrias, de resolução dos conflitos por meio do diálogo e tendo como meta permanente o benefício da população.
14. Pedimos a plena reintegração de Cuba à comunidade latino-americana e caribenha, a eliminação do bloqueio à Ilha e a liberdade para os Cinco Patriotas Cubanos presos injustamente nos cárceres dos Estados Unidos.
15. Exigimos a liberdade e o fim da perseguição das feministas nicaraguenses presas por defender os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
16. Exigimos o fim da criminalização dos movimentos sociais em nossa região.
Chamamos os povos da América Latina e do Caribe à mobilização para avançar na integração regional e na preservação das conquistas realizadas e da democracia, construindo alternativas de mudança social que nos permitam a realização de uma sociedade mais justa, equitativa e soberana.
Salvador, Bahia, Brasil
14 de dezembro de 2008
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E nossa história não estará pelo avesso, assim, sem final feliz: teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver, temos muito ainda...
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Andei em busca da Cifra da Internacional, o hino mundial dos trabalhadores e trabalhadoras e não achei opções, excetuando-se a versão d...
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